felipefonseca's blog

Para, doxo

Paradoxo puro nao é mais que o próprio alimento do feiticeiro à beira da vila. Entre a obediência cega e a negação pela negação, ele prefere os caminhos tortuosos da margem. Submeter-se não é possível, destruir é... só destruir.

Eu já nasci filho da geração que veio contestar. Conseguiram muito, aquelxs heróisnas. Mas decidi que não preciso entrar em parafuso tentando encontrar qual seria a contestação da contestação. Posso até desconstruir tudo que está ao redor, mas como como autêntico antropófago pós-moderno, posso brincar de remixar mitos e tradições pra a) me divertir, b) ao mesmo tempo satisfazer e questionar entes queridxs. Dou-me ao luxo de, mais do que buscar um sentido em tudo, simplesmente viver. Sem deixar de lado a ironia, mas também sem descambar pro sarcasmo. No fim das contas, eu sou da terra, e gosto mais de construir (mesmo que do meu próprio jeito) do que desmontar.

HSF

Estou na comissão de seleção de projetos para o Hacker Space Festival, que acontece em Paris no mês que vem. Não vou participar, mas os projetos que estão aparecendo prometem. Nos próximos dias deve aparecer o programa no site. A quem estiver pela Europa e puder aparecer, recomendo fortemente.

A ideia de cidade

Raquel Rolnik, no Cidade Luz:

Agora, o conceito das Gardens City’s, das Cidades Jardins, é um conceito inglês do final do século XIX, do Raymond Unwin. Qual era a discussão em plena Londres post-east-end? A cidade tinha virado uma muvuca com a industrialização, então o conceito foi uma utopia da cidade voltar a ser um espaço equilibrado, com jardins, mas pensando como bairro operário; a idéia dos bairros Jardins era um modelo urbanístico para os operários, ao contrário de ficar todo mundo no esgoto, em casas sem luz nem ar, que era a realidade naquele momento. Só que aqui virou um produto de luxo. E se você olhar como modelo urbanístico é muito legal, a não ser como aconteceu aqui, que o conceito virou residencial unifamiliar e de altíssima renda, terrenos grandes, e isso se fez através da regulação urbanística.

Bom pra retomar uma questão que me bateu ano passado durante o mobilefest:leia mais >>

Mapas

Sempre gostei muito de mapas. Andava com aqueles guias de impressos de cidades. Cada vez que vou conhecer uma cidade nova, dou uma sapeada nos mapas disponíveis, anoto lugares interessantes, e procuro me orientar em relação aos mapas. Uma certa sensação de reduzir a complexidade do ambiente, e poder ir direto ao que interessa. Mas até há alguns anos, mapas eram uma coisa inacessível e meio chata de manusear. A internet já prometia algumas coisas - a primeira vez que vi o mapa do metrô de londres ficou marcada, pela mistura maluca entre o online e o concreto. Lembro também quando o pádua criou o blogchalking, e depois quando piramos no blogchalking reverse . Aí veio o google maps, que realmente mudou o jogo. A primeira vez que procurei a rua em que eu morava também ficou marcada, assim como depois, quando comecei a explorar endereços do passado ou até partes das cidades em que morei que havia deixado de conhecer. Sensação doida.leia mais >>

No corre...

Blogando pouco ultimamente, mas não estou parado não. Pensando e articulando sobre caminhos, desvios e atalhos... começando a preparar o que vai ser a segunda edição do mutirão da gambiarra (e mais do que isso). Postando e costurando umas possibilidades de desdobramentos pro lixo eletrônico. Também acabei de montar o blog do blooks, que rola no Sesc agora em maio. Também esperando o resultado do prêmio de mídias livres do Minc (a gente inscreveu a metareciclagem) e dando uma força remota pra galera que está organizando o encontrão no arraial, em setembro. No meio-tempo, continuo a brincar com itinerâncias e mobilidade. Nos últimos tempos também fui convidado a fazer parte do conselho da revista A Rede, e estou na comissão de seleção de projetos pro Hacker Space Fest, em Paris (mas não tenho feito muito a minha parte nesta última)leia mais >>

UNR

Em março aproveitei a viagem para o wintercamp e o interesse de um broda pra vender meu EEE e comprar um Samsung NC10. Já estava de olho no NC10 desde que saiu, por conta de duas coisas que me incomodavam no EEE: o teclado e a bateria. Tem outras características que não me importavam tanto como a tela maior (10"), o bluetooth incorporado e o disco de 160Gb (e o @jacklake veio reclamar que eu, que tinha defendido tanto o fato de o EEE usar um SSD, agora estava voltando atrás, mas o fato é que não tive escolha - se houvesse um NC10 com SSD, pegava na hora). De qualquer forma, o teclado decente e a bateria que dura o dobro do tempo foram os fatores decisivos pra mim.

