caos

Para, doxo

Paradoxo puro nao é mais que o próprio alimento do feiticeiro à beira da vila. Entre a obediência cega e a negação pela negação, ele prefere os caminhos tortuosos da margem. Submeter-se não é possível, destruir é... só destruir.

Eu já nasci filho da geração que veio contestar. Conseguiram muito, aquelxs heróisnas. Mas decidi que não preciso entrar em parafuso tentando encontrar qual seria a contestação da contestação. Posso até desconstruir tudo que está ao redor, mas como como autêntico antropófago pós-moderno, posso brincar de remixar mitos e tradições pra a) me divertir, b) ao mesmo tempo satisfazer e questionar entes queridxs. Dou-me ao luxo de, mais do que buscar um sentido em tudo, simplesmente viver. Sem deixar de lado a ironia, mas também sem descambar pro sarcasmo. No fim das contas, eu sou da terra, e gosto mais de construir (mesmo que do meu próprio jeito) do que desmontar.

A resposta já existe, a pergunta é que precisa mudar

The alternative between public and private ownership is a false one. The solution is no longer in the realm of the Economy, but in that of social culture. The model of Growth has been deeply interiorised: it pervades daily life, perception, needs, and consumption styles. Cultural action must free society from this model.

Franco 'Bifo' Berardi

Provisões

Sabadão a gente foi comprar o rancho pra levar pro meio do mato. Toda essa nóia de enchentes e desastres nos fez ficar mais ligados na validade das coisas. Compramos café a vácuo, atum em conserva, azeite, vinagre e outras coisas duráveis. A idéia é deixar um estoque. Sacumé, em último caso ter pra onde correr :P

Submeter-se

Da conversa de um amigo, ouvi a expressão "pedir" demissão, e fiquei pensando em como isso remete a um tipo de pós-escravismo. Como assm, PEDIR demissão? E se não CONCEDEREM esse divino direito?

Adaptando

Mais um dia em suspenso... tô há duas semanas em crise fisiológica de readaptação. Semana passada minha quase-gripe chegou a regredir para uma alergia. Aproveitei pra conhecer a Santa Casa de Ubatuba, onde descobri que a rede pública na cidade não tem nenhum otorrino. Saí com uma receita para meu antialérgico de sempre, que acabou com os espirros e coceiras. Mas continuo, já há uma semana, com os ouvidos zunindo, o que além de incômodo atrapalha monstro a minha concentração. Hoje consultei o oráculo e descobri dois otorrinos particulares na cidade. Liguei no primeiro: não atende mais. Liguei no segundo, número inexistente. Tomei nota do endereço e aproveitei uma ida ao centro pra  procurar. No lugar onde era o consultório, agora é uma farmácia de manipulação. Me indicaram o consultório novo, atravessando a rua. Fui lá. "ah, se quiser podemos tentar um encaixe, o doutor atende só hoje até às onze e quarenta, e depois na quinta". Legal. Não tenho convênio, quanto é a consulta particular? "150 reais".

150 reais. Pra um encaixe que provavelmente ia durar 10 minutos.

Deixa pra lá, vou agüentar mais um pouco de zumbido.

Ovvio

É claro que muito do que eu falo sobre "Brasil" é uma idealização sobre minha própria personalidade. Criando auto-mitos, daquele jeito. Um jeito diferente de se fazer ao mesmo tempo de vítima e vencedor. Por outro lado, muito do que eu falo sobre "Europa" é também o que eu falo sobre as pessoas à minha volta que fizeram tudo certo: faculdade, carreira, seriedade, dinheiro.
Metade do que eu digo é ficção. Inclusive sobre mim mesmo.
Não, isso não é um demérito.

Paradoxando

Lendo aqui os amigos Dalton e Hernani no Le Monde Br:

A relação é paradoxal. A mistura, a miscigenação cultural resulta num processo de enriquecimento e empobrecimento, singularização e massificação, desterritorilização e reterritorialização, potencialização e despotencialização da subjetividade em todas as dimensões.

Ontem à noite, andando pela rua e ouvindo música no celular, pensava que depois de visualizar os paradoxos, a única posição decente é assumir e vesti-los. Viver em paradoxo. Porque não existe alternativa. Existe?

 

Contra-preguiçar

Nos últimos dias, uma grande preguiça de escrever. Hoje, depois de uma noite curta, à preguiça se soma uma dor de cabeça, que esse vinho ácido aqui certamente não vai ajudar. Forço um pouco a barra pra manter o blog em dia e ver se pego no tranco. Idéias anotadas no caderno, mas tá difícil. Fico com o update genérico:leia mais >>

Caos e dispersão no banco comum

Ontem participei do Mercado de Intercambios de Conocimientos, organizado no CCCB pelo Platoniq. O formato era muito interessante: três espaços contíguos, sem divisórias, rolando apresentações simultâneas. Cada painelista falava em um microfone, e na entrada a gente recebia um rádio com três canais. Perfeito pra quem, como eu, não tem paciência pra assistir palestras de mais de 10 minutos: ficava mudando de canal o tempo todo. Em uma hora e pouco assistindo, consegui pegar trechos de cinco apresentações diferentes, entre elas a do Guifi e do Dmitry Kleiner (Telekommunisten/Dialstation), que eu tinha conhecido em Berlim mas não tinha associado o nome à pessoa. Enfim, um formato bem doido pra quem tem essa mania de fazer tudo ao mesmo tempo. Gostei de assistir.leia mais >>

Sampa

Do penúltimo post do blog de Mino Carta.leia mais >>