Anotações da semana passada em um pendrive atarefado:
Rotina da semana: escrever e-mail pra um monte de gente, estudar Deutsch alle Tage e ler Paulo Freire. Mais do que isso, comprei um laptop pelo ebay, bem barato porque velho e sem disco. Pra evitar ter que pagar os quarenta euros do HD IDE, peguei um Pendrive de 1Gb por dez pilas e fiquei ontem e hoje brincando de damn smal linux, "not" damn small linux e puppy. O puppy acabou com meu MP3 player, que tem agora evitado contato comigo. Instalei o DSL-N no pendrive, e estou agora escrevendo nele. O laptop tem teclado italiano, e mesmo configurando com pt_br e digitando sem olhar, eu perco todos os acentos. Resolvi tomar como maneira de exercitar um pouco a flexibilidade no escrever, fazer um post inteiro sem cedilhas acentos (entre as maravilhas da nossa lusofonia, acento se escreve sem acento e o mesmo se passa com a cedilha).
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Acabou que consegui configurar o teclado abnt2, e é só não olhar pras teclas que acaba quase tudo saindo certo. Bem versátil esse DSL-N mesmo. Pelo que entendi, ele, assim como o DSL, é baseado no knoppix. Mas a vantagem que ele tem é usar o kernel 2.6.12 e softwares com GTK, tipo Abiword (onde eu escrevo agora). O Seamonkey pra browser, email e chat também é uma boa. Ainda não consegui fazer minha wi-fi USB funcionar, e olha que ela roda com driver nativo, zd1211. Mas isso é trampo pra amanhã, hoje já fiquei feliz de ter uma máquina rodando um sistema dentro de um pendrive. Se funcionar wi-fi, e somando com um hub USB e meu disco externo de 40Gb, tenho um barato bem portátil pra usar o computador de qualquer amigo pelo mundo. Doido. Única merda é que o keymap abnt2 por cima do teclado italiano me escondeu barra de espaço e interrogação. Se pans vou ter que aprender a usar o xmodmap, saco.
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Minha placa wi-fi usa o zd1211, que tá disponível nativo a partir do kernel 2.6.18. O DSL-N usa o kernel 2.6.11. Consegui configurar ela com o ndiswrapper, mas depois disso a máquina já congelou uma vez, e isso acontecia direto por causa do ndiswrapper no giramundo. Vou ver se baixo o zd1211 do sourceforge e tento fazer funcionar aqui. Por enquanto, uso o ndiswrapper. Mas todas as redes da vizinhança são fechadas. Bando de gente chata.
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Acabou que descobri um cara que tinha compilado o zd1211
pro DSL normal, com kernel 2.4mesmo. Testei, insmod e ifconfig eth1 up
e iwconfig essid nomade mode Ad-hoc, tá rolando. Agora é o outro
computador que não tá segurando wi-fi por mais de um minuto no ubuntu,
vai entender. E achei no ebay uma fonera a preço de banana, deve chegar logo.
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Essa semana eu conheci por cima outro lugar doido, riesa efau, lugar perto da Banhof Mitte que tem uns cursos interessantes. Vou ver se me meto lá num workshop de colagem em setembro. Junto com o espaço dos cursos, eles têm uma galeria e um restaurante ou bar, parece que segunda a bier lá é 1,50. E semana que vem começa lá mesmo a programação de verão da Kunstakademie, a academia de arte. Bons workshops, mas tudo por volta de 200 euros, vou ficar de fora. No segundo Wochenende de agosto, parece que tem um workshop interessante de mundos virtuais controlados por interface de marionetes na Trans-media-akademie Hellerau, tô trocando e-mails com um dos manos do pico, se pans apareço lá.
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Fui trocar idéia com o mano da TMA. Eles são meio sozinhos aqui em Dresden mesmo, mas tocam umas coisas interessantes. Não fui ver, mas dizem que o espaço lá deles é maluco, foi o primeiro teatro do mundo que aboliu a separação entre palco e platéia. No fim do ano eles têm um festival chamado Cynetart, mais voltado pra brincadeiras de tecnologia com dança e corpos em movimento. Interessante pra tentar chamar uns aliados.
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Ainda a visitar em Dresden: faculdade de Filosofia da TU e a Biblioteca do estado.
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Bicicleta é um barato maluco. Na infância eu era mais cagão do que sou hoje - ou isso é só impressão mesmo. De qualquer forma, eu não andava de bicicleta, e o pretexto que me dava era ter sido atropelado por um ciclista na Redenção, também conhecida como parque Farroupilha, quando tinha uns cinco anos. Mentira, daquelas que demoram a passar. Minha bailarina foi me ensinar a montar uma bicicleta só quando eu tinha uns 22 anos. Então não vivi aquela fase que tanta gente tem, de se achar explorador do mundo montado num veículo flexível e rápido. O Mãos de Cavalo, do Galera, passa bem essa sensação. Tem sido bem divertido, pra falar o mínimo, correr pela cidade toda, conhecer caminhos novos, desviar das pessoas, prender o veículo em qualquer poste e sair andando. E tudo isso ouvindo rádio doida, noticiário em alemão que eu ainda não entendo, música clássica ou música brega desse país estranho.
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Continuo pilhado a escrever sobre MetaReciclagem. Tentando armar as condições pra isso.
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Doido de Paulo Freire é pensar que a MetaReciclagem se aproxima tanto dele que se a gente tivesse estudado de verdade antes de fazer até estragava. Autonomia. Dialógica-dialética. Essa história de ele não se alinhar ao marxismo linhadura e de privilegiar o diálogo como formação coletiva, como maneira de superar os paradoxos básicos - indivíduo e grupo ou consciência e mundo lembra bastante de algumas oficinas de MetaReciclagem que começam sem conteúdo específico e vão se desdobrando por brincadeiras e seguindo a curiosidade das pessoas. Lerei mais.
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Churrasco no parque com colegas da bailarina. Cerveja, salsicha, pizza, tentativa de comunicação em alemão. Já não fico quieto pedindo desculpas e tentando falar inglês. Aliás, a ciência comprova: variáveis isoladas - mesma pessoa fazendo a mesma pergunta pra mesma atendente de padaria, à mesma hora, e com certeza de que ela não te reconhece... perguntar "Do you speak english" faz a atendente de padaria te olhar feio e falar "a little bit", mas na real ela não fala não. Só que perguntar "Sprechen Sie English", a mesma pergunta só que em alemão, faz a pessoa se sentir envergonhada e dizer Leider, infelizmente, não falo e dar um sorriso amarelo e ser simpática por se sentir culpada ou envergonhada.
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E amanhã, sábado 28, deve começar o encontro mundial de vegetarianismo aqui na cidade.
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Sabadão, dando um tempo no Paulo Freire e folheando hoje o primeiro dos Mil Platôs. Sem compromisso de ler do começo ao fim, só saboreando páginas aleatórias.
