Das anotações perdidas no meu computador:
No carro, a caminho do aeroporto de guarulhos, peguei meu chaveiro, agora com uma única chave - a da mala. Tinha algum trânsito - marginal Tietê às 18hs, nada de anormal -, mas cheguei bem a tempo. Já cheguei chorando, reclamando que minhas milhas do ano passado não tinham sido cadastradas, e emendei pedindo um alívio no peso da bagagem, dona moça, tô indo de mudança, mala e miniviolão, porque a cuia ia ser complicado. Imagina explicar a erva-mate na minha bagagem. Excedi menos do que imaginava, quatro quilos. Fila no embarque, mas nem tanto assim.
O vôo foi tranqüilo. Tive a impressão de que o espaço entre poltronas da Lufthansa é menor do que o da Swiss, mas sei lá. Do meu lado, um colono de Santa Catarina indo visitar a madrinha perto de Duesseldorf. Simpático e quieto como muitos barriga-verdes que eu conhece. Lufthansa também não tem telinha individual, então é um filme pra todo mundo com TVs véias, aquela bosta. O primeiro era um americano ruim, mas ao invés de curtir a insônia lendo como sempre, pus meus óculos escuros e me escondi no tocador de MP3 chinabrabo, que em poucas horas arriou a bateria. Alternei ele com um par de tampões de ouvido que foram o grande esquema. Não que eu tenha dormido mais que cinco minutos, que isso acho que não rola. Mas a viagem pareceu mais rápida do que aquelas em que eu ficava lendo até secar os olhos de arcondicionado. Devo ter ficado umas duas horas meditando, sem som e de óculos. Tentando fazer cair a ficha, nego, tu tá saindo fora, não sabe quando volta. Deixou um monte de encrencas pra trás e tem pela frente mais uma pá delas. Vai se comunicar nessa língua estranha que a aeromoça fala com o tiozinho do outro lado aí. Essa língua que te dá sono só de pensar. Não vai mais voltar pra casa. E na real, efeito nenhum. Ainda naquela sensação de estar indo pra voltar daqui a duas semanas.
Aí depois de outro filminho melado, esse eu vi uns pedaços, produção da MTV sobre uma escolinha pública californiana e todo o conflito étnico, de território, gangue e tal. Na real, achei divertido que uma das primeiras coisas que dá certo é quando a professorinha distribui cadernos pra galera, tipo aquilo que eu tentei repetidas vezes em oficinas e não deu tão certo assim. As pessoas não têm o hábito de escrever, de expressar o que pensentem em palavretas, e isso complica tudo. Mas enfim, esse filme não encheu tanto quanto o outro. E depois de comer pela segunda fez, tcharam, faltava uma hora pra aterrisar.
Cheguei em Muenchen, passei rápido como nunca pelo controle de passaporte - o tal do visto funciona mesmo - e por mais uma verificação de segurança, raio X, laptop, tira o casaco, tira o cinto, sê simpático com o alemão e tá feito. Até aparei a barba antes de sair de sampa. Aí cheguei no portão de embarque do vôo pra Dresden pra ver que é um vôo compartilhado com a TAP, e aí, sacumé, tá previsto pra atrasar 45 minutos. Consegui trocar os últimos 200 reais que tinha sacado na correria de Guarulhos, e agora tô pobre lá e cá, delicinha. Tenho no momento grana pra uma semana mais ou menos, depois dependo da cultura digital me pagar pra resolver algumas das dívidas no brasil e tentar sobreviver um mês a cerveja, salsicha e queijo. Não vai ser tão difícil.
Escrevo mais de Dresden.