barcelona

Apanhado

Esse blog anda silencioso, sim. Um monte de coisas passando. Desde há algumas semanas, estou trabalhando, junto com os antigos comparsas hdhd e Daltão, os comparsas recentes Wundo e Zé, e mais um monte de gente boa do Weblab do Lidec em alguns projetos de comunidades colaborativas online. Estou aprendendo um monte de coisas sobre o Drupal, que nos últimos anos ganhou tantos recursos que eu não tinha conseguido acompanhar. Isso me dá a oportunidade de retomar idéias antigas, como os dashboards e o tagging de usuárixs, que eu tinha imaginado em 2002 no meio das conversas do projeto Metá:Fora. Assim que tiver algo, comento aqui.

Outra coisa me aquietando é que há um par de semanas voltei a ter a combinação de dor no maxilar e de ouvido que me incomodou em janeiro. Fui no médico, que me encaminhou pro dentista, que me encaminhou pro Raio X, que me levou de volta ao dentista, que constatou que a chapa tinha deixado de fora exatamente meu maxilar direito. Ainda não sei o que é, embora haja uma suspeita bastante provável de que meu bruxismo tenha extrapolado dessa vez. Enquanto não tenho certeza, vou tomando três anti-inflamatórios por dia, e tem vezes que o estômago reclama.

Continuo, no ritmo possível, pesquisando tecnomagia e rabiscando historinhas por aqui. Publico quando estiverem consistentes. Têm a ver com o conto que o Sapo publicou há uns dias.leia mais >>

Voltando...

Pois é, a aletta ficou fora uns dias. Maus aí.

Resumindo as últimas semanas: fui pra Madrid a convite do Daniel Gonzalez pra falar no Medialab-Prado, junto com a programação do Arco, que esse ano homenageava o Brasil. Minha cúmplice me acompanhou, fomos e voltamos de trem. Ficamos num hostel aparentemente apoiado pela prefeitura chamado Mejía Lequerica, bem organizado e limpo. Gostei da cidade, apesar de realmente me sentir mais próximo de Sampa do que aqui, como me haviam falado. Era a primeira vez que eu falava em castellano, e não foi tão ruim quanto eu esperava. Também eram convidados o pessoal do LabOrg, Fetalcohol, Gengivas Negras, Retrigger e Reverse Tunes. Som legal, algumas coisas mais difíceis de escutar, alguns momentos de pulação. Fora da programação medialab-boteco-hostel, passamos horas dentro de museus: a coleção do museu Picasso da frança tava no Reina Sofía (além de o museu abrigar El Guernica, que é mesmo de torcer os neurônios), e o Museo del Prado tava com uma mostra de fábulas do Velázquez.
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dispers... que que é aquilo ali na outra tab?

Nas segundas e terças-feiras, minha cúmplice está fazendo um curso em uma escola de quadrinhos. Eu geralmente a acompanho até lá e fico esperando a aula acabar em uma das deliciosas bibliotecas públicas municipais de Barcelona. Repeti essa rotina por algumas semanas. Levava comigo o pretovelho e sempre saía de lá tendo lido pelo menos um par dos PDFs que tenho tentado ler. Tem um clima legal lá, acho que tem uma faculdade por perto, as cadeiras são disputadas a tapa, sempre tudo cheio. E a seção de comics é delícia. Mas aí eu tentava e não conseguia o wi-fi. Fui ver e tinham cadastrado errado minha senha. Consertei. Resultado, consegui conectar e a velocidade é boa, mas... na última vez não li nenhum PDF. Não escrevi nada.

Quanto será que a rede me atrapalha?

