Feed items

Rituais de chegada

No dia em que minha filha nasceu, em 2010, a felicidade me cercava. Eu chorei, transbordei de vida de um jeito que só que já sentiu entende. Mas ninguém me ofereceu um charuto. Eu nem tinha pensado nisso antes do dia, estava daquele jeito de primeiro filho que a gente flutua e as coisas vão levando, e de repente já foi e nem viu direito. Uns dias depois meu sogro trouxe uma caixa de excelentes cigarrilhas, mas já não era a mesma coisa. Tanto é que a caixa durou ainda alguns anos.

Há algumas semanas, estava eu debaixo de uma chuva leve esperando um barbeiro que se atrasara. Para fugir da garoa, entrei na tabacaria ao lado. Topei com um habano aparentemente legítimo, e decidi que ele me acompanharia na missão vindoura.

Estou, estamos, em São Paulo desde ontem. Aguardando mais uma criança que em algum momento das próximas semanas deve vir ao mundo por obra de nossa união, se possível por arte de nossas próprias mãos. Estou sumindo um pouco mais das redes nesses tempos. Mergulhando em um tipo de experiência tão antigo quanto a humanidade.

E dessa vez tenho até um habano pra comemorar quando vier o dia.

Até já.

Rede de Fablabs em São Paulo

O post abaixo foi agregado por RSS. Link original
---

O portal aprendiz publicou um artigo sobre a rede de Fablabs que a Prefeitura de São Paulo vai inaugurar este ano. Tem ali no meio algumas citações a um post meu na revista A Rede e no site Redelabs que problematiza um pouco a referência internacional de "Fablabs" (que em última instância foi articulada originalmente no Media Lab do MIT) em relação ao contexto brasileiro, em especial à gambiarra. Como falei ao jornalista do Aprendiz ontem, acho fantástico que a política de inclusão digital de São Paulo incorpore essas novas possibilidades - mas é preciso refletir bastante sobre o vocabulário e as aspirações do projeto para não acontecer de aceitar sem crítica uma série de elementos que vêm usualmente atrelados aos Fablabs em outras partes do mundo - em especial o vocabulário industrial, o impacto ambiental implícito e a divisão (internacional) do trabalho.

Tags: fablabssão paulomakergambiologiafabricação digitalinclusão digital

Rede de Fablabs em São Paulo

O post abaixo foi agregado por RSS. Link original
---

O portal aprendiz publicou um artigo sobre a rede de Fablabs que a Prefeitura de São Paulo vai inaugurar este ano. Tem ali no meio algumas citações a um post meu na revista A Rede e no site Redelabs que problematiza um pouco a referência internacional de "Fablabs" (que em última instância foi articulada originalmente no Media Lab do MIT) em relação ao contexto brasileiro, em especial à gambiarra. Como falei ao jornalista do Aprendiz ontem, acho fantástico que a política de inclusão digital de São Paulo incorpore essas novas possibilidades - mas é preciso refletir bastante sobre o vocabulário e as aspirações do projeto para não acontecer de aceitar sem crítica uma série de elementos que vêm usualmente atrelados aos Fablabs em outras partes do mundo - em especial o vocabulário industrial, o impacto ambiental implícito e a divisão (internacional) do trabalho.

Tags: fablabssão paulomakergambiologiafabricação digitalinclusão digital

Escolhas

Indícios de termos feito boas escolhas na vida:

- Filha, que tal faltar à escola hoje e ir à praia?

- Não pai, prefiro ir à escola.

E ela adora praia. Mas a escola faz tão bem para a vida dela que a gente entende e se enche de orgulho de participar.

O que não quer dizer que não tentaremos outra vez se amanhã o calor se repetir ;)

Digital Culture - short report

O post abaixo foi agregado por RSS. Link original
---

Em novembro de 2014, fiz um relatório (em inglês) sob encomenda do conselho de artes da Suíca - Pro Helvetia. A ideia era oferecer um panorama atual sobre cultura digital no Brasil. Mas antes de listar e descrever algumas iniciativas, grupos, instituições e pessoas, eu fiz uma introdução para mostrar o terreno em que se desenvolvem. Segue abaixo esta introdução, republicada aqui com autorização da Pro Helvetia.

1. Scenario

In order to understand the state of new media and digital culture in Brazil, two cultural episodes of last century must be acknowledged: brazilian artistic Modernism and the Tropicália movement. Both are deeply related to what Brazil has to offer internationally in terms of contemporary arts, pop culture and their social implications. To some extent they form the cultural basis upon which new developments are often laid.

