O que está além do possível e do real é assim a abertura do virtual, da invenção e da flutuação, do que não pode ser planejado ou mesmo pensado previamente, de que não existe permanência real mas apenas reverberações. Ao contrário do provável, o real pode apenas irromper e então retroceder, deixando apenas traços atrás de si, mas traços que podem virtualmente regenerar uma realidade gangrenada por sua redução a um conjunto fechado de possibilidades. Seja sobre a aparição e desaparição instantânea do commons eletrônico (como nos primórdios da Internet), ou a irrupção em determinado setor econômico de uma tecnologia capaz de desenrolar e dirromper sua organização de produção estabelecida (como na atual explosão de sistemas de compartilhamento de arquivos), ou seja a virtualidade de outro mundo percebida em uma demonstração em massa ou em uma oficina ou em um acampamento, a política cultural da informação envolve uma punhalada no tecido da possibilidade, um desfazer da coincidência entre o real e o dado. Neste sentido, se podemos chegar a falar em uma política cultural da informação isso não acontece por causa das novas tecnologias, mas porque é a redução do espaço de comunicação para um espaço de alternativas limitadas e dificilmente efetivas (como no signo pósmoderno) que apresenta o problema do improvável e do impensável como tais. A política cultural da informação não é uma alternativa radical que salta de uma negatividade para confrontar uma tecnologia social de poder monolítica. É pelo contrário uma retroalimentação positiva das culturas informacionais como tais.
TERRANOVA, 2004: 27