Este post foi agregado pelo meu lifelog. É possível que eu não seja o autor.
As bombas aqui explodem, mas não fazem barulho. Os estilhaços matam, mas não deixam marcas nas paredes. Todos aqui se odeiam, pois estão fora dos padrões que lhes fizeram idealizar. Os que amam são levados a pensar que estão errados. Os que odeiam acham que estão certos. Os que agem como os que odeiam, são respeitosamente tratados. A dor, aqui, é conseqüência da apatia a uma realidade brutal, facínora, porém estrondosamente silenciosa. Aqui devemos idealizar-nos pelos padrões de consumo e idiotia estadunidenses até o ponto civilizado de odiar, bater, matar, e isto sem chamar a atenção dos vizinhos, pois eles podem ser ainda piores e mais perigosos.
A maioria de nós é feita de cordeirinhos cagões, que eventualmente chegam ao ponto de matarem-se uns aos outros por causa da ignorância renitente, do medo, da covardia preguiçosa que temos em tomar consciência e enfrentar os verdadeiros problemas. E há os ladrões e assassinos por atacado, ditando as regras.
Outra coisa nossa, outra nossa coisa: negros e favelados não nos emocionam. Para nos emocionar é preciso umas mortes meio brancas e classe média. Nada que aconteça na África nos causa mais que alguns muxoxos. Têm que ser crimes como aqueles lá na Faixa de Gaza, por exemplo, com assassinos e assassinados civilizados, os próprios genes da civilização – isso torna a nossa barbárie caseira muito mais aceitável, quase louvável, nós que só exterminamos negros, índios, pobres e favelados. Para o cargo de exterminadores também preferimos negros, pobres, favelados. A classe média não deve se meter diretamente nessas coisas. Por isso Gaza nos choca. Lá gente como a gente está matando gente como a gente. O tiro na cara do sujeito que mora naquele morro ali adiante nos passa silenciosa e desinteressadamente despercebido, pois o cara era um vileiro, um zé ninguém, um dono de buteco, de boca de fumo, a vida do cara é só o preço do nosso desacerto social, pelo qual ninguém, além dos zés ninguém, é responsabilizado. Em Gaza não, em Gaza temos “civilização” contra “civilizados” e podemos, com nossa indignação e horror sentirmo-nos também (de novo e sempre) superiores a esses civilizados lá que são grande parte da base de toda a civilização ocidental.
Nos contentamos então um pouco mais com a nossa barbárie silenciosa. As bombas aqui continuam e continuarão explodindo em silêncio, na calada da amordaçada noite e do mudo dia. –Pôuw! (em off, claro) Um crânio que se esfacela, ninguém escuta, e quem escuta o estouro pensa logo: - deve ser só a televisão, em outro canal. O importante aqui é que essa nossa vergonha não passe em algum noticiário minimamente respeitável. Como é que ficaria nossa imagem pública e auto-imagem, não é mesmo? Não, não queremos notícias do nosso front, please. Mostrem-nos só o do Oriente Médio, ok?
Ontem os israelenses mataram 64 civis em Gaza. No feriado de Natal nós gaúchos matamos 44 civis só aqui no RS. E o estupidificante silêncio fica cada vez maior.
A maioria de nós é feita de cordeirinhos cagões, que eventualmente chegam ao ponto de matarem-se uns aos outros por causa da ignorância renitente, do medo, da covardia preguiçosa que temos em tomar consciência e enfrentar os verdadeiros problemas. E há os ladrões e assassinos por atacado, ditando as regras.
Outra coisa nossa, outra nossa coisa: negros e favelados não nos emocionam. Para nos emocionar é preciso umas mortes meio brancas e classe média. Nada que aconteça na África nos causa mais que alguns muxoxos. Têm que ser crimes como aqueles lá na Faixa de Gaza, por exemplo, com assassinos e assassinados civilizados, os próprios genes da civilização – isso torna a nossa barbárie caseira muito mais aceitável, quase louvável, nós que só exterminamos negros, índios, pobres e favelados. Para o cargo de exterminadores também preferimos negros, pobres, favelados. A classe média não deve se meter diretamente nessas coisas. Por isso Gaza nos choca. Lá gente como a gente está matando gente como a gente. O tiro na cara do sujeito que mora naquele morro ali adiante nos passa silenciosa e desinteressadamente despercebido, pois o cara era um vileiro, um zé ninguém, um dono de buteco, de boca de fumo, a vida do cara é só o preço do nosso desacerto social, pelo qual ninguém, além dos zés ninguém, é responsabilizado. Em Gaza não, em Gaza temos “civilização” contra “civilizados” e podemos, com nossa indignação e horror sentirmo-nos também (de novo e sempre) superiores a esses civilizados lá que são grande parte da base de toda a civilização ocidental.
Nos contentamos então um pouco mais com a nossa barbárie silenciosa. As bombas aqui continuam e continuarão explodindo em silêncio, na calada da amordaçada noite e do mudo dia. –Pôuw! (em off, claro) Um crânio que se esfacela, ninguém escuta, e quem escuta o estouro pensa logo: - deve ser só a televisão, em outro canal. O importante aqui é que essa nossa vergonha não passe em algum noticiário minimamente respeitável. Como é que ficaria nossa imagem pública e auto-imagem, não é mesmo? Não, não queremos notícias do nosso front, please. Mostrem-nos só o do Oriente Médio, ok?
Ontem os israelenses mataram 64 civis em Gaza. No feriado de Natal nós gaúchos matamos 44 civis só aqui no RS. E o estupidificante silêncio fica cada vez maior.