Mais um monte de notas perdidas no meu computador
Do Reconhecimento de Padrões:
- E você sabe usar uma chave de fenda também?
- Não saio de casa sem uma.
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Passamos alguns dias em Berlin. Cidade maluca, multicentro, aquela sensação de multicultura, bem mais que aqui. Doido que em Berlim eu não me sinto estrangeiro como em Dresden, São Paulo ou Porto Alegre. Voltas turísticas por lá, Zoo e mega-exposição de pinturas e esculturas francesas do metropolitan de NY. Fazer uso da carteira de estudante, um dos poucos bons resquícios de UAM. E também o outro lado, rolê em Kreuzberg, visita rápida à galeria Tacheles e café Zapata. Tageskarte, andar de metrô o dia inteiro, sem precisar pensar no destino. Dessa vez, evitei as bolhas nos pés por conta do tênis novo, enrolando os artelhos pequenos com esparadrapo, dica da minha bailarina. Apesar de toda a facilidade, o passeio serviu também pra me deixar feliz com Dresden por mais um motivo: se eu fosse pra Berlim, demoraria muito mais pra aprender alemão. É bem possível sobreviver por muito tempo lá só com um entschuldiegung, ich sprache nicht deutsch, ich bin brasilianer e um sorriso. Aqui as coisas não são tão fáceis, poucos falam inglês e quase ninguém entende línguas latinas. Brasil e futebol ainda aqui trazem simpatia, e olha que Pelé traz mais simpatia que Ronaldinho. Bastante gente dos quarenta pra cima fala russo, e se pans depois de alemão é mais uma língua pra eu brincar de bom dia por favor obrigado uma cerveja por favor.
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Terminei o Reconhecimento de Padrões. Um bom livro, ecoando forte nessa minha fase atual de estranhamento intercultural, mapeamento de terrenos e limites e de compreensão dos diferentes tipos de sorrisos. Fica um certo incômodo, principalmente comparando com o Neuromancer. O livro passa uma sensação de busca individual, de falta de mobilização, um certo fatalismo com o mercado e a publicidade e a hegemonização e toda essa merda. Dá pra tentar contextualizar, o Neuromancer tinha toda a onda de guerra fria e também o Japão aparecendo como ameaça à economia americana, e uma certa ética que tentava resistir com os rastas em Zion, uma alternativa construtiva nascendo. Nesse livro novo, sobra pouca esperança, o squat foi comprado pelo magnata mafioso, o hacker é um babaca (Cayce pergunta se ele é bom em engenharia social, mas na real ele tá aplicando o golpe é nela e no Bigend), a protagonista é publicitária e tem até um momento de consciência e arrependimento, mas o associa a jet lag ou cansaço. No agradecimento final do livro, Gibson dá a entender que foi difícil de escrever. Consigo entender. Mas quero acreditar que existe mais por aí do que a futilidade e o vazio. Ainda existem refúgios para quem não quer idolatrar o capital e viver uma vida de reflexos do sonho consumista. Ainda consigo chegar numa cidade das mais caretas da europa e descobrir um squat ali, uma rádio livre no outro quarteirão, e gente que prefere conhecer gente de fora do que assistir às sínteses folclóricas da National Geographic ou seus parentes. Posso até estar enganado, mas a fé não deve tanto à razão a ponto de me deixar abater.
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O fogão aqui tem quatro bocas com resistências elétricas. Em seis temperaturas. A 6 é quente que dá medo de derreter a panela. As outras ainda preciso aprender a usar. Já fiz umas coisinhas, mas a feijuca grudou no fundo da panela, e a frigideira já tem uma marca da vida. O forno tem topgrill, mas ainda não usei. A água quente não é elétrica, tem aquecimento central que deve ser junto com a calefação, imagino eu. Tomar banho é complicado, box pequeno e a nóia de não gastar muita água, que dizem ser bem cara. Molha um pouco, fecha a água, passa sabão, molha mais um pouco. As paredes não são paredes, são mais é divisórias com algum isolante térmico no meio. Eu queria pendurar a barra de flexão em uma porta, mas não rola porque as paredes não agüentam. A geladeira é pequena, mas tranqüila. O banheiro tem máquina de lavar roupa, e dois daqueles varais dobráveis já seguram a onda de secar tudo. A partir de vinte graus pra baixo, já dá pra usar o aquecimento, mas ainda não faço questão. Galera aqui meio neurótica com isso, já entrei em lugares com aquecimento em pleno verão. Todo apartamento tem direito a um porão no subsolo do prédio, pra juntar as coisas que no Brasil costumam ficar na "área de serviço". O Ap tem carpete por todo lado. A sacada é o máximo.
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Minha máquina de cortar cabelo é 110V e precisa de corrente demais pra funcionar com um transformador que eu possa pagar. Aparei as laterais da cabeça com uma máquina de aparar a barba, a pilha, que logo depois desistiu de funcionar. Como no resto meu cabelo tá maior, tô parecendo uma mistura de moicano com McGiver. McCano.
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Caixinhas de som, daquelas com um subwoofer fuleiro, por €1,99 na lojinha ali em cima. "No estado", sem garantia. Mau contato no falante esquerdo, mas um durepóxi resolve. Agora falta a impressora pros meus PDFs. Vi uma Samsung por €60, mas já sofri bastante com uma câmera Samsung... vou anotar o modelo e pesquisar na web, assim que tiver web aqui em casa.