Caos e dispersão no banco comum

Ontem participei do Mercado de Intercambios de Conocimientos, organizado no CCCB pelo Platoniq. O formato era muito interessante: três espaços contíguos, sem divisórias, rolando apresentações simultâneas. Cada painelista falava em um microfone, e na entrada a gente recebia um rádio com três canais. Perfeito pra quem, como eu, não tem paciência pra assistir palestras de mais de 10 minutos: ficava mudando de canal o tempo todo. Em uma hora e pouco assistindo, consegui pegar trechos de cinco apresentações diferentes, entre elas a do Guifi e do Dmitry Kleiner (Telekommunisten/Dialstation), que eu tinha conhecido em Berlim mas não tinha associado o nome à pessoa. Enfim, um formato bem doido pra quem tem essa mania de fazer tudo ao mesmo tempo. Gostei de assistir.
Mas tem o outro lado. Na real o que falo agora não passa de desculpa pro fato de minha apresentação não ter sido muito boa. Acho que não estava inspirado. Mas tem coisas que me atrapalharam um pouco. O Olivier me convidou pra falar lá, pensando na idéia de intercâmbio: a partir da experiência da MetaReciclagem, o que pode ser apreendido de sistemático que pode ser útil em outros contextos. É uma questão interessante, que ecoa com a sugestão que ouvi bastante nas conversas com a plataforma Waag-Sarai, de que a gente desse um passo além da narrativa histórica e tentasse encontrar elementos conceituais no meio de tudo. Enfim, a questão era interessante. Geralmente, mesmo que tenha passado uma semana preparando, eu chego em um evento desses, sento meia hora antes em alguma palestra, assisto por dez minutos, me desinteresso e pego o caderno pra rabiscar umas idéias de última hora. Aí pego o computador e organizo umas fotinhos ou slides ou algo assim, e começo quase atrasado mas com alguma coisa mais consistente. Pois ontem, com aquele controle remoto de apresentações na mão, demorou até eu perder o interesse nas outras apresentações. Eu tinha feito um monte de anotações no meu caderno à tarde, mas era coisa demais pra meia hora. Não rolou de ter aquele tempo de organizar. Aí preparei uns slides, mas quando cheguei ali na frente abri o pretovelho e o openoffice tinha congelado. Me pareceu difícil demais abrir o terminal, ir pra outro desktop, #ps aux | grep office, #kill -9 o processo, abrir de novo, e ainda desconectar o cabo do computador onde tava ligado o telão pra ligar no laptop. Resolvi mandar ver no gogó. E aí meu caderno pareceu de uma confusão tremenda. E ainda em castelhano, que é minha terceira língua, foi tudo muito complicado. Fui redundante demais, abstrato com as coisas erradas, faltaram analogias e aquelas piadinhas no meio. Fiquei tenso, fiquei perdido, tive que fazer muito esforço. Não encontrei uma linha narrativa. E aí o formato aberto também complicava mais. Achei difícil saber quem estava mesmo acompanhando. Por cima de tudo isso, ainda tem que eu tenho andado imerso na história da MetaReciclagem nessa primeira fase do Mutirão, e isso meio que me segurou no chão, não deixou voar. Talvez esse formato aberto seja bom pra pessoas dispersivas assistirem, mas não falarem, enfim. Lembrei de submidialogia, mas lá não tinha a separação entre falantes e ouvintes.
De qualquer forma, quero ver se nos próximos dias transformo minhas anotações em texto.