descentro

Na costa

Recebi visitas semana passada. Alê Freire passou a noite de quinta aqui, e Bronac Ferran ficou um par de dias. Conversamos com o Alê sobre a participação do DesCentro no próximo transmediale, em pleno inverno berlinense. Na sexta conversei bastante com a Bronac sobre o mapeamento de novas mídias no Brasil do qual ela está participando. A conversa foi boa, não só no sentido de colaborar com o mapeamento, mas também porque pensar em todo o contexto me fez estruturar algumas idéias. Naturalmente, trocamos algumas fofocas daqui e do mundo. Ainda aproveitamos uma visita rápida do sol para dar um rolê na Itamambuca e levei-a para provar tapioca na feira, sábado de manhã.

No restante do fim de semana, acabei ficando em casa (e infelizmente perdi toda a programação que o pessoal da Fundação Alavanca agitou com o pessoal do Hip Hop e Ubatuba). Voltou a me encantar a idéia criar de uma estrutura entre escola aberta e centro de desenvolvimento de tecnologia social. Tem boas oportunidades de parcerias, muita gente boa circulando por aqui, e bastante espaço pra atuar. Mas enfim, planos de médio prazo...

Apropriações tecnológicas

Saiu o livro pós-submidialogia3, editado por Karla Brunet e publicado pela Edufba. Meu texto "Em busca do Brasil profundo" tá lá no meio. Disponível no site da Karla, e republicado no pub.descentro. O PDF está aqui.leia mais >>

Mais um fim sem

Mais um fim de semana sem blogue nem sites metarecicleiros... deixei de subir algumas dezenas de páginas na recuperação do wiki da MetaReciclagem, mas de qualquer maneira já consegui pegar bastante coisa lá. Visite !

Fagoemia

Há uns dias a Lelex encaminhou um email que o Márcio Jr. enviou pra uma lista, com um link para um artigo (PDF) que ele escreveu sobre "Digitofagia e Digitoemia". Achei bem interessante. Ele coloca uma distinção que eu não conhecia, entre sociedade antropoêmicas e sociedades antropofágicas:

Claude Lévi-Strauss faz a distinção entre dois tipos de sociedade, as que praticam a antropofagia — pois acreditam que a absorção de certos indivíduos detentores de forças temíveis é a única forma de neutralizá-las aproveitando-lhes a energia, tanto efetivamente quanto simbolicamente — e aquelas que praticam a antropoemia — e diante do mesmo problema escolhem como solução a expulsão do corpo social, mantendo temporária ou definitivamente isolados, sem contato com a “humanidade”, os seres e grupos temidos, trancafiados em “reservas territoriais”. Dada a situação em que nos encontramos podemos supor que nossa sociedade é antropoêmica ao invés de antropofágica e para isso basta olharmos para a situação de nossas periferias e o crescimento da população carcerária.

Achei bastante relevante pra relativizar essa coisa que muitos temos de associar tudo que vem do Brasil à antropofagia. É uma generalização errônea tratar o Brasil todo com oantropofágico. Mas ainda assim, também discordo da generalização contrária. Respondi direto pro Márcio:leia mais >>

Processos criativos

Há algumas semanas a revista Época publicou uma entrevista com o Geert Lovink. Ele fala algumas coisas que fazem sentido, mas tem uma frase que não desceu redondo:

ÉPOCA – Por que o senhor critica os defensores da liberdade de cópia na rede?
Lovink – Acho que devemos fornecer meios para que a próxima geração da web ganhe dinheiro com ela, possa viver de seu trabalho e de sua criação. O problema é que o pessoal do software livre só pensa em trocar livremente seus programas. Nunca imaginaram como profissionais criativos poderão sobreviver quando nos movermos para uma economia baseada na internet.

Conversei com algumas pessoas e percebi que não fui o único que não gostou dessa frase, de alguma forma. Até faz algum sentido, mas não deixa de denotar uma falta de sensibilidade com o contexto: um comentário como esse publicado em algum ambiente onde haja familiaridade com o software livre, copyleft ou até creative commons poderia cumprir bem a função de crítica, mas numa revista como a Época (mesmo que ela não seja das piores no que se refere a tecnologias) pode ser um tiro pela culatra, matando debates antes de eles chegarem a nascer. Troquei uma idéia por email com o Geert, falando da possibilidade de coexistência de vários modelos econômicos. Falei do tecnobrega no Pará, perguntei se ele assistiu ao Good Copy Bad Copy. Ele publicou a resposta no blog dele. Traduzindo:leia mais >>