Na época, li uns relatos do Ubuntu 8.10 nele, e parecia haver problemas. Instalei o Debian Lenny - poucos problemas, como o wi-fi só funcionar com um kernel mais atual do que o que vem com ele - e fiquei com ele por mais de um mês. Há algum tempinho, inventei de ao mesmo tempo compilar um kernel RT e rodar um aptitude upgrade. O gnome baleiou, e meu mouse sumiu. Depois de um dia tentando identificar o problema sem encontrar solução (consegui alguns dias depois), topei com um post comentando que estava sendo pré-lançado o Ubuntu Netbook Remix do Ubuntu 9.04, Jaunty Jackalope.leia mais >>

Instalando o drupal em pouco mais de 6 minutos

Tava brincando hoje com ferramentas de captura do desktop, e pra testar acabei fazendo um vídeo de como subir um site com drupal em poucos minutos, usando shell e deixando tudo bem organizadinho pra eventuais updates. Tá no youtube, ainda sem áudio, mas funcionando. Se eu quisesse, acho que conseguia fechar em cinco minutos, mas fiquei meio lerdo em uns momentos.

A resposta já existe, a pergunta é que precisa mudar

The alternative between public and private ownership is a false one. The solution is no longer in the realm of the Economy, but in that of social culture. The model of Growth has been deeply interiorised: it pervades daily life, perception, needs, and consumption styles. Cultural action must free society from this model.

Franco 'Bifo' Berardi

Relato Paralelo 3 - Sessões

Tentando concatenar minhas anotações do Paralelo. Tomei notas no caderno e no computador, então pode ser que algumas coisas estejam fora da ordem. Outro risco que corro aqui é de escrever alguma besteira porque anotei porcamente, e esse post muitas vezes se trata de tentar interpretar o que rabisquei. Mas lá vai:

Domingo, cheguei pro brunch, participei do sociograma-no-papel, mas precisei fazer uma reunião rápida com Hernani e pixel, e acabei perdendo a sessão de abertura. Entrei no meio do primeiro painel, Reflexive energies, acho que na apresentação do Cícero Silva, do software studies, que parece tão institucional que não me atraiu muito.

Marcus Bastos trouxe a referência do livro Cradle to Cradle: remaking the way we make tools (McDonough e Braungart), que define o conceito de upcycle: usar material descartado para produzir novos produtos. A partir daí, tem uma piração de fazer produtos com polímeros que depois podem servir de matéria-prima para outros produtos. Lembrei da pira de possibilidades das reprap: impressoras 3d de baixo custo que trabalhem com esse tipo de polímero, "democratizando a fabricação de coisas". Segundo o Marcus, o próprio livro é feito com esse material. Mês passado, o Ivo do Waste.nl, tinha mencionado esse livro em uma conversa que tivemos em um intervalo de wintercamp. Vou atrás do livro.leia mais >>

Relato Paralelo 2 - gringotur

Uma das conseqüências indiretas do Paralelo foi um pouco de gringotur. Muitos dos convidados estavam no Brasil pela primeira vez, e não queriam gastar um vôo de longa distância só para conhecer São Paulo e mais nada. Eu mesmo recebi ou levei algumas das pessoas para passear.

Na semana antes do evento, vieram a Ubatuba Tapio Mäkelä, um pesquisador finlandês baseado em Manchester, e Annette Wolfsberger, austríaca que trabalha no Virtueel Platform em Amsterdam. Eu havia conhecido a Annette mês passado no Wintercamp, e o Tapio no Futuresonic de 2008. Indiquei para eles o hotel-pousada Dellamares, bem perto aqui de casa, no Perequê-Açu. Não é o visual mais fantástico da costa, mas é de frente pra praia, e ainda não tão longe do centro. Quem acorda cedo pode até ver o sol nascer no mar, um espetáculo.leia mais >>