Devaneio de domingo

Ontem a gente saiu pra dar um rolê no Fórum Social Catalão. Banquinhas e abaixo-assinados interessantes, alguns adesivos pra tampa do pretovelho (que essa semana recebe sua bateria nova e vira um computador portátil de verdade). Nas palestras, nada de muita novidade, não cheguei a assistir muita coisa, mas no geral deu pra sentir um pouco daquele clima do FSM. Peguei um documentário feito por um pessoal daqui, o Processo do Possível. Depois de assistir eu comento. Na cabeça, o tempo todo dialogando com o Mutirão da Gambiarra, que devo começar a agitar logo logo. Fiquei me perguntando o quanto a MetaReciclagem foi influenciada pela movimentação dos FSM. Que outro mundo? Outra coisa batendo na cabeça esses dias é o tema da mesa-redonda em Berlim, web 3.0 - conspirando pra manter a rede pública. Eu tenho relido um monte de loas e críticas ao hype de web2. A crítica poucas vezes se refere às mesmas coisas. Concordo em alguns pontos aqui e ali. Mas me preocupa um pouco os fundamentalismos. Qualquer pessoa que tenha se envolvido de verdade com projetos de transformação social ligados a tecnologia sabe que se não tiver um perfil no orkut e conta no messenger vai ser esquecido em dois segundos. Dá pra pensar nisso como um uso superficial da rede, voyeurismo de coluna social, entregar nossa capacidade de relacionamentos de bandeja pra servidores corporativos que no mínimo ajudam a mapear públicos-"alvo" pra publicidade online, e no limite entregam nossa privacidade pra agências e governos de maneira no mínimo suspeitas. Difícil pensar em um futuro interessante com isso. Será que a rede aberta, livre e com privacidade está definitivamente comprometida? Tô brincando de ficção com um desdobramento dessa idéia, mas meu ficcionador é bem mais lento que meu blogueiro.leia mais >>

É

Encontrei um novo amigo que não via há tempos, indicado por uma amiga em comum, e ainda sobrinho de outra grande amiga.

No mais, sem tempo de fazer tudo que eu queria fazer agora.

Nos jornais grátis que pego na rua: mão biônica, muçulmanos presos, queda das bolsas.

Exercício de moderação coletiva

tô ajudando o pessoal do Bank of Common Knowledge aqui em Barcelona.

Eles me pediram pra elaborar um exercício de "pedagogia
P2P", trazendo algum tipo de prática da web pra oficinas
presenciais, sem computadores. Aí comecei a rascunhar
um exercício que simula os sistemas de moderação coletiva
baseados em reputação/karma, como o do slashdot, plastic
e afins. Escrevi um textinho sobre o contexto, sobre tentar
encontrar um meio-termo entre a figura de um editor central
e a ausência total de moderação. E comecei a elaborar o
exercício, até chegar em um ponto em que acho que se
adicionar alguma coisa fica complexo demais, mas se não
adicionar o sistema não fica completo. E queria a opinião
de vocês sobre como terminar. Ou refazer tudo. Ou desistir.

Assim até agora:

1 Cada participante escreve alguma coisa em cinco pedaços
de papel.
2 Todos os pedaços de papel são colados em um mural que
tem cinco linhas: +2, +1, --, -1, -2.
3 Cada participante vai ler cinco textos de outras pessoas, e
pode movê-lo uma linha pra cima ou para baixo. Podem ser
textos que já foram avaliados.

Aí chega o ponto: pra ter um sistema de karma efetivo, as
pessoas que escreveram os textos mais bem cotados
deveriam ganhar pontos de moderação e poder influir
mais em outra fase. Também não sei sobre a economia
dos posts... se eu deixar as pessoas mexerem em mais
textos do que escreveram, desequilibra, mas pode ser
interessante.

Enfim, aberto a pedradas.
 Mandei na lista metarec.

A cidade continua generosa

E ontem fiz muito do que precisava e ainda fomos pegar um pôr do sol na praia. Encontramos amigxs, incluindo o marido de uma quase-prima que, descobri ontem, é lá de Santana do Livramento, fronteira com o Uruguay, onde eu passei muitas férias. Ele até conheceu a Padaria Fonseca, que era do meu avô, na Silveira Martins. Mas aí tava voltando pra casa, com duas garrafas de litro de Xibeca, e aqui embaixo, em frente ao latão de basura, um vizinho remexia em uma caixa. Paramos pra ver o que era... uma pilha de livros. O vizinho chegou antes e levou o filé, mas ainda consegui pegar umas coisinhas engraçadas e pelo menos um livro bom, "El corto verano de la anarquia: Vida e muerte de Durrutti", do Enzensberger. Mais um pra minha pilha de leituras.

