Archive - Set 1, 2007

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Pirataria legitima

Navegar e criar com liberdade. Isso é algo muito importante. Estamos em um tempo de paz e pedimos para nossos amigos que parem de controlar ou tentar censurar a Internet. Cuidem dos crimes comuns, do comércio ilegal, dos problemas ambientais e sociais. Imaginamos que nossos amigos não vão insistir nessa coisa suja de violar a privacidade. Não roubamos o bolo da vovó de ninguém. Ele está lá, é só olhar.

Uira e Miguel recomendaram esse texto. Engracado, um pouco forcado em alguns pontos. A intencao eh boa, mas ele omite (talvez propositadamente) algumas coisas, dah uma romantizada e tal. Eh util, de qualquer forma, pra ajudar um pouco a tirar o estigma de pirata que a imprensa tem usado de maneira tao imbecil. Assumir-se pirata eh um bom comeco, na onda de recriar mitos em novas bases. Ainda to pra dar uma olhada no curso instinto prekario da Universitat Pirata. Vale tambem ler o Utopias Piratas do Lamborn Wilson. E o hdhd tah voltando a rabiscar sobre operacao pirata.

Conectado

Conectado, livro do Juliano Spyer, vai ser lancado dia 05 de setembro, 19h30, na Cultura do Cj. Nacional, junto com um debate com Alexandre Matias e Luli Radfahrer. Nao vou porque to longe.

Mais sobre o lancamento

 

Caldeirao Magico

In Welsh myth, the goddess Ceridwen owned a great cauldron that would magically produce nourishing food--when commanded by a spell known only to the goddess. In modern science, Buckminster Fuller gave us the concept of "ephemeralization", technology becoming both more effective and less expensive as the physical resources invested in early designs are replaced by more and more information content. Arthur C. Clarke connected the two by observing that "Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic".

To many people, the successes of the open-source community seem like an implausible form of magic. High-quality software materializes "for free", which is nice while it lasts but hardly seems sustainable in the real world of competition and scarce resources. What's the catch? Is Ceridwen's cauldron just a conjuring trick? And if not, how does ephemeralization work in this context--what spell is the goddess speaking?

Eric Raymond, via hdhd 

Revendo a revisao

Lendo de novo minha mensagem de começo de ano na lista metarec.

BR

Pois eh, tenho que arrumar as quebras de linha desse blog.

Lagnado sobre Gambiarra

A gambiarra, mesmo que utilizada com diferentes nuances, com mais ou menos alegoria dependendo da vocação do artista para o símbolo, é a peça em torno da qual um tipo de discurso está ganhando velocidade. O mecanismo da gambiarra, cujas anterioridades antropológicas não cabem aqui ser discriminadas, assim como um desvio pelos projetos arquitetônicos de Lina Bo Bardi demandaria uma dedicação integral, tem um acento político além do estético.

Há uma ressonância do Parangolé, pelo fato de abranger toda uma rede de subsistência a partir de uma economia informal, com soluções de baixo custo e de puro improviso. "Da adversidade vivemos!", conclama Hélio Oiticica em "Esquema Geral da Nova Objetividade" (1966-67). E "adversidade" não significa apenas "pouquidão", mas também "oposição". Para validar sua posição cultural crítica, Hélio não tergiversava: "Tem-se que ser contra, visceralmente contra tudo que seria em suma o conformismo cultural, político, ético, social".

(...)gambiarra não se faz sem nomadismo nem inteligência coletiva.

Lisette Lagnado na Tropico: O malabarista e a gambiarra

Rosas sobre Gambiarra

A gambiarra está igualmente muito próxima do conceito de bricolagem formulado por Claude Lévi-Strauss em O Pensamento Selvagem. Pensando o bricoleur como “aquele que trabalha com suas mãos, utilizando meios indiretos se comparado ao artista” (4), seu conjunto de meios não é definível por um projeto, como é o caso do engenheiro, mas se define apenas por sua instrumentalidade, com elementos que são recolhidos e conservados em função do princípio de que “isso sempre pode servir”. O bricoleur cria usando expedientes e meios sem um plano preconcebido, afastado dos processos e normas adotados pela técnica, com materiais fragmentários já elaborados, e suas criações se reduzem sempre a um arranjo novo de elementos cuja natureza só é modificada à medida que figurem no conjunto instrumental ou na disposição final. A diferenciação que Lévi-Strauss faz entre o bricoleur e o engenheiro é essencial para se entender a gambiarra, essa livre criação mais além dos manuais de uso e das restrições projetuais da funcionalidade, como uma prática essencialmente de bricolagem.

Acima de tudo, para se entender a gambiarra não apenas como prática, criação popular, mas também como arte ou intervenção na esfera social, é preciso ter em mente alguns elementos quase sempre presentes. Alguns deles seriam: a precariedade dos meios; a improvisação; a inventividade; o diálogo com a realidade circundante, local, com a comunidade; a possibilidade de sustentabilidade; o flerte com a ilegalidade; a recombinação tecnológica pelo re-uso ou novo uso de uma dada tecnologia, entre outros. Tais elementos não necessariamente aparecerão juntos ou estarão sempre presentes. De qualquer modo, alguns deles sempre aparecem por uma circunstância ou por outra. leia mais >>