Fiquei de escrever pra Maira por que acho que a ideia de "land commons" e o risco de usarmos abstrações equivocadas. Um dos maiores exemplos que eu conheço de abstração equivocada é o termo "propriedade intelectual", que tenta transferir uma definição concreta ("propriedade") para o campo das ideias, onde a lógica é outra. Meu argumento é que o conceito de "commons" já passou por uma transposição semelhante (o último paper de Imre Simon - aqui, em PDF - definia justamente a ideia de rossio, termo em português que equivale ao inglês commons). O commons ou rossio já trata exatamente do mundo concreto - "terreno roçado e usufruído em comum". Quando se criou a creative commons, se fazia uma transposição semelhante, mais como metáfora do que definição: um rossio das ideias, rossio da criatividade - um espaço criado e usufruido em comum. Mas era, de alguma forma, uma limitação da própria ideia de commons: se limitava a liberar, não envolvia a produção, e criava a necessidade da licença formal. Tentar inverter outra vez o processo e usar essa visão restrita da ideia de commons para voltar outra vez a falar de terra é no mínimo reinventar a roda, e no limite perder de vista um monte de sutilezas do processo de compartilhar espaço físico com outras pessoas.leia mais >>