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Diário do ventre da besta - parte 2

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Segunda parte do relato sobre minha participação no ISEA, em setembro de 2012. Por enquanto vai sem os links mesmo. Assim que conseguir eu publico a terceira e última.

Veja também: parte 1 e parte 3.

Em algum ponto do relativamente curto trajeto entre Atlanta e Albuquerque, comecei a prestar atenção à paisagem pela janela do avião. O horizonte se elevava aos poucos, passando por bonitas rochas recortadas e continuando a subir. O verde dava lugar àquela cor avermelhada dos desertos do oeste estadunidense. Sobrevoando aquela amplidão seca, fiquei pensando sobre as dificuldades de fazer funcionar uma cidade contemporânea ali. A aridez só era cortada por ilhas verdes, provavelmente instalações agrícolas intensivas. Alguns açudes, cercados do que parecia ser areia. Imaginei o transporte de combustível pelo meio do deserto. O consumo, a logística. A guerra para sustentar esses fluxos.

O aeroporto de Albuquerque (chamado Sunport, "porto do sol") poderia estar em alguma cidade turística litorânea. Cores fortes, uma luz quente vinda de fora. A influência mexicana é bem caracterizada, ao ponto da artificialidade - mais reconstrução do que herança. Encontrei um telefone público (que realmente tinha uma lista telefônica pendurada) e usei um quarto de dólar para ligar ao hotel requisitando o serviço de traslado. Em alguns minutos chegou uma van para me buscar. Espaçosa e silenciosa, como o próprio deserto havia parecido lá de cima. Lembrei de Jim Morrison fritando ao sol, viajando nos silêncios.leia mais >>

35

Aliás, uma única resolução de ano novo. Em 2013 eu faço 35, e gostaria de comemorar em algum boteco em Sampa com todo mundo que eu conheço na cidade.

Momentos

Uns dias perto do mato, enquanto o fim do mundo insistia em não acabar. Bom perceber que algumas coisas continuam, mesmo que um pouco transformadas na superfície - a entrada da trilha, a curva na mata fechada, a correnteza leve do ribeirão, o eco da saudação a Oxóssi. O sol que passa entre as folhas da mata atlântica. O ano de 2012 foi cansativo e difícil, e a virada para 2013 foi muito rápida. Ainda assim, consegui relaxar pelo menos um pouquinho.

No retorno de Cunha a Ubatuba, a pequena se sentiu mal em algum ponto da estrada de Lagoinha. Paramos ali para ela ficar um pouco em pé, caminhar... uma tempestade se anunciava. De repente, um relâmpago muito próximo - a impressão foi de quase simultaneidade entre o raio e o estrondo. Talvez o mais perto que já tenha passado. Algo de elétrico no ar. Voltamos ao carro rapidinho.

Passando agora alguns dias em Ubatuba, ainda tentando encontrar um jeito pacífico e não muito oneroso de devolver o apartamento de Campinas e me estabelecer de vez aqui no litoral. Nossos quartos estão prontos, o ambiente parece propício apesar de dificuldades esperadas. Além disso, alguns lances em outras partes do mundo estão aparecendo para 2013. Seguindo...

Otariado digital

Meio ano atrás, publiquei isso numa dessas redes sociais proprietárias do capeta. Achei agora por acaso, e jogo aqui no blogue pra registro. A situação continua acontecendo, senão comigo com colegas.

uma mistura de vários trampos recentes...

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14 dias antes

- cê tá livre pra um evento/palestra/trampo daqui a duas semanas?
- tô sim.
- então me manda URGENTE essa ficha preenchida: nome completo, rg, cpf, todos teus telefones, endereço com CEP, time de futebol, comida predileta, tipo sanguíneo, data que perdeu a virgindade, cor preferida, e de preferência preenche também os campos opcionais.
- mas precisa tudo isso?
- é pro jurídico.
- ok.

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12 dias antes

- preciso também que cê me mande esse termo de cessão de direitos de imagem, propriedade intelectual e um pedacinho da alma para o resto da eternidade.
- é?
- sim, é pro jurídico.
- e tem que ser hoje?
- claro, pra gente agilizar teu pagamento, né? talvez a gente consiga pagar até uns dias antecipado.
- ah, legal. envio daqui a pouco por email.
- não não, tem que ser assinado e com firma reconhecida.
- hm, entendi. bom, vou agilizar e mando por correio.
- sedex 10, pra garantir.
- sedex 10, ok.

---leia mais >>

Diário do ventre da besta - parte 1

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Primeira parte (de um total ainda não estimado) do relato sobre minha participação no ISEA, setembro passado, em Albuquerque, Estados Unidos. Estava tentando terminar o texto antes de publicar, mas fazem semanas que ele congelou. Envio assim para esquecer esse começo e respirar um pouco.

Atualizando: veja a parte 2 e a parte 3.

Recostado em uma cadeira pouco confortável do aeroporto de Atlanta, vi o sol nascer alguns minutos após as sete da manhã, horário local. A data, vinte de setembro, me fez pensar na aurora precursora do farol da divindade que abre o hino do Rio Grande do Sul. Um dia me disseram que a cultura gauchesca foi um movimento artificial, articulado por uma classe média urbana em busca de identidade. Lembrei disso ali naquele aeroporto, olhando para os senhores de meia idade vestindo chapéus de cowboy como se não os tirassem nem para dormir, mesmo que a pele branca e fina sugira que não tomam sol há tempos. Até que ponto o cinema de faroeste foi uma influência para que os gaúchos urbanos quisessem buscar a imagem do tipo rude do campo para forjar sua identidade? Qual a profundidade dos tentáculos do império? Era minha primeira vez naquelas terras. Voltei com muito mais perguntas do que respostas. Passados mais de dois meses, faço aqui um esforço para documentar a viagem.

