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Florian Cramer publicou um belo artigo sobre pós-digital no APRJA (A Peer Reviewed Journal About). Com menos brilhantismo e mais confusão, eu escrevi neste blog aqui há dois anos e meio sobre o mesmo tema, já então dialogando com o livro que havia publicado alguns meses antes. O artigo de Cramer é interessante porque ataca de vários lados a contradição entre a relevância e o incômodo em se falar de "pós-digital". Se de um lado parece uma condição concreta, de uma certa superação do uso da ideia da digitalização enquanto diferenciação de construções obsoletas, de outro pode sugerir uma definição vazia justamente por colocar-se como etapa posterior de outra que está longe de se ver extinta.
Cramer soluciona em parte esta contradição entendendo o "pós" no sentido do pós-punk, de uma articulação que se situa como continuação ao mesmo tempo em que se diferencia de maneira essencial de seu referente. Para mim ainda faz sentido pensar no pós-digital como momento em que diversos mitos (a falsa oposição digital x analógico, por exemplo) são questionados. Para Cramer, o pós-digital é também a contraposição à "nova mídia". E propõe que a oposição real não seja entre "novas mídias" e "velhas mídias', mas entre "mídia DIY (faça-você-mesmo)" e "mídia corporativa".