Confesso que eu estava meio cético com o teaser do Opera, que prometia mudar a cara da internet com um lançamento hoje. Há algumas semanas eu tinha instalado um beta da versão 10, e apesar de gostar da rapidez, não tinha me convencido a deixar o firefox de lado. Nos últimos meses, acabei criando uma dependência da combinação xmarks + readitlater. Na verdade, tenho certeza que poderia usar o opera de forma bem parecida, mas a inércia falou mais alto.
Também tem o lance de o opera não ter o código aberto, o que não faz nenhuma diferença no meu uso cotidiano (já que eu não desenvolvo nada) mas me deixa um pouco mais afastado. Acho que também não gostei de alguma coisa na renderização de fontes, nem sei. Não tenho mais nem usado o opera mini no symbian, acho que pela chateação de ter que entender o que é o software unsigned pra permitir rodar coisas de dentro do browser.
Até que saiu hoje o lançamento do opera unite, que propõe que cada computador com um browser seja também um servidor, rodando diferentes serviços P2P. Isso ecoa não somente a conversas sobre P2P e compartilhamento transparente na finada lista metá:fora, mas também me faz pensar na clássica posição de Brecht de que cada receptor de rádio deveria também ser um emissor.
Hoje pela manhã, dpadua, capi, liquuid e outrxs já tuitavam sobre o lançamento, e assim que tive alguns minutos na frente do computador aproveitei pra baixar e instalar o opera. Precisei me lembrar da conta que tinha criado no my opera há alguns anos, e em questão de minutos já estava rodando um servidor web, compartilhando arquivos e fotos pelo unite. A configuração foi fantasticamente simples e rápida. Os serviços em si ainda são poucos, mas bem resolvidos. Mais do que isso, ele oferece subdomínios do serviço aos usuários. Assim, os serviços rodando no meu computador chamado ewa pode ser visto no domínio ewa.felipefonseca.operaunite.com, que é longo mas muito prático. Outros elementos que acho interessantes (e que também me fazem lembrar das conversas de livenodes com @dpadua) são os três níveis de privacidade - particular, amigxs ou público -, que traz um elemento social (mas ainda precisa incorporar melhor as redes sociais), e a aparente abertura a desenvolvedorxs de novos serviços.
É claro que o unite faz muito mais sentido pra quem passa o dia inteiro com a máquina online (o que em conexões instáveis como a que eu tenho em ubatuba pode ser complicado). Mas acho que é uma tendência natural, junto com toda a coisa de cloud computing. Eu não via muito sentido no servidor web móvel da nokia justamente pela questão da conectividade para celulares, mas em ambiente desktop faz um pouco mais de sentido.
Só de usar por meia hora já dá pra pensar em um monte de recursos que seriam úteis, mas de qualquer forma a visão e a iniciativa são em si louváveis e mudam qualitativamente as idéias que vêm por aí. Tem aí uma questão a levantar, que é depender de uma estrutura que é distribuída mas ainda centralizada como o DNS, que pode atrasar um pouco as coisas, mas talvez seja possível pensar em alternativas. Tenho certeza de que esse tipo de desenvolvimento, junto com sistemas como sistemas como o jolicloud e o moblin e esse monte de novos serviços aparecendo por aí, vão trazer mais uma onda de transformações no uso e apropriação das tecnologias. Palmas pro opera, que ousou tomar uma posição de apoio ao P2P, ao contrário da alienação normal em todos os browsers.