metareciclagem

Rosas sobre Gambiarra

A gambiarra está igualmente muito próxima do conceito de bricolagem formulado por Claude Lévi-Strauss em O Pensamento Selvagem. Pensando o bricoleur como “aquele que trabalha com suas mãos, utilizando meios indiretos se comparado ao artista” (4), seu conjunto de meios não é definível por um projeto, como é o caso do engenheiro, mas se define apenas por sua instrumentalidade, com elementos que são recolhidos e conservados em função do princípio de que “isso sempre pode servir”. O bricoleur cria usando expedientes e meios sem um plano preconcebido, afastado dos processos e normas adotados pela técnica, com materiais fragmentários já elaborados, e suas criações se reduzem sempre a um arranjo novo de elementos cuja natureza só é modificada à medida que figurem no conjunto instrumental ou na disposição final. A diferenciação que Lévi-Strauss faz entre o bricoleur e o engenheiro é essencial para se entender a gambiarra, essa livre criação mais além dos manuais de uso e das restrições projetuais da funcionalidade, como uma prática essencialmente de bricolagem.

Acima de tudo, para se entender a gambiarra não apenas como prática, criação popular, mas também como arte ou intervenção na esfera social, é preciso ter em mente alguns elementos quase sempre presentes. Alguns deles seriam: a precariedade dos meios; a improvisação; a inventividade; o diálogo com a realidade circundante, local, com a comunidade; a possibilidade de sustentabilidade; o flerte com a ilegalidade; a recombinação tecnológica pelo re-uso ou novo uso de uma dada tecnologia, entre outros. Tais elementos não necessariamente aparecerão juntos ou estarão sempre presentes. De qualquer modo, alguns deles sempre aparecem por uma circunstância ou por outra. leia mais >>

Buquimarques

Scuttle metarec de volta. Lá vou eu aumentar minha coleção de milhares de links.

Valeu Hudson e Wille! 

Mutirao da Gambiarra

Rascunhando...

Em 2007, o projeto MetaReciclagem completa cinco anos como rede aberta de inovação em tecnologia social. Desde sua criação, dezenas de projetos foram elaborados e desenvolvidos com a perspectiva da desconstrução tecnológica como metodologia de aprendizado, criação de espaços simbólicos e apropriação de estruturas. A rede MetaReciclagem proporcionou a emergência de grupos de ação, influenciou projetos de governo e terceiro setor, possibilitou intercâmbios internacionais e consolidou-se como espaço autônomo de reflexão crítica e ação tática de apropriação tecnológica. Mais do que isso, estabeleceu as bases de um grupo aberto e auto-organizado que propõe uma maneira tipicamente brasileira de entender e usar a tecnologia, uma atualização da antropofagia com o movimento hacker, do tropicalismo com o software livre, um mutirão da gambiarra que só é possível por conta de sua natureza de rizoma autônomo, que se infiltra em diferentes estruturas de poder e promove agenciamentos coletivos. Uma formação inovadora, original e tipicamente brasileira, que propõe um modelo de organização coletiva adequada ao século XXI, ao cenário de crescente disseminação de tecnologias e à problemática de inclusão e engajamento social que acompanha esses processos.

MetaReciclagem no APC Chris Nicol Prize

E a MetaReciclagem tah entre os projetos finalistas do Premio Chris Nicol FOSS da APC, junto com um monte de outros projetos interessantes. Pra quem quiser ler, o texto que foi inscrito, redigido pela Tanya e o pessoal da eCommunita, tah disponivel aqui. Tem uns pedacinhos de texto meu ali, que eu tinha escrito pra outras coisas, inclusive o premio Betinho da APC, no qual levamos mencao honrosa.

instinto preKario

Troquei uns emails com o Bruno Vianna, que se apresentou semana passada na lista metarec. No papo sobre imaginarios e mitologias, ele recomendou o curso instinto preKario y prácticas piratas, da Universitat Pirata de Barcelona. Vou dar uma olhada por lah. Comecei tambem a ler hoje um livrinho chamado Mito e Realidade, de Mircea Eliade, que vai tambem naquele sentido de entender o mito nao como oposto ao logos, mas como construcao coletiva de imaginario.

