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Cidadejando

Mês passado, peguei o penúltimo dia da exposição Post-it City, no CCCB. Cheguei lá a partir de um convite que recebi por email de Francesco Jodice, que conheci em Sampa. A base da mostra eram as camadas que se acumulam em cima da idéia comum de "cidade": estruturas móveis e piratas, movimentos não planejados, dinâmicas sociais. Fiquei bastante feliz com o caminho de pesquisa por lá, e cheguei a ficar cansado ao tentar passar o tempo necessário em cada um dos trabalhos expostos. Bastante material, muitos insights e idéias expostas de uma maneira clara e acessível. Comecei a juntar com todo o caminho de pensar em gambiarra como adaptabilidade e criatividade cotidiana, e acho que algumas coisas boas vão rolar no futuro. Em paralelo, voltei a pensar na questão urbana. Nas últimas semanas, alguns bons textos apareceram por aí que têm a ver com isso tudo:
Um post excelente no we make money not art falando sobre uma palestra de Juan Freire ano passado. Selecionei alguns trechos:leia mais >>

Ovvio

É claro que muito do que eu falo sobre "Brasil" é uma idealização sobre minha própria personalidade. Criando auto-mitos, daquele jeito. Um jeito diferente de se fazer ao mesmo tempo de vítima e vencedor. Por outro lado, muito do que eu falo sobre "Europa" é também o que eu falo sobre as pessoas à minha volta que fizeram tudo certo: faculdade, carreira, seriedade, dinheiro.
Metade do que eu digo é ficção. Inclusive sobre mim mesmo.
Não, isso não é um demérito.

Sem fio

Ontem rolou uma boa conversa sobre internet sem fio na lista de trabalho do weblab. Registrando aqui algumas coisas que escrevi...

tem uma boa discussão rolando em todo o mundo sobre redes públicas sem fio. A indústria quer forçar a barra com o WiMax, ultracontrolado e com foco em tirar dinheiro, mas a idéia do wi-fi comunitário continua. Uma coisa que tá começando a rolar são celulares com wi-fi. O iphone é um absurdo de incentivo ao consumismo, mas existem alternativas mais baratas (e discretas) como alguns da Nokia e da Samsung. Acho que a gente ainda nem começou a ver quanta transformação vem por aí...

A edição atual do ci-journal é sobre wireless. Ainda não li, mas ó só:

http://ci-journal.net/index.php/ciej/issue/current

(atualizando: reli esse trecho e pareceu que tudo que vem abaixo era parte do ci-journal. não é. eu é que mudei de assunto de maneira repentina, desculpem)leia mais >>

Começando a arrumar as malas

Em exato um mês eu chego de volta a São Paulo. Barcelona responde com sol e calor. Até comecei a acordar mais cedo pra aproveitar melhor esse começo de verão.

Paradoxando

Lendo aqui os amigos Dalton e Hernani no Le Monde Br:

A relação é paradoxal. A mistura, a miscigenação cultural resulta num processo de enriquecimento e empobrecimento, singularização e massificação, desterritorilização e reterritorialização, potencialização e despotencialização da subjetividade em todas as dimensões.

Ontem à noite, andando pela rua e ouvindo música no celular, pensava que depois de visualizar os paradoxos, a única posição decente é assumir e vesti-los. Viver em paradoxo. Porque não existe alternativa. Existe?

 

Processos criativos

Há algumas semanas a revista Época publicou uma entrevista com o Geert Lovink. Ele fala algumas coisas que fazem sentido, mas tem uma frase que não desceu redondo:

ÉPOCA – Por que o senhor critica os defensores da liberdade de cópia na rede?
Lovink – Acho que devemos fornecer meios para que a próxima geração da web ganhe dinheiro com ela, possa viver de seu trabalho e de sua criação. O problema é que o pessoal do software livre só pensa em trocar livremente seus programas. Nunca imaginaram como profissionais criativos poderão sobreviver quando nos movermos para uma economia baseada na internet.

Conversei com algumas pessoas e percebi que não fui o único que não gostou dessa frase, de alguma forma. Até faz algum sentido, mas não deixa de denotar uma falta de sensibilidade com o contexto: um comentário como esse publicado em algum ambiente onde haja familiaridade com o software livre, copyleft ou até creative commons poderia cumprir bem a função de crítica, mas numa revista como a Época (mesmo que ela não seja das piores no que se refere a tecnologias) pode ser um tiro pela culatra, matando debates antes de eles chegarem a nascer. Troquei uma idéia por email com o Geert, falando da possibilidade de coexistência de vários modelos econômicos. Falei do tecnobrega no Pará, perguntei se ele assistiu ao Good Copy Bad Copy. Ele publicou a resposta no blog dele. Traduzindo:leia mais >>

Cat Power

Primeira vez que eu ouvi falar de Cat Power foi acho que em 99 ou 2000 numa coluna do Daniel Galera no COL. Na época fiquei curioso com a gringa desconhecida que tinha tocado num Garagem vazio, e como sempre gostei das recomendações musicais do Galera, fui atrás. Ela entrou desde então no meu playlist, e também repassei pra algumas pessoas especiais, entre elas minha cúmplice de vida. Semana passada, tivemos a chance de assistir à Cat Power ao vivo no Primavera Sound, aqui em Barcelona. Foi impressionante em alguns sentidos. Pelo que se conta, ela está saindo de uma fase de vida complicada. Estava com a voz fraca, sempre pedindo pro pessoal da mesa aumentar o volume do microfone. Teve um momento de atrito com a banda quando tentou continuar uma música e não a acompanharam. O show foi complicado, difícil de sair. Mas ela persistiu. No fim, não fez bis, mas voltou declarando repetidas vezes seu amor ao público (que era massivo) e distribuiu flores para quem estava mais próximo. Foi comovente. A gente tinha chegado cedo, estávamos na frente do palco. A sensação foi de ter participado de uma sessão de terapia coletiva para ela. Saímos satisfeitos, de qualquer maneira.

PS: Sim, também assistimos ao Portishead no Auditori. Mas nem vou comentar pra não dar inveja. Só pra dar o gostinho, gravei mysterons com o celular.

Usos das Tecnologias de Informação e Comunicação

P4olo Bruni avisou sobre uma série de reportagens no Jornal Nacional da Rede Globo sobre apropriação de tecnologias no Brasil. É complicado ter uma opinião definida - tem alguns exemplos interessantes ali no meio, mas um monte de clichês e preconceitos entremeados. Recomendo assistir, mas com a cautela de sempre.