Este post foi agregado pelo meu lifelog. É possível que eu não seja o autor.
A União Européia tem moeda própria e Banco Central, tem leis próprias, servidores públicos, uma Suprema Corte. É, literalmente, um governo de 27 países. Não extirpou a soberania de seus membros, mas criou uma nova camada comum de governança. Ex-Economist, atual editor de internacional do Financial Times e um craque dentre os jornalistas da área, Gideon Rachman se pergunta se o modelo é expansível. Um governo mundial é possível?
Em primeiro lugar, está cada vez mais claro que as questões mais difíceis envolvendo os governos nacionais são, por natureza, internacionais: há o aquecimento global, a crise financeira internacional e a ‘guerra ao Terror’.
Em segundo, dá para fazer. As revoluções no transporte e nas comunicações diminuíram o mundo de tal forma que, como escreveu o eminente historiador australiano Geoffrey Blainey, ‘Pela primeira vez na história, algum tipo de governo mundial é possível’. Blainey prevê uma tentativa de formar um governo assim em algum ponto dos próximos dois séculos, que é um período bem longo para ser tratado numa coluna de jornal.
Mas a terceira questão, uma mudança na atmosfera política, sugere que ‘governança global’ poderia vir mais cedo do que tarde. A crise financeira e a mudança climática pressionam os governos nacionais a buscar soluções globais mesmo em países como China e EUA, tradicionalmente guardiões violentos de sua soberania nacional.
Rachman também destaca as maiores dificuldades para um projeto portentoso como este. Principalmente, políticos se elegem em eleições locais e enquanto eleições locais definirem suas condutas políticas, haverá obstáculos em países como os EUA. A idéia de governo internacional não é popular – e as várias derrotas que os plebiscitos consolidadores da União Européia sofrem o mostram.
Rachman é um grande jornalista – mas é novato na Internet. O Financial Times, com sua primeira página em um tom entre o rosa e o amarelo, costuma ser vista nas mãos da elite financeira internacional. Mas desde que começou seu blog no site do FT, o velho repórter tem publicado sua coluna online de forma aberta, ampliando seu universo de leitores. Para quê. Sua caixa de comentários foi invadida subidamente por norte-americanos do sul cheios de ódio no coração. O que era um mero exercício intelectual, o explorar de uma hipótese, a eles soou como ameaça vinda do Reino Unido.
As conclusões de Rachman após seu primeiro contato com a direita tacanha:
1. Há uma incrível quantidade de ódio lá fora dirigida contra tudo e contra todos, da ONU às grandes corporações a Barack Obama. Essas pessoas sabem ler, mas não pensam.
2. A turma que acha que o mundo está para acabar é forte. Aproximadamente um terço dos emails que recebi se referiam ao Livro do Apocalipse no qual, parece que está sugerido, tudo foi previsto. Decidi responder a uma destas mensagens dizendo que jamais li o Apocalipse já que sou ateu. Erro crasso.
3. Há muita gente que acredita não apenas que o Aquecimento Global é uma mentira mas também que faz parte de uma vasta conspiração. Como os relatórios mais influentes a respeito da mudança climática foram produzidos por um painel intergovernamental ligado à ONU, a teoria é alimentada. A idéia é que a ONU perpetua a mentira da mudança climática como desculpa para impor um governo mundial sobre os EUA. Ao que parece, faço parte desta conspiração.
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