gambiarra

Gambiarra: repair culture

Maker culture has gained a lot of ground in the last few years. Maybe too much, in fact. We can of course ignore those people who are only, as always, surfing the current wave of hype. They seldom have any clue of the ideas they are selling themselves with anyway. But it also feels as though everybody else is talking about maker culture. Those words are even being uttered by people who have always been opposed to what they should mean. Or is it me? Did I get it wrong all the way?

First time I read about a "maker culture", it was a sort of relief. I had finally found - or so I thought - a way to explain a number of initiatives some of us in Brazil had been involved for some years before that. Framing those things as "making" enabled us to mix critical thinking with DIY (as brilliantly put by Matt Ratto on "critical making"), proposing a sort of creative engagement that escaped the dead-ends of tedious market-driven innovation. A culture of conscious makers could recognize and promote alternative solutions and new perspectives for everyday problems, valuing distributed and collaborative approaches and seeking the common good. It would help overcoming traditional institutions and their clogged circuits of information. Local, cooperative formations would challenge the logics of global industrial capitalism, treating every human being - or small group, however loose it was - as potentially creative and productive. Industrial products that suffered of planned obsolescence would be repaired as armies of amateurs used the internet to share digital models of replacement parts. New kinds of meaning and engagement would evolve influenced by such approaches to material and cultural expression. Possibilities emerging from the free software and hacker movements would finally evert to the world of things.leia mais >>

Intro

Last year I spent two weeks as a designer in residence in Doha, hosted by the MFA in Design program at VCUQatar. The focus of the residency was working with the idea of a "repair culture" that first occurred to me while talking to members of the Bricolabs network during Pixelache Festival 2013, in Helsinki. Of course, repairing broken things is nothing new. But it seems to become less fashionable everyday in many parts of the world. Lots of economic as well as cultural issues contribute to that, at the same time as there are significant experiences resisting the disappearing of repair.

One specific concern I had was the way people are adopting the so-called "maker culture". Back in 2009, some of us were excited with the renewed interest in making and the promises of defying industrial capitalism - proposing alternatives to its heavy environmental impact, logistic costs and the fundamental drive to alienate people from the inner workings of the products they buy and discard. Currently, though, digital fabrication technologies seem to be increasingly turning into mere tools for new sorts of commercial entrepreneurship that can instead give new breath to the industrial age.

Qatar was a meaningful context to expand those thoughts. The country's economic development in high speed exacerbates the worst implications brought about by practices of contemporary post-industrial capitalism. Most people there are able to buy things and shortly throw them away. And being a country in which recycling is hardly viable, "away" may as well mean "somewhere in the desert". Or "somewhere abroad where we can't see".leia mais >>

Repair culture

Repair Culture
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Is maker culture as new and revolutionary as tech gurus lately claim? How are those practices related to the all so human creative impulse to solve problems - which has been around since the dawn of times? Has maker culture been appropriated by startup hipsters eager to become rich and famous?

Repair Culture is an outcome of my two-week period as a designer-in-residence in Doha last november, hosted by the MFA in Design program at VCUQatar. Seeking a critical take on maker culture and its current status of raw material to entrepreneurial hype, in this book I try to relate its roots to the background of critical, autonomous hacklabs and media activist groups, as well as draw a parallel with practices of brazilian digital cultures which articulate gambiarra as a social creative habit.

This first edition of Repair Culture is a shorter version, text-only. The upcoming full version will feature also reports of some experiments we've done while I was in Doha.leia mais >>

Mídia zumbi

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Encontrei aqui:

1) Somos contra a ideia de mídias mortas. Apesar de a morte da mídia poder ser útil como tática para opor-se ao diálogo que foca somente na novidade das mídias, acreditamos que as mídias nunca morrem. A mídia pode desaparecer em um sentido popular, mas nunca morre: ela decai, apodrece, reforma-se, remixa-se, e torna-se historicizada, reinterpretada e colecionada. Ou ela se torna resíduo no solo e no ar como mídia morta concreta, ou então é reapropriada por metodologias artísticas e fuçadoras ["tinkering"].

2) Somos contra a obsolescência programada. Como base da ecologia mental de circulação de desejos, a obsolescência programada mantém um impulso de morte ecologicamente insustentável que está destruindo nossos meios de vida.

3) Propomos uma despontualização das mídias e a abertura, entendimento e raqueamento de sistemas ocultos e caixas-pretas: seja como produtos de consumo ou arquivos históricos.

4) Propomos a arqueologia das mídias como metodologia artística que segue as tradições de apropriação, colagem e remix de materiais e arquivos. A arqueologia de mídias obteve sucesso em escavar histórias de mídias mortas, ideias esquecidas, alianças e narrativas menotres, mas agora é hora de desenvolvê-la de forma textual em uma metodologia material que leva em conta a economia política da cultura de mídia contemporânea.

5) Propomos que o reuso é uma dinâmica importante da cultura contemporânea, especialmente dentro do contexto do lixo eletrônico. "Se fecha facilmente, deve abrir facilmente". Concordamos que a cultura aberta e de remix deveria se estender a artefatos físicos.

Kluge

Rafael Garcia na fôia mais:

"Engenheiros americanos costumam usar a gíria "kluge"ao se referirem a soluções improvisadas para problemas em projetos. A falta de iluminação numa casa nova pode rapidamente ser resolvida, por exemplo, com um fio desencapado, uma lâmpada velha, uma extensão e esparadrapo."

