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Cidades digitais, a gramática do controle e os protocolos livres

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Minha busca por alternativas locais, sustentáveis e justas para o desenvolvimento de inovação e tecnologias livres aponta cada vez mais para a necessidade de maior articulação entre duas classes de estruturas informacionais que se sobrepõem: a cidade e as redes digitais. Eu escrevi aqui no ano passado sobre a perspectiva de cidade como sistema operacional. Essa aproximação não é inédita. Na mesma fronteira mas talvez em sentido inverso, o artigo Reading the Digital City, publicado no Next Layer por Clemens Apprich, analisa justamente a influência que a ideia de cidade exerceu nos primeiros anos de popularização da internet, e como essa influência foi usada para estabelecer relações de controle e poder:

"Não é por acidente que a cidade tenha sido escolhida como uma das mais significativas metáforas para os primeiros dias da internet. A cidade tem (como o Ciberespaço) uma origem militar e é definida (pelo menos simbolicamente) por muros cujos portões constituem a interface para o resto do mundo. (...) A interface determina como o usuário concebe o próprio computador e o mundo acessível a partir dele."

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Mapeamento colaborativo

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Interessante vídeo sobre PGIS (mapeamento participativo). 

Localisation, Participation and Communication: an Introduction to Good PGIS Practice from CTA on Vimeo.

M.A.R.I.N. - Chamada aberta

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Está aberta a chamada por propostas para residências artísticas do projeto M.A.R.I.N. (um laboratório de mídia em um barco no Mar Báltico), coordenado pelo nosso aliado Tapio Makela:

Call for Proposals Now Open

2011: M.A.R.I.N. Nordic – Baltic Sea Residencies for Art and Science
June & August 2011 Call for Proposals Now Open

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Em duas rodas

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Semana passada, aproveitei umas incursões ao centro de Ubatuba pra começar a fazer alguns testes do que vai ser um mapeamento online do projeto Ubalab. Montei a câmera no guidão da bicicleta, preparei o OSM-Tracker no Android, liguei também o GPS logger que me foi emprestado pelo projeto Mapas Livres. Levei junto a capa de chuva, um moleskine pequeno, a caneta 4 cores. Não tinha nenhum objetivo específico para o mapeamento, e isso foi interessante. Parei em alguns lugares relevantes para marcar as coordenadas, tirar fotos, fazer anotações. Estou aprendendo bastante. Em especial, um aprendizado tardio da relação da bicicleta com a rua.
Certo domingo da minha infância, andava com meu pai no parque da Redenção, em Porto Alegre, quando fui atropelado por uma bicicleta. Uns meses antes ou depois, estava entre minha mãe e o então namorado dela na garupa de uma moto em um dia de chuva. A moto deslizou e caímos, os três juntos. Naquele dia eu tinha feito uma máscara com um prato de papelão, que eu vestia na hora da queda. Deve ser viagem minha, mas na época creditei à máscara o fato de não ter ficado com o rosto deformado. De qualquer forma, esses dois episódios me traumatizaram com qualquer tipo de veículo de duas rodas. Perdi algumas coisas da adolescência por isso, mas nem tanto. Foi só uns quinze anos mais tarde, depois de começar a namorar com a Carol, criada em Ubatuba, que me vi forçado a enfrentar essa falta. Aprendi a andar de bicicleta em uma praia esquecida, durante uma tarde cinza. Como manda a sabedoria popular, não esqueci mais.

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Eixos do UbaLab

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Esse post é uma adaptação dos eixos de ação propostos no projeto que foi selecionado como Esporo de Cultura Digital em edital do Ministério da Cultura. Mais informações sobre a situação atual do projeto, aqui.

UbaLab é um laboratório experimental dinâmico que consiste em uma série de ações coordenadas destinadas a integrar o potencial humano, cultural e ambiental às novas tecnologias, em especial aos referenciais da cultura digital brasileira e da MetaReciclagem, por meio da produção multimídia livre e da arte eletrônica.
Os focos principais de investigação e atuação são apropriação e reuso de tecnologias, interconexão em rede de culturas tradicionais, sustentabilidade, preservação do meio ambiente, educação para a inovação, autonomia.
A intenção é uma atuação de longo prazo, articulando uma conversa aprofundada e engajada, na busca de modelos de desenvolvimento econômico e cultural adequados ao século XXI, dando origem a uma composição dinâmica entre o enraizamento cultural e as novas culturas hiperconectadas.
O atuação baseia-se em quatro eixos interrelacionados:

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Ubatuba

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Esse post é uma adaptação do contexto descrito no texto do projeto que foi selecionado como Esporo de Cultura Digital em edital do Ministério da Cultura. Mais informações sobre a situação atual do projeto, aqui.

