Trocaram o roteirista?

Hoje estava naqueles últimos quilômetros da Ayrton Senna antes de chegar em São Paulo, com 3/4 do céu coberto de nuvens negras ocasionalmente cortadas por relâmpagos; ouvindo no rádio relatos sobre o que acontecia na cidade (bloquearam o túnel por baixo do Anhangabaú, 130 árvores caídas, 130 semáforos quebrados, não sei quantos pontos de alagamento); e ainda lembrando do noticiário das últimas semanas (Papa renunciou, caiu um relâmpago no Vaticano, um meteoro caiu, outro meteoro passou perto, Yoani dando rolê, Marina fundando partido de sonháticos, nem me lembro o que mais)... de repente tive a impressão de que estava em alguma história de quadrinhos dos anos oitenta. Talvez alguma do Frank Miller, ou sei lá.

Tempos estranhos.

Labs cidadãos

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Do artigo de Atau Tanaka no "Blueprint for a lab of the future", falando sobre diversos tipos de labs:

Citizen labs: Grassroots movements and development of the creative Do-It-Yourself (DIY) scene have led to the development of community-based labs. Medialab Prado in Madrid is a grassroots media lab focused on citizen access, and funded by local government. Kitchen Budapest has a similar community-facing ethos, and is sponsored by the Hungarian Telekom. The other two partners in LABtoLAB - Constant, and PiNG - are from cities (Brussels and Nantes) where there are a number of initiatives, includingiMAL, FoAM, Apo33. The concept of Hackerspaces codifies the operations and practice of community-based centres for creative technologies. These recent developments reflect the democratisation of technology, the increasing inclusion of digital media in all forms of cultural practice, and the increasing audiences that accompany these developments.

Fiquei indeciso sobre essa definição. Ela reúne algumas ideias interessantes, mas opõe esse tipo de lab a outros  - Industry labs, Media art labs, University labs. Na primeira vez que li esse parágrafo, ano passado, tive a impressão de que Tanaka considerava os labs cidadãos menos relevantes que os outros - como se fossem mero espaço de reverberação de inovações que em verdade surgiriam nos outros tipos de labs. Eu gosto de acreditar que, pelo contrário, o único tipo de inovação relevante para o mundo vai vir cada vez mais de espaços em que as pessoas possam conviver com a diversidade e escapar da lógica da produção, da mensuração meramente numérica/econômica/financeira de seus esforços. E os labs abertos à sociedade me parecem o lugar privilegiado para que isso aconteça.leia mais >>

Conexão Finlândia

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Em visita ao Brasil por motivos pessoais, o finlandês Tapio Mäkelä passar uns dias em Ubatuba. Estamos conversando sobre possibilidades para o futuro, desde a programação bricolabs que estou agitando durante o festival Pixelache em Helsinki, neste próximo mês de maio, até os planos futuros de realizar um evento científico-artístico em Ubatuba no segundo semestre (nos moldes da Cigac-Semiárido que fizemos ano passado na Paraíba). Fomos à sede do projeto Tamar para entender melhor quais são as questões que eles enfrentam por aqui. Estamos também em conversas sobre parcerias possíveis para fazer coisas continuadas aqui em Ubatuba.

(e o gringo deu sorte: manhãs ensolaradas e tardes chuvosas)

Em visita ao Brasil por motivos pessoais, o finlandês Tapio Mäkelä passar uns dias em Ubatuba. Estamos conversando sobre possibilidades para o futuro, desde a programação bricolabs que estou agitando durante o festival Pixelache em Helsinki, neste próximo mês de maio, até os planos futuros de realizar um evento científico-artístico em Ubatuba no segundo semestre (nos moldes da Cigac-Semiárido que fizemos ano passado na Paraíba). Fomos à sede do projeto Tamar para entender melhor quais são as questões que eles enfrentam por aqui. Estamos também em conversas sobre parcerias possíveis para fazer coisas continuadas aqui em Ubatuba.(e o gringo deu sorte: manhãs ensolaradas e tardes chuvosas)

Diário do ventre da besta - parte 3

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Última parte do meu relato sobre a participação no ISEA, em Albuquerque, setembro do ano passado. Veja também a parte 1 e a parte 2.

 

No café da manhã de sábado, todos os americanos tinham os olhos grudados na imensa TV do salão. Cobertura da campanha presidencial - Romney tinha falado alguma besteira. Encontrei parte da turma brasileira, e logo Teresa nos deu uma carona até o Centro Nacional de Cultura Hispânica (NHCC), que sediaria o Fórum Latinoamericano do ISEA.

É forte essa coisa da identidade "hispânica" naquelas paragens - me pergunto se os estadunidenses chegam a atinar a relação etimológica com "Espanha" ou se já significa uma coisa totalmente diferente. Penso também no pesado legado da política do multiculturalismo, que acaba induzindo as pessoas a se identificarem com alguma "minoria". Engraçado ver em Albuquerque aqueles carrões antigos, conversíveis, guiados por "hispânicos" tatuados, totalmente enquadrados no estereótipo cultural.

O Centro de Cultura Hispânica é grande, bonito, bem estruturado. Salas, auditórios, um pátio amplo com palco debaixo de uma larga árvore que alivia um pouco o calor. Tem uma grande placa do Instituto Cervantes, que infelizmente me fez lembrar dos tropeços do CCE de São Paulo, desaparecido graças às inversões políticas de Madrid. Logo na recepção, Fred Paulino conta que Ganso havia enfartado e estava no hospital. Justo nos EUA, que têm péssima fama na saúde.leia mais >>

Cidades digitais...