Na cabeça hoje...

* Desenvolver um exercício offline que emule a lógica de moderação com karma de slashdot e afins.

* Desenhar a arquitetura de um site bem complexo.

* Folhear alguns dos livrinhos que eu catei ontem na biblioteca, entre eles uma História Social da Magia, um Aleph do Borges, o primeiro volume do Buda do Osamu Tezuka, um aprenda-você-mesmo Catalão e acho que mais um que não lembro.

* Ler alguns textos e postar mais umas referências no meu blogue escondido sobre tecnomagia.

* Dar um rolê na beira da praia.

* Assar um quilo e meio de costelas de porco com limão e hortelã, e devorá-las acompanhadas de algumas garrafas de litro de Xibeca. 

* Trocar todas as primeiras opções pelas duas últimas.

Borgelona

Um dia desses fui ao serviço de orientação jurídica pra estrangeiros. Cheguei por indicação de um funcionário do consulado brasileiro de Barcelona, que me disse que eu deveria ter pedido um visto espanhol ainda na Alemanha. Não me esforcei pra chegar cedo (não é um dom que eu tenha), então peguei minha senha pelas dez e pouco, quase onze horas. A menina na recepção disse que tinha bastante gente, demoraria pelo menos um par de horas. A multidão de estrangeiros era tão grande que não dava pra sentar nem nas escadas. Saí pela direita, caí na Plaça de Espanya, saí andando pelo bairro.

Dei um rolê pelo Raval, entrei em umas livrarias, passei no CCCB pra ver a programação do BAC, entrei em umas lojas de instrumentos musicais por ali - me apaixonei por umas miniguitarras, provavelmente pra crianças, uma delas réplica da Gibson SG. Voltei, e ainda faltava muito. Sentei no café ao lado do prédio, saquei o Ficções do Borges em Castellano que peguei da Biblioteca, reli alguns daqueles contos clássicos - as ruínas circulares, a loteria da babilônia, tlôn, uqbar e orbis tertius, funes... em algum momento fiquei devaneando sobre o artigo de Pedro Correa do Lago na Piauí. Lembrei do comentário dele sobre o Borges ter chegado bem vestido, me liguei que aqui em Barcelona os homens mais velhos são bastante vaidosos, sempre alinhados e bem-vestidos. Comparei isso com a Alemanha, onde tive a impressão que os velhinhos estavam sempre testando as últimas novidades em roupas de jogging e esporte. leia mais >>

pesquisando

Continuando a pesquisar possíveis relações entre tecnologia e magia. Um dia desses publicaram um comentário lá num post meu no metapub. Meio viagem, mas me fez pensar mais nas sociedades que promoviam(promovem) intercâmbio de conhecimentos chamados mágicos. Fiquei sabendo que Barcelona tem um monte de pistas maçônicas, e outras tantas de outros tantos. E um dia desses minha cúmplice de vida me fez lembrar do Mago do tarô. Conta a wikipedia:

O Mago, o primeiro arcano maior do tarô, é uma carta que representa um adolescente, que tem um longo caminho a percorrer. Normalmente, tem sobre a sua cabeça o símbolo do infinito, dadas as inúmeras possibilidades e oportunidades que tem à sua frente. Esta carta tem o número I e a letra hebraica ALEPH.

Prometo que um dia desses sai algum rascunho dos contos tecnomágicos por aqui. Meu cadernim tá lotado de anotações. A história tá crescendo... Tô lendo o Ficciones do Borges, pela primeira vez em Castellano e relendo alguns quadrinhos (me aguardam pra logo os Livros da Magia do Neil Gaiman).