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Redelabs – Caminhos brasileiros para a Cultura Digital Experimental

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Em outro post, falei sobre dois modelos lembrados com frequência quando se fala em laboratórios de mídia. Para o nosso contexto aqui no Brasil, esses exemplos externos são importantes menos por suas características específicas – infra-estrutura, funcionamento, costura institucional ou metodologias – do que por sua adequação às características do contexto em que se inserem. Também levantei nesse texto anterior que uma certa sensação de liberdade pode ser o elemento que esses modelos diferentes têm em comum. Como a proposta do projeto redelabs é promover o diálogo entre essas iniciativas de todo o mundo com o que é interessante e possível fazer aqui no Brasil, quero começar a desdobrar um pouco das nossas particularidades, e pensar em como isso pode apontar caminhos futuros. Abaixo eu tento relacionar alguns fatos, eventos, estruturas e redes que têm alguma relação com isso. Estou certamente bastante limitado à minha própria experiência, e adoraria receber comentários e sugestões sobre o que mais for relevante.

Tecnologias enredadas no Brasil

Nos anos recentes, as tecnologias de informação e comunicação se desenvolveram em um ritmo bastante acelerado, disseminando-se por praticamente todas as áreas do conhecimento. Os brasileiros viramos recordistas no tempo mensal de uso de internet, especialmente com o uso em massa de redes sociais – uma tendência que seria vista em todo mundo alguns anos depois do que por aqui. As tecnologias em rede fazem cada vez mais parte do imaginário – mais um motivo para experimentação, crítica e reflexão. Grande parte dos programas de inclusão digital do terceiro setor e do setor público também já entenderam que sua missão não pode estar limitada a oferecer acesso e atuam na dinamização de projetos, formação de público e desenvolvimento do potencial de jovens criadores.leia mais >>

Um resumo do Brasil profundo

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Escrevi há dois anos um artigo que seria publicado como caderno submidiático #7 do des).(centro e posteriormente no livro Apropriações Tecnológicas. O que segue abaixo é uma tentativa de contar a mesma história sob a perspectiva dos laboratórios de mídia.

Em 2002, quando começou a articulação para a realização de um “Laboratório de Mídia Tática” em São Paulo, eu demorei alguns meses para entender porque o chamavam de “laboratório”. Entendi menos ainda quando o festival Mídia Tática Brasil finalmente aconteceu, muito mais focado em colocar as pessoas em contato do que em fazer coisas novas acontecerem ou promover experimentação. De qualquer maneira, ele promoveu o contato e a troca entre um monte de gente que se reencontraria várias vezes nos anos seguintes. Teve ainda o mérito de propor atividades no telecentro da Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo, uma ação incipiente mas promissora de convergência entre o referencial ativista internacional e a realidade brasileira. Isso se aprofundaria, por exemplo no projeto Autolabs, criado e desenvolvido em 2004 por integrantes dos coletivos que estavam no MTB. O Autolabs sim acabou assumindo um papel mais experimental. Apesar de ser antes de tudo um projeto focado na educação midiática, ele proporcionou um ritmo de convivência entre as pessoas que levou a um grande nível de experimentação – técnica, social e administrativa. As bases do que foi desenvolvido e testado por ali seriam depois replicadas em muitos outros projetos, entre eles a ação cultura digital nos Pontos de Cultura.leia mais >>

Laboratórios de Mídia – referências

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A ideia de laboratório de mídia é uma construção diversa e bastante genérica – e justamente por isso, com significados distintos. Muitos modelos diferentes usam esse nome: de grandes estruturas que se propõem a dar forma ao futuro da humanidade, até iniciativas de pequenos grupos que, em sentido complementar, promovem a apropriação crítica das tecnologias, buscando humanizar o desenvolvimento e uso destas. Além de dezenas de outros formatos que se inserem no contexto da educação, do uso comercial de novas mídias, da busca artística formal, etc. Este post pretende explorar dois modelos emblemáticos e relacionados: o Medialab do MIT e alguns laboratórios de mídia europeus.leia mais >>

Cultura Digital Experimental? Parte 2 – Google Buzz

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Ainda editando os comentários a partir da provocação do termo “cultura digital experimental”. Ontem postei aqui as conversas que isso gerou no twitter. Hoje trago um pedaço editado da longa conversa que rolou no google buzz. Eu parei a conversa lá por enquanto, porque ela já levantou alguns pontos que merecem atenção específica, e também porque o papo está continuando na lista da MetaReciclagem (e eu vou postar aqui nos próximos dias)

Felipe Fonseca – como soa pra vocês falar em “cultura digital experimental”?

fabianne balvedi – experimentar é o que fazemos desde que existem estúdios livres. nada de novo.

