Olhem o projeto do Alessandro, com interferências minhas e do Hernani
O mundo está mudando. A Era do Conhecimento, Era da Informação, Era Pós-Capitalista (Drucker), Era Pós-Industrial (De Masi), Terceira Onda (Toffler) está se aproximando. As conseqüências são desde alterações nos paradigmas econômicos (a informação e o conhecimento como valor de troca) e polÃticos (a falta de confiança nas antigas elites), levando ao crescimento das ONGs e Associações Setoriais, até o surgimento de um novo tipo de problema: a info-exclusão, ou seja, dificuldade de uma parcela da população em acessar e utilizar toda a informação agora disponÃvel.
Parte dos resquÃcios dos costumes operacionais da Era da Máquina, as polÃticas públicas no sentido de atenuar a info-exclusão concentram-se em providenciar acesso a Internet e ensinar o uso de software. Entretanto, não resolvem uma das principais perguntas em relação a Internet: "para que?" e no âmbito governamental, "como isso pode melhorar nossa gestão pública?". Se o indivÃduo não vê na informática vantagem maior do que duas linhas a mais em seu currÃculo, não chegará ao ponto de familiarização em que os horizontes realmente começam a se abrir em virtude do contato com a informação.
Particularidades da Internet
A comunicação interpessoal pela Internet perde bastante da "densidade" do contato ao vivo. Por outro lado, permite a virtualização, tanto a desterritorialização quanto a dessincronizarão, levando a novas perspectivas no que concerne aos conceitos e usos do termo comunidade. A Internet permite a construção de comunidades de interesses sem a dependência de proximidade geográfica ou de acerto temporal. Permite também a criação de coletivos inteligentes, com uma base de conhecimentos em que o todo sabe mais que o indivÃduo e todos os indivÃduos tem acesso a esse saber.
Inclusão digital e tele-cidadania
Defender uma tese de colaborativismo, de solução conjunta de problemas é fácil, porém falso. No que se refere a conhecimento, temos uma herança cultural muito forte da Era Industrial, em que o conhecimento lógico de determinada atividade era crucial para sua execução. Eis o motivo da dificuldade em fazer as pessoas compartilharem o que sabem. Não querem compartilhar o conhecimento especÃfico de determinado assunto, porque não querem privar-se do "poder" que ele lhes confere. Mas estamos no século XXI, adentrando a preconizada "Era Pós-Industrial", "Era Pós-Capitalista", "Terceira Onda", ou simplesmente "Era da Informação". Conhecimento não é mais "a habilidade necessária à execução de uma tarefa", e sim o valor em si, a nova base de troca, a moeda. E só tem sentido se utilizado. Nesse sentido, não é mais tão importante a habilidade em si, mas a reputação advinda do uso dessa habilidade. Ou seja, não interessa mais tanto o savoir-faire, sendo crucial que outros tenham idéia do que eu sei fazer e confiem em mim para tarefas relacionadas a esse saber. Portanto, o motivo central para o compartilhamento do conhecimento é a valorização pessoal. O próximo passo, mais complicado, é como juntar esses pensamentos, montando a base de um conhecimento coletivo? A base de um conhecimento vindo da própria população, por um lado faz ela se sentir operante no processo de gestão e por outro, o do gestor, possibilita o acesso a uma informação muito privilegiada.
Os mercados são conversações: a sedução espiritual da Web é a promessa do retorno da voz. Queremos resgatar a capacidade de comunicação, gritar, soltar a voz que esteve presa durante toda a Era Industrial. A Internet é uma das grandes promessas desse inÃcio de século. Não somente como mais uma mÃdia ou canal de venda, mas por possibilitar a comunicação interpessoal de maneira rápida e fácil. Se bem utilizada, a grande rede pode ter um caráter de fomento ao debate, à geração de conhecimento e ao aprendizado. Para isso, não é necessário somente fornecer à população o acesso à Internet. Devem ser criadas ferramentas que possam efetivamente estabelecer vantagens reais advindas das facilidades da rede. Potencializar as atividades das comunidades, utilizando de ferramentas possibilitadas pela interação mediada pela Internet, como: provimento de acesso por telecentros comunitários, identificação digital (a fim de que os membros da comunidade possam acessar de qualquer dispositivo conectado à rede), o e-learning, as publicações pessoais, ferramentas de publicação de cursos online, promovendo a troca de conhecimentos entre os membros da comunidade e entre as comunidades, ferramentas de democracia direta (sem a dependência de representantes), banco de competências, classificados virtuais, debates online a respeito de decisões para a comunidade, integração com o Orçamento Participativo (inicialmente, não em nÃvel de decisão, mas de debate), fomento ao comércio intra-comunidade (privilegiando os pequenos comerciantes e produtores), promover a participação (estimulando a cidadania através da inclusão digital), grandes possibilidades de democratização não somente de ações públicas, mas do acesso e uso de conhecimento, estimular o desenvolvimento de soluções para os problemas das comunidades com base nos conhecimentos das pessoas que a compõem, são apenas algumas das aplicabilidades possÃveis com a adoção de estratégias de comunidadismo online. Além disso, a possibilidade de interligar as pessoas de determinada comunidade entre si e com entidades governamentais, instituições de ensino e ONGs também pode trazer benefÃcios à s comunidades, de modo geral.