Peso

Não quero atrapalhar. Momentos bons, bons mesmo, mas que poderiam ser muito melhores não fosse o peso, a culpa, a tensão. Um pouco de tensão é base pro tesão, mas nem tanto. Não gosto de arrependimento. Um segundo de cada vez, e o caminho não é passado, é lifelog, como a caixinha dentro do meu armário.

Mas tudo bem, como eu sou um cara fútil bagaray, saí há pouco pra almoçar e comprei uma mochila, provavelmente feita por escravos chineses, de R$ 39,90 (desculpa, pessoal, mas as brazucas custavam mais de R$ 100,00 - ser politicamente correto no brasil é pra quem pode). Comprei também um tênis. Nacional. A última vez que eu tinha comprado tênis foi no DC, quando ainda morava em Porto Alegre. Quase quatro anos, besta. Acho que quatro anos, foi na época do meu aniversário. Deusdintão, só aquele, que ainda está guardado em algum lugar, porque usei pouco, uns sapatos caretas pra fazer a fita com cliente, e uma seqüência de coturnos. Não esses de botique, mas aqueles de vintesete real que vendem lá na Tiradentes, nas lojas de uniformes profissionais. Só comprar a palmilha e tá ali, pisante pra um ano, mais tempo que qualquer outro, comigo. Nem allstar, que dizem que é parrudo, durou mais de meio ano no meu pé. Mas, enfim, meu coturno atual tá rachando a sola, e semana que vem tô viajando, e parece que chove pra caralho lá nessa época, então não tô afim de ter meus pés ensopados. Comprei um Rainha, e isso é mais velho ainda, uns quinze anos desde que tive meu Rainha System. Peguei nojo de Nikes e Reeboks e Diadoras e Mizunos e quaisquer coisas parecidas. Quase que levei um topper de FutSal, mas meus esportes sempre foram outros, e contra-fashion também é babaca. Esqueci de pegar a chave que tinha mandado fazer aqui do galpão, e na real esqueci até de almoçar. Daqui a pouco, faço essas coisas e já compro mais cigarro.

Consegui achar as havaianas com bandeirinhas do brasil. R$ 9,99, e saquei que vou ter que vender as coisas por esse preço no camelódromo, então toca a trocar notadeumreal e moedinhadouradadeumcentavo. Aceito doações, já que só quem contribuiu com minha campanha foi minha avó, apesar de aposentada como professora primária do RS. Um salve pra ela, que é linda e tá se recuperando de uma angioplastia. Te amo, vó.

Mas voltando a mim. Não, carência afetiva é uma explicação muito pouco. Nem vem. Clichezeando, carpe diem, e this is your life... it´s ending one minute at a time. A cada segundo respirando e olhando pra estrelas e sentindo o suor. Se parece bom, será. Mas se eu tô nessa pra atrapalhar, pra bagunçar, pra trazer mais regret do que joy, tô fora. Sumo. Desapareço, como falei há uns dias aqui.