In 1922, the modernists organized the Week of Modern Art in São Paulo. Until 33 years before that, Brazil was a self-proclaimed "empire" whose economy relied heavily on large plantations and slave workforce. As slavery was abolished, the republic established and legal immigrant labor became available, the country demanded new ways to understand and experience its mixed cultural background. During the Week of Modern Art visual artists, poets, writers and intellectuals helped to grant legitimacy to mixed social identities, as well as asserting the importance of São Paulo as a cultural centre1. The modernists proposed that brazilian culture was a mixed one, in which tradition and novelty were articulated in terms of dialogue and assimilation. It is in that sense that poet Oswald de Andrade posed in the Cannibalist Manifesto:leia mais >>

The Lab, Ars Electronica, ITU Telecom, Doha, Catar

O post abaixo foi agregado por RSS. Link original
---

É interessante ler o relato do Ars Electronica sobre a participação deles no ITU Telecom World que aconteceu em Doha um mês depois da minha residência por lá. Aparece ali aquele tom triunfante, de quem se considera na crista da onda. Já tem algum tempo que tenho achado curiosas as comunicações do Ars Electronica - embarcando nessa onda da inovação com um pé no mercado, da cena maker como salvação do mundo, de adotar um vocabulário pesadamente comercial. E aí Doha parece um cenário perfeito, com aquele monte de dinheiro esperando coisas novas e coloridas nas quais investir (mesmo que produza mais lixo e plástico no mundo, afinal no deserto ninguém liga pra essas coisas). E no meio aproveitando para puxar o saco de umas autoridades locais,  - afinal precisamos garantir os próximos projetos, certo?

leia mais >>

Meio-relato: residência na VCUQatar, em Doha

O post abaixo foi agregado por RSS. Link original
---

Como já relatei anteriormente aqui neste blog, passei em novembro de 2014 duas semanas em Doha, capital do Catar. Fui a convite do mestrado em design da VCUQatar, no papel de designer residente. O tema da minha residência era "repair culture".

Desde que retornei do Qatar, estou rabiscando um relato de viagem. Daqueles relatos longos e detalhados que eu costumo fazer (como este ou este). Mas não saiu. Pode ser a falta de chuvas, pode ser o tempo curto em meio a um monte de tarefas profissionais, voluntárias e episódios novos na vida. Ou pode ser o fato de que eu ainda nem decidi se escrevo Catar ou Qatar. Mas por enquanto vou deixar de lado o relato mais longo, e publico aqui somente alguns apontamentos.

leia mais >>

Me organizando posso desorganizar

O post abaixo foi agregado por RSS. Link original
---

Há alguns meses, encontrei o broda Oliver Schultz em um evento no centro de sampa. Ele me entregou alguns livros que saíram pelo postmedialab. Um deles era o Provocative Alloys, que contém uma conversa entre Oliver, Alejo Duque e eu na qual minha parte deve soar razoavelmente datada. A conversa aconteceu antes das manifestações de junho. Ali no meio havia, se bem lembro, alguns comentários meus sobre a inércia do engajamento político no Brasil em tempos de inclusão consumista. Infelizmente, o livro só saiu depois que os fatos haviam contradito esses comentários. Me enganei, e ainda não entendi se fico feliz por isso ou não.leia mais >>

Hirsuto

Lumber o quê? Acho que essa galera tá assistindo Wolverine demais. "Estilo lenhador" uma ova.

Minha barba é assíria, levantina, bíblica, grega. É Nabucodonosor e Platão. É de santos e profetas, reis e mendigos, camponeses e caçadores. É minha, sem rótulos, e muda sempre. Pra lá com essas modinhas, por favor.

Redes fora das redes

Cá estou naquele período anual semi-afastado do mundo cotidiano. Não tanto quanto das outras vezes, porque também aqui na roça às margens da mata atlântica as coisas mudam. Há dez anos vieram os relógios, depois as TVs (que felizmente hoje andam mais silenciosas). Depois os smartphones com cache que eram levados à cidade para sincronizar. E desde o começo de 2014, sim, o wifi está na área. Lento, instável, mas suficiente para me permitir publicar este texto (será que vai cair a conexão quando eu apertar "publicar"?).

Decidi, entretanto, que tentaria manter este período mais voltado a dinâmicas outras. Estou, naturalmente, avançando para reduzir minha pilha de coisas para ler (tanto os livros de papel quanto a interminável lista de links guardados no pocket ou a imensurável pasta com PDFs). Ler, andar, escutar e fazer música, brincar com crianças e adultes, olhar nos olhos, ceder espaço para outres, ocupar espaço de outres. Ver crescer e mexer a barriga que carrega mais um dos nossos. Acender fogueiras, velas, ideias.

Única regra para meu uso pessoal da internet nestes dias: facebook, só quando estiver no centro na cidade. Quando muito. As coisas vão continuar automáticas indo daqui pra lá, mas não quero ver aquela página azul aqui no refúgio.

Escreveria mais sobre isso e outras coisas. Escreverei. Mas agora tô indo ali que tem vida me esperando.