 

Obsolescência programada

Estou escrevendo uma série de posts no lixo eletrônico sobre uma visão sistêmica pra todo o ciclo de produção, consumo, descarte e reciclagem de eletrônicos. Já publiquei uma introdução e a primeira parte, sobre produção e consumo. Agora estou me esforçando pra falar sobre descarte e reuso. No meio do caminho, parei pra respirar um pouco e li mais algumas páginas da tese de Rodrigou Boufleur sobre a Gambiarra. Lá na página 67 ele conta:

A partir da quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, a indústria começou a implementar mudanças na maneira como produzia artefatos, deixando de favorecer a durabilidade e a boa fabricação para priorizar estratégias que apelassem ao aumento do consumo (MALDONADO, 1976; DENIS, 2001). Um dos movimentos simbólicos em relação ao projeto de artefatos é o advento do Streamline ou Streamform, era buscado valorizar mais a forma que outros elementos nas produções. Essa mudança de concepção provocou efeitos que residem até hoje no universo dos artefatos industrializados. Não bastasse isso, alguns defendem, atualmente, a idéia de que muitos produtos são fabricados com componentes de baixa resistência para provocar o rápido descarte, gerando o conseqüente aumento do consumo. Essa é uma das condições que definem a chamada obsolescência programada.

 

Cidadejando

Mês passado, peguei o penúltimo dia da exposição Post-it City, no CCCB. Cheguei lá a partir de um convite que recebi por email de Francesco Jodice, que conheci em Sampa. A base da mostra eram as camadas que se acumulam em cima da idéia comum de "cidade": estruturas móveis e piratas, movimentos não planejados, dinâmicas sociais. Fiquei bastante feliz com o caminho de pesquisa por lá, e cheguei a ficar cansado ao tentar passar o tempo necessário em cada um dos trabalhos expostos. Bastante material, muitos insights e idéias expostas de uma maneira clara e acessível. Comecei a juntar com todo o caminho de pensar em gambiarra como adaptabilidade e criatividade cotidiana, e acho que algumas coisas boas vão rolar no futuro. Em paralelo, voltei a pensar na questão urbana. Nas últimas semanas, alguns bons textos apareceram por aí que têm a ver com isso tudo:
Um post excelente no we make money not art falando sobre uma palestra de Juan Freire ano passado. Selecionei alguns trechos:leia mais >>

Devaneio de domingo

Ontem a gente saiu pra dar um rolê no Fórum Social Catalão. Banquinhas e abaixo-assinados interessantes, alguns adesivos pra tampa do pretovelho (que essa semana recebe sua bateria nova e vira um computador portátil de verdade). Nas palestras, nada de muita novidade, não cheguei a assistir muita coisa, mas no geral deu pra sentir um pouco daquele clima do FSM. Peguei um documentário feito por um pessoal daqui, o Processo do Possível. Depois de assistir eu comento. Na cabeça, o tempo todo dialogando com o Mutirão da Gambiarra, que devo começar a agitar logo logo. Fiquei me perguntando o quanto a MetaReciclagem foi influenciada pela movimentação dos FSM. Que outro mundo? Outra coisa batendo na cabeça esses dias é o tema da mesa-redonda em Berlim, web 3.0 - conspirando pra manter a rede pública. Eu tenho relido um monte de loas e críticas ao hype de web2. A crítica poucas vezes se refere às mesmas coisas. Concordo em alguns pontos aqui e ali. Mas me preocupa um pouco os fundamentalismos. Qualquer pessoa que tenha se envolvido de verdade com projetos de transformação social ligados a tecnologia sabe que se não tiver um perfil no orkut e conta no messenger vai ser esquecido em dois segundos. Dá pra pensar nisso como um uso superficial da rede, voyeurismo de coluna social, entregar nossa capacidade de relacionamentos de bandeja pra servidores corporativos que no mínimo ajudam a mapear públicos-"alvo" pra publicidade online, e no limite entregam nossa privacidade pra agências e governos de maneira no mínimo suspeitas. Difícil pensar em um futuro interessante com isso. Será que a rede aberta, livre e com privacidade está definitivamente comprometida? Tô brincando de ficção com um desdobramento dessa idéia, mas meu ficcionador é bem mais lento que meu blogueiro.leia mais >>

Lagnado sobre Gambiarra

A gambiarra, mesmo que utilizada com diferentes nuances, com mais ou menos alegoria dependendo da vocação do artista para o símbolo, é a peça em torno da qual um tipo de discurso está ganhando velocidade. O mecanismo da gambiarra, cujas anterioridades antropológicas não cabem aqui ser discriminadas, assim como um desvio pelos projetos arquitetônicos de Lina Bo Bardi demandaria uma dedicação integral, tem um acento político além do estético.

Há uma ressonância do Parangolé, pelo fato de abranger toda uma rede de subsistência a partir de uma economia informal, com soluções de baixo custo e de puro improviso. "Da adversidade vivemos!", conclama Hélio Oiticica em "Esquema Geral da Nova Objetividade" (1966-67). E "adversidade" não significa apenas "pouquidão", mas também "oposição". Para validar sua posição cultural crítica, Hélio não tergiversava: "Tem-se que ser contra, visceralmente contra tudo que seria em suma o conformismo cultural, político, ético, social".

(...)gambiarra não se faz sem nomadismo nem inteligência coletiva.

Lisette Lagnado na Tropico: O malabarista e a gambiarra