lifelog

Segue

Mais uma queda da Aletta, mais uns dias fora do ar. Vale.

Barcelona tem sido uma cidade generosa. Pessoas interessantes, lugares vivos, idéias flutuando por aí. Ainda não tenho um cartão do bicing, mas já tô conseguindo me mover por aí. Aparecendo uns bicos na hora certa - arrumar drupal, dar aulas de blog -, mas ainda com tempo pra sentar na praça e rabiscar sinapses. Coisa doida de uma sociedade de consumo sem tantas regras é que a cada par de dias a gente encontra na rua alguma coisa pra casa. Estamos vivendo com um amigo que antes estava sozinho em casa, não tinha mais móveis do que precisava. Já encontramos uma mesa, uma cadeira e um berço que virou suporte pra escrivaninha. Vi no centro comunitário aqui do lado um anúncio de uma mulher oferecendo de presente uma mesa de desenho que parece ideal pra Carol, devo buscá-la no fim da semana.

Sim, tô mais feliz do que na Alemanha. Só o que falta aqui é aquecimento na casa, porque apesar de a temperatura ser uns dez graus mais alta do que em Dresden, lá as janelas eram vedadas e tudo era quentinho. Mas tá valendo, minha infância em Porto Alegre foi também bem fria.

Coisas ocupando-me a mente agora

  • Descolar uns trocados. Quer um site em drupal aí?
  • Fazer rolar o Mutirão da Gambiarra. Ainda não tem link, porque tô pra armar ele direitinho. Em resumo, é um esforço pra organizar uma comunidade editorial metarecicleira pra:
    • Coletar e organizar a documentação gerada desde 2002;
    • Traçar ecos conceituais, sistêmicos, metodológicos e políticos relacionados à MetaReciclagem;
    • Brotar ficção metarecicleira.
  • Escrever a história aquela do mano aquele, primo do Vitorio, que tropeça num totem tecnomágico (e esse nome é bem ruim) e umas outras coisas acontecem.
  • Fazer um totem tecnomágico e chamar de arte pra descolar uns trocados.
  • Rabiscar o projeto que diz que residência é besta, que o esquema é itinerância, e pedir um carro pra dar um rolê pra metareciclar os transportes.
  • Começar a planejar a volta pra montar uma escola de inventores em Ubatuba.
  • Escrever listas e listas porque o tinymce tá funcionando.

Ironia

Pootam3rd4. Passei o dia com uma questão na cabeça.

Ironia é uma delícia, mas cada vez mais percebo que a galera não entende. Leva a sério, e aí phodeu. 

Interstício

Pedagogical Faultlines acabou, e me deixou com mais de uma pergunta a ser respondida com o correr do tempo. Agora é tentar dormir bastante, amanhã mudar pra outro hotel e preparar a apresentação pro (un) common ground, na terça-feira. Bom é que já chego lá com a mente atordoada, o que pode não ser tão ruim, em se tratando de uma tentativa de entender e promover colaboração (mas olha que merda, só tô escrevendo porcaria).

E ainda fiquei sabendo hoje que o Murilo tá pra aparecer em Amsterdam também. Doido é ter memórias dessa cidade sempre com um monte de aliadxs em volta.

Nem

Pois já fazem alguns anos que deixei de acreditar no ceticismo.

Procura-se

Urgentemente:

 

  • memória RAM (128 Mb é bonito mas incomoda)
  • dinheiro pro aluguel de setembro
  • a tal da linha narrativa
  • dinheiro pra fechar o rombo de gap no brasil
  • amanhã sem ressaca
  • dinheiro pra devolver praquele grupo de amigxs que se organizou
  • alguém pra conversar nessa cidade estranha

Mais velharia

Consegui pôr pra funcionar o wp2drupal. Acabou com acentuação e tudo o mais, mas são várias gerações de blogs, nunca ia conseguir deixar tudo funcionando direito. Resultado é que o conteúdo de praticamente todos os meus blogs tá armazenado aqui nesse drupal, agora. Meio consternador reler sobre projetometafora em 2002, intuir redes pervasivas ou até um pouco de insônia apaixonada, filosofia de boteco ou pura egotrip.

Revendo a revisao

Lendo de novo minha mensagem de começo de ano na lista metarec.

Tokaji Aszu 3 Puttonyos

Aszú: São os vinhos mais conhecidos da região. Provêm da adição ao vinho de base de uvas com elevado grau de podridão (também designada por podridão nobre), como resultado da presença de um fungo designado por Botritis cinerea,dando origem à formação de uma massa pastosa. A quantidade desta "massa" adicionada ao vinho de base é quantificada em recipientes próprios designados por "puttonyos" (a cada "puttonyos" corresponde 25 quilogramas da massa pastosa). Nos rótulos destes vinhos encontramos obrigatoriamente o número de "puttonyos" adicionados (varia de 3 a 6).
Fonte: Wikipedia.

Moralismo de doidão

Lá pelo fim do milênio eu tinha um grande problema na vida. Era diferente de todo mundo e não tinha liberdade pra isso. Desde o segundo grau no Tubino, passando pela Fabico e chegando em sampa, nunca consegui me encaixar nos grupos de pessoas que existiam. Tinha minhas particularidades e incoerências que não cabiam em lugar nenhum. Me sentia julgado, sentia que o ambiente tentava me controlar assim. A tal da internet foi do carajo porque finalmente consegui encontrar pessoas que eram parecidas comigo ou que eram tão diferentes que não se importavam com isso. Interação com essas pessoas passou a fazer parte do meu cotidiano e eventualmente comecei a criar com elas coisas que viriam a se tornar até minha fonte de subsistência.

Mas foi um momento criativo que agora parece em refluxo. O que era um movimento ético, naquele sentido de ter a coragem de fazer o que se sente e pensa ser certo, tá se transformando cada vez mais num moralismo medíocre. De repente senti que ser diferente já não é mais uma vantagem, que eu ter minhas incoerências e não me encaixar no modelo doidão chinelo é caminho certo pra julgamentos. Que a ética colaborativa virou estética da pobreza e caminha pro moralismo coletivista. Que daqui a pouco eu vou ter que me sentir constrangido de ouvir um blues, beber um vinho não tão ruim, não ser vegetariano, gostar de conforto e banho quente, querer viajar e me divertir. E cada vez mais sinto que não sou só eu. Que a patrulha ideológica do coletivismo miserável não vai deixar os individualismos florescerem. Que o anarquismo moralista vai me deixar cada vez mais longe do que podia ser uma construção realmente participativa e inclusiva.