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Insistindo na abertura do conceito de cidades digitais - de maneira que abarque não somente o aumento de eficiência da máquina pública e o alívio pontual de disparidades, mas insira também a escala local e suas demandas na própria autoria do imaginário tecnológico e de suas invenções - tenho presenciado alguns movimentos interessantes. Estou conversando com a nova gestão da Prefeitura de Ubatuba, em busca de um modelo que faça sentido para as características únicas da cidade. Estou também tratando de projetos similares em outras cidades da região. As ideias têm ressoado. A ver o quanto vamos conseguir pôr em prática.

Também fui chamado, como já comentei aqui, a participar de um debate no Transmediale sobre o assunto na quinta-feira passada, junto com pessoas que estudam ou estiveram envolvidas com projetos europeus de "cidades digitais" nos anos noventa. Para encerrar a semana, fiz um bate-volta para São Paulo na sexta, a convite do W3C/CGI e Prefeitura de São Paulo, onde falei junto com James Wallbank sobre "Cidades Digitais e Open Labs". As condições do trânsito aumentaram o tempo da minha viagem, o que acabou proporcionando um novo texto sobre cidades digitais, que devo publicar aqui assim que tiver tempo de digitá-lo. Nenhuma novidade para quem já leu meus outros textos, somente mais uma coleção de argumentos sobre como os labs abertos podem ser uma saída para algumas das arapucas da cidade contemporânea. No mais, foi bom conhecer mais pessoas do W3C, além de reencontrar James e dar uma volta rápida pelo Anhangabaú.leia mais >>

Remixando as cidades digitais

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Amanhã participo pela internet, do painel "Remixing Digital Cities", parte da programação da Transmediale que acontece essa semana em Berlim. Quase fui para lá passar frio (a internet me conta que neste exato momento fazem cinco graus em Berlim), mas eles só conseguiram confirmar o convite oficial em cima da hora, quando já não dava mais para reprogramar minha vida.

Estou agora mesmo planejando minha participação - pretendo explorar assuntos nos quais já toquei em outros textos aqui, talvez esbarrando também em questões de poder e centralização que são características nas cidades brasileiras.

O painel acontece amanhã, quarta-feira, quinta-feira 31/01 às 12hs do horário brasileiro. Deve ser transmitido pelo site do festival.

Atualizando: eu havia me enganado, confundi o 30 com 31. O painel acontece amanhã, quinta, dia 31 de janeiro!leia mais >>

The Coming Fight Between Engineers And Druids

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Paul Saffo, na conversa anual do Edge.org:

There are two kinds of fools: one who says this is old and therefore good, and the other who says this is new and therefore better. The argument between the two is as old as humanity itself, but technology’s relentless exponential advance has made the divide deeper and more contentious than ever. My greatest fear is that this divide will frustrate the sensible application of technological innovation in the service of solving humankind’s greatest challenges.

The two camps forming this divide need a name, and “Druids” and “Engineers” will do. Druids argue that we must slow down and reverse the damage and disruption wrought by two centuries of industrialization. “Engineers” advocate the opposite: we can overcome our current problems only with the heroic application of technological innovation. Druids argue for a return to the past, Engineers urge us to flee into the future.

via Edge.org.


Tagged: druidas, edge.org, engenheiros, english

Fablab DIY

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Da página de estratégias do Refab-Space de James Wallbank em Sheffield, uma conclusão à qual também chegamos quase uma década atrás na MetaReciclagem:

Imagine building your own TV; it'd be fun and informative, make you aware of what you're buying, and what goes into it. Now imagine building 1000 TVs a week; is that 1000 times more fun? Of course not, it's a repetitive, mind-numbing job.

É por isso que montar uma "fábrica" de recondicionamento de lixo eletrônico sempre me pareceu entediante.

Outros futuros

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Última página do Futuros Imaginários de Richard Barbrook. Buscando superar os futuros imaginários forjados durante a Guerra Fria do fim do milênio passado...leia mais >>

Diário do ventre da besta - parte 2

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Segunda parte do relato sobre minha participação no ISEA, em setembro de 2012. Por enquanto vai sem os links mesmo. Assim que conseguir eu publico a terceira e última.

Veja também: parte 1 e parte 3.

Em algum ponto do relativamente curto trajeto entre Atlanta e Albuquerque, comecei a prestar atenção à paisagem pela janela do avião. O horizonte se elevava aos poucos, passando por bonitas rochas recortadas e continuando a subir. O verde dava lugar àquela cor avermelhada dos desertos do oeste estadunidense. Sobrevoando aquela amplidão seca, fiquei pensando sobre as dificuldades de fazer funcionar uma cidade contemporânea ali. A aridez só era cortada por ilhas verdes, provavelmente instalações agrícolas intensivas. Alguns açudes, cercados do que parecia ser areia. Imaginei o transporte de combustível pelo meio do deserto. O consumo, a logística. A guerra para sustentar esses fluxos.

O aeroporto de Albuquerque (chamado Sunport, "porto do sol") poderia estar em alguma cidade turística litorânea. Cores fortes, uma luz quente vinda de fora. A influência mexicana é bem caracterizada, ao ponto da artificialidade - mais reconstrução do que herança. Encontrei um telefone público (que realmente tinha uma lista telefônica pendurada) e usei um quarto de dólar para ligar ao hotel requisitando o serviço de traslado. Em alguns minutos chegou uma van para me buscar. Espaçosa e silenciosa, como o próprio deserto havia parecido lá de cima. Lembrei de Jim Morrison fritando ao sol, viajando nos silêncios.leia mais >>