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Cidadejando

Mês passado, peguei o penúltimo dia da exposição Post-it City, no CCCB. Cheguei lá a partir de um convite que recebi por email de Francesco Jodice, que conheci em Sampa. A base da mostra eram as camadas que se acumulam em cima da idéia comum de "cidade": estruturas móveis e piratas, movimentos não planejados, dinâmicas sociais. Fiquei bastante feliz com o caminho de pesquisa por lá, e cheguei a ficar cansado ao tentar passar o tempo necessário em cada um dos trabalhos expostos. Bastante material, muitos insights e idéias expostas de uma maneira clara e acessível. Comecei a juntar com todo o caminho de pensar em gambiarra como adaptabilidade e criatividade cotidiana, e acho que algumas coisas boas vão rolar no futuro. Em paralelo, voltei a pensar na questão urbana. Nas últimas semanas, alguns bons textos apareceram por aí que têm a ver com isso tudo:
Um post excelente no we make money not art falando sobre uma palestra de Juan Freire ano passado. Selecionei alguns trechos:leia mais >>

A ilha das crianças perdidas

Achei no ciborgs um parágrafo de um artigo bem interessante sobre um fenômeno japonês, os freeters, classe urbana sub-empregada e hiperconectada, que em alguns casos aluga baias em cibercafés por períodos de seis horas pagando menos que o mesmo tempo em um hotel ou algo assim.

Na sua maioria, eles estão aí para surfar na Web, enquanto os outros buscam ocupar o seu tempo livre, assistir à televisão ou ainda descansar em meio à penumbra de um lugar confortável, longe da barulheira das ruas dos bairros agitados. Alguns fizeram desses cafés a sua toca. Eles são os “refugiados da Internet”: jovens de 20 a 30 anos que vivem de bicos, passam de um ao outro e não ganham o suficiente para conseguir arcar com o preço de um alojamento ou de um quarto de hotel. Nos cibercafés, eles podem passar seis horas pelo preço de 1.500 ienes (cerca de R$ 24), ou até menos nos bairros periféricos. A maioria dos grandes estabelecimentos dispõe de uma centena de compartimentos.

O original é um artigo no Le Monde, que parece ter sido traduzido pelo UOL. A íntegra em português tá aqui.

 

Divercity

Em 2006, não me lembro bem como, um artista italiano chamado Francesco Jodice me enviou um e-mail. Pedi a ele que me encontrasse na casinha pra conversar. Ele chegou em dia de reunião, aquela zona, mas conseguimos trocar uma idéia ali no meio. Ele procurava algum ráquer em São Paulo para um vídeo que preparava para a Bienal. Indiquei o Fernando, e não ouvi mais falar dele. Cheguei a tentar assistir o vídeo na Bienal, mas não tive paciência de assisti-lo até o fim. Há uns dias, Mbraz mandou o link pro vídeo publicado no site da Tate Modern. Tô assistindo agora, e gosto bastante. Mostra um pouco das contradições de sampa, que têm contrabalançado a saudade que sinto da Gotham City brasileira. Recomendo:

http://www.tate.org.uk/modern/exhibitions/globalcities/diversity.shtm

De quem é a culpa do trânsito?

O apocalipse motorizado levanta mais uma vez a questão do trânsito de São Paulo, uma cidade feita não para seres humanos, mas seres de lata. E eu penso nas cidades européias com suas calçadas largas, ciclovias e transporte público eficiente, e me dá uma preguiça que é quase um pânico de voltar pra sampa.