Felipe Fonseca – não tô querendo propor nada de “novo”. é uma conversa que tô começando, sobre propor estratégias para labs/ações/intercâmbios. ainda tentando encontrar o eixo em torno do qual a conversa vai rolar. perguntava se “experimental” é um foco válido. é?

Renato Fabbri – eu até gosto. mesmo não sendo novidade e sendo estilo fruta. é tipo um conceito guarda-chuva que abriga várias coisas inclusive o que fazemos com os estúdios livres e outras atividades +.

marcelo estraviz – isso de “digital” é muito old fashion…

glerm soares – Contraculturadigital

Gesamkunstwerk
Uverdrängungleia mais >>

Cultura Digital Experimental? Parte 1 – Twitter

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No sábado, enquanto estava na fila do check-in para o voo que me traria a Madrid, pensava nos eixos de reflexão e articulação em torno dos quais o projeto redelabs vai se desenvolver. Perguntei na rede o que as pessoas achavam do termo “cultura digital experimental”, que eu já usei em alguns posts por aí. A conversa se espalhou pelo twitter, pelo google buzz e também na lista da MetaReciclagem. Saíram coisas bem interessantes ali no meio, que quero trazer aqui pro blog. Mas como o volume foi grande, vou fazer por partes – por ferramentas, na verdade. Começando, hoje, pelo twitter. Ali, a conversa ficou um pouco limitada pelos 140 caracteres e pela impossibilidade de responder a posts específicos. Tentei organizar, abaixo:

efeefe: como soa pra vocês falar em “cultura digital experimental”?

bambozzi: @efeefe tudo pode ser experimental, no sentido de que é resultado ou proporciona experiências novas.

efeefe: @bambozzi Então experimental é genérico demais? quero entender o que têm em comum todas essas coisas táticas-diy-desconstrutivas.

bambozzi: @efeefe defender o experimental, convicto e explicitado como tal, não é tão genérico. Assumir a experiência, a pesquisa, o erro inclusive.

bambozzi: @efeefe e precisa ficar um pouco mais entendido onde começam as novas mídias e quando elas se sobrepoem às demais – se isso rola de fato.

efeefe: @bambozzi Mas tu acha viável ou desejável construir uma estratégia coletiva voltada para uma cultura digital experimental?

rodrigosavazoni: @efeefe soa bem. E adequado, se tomarmos como base o trabalho da rede #metareciclagem, sempre, no mínimo, um passo a frente dos demais

efeefe: @rodrigosavazoni a #metareciclagem tá no meio de tudo e todxs – com passos à frente e atrás, numa dança meio estranha.leia mais >>

Labtolab

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Estou essa semana em Madrid para o Labtolab, encontro de laboratórios de mídia organizado pelo Medialab Prado. Vou falar um pouco sobre MetaReciclagem e tentar trazer um pouco da reflexão dos redelabs.

Minha estada aqui está sendo apoiada pelo Centro Cultural da Espanha em São Paulo.

Uma Conversa com James Wallbank

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Logo Access SpaceJames Wallbank é diretor do Access Space, em Sheffield, criado em 2000 como o primeiro “free media lab” do Reino Unido. O Access Space foi um dos primeiros projetos no mundo a trabalhar com o reuso criativo de tecnologias, usando software livre e convidando a comunidade a se apropriar do espaço. James também criou a Low Tech, que trabalha “onde tecnologia, criatividade e aprendizado se encontram”. O Access Space e a Low Tech desenvolveram uma ação chamada “Grow Your Own Media Lab”, que mostrava como montar laboratórios autônomos e virou um guia impresso. Em 2009, ele liderou um workshop sobre Laboratórios de Mídia durante o Sommercamp Workstation, em Berlim. James também é integrante da rede Bricolabs.

