Sem fio

Ontem rolou uma boa conversa sobre internet sem fio na lista de trabalho do weblab. Registrando aqui algumas coisas que escrevi...

tem uma boa discussão rolando em todo o mundo sobre redes públicas sem fio. A indústria quer forçar a barra com o WiMax, ultracontrolado e com foco em tirar dinheiro, mas a idéia do wi-fi comunitário continua. Uma coisa que tá começando a rolar são celulares com wi-fi. O iphone é um absurdo de incentivo ao consumismo, mas existem alternativas mais baratas (e discretas) como alguns da Nokia e da Samsung. Acho que a gente ainda nem começou a ver quanta transformação vem por aí...

A edição atual do ci-journal é sobre wireless. Ainda não li, mas ó só:

http://ci-journal.net/index.php/ciej/issue/current

(atualizando: reli esse trecho e pareceu que tudo que vem abaixo era parte do ci-journal. não é. eu é que mudei de assunto de maneira repentina, desculpem)

No Brasil, um dos grandes argumentos que se usa contra a idéia de redes abertas em ambiente urbano (afinal, as experiências que já rolaram, em Sud Menucci, Ouro Preto e Macaé, não têm a possibilidade de congestionamento que, digamos, São Paulo ou Campinas teriam) é a questão da conectividade, de que ia rolar um funil na conexão com a internet propriamente dita. Tem duas maneiras de contra-argumentar: a primeira é que existe rede pública em banda larguíssima por todo o país - a RNP tem fibra ótica por tudo que é lado e uma taxa de ociosidade de banda que chega a 90%. A outra eu conto como causo:

Lá em 2004, eu falei pra um tal de Dalton e seu seguidor Fejuada: vai rolar mês que vem o fórum internacional de Software Livre em Porto Alegre, e um pouco antes tem a DebConf, a conferência de Debian. Tem um inglês doido que mora em Manaus que tá organizando lá um painel sobre o Debian-NP, uma distribuição de Linux para ongs, e tá junto com o pessoal do Tactical Technology Collective. Ele falou que descola uns trezentos reais pra gasolina se a gente for. O Dalton, que gosta de uma boa estrada, topou, e lá fomos. A viagem em si teve suas complicações (quem quiser saber, acho que bloguei a respeito, posso procurar). Chegamos em Porto Alegre no SESC Campestre, e participamos de algumas conversas muito boas com ráqueres famosos de Debian. Durante o tal painel sobre Debian-NP, um argentino comentou que na cidade dele não chegava internet de jeito nenhum, e se a gente via alguma utilidade pra computadores sem internet. Deve ter sido o Dalton, mas eu gosto de dizer que fui eu que respondi que existia um enorme potencial não explorado de se criar redes wi-fi locais - qualquer Pentium II com Linux pode virar um servidor de intranet e hospedar blogs locais, rádio online e virtualmente qualquer outra coisa que se faz na internet, só que em âmbito local. A combinação LAMP - Linux, Apache, Mysql, PHP - é muito versátil. Mas enfim, a questão do "acesso à rede" costuma se limitar a conseguir acessar o UOL e o Orkut.

Alguns anos depois a gente chegou a conversar com um pessoal que tava querendo fazer um projeto wi-fi em sampa em um lugar que não tinha banda suficientemente larga pra oferecer internet pra 300 pessoas. Sugerimos a mesma coisa, vamos fazer um servidor local com um site social pras pessoas começarem a conversar com xs vizinhxs, e depois que despertar o interesse pode ser que a galera se junte pra rachar uma conexão à internet. Mas enfim, o projeto não foi pra frente... Eu há pouco elaborei um projeto ainda menos útil e mais experimental, brincando com umas questões de aprendizado e aproximação entre aprendizado de tecnologia e aprendizado mágico (no bom sentido, aquela coisa...) que juntava essa questão que em gringolês se chama "locative media". Ainda acho que tem muito a se desenvolver no que tange à utilidade de redes sem fio de alcance local... quem sabe umas experiências nesse sentido no PJ, hein?