* Um trecho de e-mail da lelex pra uma lista na semana passada:
tem um folclore no fsm que as edições realizadas em poa sempre atingiram seus objetivos por ser o Rio Grande do Sul um estado brasileiro onde o mundo se encontra, vive, produz, enfim, coisas do imaginário social mundial, mas de certa forma impressiona, quem já foi a suiça qdo chega em gramado tem a sensação de estar nos alpes, não só pela paisagem como pela gastronomia, clima, hábitos, costumes, assim como tbém na serra pode-se sentir na italia, ou alemanha, enfim... em nossas fronteiras estão os povos árabes, descendentes do mesmo povo que está sendo reprimido e expulso de suas terras na faixa de gaza... por aí já dá prá perceber que o povo gaucho vive da diversidade... nada de bairrismo, constatação... mas, como disse Oiticica "no brasil há fios soltos de possibilidades: por que não explorá-los?"* Uma tuitagem seguida de post do Luli.
* A mudança do Eduf pra Três Coroas.
* Um post do Idelber.
* A volta à blogagem do Cardoso.
* Há um pouco mais de tempo, o Estraviz foi pra tal conferência mundial de cidades em Porto Alegre e voltou elogiando os textos do Augusto de Franco.
Eu eu aqui pensando... o Luli falou em uma suposta maior civilidade gaúcha. Depende, tem várias perspectivas sobre isso. Porto Alegre é uma cidade pequena, com população relativamente estável - se não me falha a memória, o censo de 1980 indicava uma população de um milhão e pouco, e hoje em dia não passa de um milhão e meio (não acho que a população não cresça, mas tem esse fluxo constante de gaúchxs para o mundo). Gaúchxs têm (e cultivam) uma reputação de trabalhadorxs, competentes, aguerridxs, arrogantes e politizados. Também misto de fato e mito é a tal diversidade. Reza a lenda que uma das conseqüências da libertação de escravxs que lutaram na guerra dos farrapos, algumas décadas antes da abolição, é uma mais numerosa (mesmo que ainda pequena) classe média negra do que em outras capitais. Minha experiência confirma isso, mas de qualquer forma, minha amostragem pode ser viciada - eu cresci em escolas públicas em Porto Alegre. Outra história que li em algum lugar foi que o Rio Grande do Sul foi um dos pólos de desenvolvimento de religiões afro-brasileiras.
Mas acho que não dá pra exagerar. Eu lembro de bastante preconceito com sotaques de fora, com gente do interior, com gente de outros bairros, com gente de outros times, com pessoas de outras orientações sexuais. Porto Alegre tem bastante de europa sim, inclusive essa mistura de preconceito com disciplina e auto-elogio - "gaúcho é trabalhador, carioca é malandro, baiano é vagabundo, catarinense é burro, paulista é consumista, paranaense é indeciso, mineiro é preguiçoso" e por aí vai. Isso me incomoda, e bastante. A tal civilidade também não resiste muito pra quem tenta caminhar pelo bom fim à noite (no começo da minha adolescência eu fui assaltado algumas vezes por ali). E, como diz um comentário em algum desses posts, gaúchxs são bons de debate, mas na hora de fazer... tem um ceticismo ferrenho, ou outras prioridades, ou algum tipo de sabotagem, que inviabilizam muita coisa.
Na real, nem sei mais. Saí de lá ainda no milênio passado. Quero ver se passo um mês na província no segundo semestre, pra tentar entender de novo como anda aquela terra. Enquanto não rola, vou ouvindo o Vitor Ramil de novo.