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Casei

No último dia 20, aqui em Ubatuba, sob os olhares de um monte de parentes e alguns amigos, eu e minha cúmplice de vida nos casamos. Algumas pessoas perguntavam "pra quê, depois de nove anos? vocês não precisam disso". Fato é que realmente não precisávamos, mas de fato queríamos. Como já comentei aqui nesse blog, eu me sinto parte de uma geração muito mais livre no sentido de inventar as próprias bases, sem precisar nem se submeter às tradições nem recusá-las totalmente. Preparamos um ritual remixado, dosando bem a reinvenção e a referência. Acho que no fim das contas conseguimos entregar pra pessoas com expectativas diversas o que elas queriam (e talvez só a gente tenha percebido que não era nem só uma coisa, nem outra). O stalker falou da carga irônica, e na hora não soube o que dizer. Eu não chamaria de ironia, mas talvez de representação ritual. A intenção não era a desconstrução, mas uma construção diferenciada.

Em determinado momento, fiz a chamada pelo brinde. Eu tinha anotado alguma coisa, mas não cheguei a ler. Como acredito que não haja registro em vídeo, vai a base do que falei abaixo (tirando todo salamaleque e agradecimento pela presença de todxs)

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Eterno rewind

Semana passada encontrei Hdhd, Drica Guzzi e Cacau Freire na apresentação de Lizbeth Goodman no centro brasileiro britânico, em Pinheiros. Em paralelo à apresentação em si, que trazia alguns projetos e idéias interessantes, me bateu muito forte um flashback.

Há quase sete anos, em uma noite fria de São Paulo, peguei um carro emprestado, uma Fiorino branca. Passei no Itaim para pegar um amigo e fomos para Pinheiros assistir a um debate sobre "internet móvel" no centro brasileiro britânico. Nela estavam umas pessoas da BCP e de outras operadoras. Elas só falavam sobre modelo de negócios e SMS. Não consegui acreditar que, com tudo que a gente ouvia falar sobre possibilidades fora do Brasil (em especial no Japão), os caras que estavam tomando as decisões nas poucas empresas brasileiras de telefonia móvel tinham uma visão tão limitada. No dia seguinte, conversando no ICQ com o amigo que tinha ido junto, decidimos fazer uma lista de discussão para conversar sobre as possibilidades mais amplas das tecnologias, não nos limitando a pensar em mercados ou IPOs. Ele sugeriu um nome. Estabelecemos uma lista de 15 pessoas a convidar. No dia seguinte, 12 delas estavam na lista.leia mais >>

Para, doxo

Paradoxo puro nao é mais que o próprio alimento do feiticeiro à beira da vila. Entre a obediência cega e a negação pela negação, ele prefere os caminhos tortuosos da margem. Submeter-se não é possível, destruir é... só destruir.

Eu já nasci filho da geração que veio contestar. Conseguiram muito, aquelxs heróisnas. Mas decidi que não preciso entrar em parafuso tentando encontrar qual seria a contestação da contestação. Posso até desconstruir tudo que está ao redor, mas como como autêntico antropófago pós-moderno, posso brincar de remixar mitos e tradições pra a) me divertir, b) ao mesmo tempo satisfazer e questionar entes queridxs. Dou-me ao luxo de, mais do que buscar um sentido em tudo, simplesmente viver. Sem deixar de lado a ironia, mas também sem descambar pro sarcasmo. No fim das contas, eu sou da terra, e gosto mais de construir (mesmo que do meu próprio jeito) do que desmontar.

Mapas

Sempre gostei muito de mapas. Andava com aqueles guias de impressos de cidades. Cada vez que vou conhecer uma cidade nova, dou uma sapeada nos mapas disponíveis, anoto lugares interessantes, e procuro me orientar em relação aos mapas. Uma certa sensação de reduzir a complexidade do ambiente, e poder ir direto ao que interessa. Mas até há alguns anos, mapas eram uma coisa inacessível e meio chata de manusear. A internet já prometia algumas coisas - a primeira vez que vi o mapa do metrô de londres ficou marcada, pela mistura maluca entre o online e o concreto. Lembro também quando o pádua criou o blogchalking, e depois quando piramos no blogchalking reverse . Aí veio o google maps, que realmente mudou o jogo. A primeira vez que procurei a rua em que eu morava também ficou marcada, assim como depois, quando comecei a explorar endereços do passado ou até partes das cidades em que morei que havia deixado de conhecer. Sensação doida.leia mais >>

No corre...

