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Lá em 2003, no meio de tudo-ao-mesmo-tempo que estava roland - MetaReciclagem tomando forma, experimentação toda semana no galpão, idéias brotando de tudo que é lado, eu comecei a conversar, primeiro por email e depois por telefone, com um indiano chamado Rajesh Jain. Conheci ele através do Emergic.org, blog sobre tecnologia, inovação e soluções de computação para países "em desenvolvimento". À época, ele escrevia bastante sobre a idéia de um computador de 100 dólares (antes desse corre todo do Mit), sobre redes TC-TS (iniciais em inglês pra "terminal leve - servidor parrudo"), sobre como o computador deveria ser visto como somente mais um eletrodoméstico, e um monte de outras idéias interessantes. Ele mantinha o hábito de blogar todo dia, várias vezes por dia. Ultimamente, achei difícil acompanhar o blog dele justamente por isso - lotava meu agregador de posts - e deixei um pouco de lado.
Mas voltando a 2003, a gente conversou bastante sobre tentar trazer pro Brasil algumas das coisas que ele andava fazendo com a sua Netcore: soluções de terminais leves pra usar computadores velhos. Nunca deu muito certo, mas só em saber que era viável flexibilizar daquela maneira o sistema operacional foi uma inspiração forte pra alguns dos nossos primeiros projetos, como os Autolabs e o CyberSocial. Serviu como inspiração também em outro sentido: na época, pensamos seriamente em levantar uma grana pra comprar lotes de computadores usados, remanufaturá-los com o pessoal que freqüentava os esporos, e depois deixar a molecada vender as máquinas pra levantar uma graninha. Só que parecia meio viagem a gente oferecer máquinas sem nada de infralógica. Aí bateu de fazer um site onde as pessoas tivessem um primeiro contato com a tecnologia, e de quebra já pudessem se articular em rede, conversar umas com as outras, re-conhecer os seres humanos que estavam por trás daquelas outras máquinas (e isso tudo antes de qualquer Orkut aparecer pra dominar o Brasil). Pensávamos em ter dois públicos - micro e pequenas empresas; e usuários domésticos. Para os usuários domésticos, apareceu de cara o nome do portal: Linganóis. Isso deu início ao site (história mais completa aqui), que duraria algum tempo e depois fecharia, mas serviria de base fundamental pra criar o que veio a ser o Conversê.
Rajesh Jain tem uma história doida. Ele fez um dos primeiros portais de internet da Índia, que vendeu em 1999 por 100 milhões de doletas. E aí em vez de se mudar pra Inglaterra ou Estados Unidos e passar o resto da vida apostando em Baseball ou Rugby, decidiu investir em criar maneiras de trazer mais gente pra Internt. E aí me acontece de estar no aeroporto segunda-feira, esperando minha irmã, que se atrasou. Fui esperar na revistaria. Olhei pra Newsweek e achei que a matéria de capa era sobre o laptop de 100 dólares. Comprei, 11 reais. Sò depois que abri a revista percebi que na real a matéria de capa era sobre uma empresa indiana chamada Novatium, que desenvolveu uma solução mista de hardware - um terminal leve - com uma infra de rede, em que todo o ambiente de trabalho roda no servidor. O computador custa mais ou menos cem dólares, e deve baixar pra setenta. Liga direto na TV ou em um monitor de computador, e não tem nenhum periférico. Mas a minha surpresa na real foi outra: logo na página três da revista, tava lá estampado o Rajesh, com uma criança no colo. E não é só lá. Tá rolando uma pusta cobertura de mídia. A matéria da Newsweek conta toda a história dele, mas se equivoca ao colocá-lo como competidor do laptop de 100 dólares. São soluções que não têm o mesmo objetivo, não deveriam ser justapostas desse jeito. A matéria também parece não ter entendido o que é software livre (fala de "free software from an open source company like Linux"). Talvez esteja usando o Rajesh pra fazer propaganda anti-pingüim, ou é só mal-informada mesmo (duvido!).
De qualquer forma, mando aqui meus parabéns ao Rajesh. Que esse tipo de idéia cresça cada vez mais.
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