Sistemas de aprendizado

Estive semana passada em Londres, a convite de Bronac Ferran, do RCA/Imperial College, para uma apresentação sobre "Brasilian Media Ecologies", dentro da programação do Systems of Learning. Junto comigo, estavam Ricardo Ruiz e Carlos Villela. Na verdade eu experimentei uma longa conversa que começou tarde de segunda-feira no escritorio do CV com Ruiz e a presença de Tori Holmes, se estendeu para um pub à noite com a Bronac e continuou no dia seguinte caminhando com o Ruiz pela Portobello Road, depois através do Hyde Park e finalmente na sessão propriamente dita, no auditorio do RCA, além de continuar em outro pub e depois encerrar em um restaurante indiano. Durante boa parte das conversas o CV ficou desenhando mindmaps no meu caderno, e apareceram algumas boas idéias por ali. Impossível relatar tudo que a gente conversou, mas vão abaixo algumas impressões baseadas nos rabiscos do meu caderno.
Rapidinho sobre Londres: cidade doida, mas ao mesmo tempo muito atrativa, até aconchegante. Tive problemas na entrada, uma hora de alfândega e uma recomendação pra não voltar antes de seis meses. O hotel era estranho, apertado, e a internet deles oscilava tanto que cheguei a pensar que fosse problema do meu cartão wi-fi. Mais uma vez tive que recorrer ao chá de boldo, porque é muita fritura naquela terra. Boas cervejas.
---leia mais >>

Social futures

A sessão de abertura da conferência de Tecnologia Social do Futuresonic foi certamente uma das mais interessantes. Eram 6 pessoas distribuídas em dois sofás no palco: Matt Jones, James Wallbank, Shannon Spanhake, Ravikant, Gerd Leonhard, Chris Heathcote. Cada 1 falava por alguns minutos, e depois eu e mais 2 painelistas - Beryl Graham e Andrew Woolard - fazíamos perguntas ou tecíamos comentários. A sessão foi apresentada pelo diretor da conferência Drew Hemment, e pautada por questões levantadas por Matt Locke e Aleks Krotoski. Além dessa dúzia de pessoas, olhe só, ainda tinha gente na platéia que ao final podia pegar os microfones e continuar o debate.
Abaixo as anotações do meu caderno. Desculpem os equívocos e incompletudes.
Matt Jones / Dopplr
Friending can be harmful.
Autistic language.
Language of relationships is limited - we ought to think in terms of transactions.
Can we kill friending?

Dos comentários: projecto familiar strangers, que coleta ids de bluetooth e analisa padrões. "My frienemies".
Eu comentei alguma coisa na linha "claro que friending é overstated, mas nem tudo é transação. friending é identidade, e pode trazer benefícios a um monte de gente". Ou algo assim.

James Wallbank
leia mais >>

Geraldine Juarez - Freewear

Durante o Futuresonic, tive a oportunidade de conhecer Geraldine Juarez. Ela estava lá para apresentar o projeto Freewear, com o qual ela levanta um monte de questões importantes sobre excesso, consumo e estilo de vida. Uma das idéias é aproveitar redes como o Freecycle para pedir doações de material que pode ser re-interpretado. Há alguns anos eu tive algumas conversas com o Adilsão sobre fazer algo parecido no Agente Cidadão, mas nunca foi pra frente, infelizmente.
Geraldine é uma designer auto-didata da Cidade do México, que agora vive em Nova Iorque. Uma das coisas mais legais que ela fez foi usar envelopes que são distribuídos gratuitamente em agências de correio como matéria-prima para roupas, colchonetes, sacos de dormir e outras coisas.
Um elemento que percebi recorrente no discurso de Geraldine é o questionamento do excesso, e o interesse em incentivar uma cultura jovem urbana que adote esse anti-estilo de vida. Ela comentou algo sobre criar uma espécie de kit de sobrevivência urbana, com utensílios - talheres, pratos, copos - que podem ser usados por uma vida inteira. Uma daquelas tardes, topei ali no hall do Contact Theatre com adesivos "Edible Excess" / Forays.org, que pelo que entendi é outra ação com a qual a Geraldine está envolvida.

Voltando do futuresonic

Voltei a Barcelona domingo à noite, depois de quatro longos dias em Manchester. Fui para lá participar do Futuresonic, principalmente os dois dias de Social Technologies Summit. Saí bastante satisfeito da conferência: um monte de gente interessante, conversas boas, idéias para futuros. Também tive a impressão de que, comparando com outros eventos do tipo, as pessoas estavam interessadas em dialogar, não se limitando a fazer suas apresentações e ir embora. Mais do que isso, achei as apresentações um pouco mais aprofundadas - mas isso pode ser porque eu fui praticamente obrigado a prestar atenção em toda a sessão de abertura, o que geralmente não faço ;) Também digno de nota é o fato de que o ambiente colaborativo criado pra acompanhar o Futuresonic foi efetivamente usado: antes de chegar em Manchester eu já tinha uma lista de amigos e algumas pessoas pedindo para encontrar ou enviando mensagens. Ano passado no Picnic, em Amsterdam, tentaram fazer algo parecido, mas eu não senti tanta apropriação (no bom sentido).
30leia mais >>

Teoria, Cadê?

"Teoria, Cadê", publicado como o primeiro Caderno Submidiático, não é um texto meu, mas uma edição em cima das transcrições do primeiro debate da Submidialogia #1.

Arquivo anexado (PDF, 256KB).