Blogando pouco ultimamente, mas não estou parado não. Pensando e articulando sobre caminhos, desvios e atalhos... começando a preparar o que vai ser a segunda edição do mutirão da gambiarra (e mais do que isso). Postando e costurando umas possibilidades de desdobramentos pro lixo eletrônico. Também acabei de montar o blog do blooks, que rola no Sesc agora em maio. Também esperando o resultado do prêmio de mídias livres do Minc (a gente inscreveu a metareciclagem) e dando uma força remota pra galera que está organizando o encontrão no arraial, em setembro. No meio-tempo, continuo a brincar com itinerâncias e mobilidade. Nos últimos tempos também fui convidado a fazer parte do conselho da revista A Rede, e estou na comissão de seleção de projetos pro Hacker Space Fest, em Paris (mas não tenho feito muito a minha parte nesta última)leia mais >>

Momento hero

Estava hoje na Escola do Futuro perto do horário do almoço e comecei a ouvir gritos. Uma colega dizia "é meu carro!" Ela tem um fusca bege com uns quarenta anos de idade, que estava sendo roubado por algum sacana sem coração. Não pensei duas vezes, peguei a chave do tectec (o valente Uno 1993 que minha dama me empresta pra circular em sampa, e estava parado atrás do Fusca) e saí acelerando ao máximo. Antes de chegar na primeira esquina, me perguntava "putz, e se eu encontrar os caras, faço o quê? estragar os dois carros com uma porrada?"

Pra minha sorte, em menos de um minuto encontrei o fusca parado perto do meio-fio. Confirmei que era ele (os dois pára-lamas traseiros amassados). Não sabia se tinha alguém dentro ou em volta. Parei do lado dele, tremendo de adrenalina, e vi que não tinha ninguém. Fui até a guarita mais próxima e conversei com o vigia, que chamou reforços. Tudo certo, ela apareceu dali a pouco. O carro deve ter parado por conta do corta-combustível. O ladrão, desapareceu. A USP é muito grande...

Soda isso. Tanto carro com seguro pra ser roubado ali em volta, e o cara pega logo um fusca de quarenta anos. Fiquei com medo pelo tectec, que também não é segurado. Reforçar as medidas de segurança low-tech :P

Feliz ano novo!

Passado o carnaval, aquela sensação de que o ano realmente vai começar. Fiz mais um retiro desconectado, esse de menos de uma semana. Li bastante (terminei o Spook Country do Gibson - bem interessante, comento depois - e folheei um monte de outros da biblioteca permanente do meiodomato).

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Domingo embarco pra Amsterdam, para participar do Wintercamp. Vai estar frio (máxima de 7 ou 8 graus todo dia), tô sem um puto pra gastar (e não vou ganhar nada lá), mas vqv, ver amigxs da bricolabs e armar alguma coisa pro futuro.

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O ano começa bastante divertido no Weblab. Estou me aproximando do Glauco e vamos aparecer em breve com coisas interessantes. Conto mais quando for a hora.

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Vontade de voltar a ter a Parati quadrada que eu tinha até 2002, e transformá-la num metamóvel de verdade.

Começando o ano...

E depois do meu tempo no mato e da correria da Campus Party, parece que o ano vai começar. Abaixo, um monte de notas soltas pra desopilar e ver se embalo na blogagem de novo.

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Renovei meu passaporte hoje. Ele tinha vencido no ano passado, três dias depois da nossa volta da Europa. O processo foi mais rápido que eu imaginava, mas também muito mais caro do que há seis anos. Único puxão de orelha é que o site da PF para fazer o cadastro não teve jeito de funcionar no meu EEE com Xubuntu 7.10 e FF3. No intrepid funcionou. E também tive problemas depois, porque segui o procedimento que sempre uso quando apareceu a guia de pagamento: mandei imprimir e salvei como PDF direto da janela de impressão. Depois, não teve jeito do Evince imprimir com resolução decente - não dava nem pra ler. Precisei instalar o Adobe Reader, o que foi ainda mais cansativo com a lerdeza que o speedy (speedy ou slowy?) passou durante essa semana (e que foi resolvida magicamente no instante que eu aguardava que o atendimento deles me passasse pra "técnica" - que coincidência, não?). De qualquer forma, passaporte encaminhado. Fica pronto no começo de fevereiro. Um mês depois eu viajo por uma semana para Amsterdam, como integrante da rede bricolabs, para participar do Wintercamp.

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Baterias recarregadas

Voltando da menor-do-que-eu-gostaria temporada no meio do mato. Bom pra ler e respirar e fazer barulhos ritmados e quase-harmônicos. Velas e éguas e silêncios. Vaga-lumes, meteoros, lunetas, pássaros. Fantasia de duende. Acordar com o sol e dormir com cheiro de lenha queimada. Um dos banheiros com oito escovas de dente, e isso era só um terço da população. A reiteração dos eternos dramas da humanidade. Amigxs de verdade. Subir no alto da montanha pra ver a planície, os homens pequeninos; a aldeia de longe, longe, longe, longe. Encontrar carrapatos na coxa, pisar na bosta, tomar chuva, acordar com as conversas no cômodo ao lado, insistir naquele violão que nunca permanece afinado. Lavar o rosto na bica pra acordar. Cozinhar pra duas dúzias de corpos. Buscar lá dentro aquelas coisas... identidade, desejos, questões. Voltar desdenhando do desdém, que é um tipo de alienação.

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Instalaram internet na escolinha da vila. Não fui ver.

Provisões

Sabadão a gente foi comprar o rancho pra levar pro meio do mato. Toda essa nóia de enchentes e desastres nos fez ficar mais ligados na validade das coisas. Compramos café a vácuo, atum em conserva, azeite, vinagre e outras coisas duráveis. A idéia é deixar um estoque. Sacumé, em último caso ter pra onde correr :P