Paulo Freire & a Educação

Algumas anotações

p. 23

"... a base da proposta antropológica freireana é o diálogo. É na palavra pronunciada, que revela o mundo, que os homens se constróem ao fazerem e refazerem o próprio mundo (Fiori, apud Freire, 1993). O diálogo é, então, esse encontro dos homens, mediatizados pelo mundo [e], conseqüentemente, a cada ser humano impõe-se o desafio do aprender a dizer a sua palavra, como exigência fundamental de sua humanização. É por meio dessa pronúncia singular que nós nos tornamos sujeitos históricos capazes de construir intersubjetivamente uma sociedade em comunhão de objetivos e vivências"

p. 41

"A superação das estruturas culturais antidialógicas (que reproduzem a dominação da elite sobre o povo) deve ser o caminho estratégico dos orpimidos na construção de uma nova sociedade. Tais estruturas não se demovem apenas com a 'conquista do poder', mas sua superação requer a reinvenção da política a partir de uma visão de mundo coerente (dialógica e crítica) como base para a recriação sociocultural."

p. 51

"Para Freire a educação nunca poderá ser neutra politicamente. Todo e qualquer projeto pedagógico, ou proposta de educação, e todo e qualquer ato educativo é, fundamentalmente, uma ação política. Ou seja, o educador, ao definir uma determinada metodologia de trabalo, planeja, decide e produz determinados resultados formativo-educacionais que têm conseqüências na vida dos educandos e na sociedade onde educador e educandos se encontram."

p. 52 leia mais >>

Cultura e MetaReciclagem

No meio de junho, uma entrevista de Claudio Prado pro Cultura e Mercado usando o termo "metareciclagem" causou celeuma na lista metarec. O Badah, que está tanto ligado ao pessoal do C & M quanto fez e voltou a fazer parte da lista, mandou uma mensagem sobre o assunto. As respostas foram diversas. Eu, com algum atraso, mandei minha contribuição: leia mais >>

Mais um monte de notas perdidas no meu computador

     Do Reconhecimento de Padrões:
    - E você sabe usar uma chave de fenda também?
    - Não saio de casa sem uma.
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    Passamos alguns dias em Berlin. Cidade maluca, multicentro, aquela sensação de multicultura, bem mais que aqui. Doido que em Berlim eu não me sinto estrangeiro como em Dresden, São Paulo ou Porto Alegre. Voltas turísticas por lá, Zoo e mega-exposição de pinturas e esculturas francesas do metropolitan de NY. Fazer uso da carteira de estudante, um dos poucos bons resquícios de UAM. E também o outro lado, rolê em Kreuzberg, visita rápida à galeria Tacheles e café Zapata. Tageskarte, andar de metrô o dia inteiro, sem precisar pensar no destino. Dessa vez, evitei as bolhas nos pés por conta do tênis novo, enrolando os artelhos pequenos com esparadrapo, dica da minha bailarina. Apesar de toda a facilidade, o passeio serviu também pra me deixar feliz com Dresden por mais um motivo: se eu fosse pra Berlim, demoraria muito mais pra aprender alemão. É bem possível sobreviver por muito tempo lá só com um entschuldiegung, ich sprache nicht deutsch, ich bin brasilianer e um sorriso. Aqui as coisas não são tão fáceis, poucos falam inglês e quase ninguém entende línguas latinas. Brasil e futebol ainda aqui trazem simpatia, e olha que Pelé traz mais simpatia que Ronaldinho. Bastante gente dos quarenta pra cima fala russo, e se pans depois de alemão é mais uma língua pra eu brincar de bom dia por favor obrigado uma cerveja por favor.
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Diálogo na casinha, ontem

Rolou delícia a conversa ontem. Esqueci de tirar fotos, mas logomenos publico o áudio da conversa no EL. Público recorde: pico de 18 pessoas no stream e 16 na casinha. O chat também tinha bastante gente, tipo uma dúzia. Meus comentários sobre a conversa eu guardo pro caderno submidiático, daqui a um tempo. Que o diálogo continue pela rede...

O encerramento da conversa, segundo sugestão do Ruiz, foi com o clipe de Bertulina, complementando a conversa sobre estética e internet.

Linha de comando, donna em sampa e trocação de idéia

Eu tenho uma coleção de bookmarks aguardando leitura aqui no meu firefox. Hoje resolvi passar alguns (de vez em quando eu começo a ler alguns deles) e achei um artigo bem interessante:

Linux for Theatre Makers: Embodiment and *nix modus operandi

Alguns trechos que chamaram minha atenção:

My central thread in this text is the Linux computer operating system(OS) and more specifically the use of the command-line interface within this OS and its relationship to embodiment.

(...)

When I first discovered the power to delete the file in my OpenBSD terminal that the OSX finder could not trash I felt was no longer a prisoner inside my machine, only possessing knowledge of a GUI, I was formerly stuck in a holding pattern. Using *nix you keep moving all the time, discovering always new executable codes sensitive to commands.

In the shell I find a marvelous mess of constellations, nebulae, interstellar gaps, awesome gullies, that provokes in me an indescribable sense of vertigo, as if I am hanging from earth upside down on the brink of infinite space, with terrestrial gravity still holding me by the heels but about to release me any moment. An example is /dev/null - a special *nix file where you pipe your unwanted data flow through this output. When I first experienced viewing data disappearing into this file, I immediately had an epiphany about the black hole and how the theory of the event horizon might function in an every day context.

(...) leia mais >>