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Alugar apartamento em Campinas - procuro inquilino!

Procuramos inquilinxs para apartamento de dois quartos em Campinas. Peço ajuda dxs leitorxs para encontrar interessadxs. Se quiserem, me procurem. Segue abaixo a história completa.

No começo de 2012, logo após começar o mestrado no Labjor, comecei a procurar um lugar para morar em Campinas. Ubatuba fica longe demais para ir e voltar toda semana. Minha companheira e minha filha (e a cocker) viriam junto, então tínhamos algumas condições: precisávamos de algum lugar com dois quartos, amigável para crianças e cachorros. Também precisava ser um lugar suficientemente seguro: as meninas ficariam sozinhas enquanto eu estivesse na Unicamp, e também viajaríamos bastante - às vezes por mais de três semanas. Outras condições eram ter alguma infraestrutura por perto, para poder fazer coisas a pé ou de bicicleta, ser bem iluminado e ter lugar para guardar o carro.leia mais >>

Silêncio

Eni Orlandi – O silêncio não fala, ele significa. Se você fizer o silêncio falar, ele vai significar diferente. Ele significa por ele mesmo, ele faz sentido, e isto é muito importante. Às vezes mais importante que as palavras. Significar com palavras é diferente de significar com silêncio. Há o silêncio que é a própria respiração do sentido. A gente pode estar em silêncio e estar significando. E também, muitas vezes, você fala certas coisas para que outros sentidos não apareçam. Isso é o silenciamento. Mas o sentido silenciado não desaparece. Porque o homem tem necessidade vital de significação. Onde ele não pode significar, migra para outros objetos simbólicos.

Aqui.

Eleições

Antes de mais nada, reafirmo aqui minha posição: a democracia representativa é cheia de falhas e inconsistências. Imaginar que uma pessoa consiga "representar" a minha opinião em qualquer assunto é uma ilusão. Pretender que alguém passe quatro anos discutindo, propondo e trabalhando de forma que reflita o que seria minha opinião sobre temas diversos é impossível. Vejo com bons olhos as iniciativas que propõem experimentações com democracia direta, democracia líquida e afins (alguns exemplos disso, aqui) - mesmo não acreditando que sejam um elixir milagroso, e observando que essas experiências parecem entender a política como um processo de decisão sobre alternativas dadas. Eu acho que a política é um lance muito mais profundo, de construção de alternativas, busca de consensos mesmo que temporários, e articulação entre oportunidades dadas em determinados contextos e momentos históricos.

Feitas as devidas ressalvas, volto minha atenção para este ano de 2012, ano de eleições municipais. Como já comentei em um artigo recente, existe atualmente uma tensão bastante grande a respeito de modelos de cidades - de um lado a cidade de cima-para-baixo, submissa aos interesses empresariais do setor imobiliário, estimulando a prevalência dos espaços privados e controlados, nos quais vivem pessoas individualistas, consumistas e obedientes; do outro lado a cidade dinâmica, orgânica, desenvolvida em uma escala humana, habitada por uma população diversa, livre, dinâmica, criativa. Não preciso dizer qual dos dois modelos eu prefiro.leia mais >>

Ah, se eu pudesse...

Coisas que eu gostaria de fazer, mas me faltam tempo e/ou dinheiro:

  • Reformular o site lixoeletronico, dando evidência aos posts mais importantes, questões frequentes e referências consolidadas. Estruturar melhor informação sobre consultorias e projetos especiais;
  • Transformar o protótipo da ZASF em um dispositivo funcional e fácil de usar. Poderia até virar um produto acessível pra vender para projetos que vejam utilidade nisso;
  • Escrever ficção gambipunk tecnomágica;
  • Compilar um segundo livro, com (quase) todos os meus textos publicados na plataforma Arquivo Vivo (revistos e ampliados);
  • Organizar um evento de alto nível sobre cidades, coisas e pessoas para nivelar o tipo de conversa que tem rolado sobre IOT e afins aqui no Brasil;
  • Planejar e produzir um curso sobre tecnologia livre e meio ambiente pra acontecer em janeiro em Ubatuba.

Mas do jeito que andam meu relógio e meu saldo bancário, isso tudo vai ficar pra depois :P

Modo ranzinza

Temporada do serviço ruim.

Uma das primeiras coisas que eu providenciei na chegada a Campinas foi o acesso à internet. Me falaram bem sobre o virtua, vi uma promoção e liguei lá. No telefone a atendente me disse que se eu contratasse tv, internet e telefone, ganharia alguns meses de desconto e um roteador, "de graça". Topei. No dia que vieram instalar, o técnico configurou uma rede cujo essid era o número do meu apartamento. Perguntei pra ele qual era a senha de admin do roteador. Ele ficou mudo. Perguntei de novo, e nada. Achei que era surdo, deixei pra lá. No fim, ele me disse que a senha era a que estava escrita no papel. Entendi que aquela era a chave WPA. Perguntei sobre a senha do roteador, ele disse que era a mesma.

Assim que ele saiu, fui lá tentar acessar. Descobri que ele tinha me enganado: nenhuma combinação possível de usuário e senha conseguia entrar na porcaria de roteador que eles me deram (um "multilaser", supostamente funcionando no padrão wireless N). Em vez de fazer um hard reset e começar do zero, resolvi usar daquele jeito mesmo por algum tempo. Percebi que duas ou três vezes por dia, a rede simplesmente parava de funcionar. Algumas noites depois, de passagem pelo Carrefour para comprar fraldas e um microondas, vi um roteador TP-Link por setenta pilas. Não era padrão N, mas em uma conexão doméstica com poucos clientes o G costuma dar conta. Levei, em duas vezes.leia mais >>