Ubatuba é um retrato em pequena escala do Brasil. Natureza exuberante, população jovem com uma herança cultural miscigenada – com núcleos de origem caiçara, indígena e quilombola. Conta com grupos religiosos de denominações diversas, um setor cultural emergente que luta contra a precariedade de condições e oportunidades, e uma classe empreendedora que vem se estabelecendo. Está localizada entre as capitais de Rio de Janeiro e São Paulo, e acaba assumindo um pouco da natureza cultural dos dois estados – simultaneamente trabalhadora e criativa, festiva e dedicada. Tem uma também diversa população flutuante, com interesses variados – triviais como o turismo de temporada ou específicos como a observação de pássaros.
Em alguns assuntos Ubatuba é um exemplo: conta com uma boa rede de ciclofaixas, é uma referência esportiva como sede de campeonatos internacionais de surfe. A Mata Atlântica, considerada reserva da Biosfera pela Unesco, e que no restante do Brasil já foi desmatada em mais de 93%, circunda toda a cidade. Segundo levantamentos recentes (2010), quase 90% de seu território são dedicados à preservação.

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Ubalab, pólo de tecnologias livres - status

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Escrevi um email contando um pouco sobre o projeto Ubalab, suas origens e resultados em potencial. Eu não sabia o quanto o destinatário sabe sobre sistemas livres e afins, então fui um pouco didático. O projeto já deveria ter começado com força total com os recursos que viriam do prêmio de Esporos de Cultura Digital do Ministério da Cultura que ganhamos. Mas as contas do Minc andam complicadas, e isso deve demorar. Por isso, estamos atrás de apoios, parcerias e patrocínios desde já. Se você tem como ajudar, me procure.
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Ubatuba no espaço

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Paulo Bicarato me mandou agora há pouco um post fantástico contando sobre o projeto do professor de ciências da escola Tancredo Neves, em Ubatuba. Candido de Souza leu na Superinteressante sobre uma empresa norte-americana que lança satélites particulares. Reuniu seus alunos, buscou apoio para conseguir os oito mil dólares necessários, fez parceria com uma empresa cujos sócios - coincidentemente - vivem em Ubatuba. Existem um monte de entraves burocráticos e de segurança, mas o projeto está andando - e eu fiquei bastante curioso. Impossível não pensar no MSST, o movimento dos sem-satélite.
Encontrei mais informações na revista de pesquisa da Fapesp.

Mandelbrot, passos, traçados

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Um dia desses li o artigo na Piauí sobre Benoît Mandelbrot e esse trecho aqui me deixou pensando nos planos de mapeamento de Ubatuba:

Mandelbrot propôs que se imaginasse uma cena: um homem caminha pelo litoral, sempre o mais perto possível do mar, e a cada passo deixa uma pegada. Quando reencontrar o ponto de origem, a linha que une todas as suas pegadas representará o comprimento da costa. Substitua-se agora o homem por um lagarto. Incapaz de, num só passo, cobrir com suas patas a mesma distância de um passo humano, o bicho terá de levar em conta acidentes que o homem ignorou. Reentrâncias não serão saltadas, mas percorridas. A linha descrita pelo lagarto será mais irregular e mais longa do que a do homem. Mais extensa ainda será a linha da formiga, que perceberá um seixo como relevo, como caminho a ser vencido.
A costa da Grã-Bretanha não tem um comprimento intrínseco, disse Mandelbrot. A medida do homem é antropocêntrica, uma entre tantas outras. O comprimento do litoral dependerá do agrimensor, da abertura do compasso – as pernas do homem, do lagarto, da formiga. Será menor a estimativa para o pássaro do que para o cão. Quanto maior o número de obstáculos percebidos, maior a extensão da costa, que, no limite, tenderá ao infinito.

Dá pra pensar analogamente na seleção de pontos de interesse para o mapeamento. A perspectiva do fractal mostra que dá pra passar uma vida inteira mapeando um lugar e ainda assim não encerrar as possibilidades.
 

Bi Ciclos

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Arte.mov levou recentemente a São Paulo Andrés Burbano e seu projeto Bi Ciclos (Two Cycles),que foi demonstrado nas ruas da cidade e no SESC Pinheiros.
Bi Ciclos
Do blog do Arte.mov: Andres Burbano (COL/EUA) – Sistema para performances compreendendo duas bicicletas em movimento. Desenvolvida na Suíça, a performance foi pensada como um “show nômade eletrônico”. Cada bicicleta tem um pequeno laptop interligado através de uma rede sem-fio móvel e permite compartilhar dados em rede e traduzidos em sons, em tempo real.
Vale a pena também dar uma olhada nos outros projetos de Burbano.