Archive - Jun 3, 2008

Processos criativos

Há algumas semanas a revista Época publicou uma entrevista com o Geert Lovink. Ele fala algumas coisas que fazem sentido, mas tem uma frase que não desceu redondo:

ÉPOCA – Por que o senhor critica os defensores da liberdade de cópia na rede?
Lovink – Acho que devemos fornecer meios para que a próxima geração da web ganhe dinheiro com ela, possa viver de seu trabalho e de sua criação. O problema é que o pessoal do software livre só pensa em trocar livremente seus programas. Nunca imaginaram como profissionais criativos poderão sobreviver quando nos movermos para uma economia baseada na internet.

Conversei com algumas pessoas e percebi que não fui o único que não gostou dessa frase, de alguma forma. Até faz algum sentido, mas não deixa de denotar uma falta de sensibilidade com o contexto: um comentário como esse publicado em algum ambiente onde haja familiaridade com o software livre, copyleft ou até creative commons poderia cumprir bem a função de crítica, mas numa revista como a Época (mesmo que ela não seja das piores no que se refere a tecnologias) pode ser um tiro pela culatra, matando debates antes de eles chegarem a nascer. Troquei uma idéia por email com o Geert, falando da possibilidade de coexistência de vários modelos econômicos. Falei do tecnobrega no Pará, perguntei se ele assistiu ao Good Copy Bad Copy. Ele publicou a resposta no blog dele. Traduzindo:leia mais >>

Cat Power

Primeira vez que eu ouvi falar de Cat Power foi acho que em 99 ou 2000 numa coluna do Daniel Galera no COL. Na época fiquei curioso com a gringa desconhecida que tinha tocado num Garagem vazio, e como sempre gostei das recomendações musicais do Galera, fui atrás. Ela entrou desde então no meu playlist, e também repassei pra algumas pessoas especiais, entre elas minha cúmplice de vida. Semana passada, tivemos a chance de assistir à Cat Power ao vivo no Primavera Sound, aqui em Barcelona. Foi impressionante em alguns sentidos. Pelo que se conta, ela está saindo de uma fase de vida complicada. Estava com a voz fraca, sempre pedindo pro pessoal da mesa aumentar o volume do microfone. Teve um momento de atrito com a banda quando tentou continuar uma música e não a acompanharam. O show foi complicado, difícil de sair. Mas ela persistiu. No fim, não fez bis, mas voltou declarando repetidas vezes seu amor ao público (que era massivo) e distribuiu flores para quem estava mais próximo. Foi comovente. A gente tinha chegado cedo, estávamos na frente do palco. A sensação foi de ter participado de uma sessão de terapia coletiva para ela. Saímos satisfeitos, de qualquer maneira.

PS: Sim, também assistimos ao Portishead no Auditori. Mas nem vou comentar pra não dar inveja. Só pra dar o gostinho, gravei mysterons com o celular.

Usos das Tecnologias de Informação e Comunicação

P4olo Bruni avisou sobre uma série de reportagens no Jornal Nacional da Rede Globo sobre apropriação de tecnologias no Brasil. É complicado ter uma opinião definida - tem alguns exemplos interessantes ali no meio, mas um monte de clichês e preconceitos entremeados. Recomendo assistir, mas com a cautela de sempre.