Professores pré-históricos na Era da Informação - Parte II

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O Ars Technica trouxe um interessante artigo sobre um estudante de ciência da computação da San Jose State University (EUA) que, após a conclusão de uma disciplina, publicou os códigos-fonte feitos por ele como resposta aos exercícios e atividades. O professor da disciplina opôs-se vigorosamente a essa iniciativa do estudante, levando o caso até a direção da Universidade, alegando que ele estava violando a política de conduta da instituição, pois era uma forma de ajudar os colegas (das futuras turmas) a "colar".

O caso não é único, e expõe uma ferida aberta na forma como professores tentam avaliar o desempenho individual de seus alunos, em plena era do compartilhamento da informação.


Esse ilustre professor certamente não refletiu que, ao argumentar que o aluno estaria ajudando os colegas das próximas turmas a "colar" nos trabalhos da disciplina, ele estaria assumindo que as tarefas de sua disciplina permanecem sempre as mesmas, semestre após semestre. Ou será que esse professor considera isso uma coisa normal?

Professores têm que compreender, urgentemente, duas coisas:
  1. Eles não são a única fonte de informação.
    Existe um mundo inteiro lá fora, onde os estudantes podem (e devem) trocar informações, conhecimentos, e experiências. Quando a tarefa é bem elaborada, e estimula a busca por soluções criativas e não apenas a regurgitação da "matéria dada", a troca de soluções e experiências entre estudantes pode ser muito mais proveitosa que dezenas de aulas.
  2. O trabalho acadêmico precisa ter utilidade.
    Chega de mandar estudantes escreverem trabalhos repetitivos, cujos resultados ninguém está interessado em ler. É preciso trabalhar com problemas reais, estimulantes, cujo ciclo de desenvolvimento seja maior que a duração da própria disciplina, e cujos resultados sejam úteis como material para as próximas edições da disciplina.
Duas das melhores disciplinas que eu tive em meu mestrado, no Centro de Informática da UFPE, foram exatamente as que estimulavam seus alunos a introduzir novas funcionalidades em trabalhos que foram desenvolvidos por alunos de turmas anteriores, criando um projeto que crescia e melhorava a cada semestre. Essa é uma forma de dar utilidade ao trabalho acadêmico, além de estimular a troca de informações e conhecimento entre colegas.

Felizmente, nesse caso, o bom senso falou mais alto e, após uma longa disputa, a instituição posicionou-se a favor do aluno, afirmando que professores não têm o direito de proibir que alunos divulguem seus próprios códigos-fonte.


Essa é a Parte II de uma série. Leia também as partes I e III.


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