Xemelê
Já há algum tempo tem gente falando, lá fora e por aqui, sobre o poder da net como catalisador de conversas e das consequências disso nas várias áreas de atuação das pessoas. Até o Clemente Nóbrega, no Antropomarketing, está falando em listas de discussâo, reputação e outros termos que para a gente são consumados. Mas, uma vez que um bando de pessoas, com variados repertórios, backgrounds, visões de mundo e opiniões, começam a conversar, o que fazer para que mantenham um nÃÂvel de diálogo aceitável? Digo, dar voz às pessoas é um primeiro passo. Mas como fazer que essas pessoas se entendam, e deixem de usar sua experiência em um campo especÃÂfico, e o jargão daàdecorrente, como proteção de sua reputação ao conversar com pessoas de outras áreas?
Há cerca de um ano, quando o MetaFora começava a ganhar corpo, chegamos a um nÃÂvel crÃÂtico dessa situação: havÃÂamos arregimentado um belo grupo de trabalho, a grande maioria deles sendo profissionais competentes ou maravilhosos diletantes que trabalhavam com educação, arte, tecnologia, comunicação e ciências sociais. Mas ocasionalmente, quando os debates começavam a ficar mais profundos, alguns puxavam o papo para uma seara muito especÃÂfica, repleta de neologismos e referências ocultas. Muitas pessoas deixavam de participar das discussões porque não tinham certeza de que sua opinião não passaria por inábil ou ridÃÂcula.
Foi nessa época que começamos a usar o termo Xemelê. O termo é uma corruptela de XML - "XML is also playing an increasingly important role in the exchange of a wide variety of data on the Web and elsewhere". Significa o seguinte: Não interessa a especificidade do assunto. As conversas devem ser estabelecidas de maneira que qualquer pessoa entenda. Obviamente, em alguns assuntos isso é impossÃÂvel. Mas é fundamental que as pessoas estejam dispostas a se fazer claras a todos os interessados no assunto, para que a discussão ultrapasse quaisquer barreiras - em resumo, para não ficar uma masturbação mental entre técnicos que impossibilite aos amadores interferirem e oferecerem a sua perspectiva.
Não foram poucas as vezes em que eu e alguns outros passamos uma bronca em novos chegados àlista, que não respeitavam o Xemelê. O engenheiro poeta foi um dos repreendidos, e está com a gente até hoje, prova de que não eram advertências assim tão aterradoras.