Vá às compras. Mas não me chame

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Celular de trouxaNesses dias que antecedem aos feriados de fim de ano, muitos de nós, que escrevemos sobre tecnologia, ficamos parecidos com aqueles apresentadores de canais de propaganda (Shop Tour, Polishop etc). Falamos sobre características de produtos como se soubéssemos muito sobre o assunto, desencaixotamos, filmamos, fazemos piadinhas e bancamos os espertos.

O objetivo, claro, é despertar desejo. O suficiente para fazer uma pessoa clicar, ver uma foto e passar para o gadget seguinte. Audiência, cliques. Vendemos conteúdo, certo? Há quem saiba fazer esse tipo de coisa muito bem. Por exemplo, o colunista do New York Times, . Mas desde criança detesto me sentir como um vendedor num balcão. Não que a profissão tenha problemas. Pelo contrário: eu é que não tenho nem vocação, nem paciência para exercê-la.

Cadê suas listas?

Tudo isso para dizer que não consegui me empolgar para fazer nenhuma lista de fim de ano. Nem de compras, nem de melhores produtos.

Primeiro porque não tenho vontade de comprar nada. Nem celular, nem roupas, nem eletrônicos.

Segundo porque só consigo pensar em “melhores” dependendo de contextos, não de datas. Se você precisa trocar um pneu, não vai necessariamente precisar dos gadgets matadores lançados neste ano. Vai preferir algo confiável, testado ao longo do tempo.

Muitas vezes, o que ajuda mesmo é uma técnica, um conhecimento, nada que se possa exatamente comprar. Uma linha num fórum pode ser mais útil do que todo pano vendido numa loja da Forum.

Descontentamento e ansiedade

Sei que sou um dinossauro. Mas respeito meu leitor. Não vou vender para vocês o que não consumiria. Em especial porque, ao longo do tempo, venho tentando desarmar em mim a mentalidade do descontentamento ansioso. Explico.

Eu me irritava com situações, produtos e pessoas antes mesmo de experimentá-los adequadamente. Era uma máquina de expectativas. Tão automática que nem enxergava o que efetivamente já possuia.

Por exemplo: para que comprar um iPhone se eu tenho um Nokia n95? Tecnicamente, ele é muito melhor (bluetooth decente, câmera de 5.1 megapixels, não precisa brincar de gato e rato com a Apple para mantê-lo destravado). Ok, o software do iPhone é imbatível até o momento. E há o touchscreen. Mas, sinceramente, não preciso de nada disso. Prefiro usar o dinheiro numa boa viagem para outro Estado ou país.

Compre relevância, não modas

Por isso, antes de comprar, é bom se perguntar: será que, ao menos, você tem noção do que já possui?

O planeta e a economia mundial já não estão muito mais nesse ritmo de sucessões de hypes burros e destrutivos. Quer meu dinheiro? Ofereça-me algo realmente relevante e responsável.