Levei uma conversa com James por email. Trechos relevantes abaixo:leia mais >>

Eventos

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Um pilar fundamental para o desenvolvimento de cultura digital experimental é a realização de eventos onde ela seja reconhecida enquanto linguagem, inovação e ação social. Talvez aqui no Brasil isso seja o que a gente já tem de mais bem desenvolvido. Desde todo o processo de descoberta e realização que passou pelo Mídia Tática Brasil, Findetático, Digitofagia e acabou gerando as conferências Submidialogia, até os festivais internacionais de alto nível como FILE, Arte.Mov e Mobilefest, além de diversos eventos que, mesmo com focos diversos, abrem espaço para essas iniciativas, o Brasil já começa a ter um calendário de eventos interessantes, que promovem o encontro e a troca entre o meio.

Eu estive recentemente na Future Everything, em Manchester. Além do grande interesse no Brasil, que resultou na realização de uma perna da conferência internacional enredada (GloNet) em São Paulo, o FE contou também com uma temática bastante relevante, e com a participação de pessoas do mundo inteiro, que estavam ali dispostas a trocar e conversar. Relatei mais sobre o evento no Desvio.

Lugar e espaço

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No artigo “Uma introdução à locação em arte e tecnologia” (publicado no reader da conferência Paralelo), Karla Brunet e Juan Freire – que coordenam o projeto Narrativas Digitais – trazem uma diferenciação interessante entre as ideias de lugar e espaço. A primeira seria a mera topografia e materialidade – o ponto no mapa, a estrutura, a soma de atributos físicos. Já o espaço seria aquilo que se compõe das diversas camadas sociais e culturais  entrelaçadas, o momento em que o lugar adquire significado e valor para as pessoas.

Na investigação sobre o desenvolvimento de uma rede que contemple uma visão ampla das diversas fases –  articulação, concepção, produção, exibição e distribuição – da cultura digital experimental, é fundamental trazer esse aspecto mais aprofundado, da valorização do espaço. Não se trata de somente criar novos espaços e dar acesso a infra-estrutura tecnológica, mas de fomentar um diálogo com espaços existentes, fortalecer as condições de trabalho neles e incentivar a apropriação, o intercâmbio, o aprendizado distribuído.

Reformulando uma questão que já estava presente lá atrás na plataforma Waag/Sarai, é necessário pensar menos em lugares (infra-estrutura) e mais na dinamização descentralizada de espaços (pessoas, redes, projetos). Ao longo dos próximos meses, vamos tentar levantar algumas pistas e ideias nesse sentido.

O Seminário RedeLabs

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RedeLabs

O seminário RedeLabs tem por objetivo reunir artistas, produtores e curadores envolvidos com experimentação em mídias eletrônicas para conceber estratégias colaborativas de articulação, produção e exibição de arte eletrônica e cultura digital experimental. Sua realização está prevista para a última semana de julho de 2010, em São Paulo.

O seminário parte da compreensão de que o Brasil tem assumido um papel de relevância internacional no desenvolvimento de uma cultura digital hiperconectada e participativa. Mais do que a mera importação de novas referências, essa cultura digital brasileira incorpora nossas tendências antropofágica e tropicalista, performando um diálogo profundo entre o cosmopolitismo e o enraizamento.

Algumas das bases da cultura digital brasileira – a ênfase na cultura livre, no acesso, na ação coletiva e na criatividade distribuída – sugerem que se vá além do referencial de laboratórios de mídia (medialabs). A perspectiva de que tais bases aprofundam a própria compreensão do que são as mídias e como elas se articulam com o cotidiano em rede é o principal eixo de sustentação do projeto RedeLabs.

A arte eletrônica e a cultura digital experimental exploram os limites estéticos e funcionais das novas tecnologias, formam público e inserem o Brasil em circuitos internacionais de reflexão e produção. Elas são desenvolvidas em diversos contextos institucionais: laboratórios de mídia, centros culturais, produtoras multimídia, núcleos universitários, pontos de cultura, espaços auto-geridos e outros. Ainda que algumas dessas ações acabem se encaixando em áreas e contextos institucionais já existentes, é necessário desenvolver estratégias que levem em conta as características específicas da criação, elaboração e circulação dessa cultura para desenvolver seu potencial pleno.leia mais >>