Como engessar o blog de um jornalista

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bloomberg #fail. como assim não pode linkar pra fora? se o modelo liberal do consumidor valer algo, a qualidade de quem linka só pra dentro não compete com a de quem linka pra quem quiser. e "link farming" deve valer menos, em SEO. ou seja, #FAIL.

Jornalista Bloomberg

Imagina ter um blog em que você pode fazer links apenas para você mesmo, mais ninguém. É mais ou menos assim como a Bloomberg acredita que devem ser os blogs dos jornalistas de sua equipe.

Não é de hoje que as empresas estão definindo regras internas de como os seus funcionários devem usar essas novas ferramentas. A discussão não é nova, mas percebe-se que, na maioria das vezes, essas regras ainda são feitas de cima para baixo e por pessoas que têm pouca vivência com o uso de blogs, plataformas de redes sociais e microblogs.

Segundo as regras da Bloomberg, que vazaram neste final de semana e causaram uma discussão entre os principais sites de mídia, um jornalista não pode fazer links, citar trechos ou comentar o conteúdo de concorrentes. Isso vale para blogs, Twitter e até Facebook.

Ou seja, uma prática comum aqui, no Brasil, nos blogs de política, de fazer um clipping (um apanhado das principais notícias do dia em vários sites) ou até comentar matérias que saíram em um jornal da concorrência, não seria permitida.

Engraçado que a Bloomberg vai totalmente na contramão do mercado, onde os sites de grandes jornais começam a linkar uns para outros, compartilhando tráfego (postura que já é responsável por uma das principais fontes de tráfego de um site de notícias).

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Para pegar um exemplo recente, na semana passada, o Financial Times trouxe uma entrevista exclusiva com o diretor geral da Google, que foi linkada e comentada pelos jornais da concorrência, como o Wall Street Journal. No Twitter, jornalistas do NYTimes comentam matérias do WSJ.

Nessas horas, cai a ficha de quanto a “indisciplina” é uma vantagem para os blogs independentes. Como na maioria das vezes não existe medo de fazer propaganda de marcas da concorrência, podem potencialmente fazer uma cobertura mais dinâmica de diversos assuntos.

Na prática, a gente viu isso na cobertura das enchentes em Santa Catarina. Enquanto a edição da maioria dos sites de notícias era engessada, devido a uma política interna de não fazer links para conteúdo externo, o blog AllesBlau se destacou por ter uma edição mais dinâmica ao deixar o critério jornalístico e não o corporativo falar mais alto na hora de escolher para quem linkar ou citar.

No final, a Bloomberg indiretamente demonstrou uma postura de desconfiança da empresa em relação aos seus funcionários. A justificativa oficial para a medida é evitar que jornalistas façam links para informações incorretas. Ou seja, a própria empresa não acredita na capacidade de seus jornalistas serem bons curadores, de saberem separar o joio do trigo, de fazerem links para conteúdo bem apurado.

Ao restringir a atividade de fazer links, a Bloomberg deu uma lição de como engessar o blog de um jornalista.

Crédito da foto: Danielle Bauer

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