efeefe - medialab prado http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/393/0 pt-br Cidades, coisas, pessoas http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidades-coisas-pessoas <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p><img alt="" src="/sites/ubalab.org/files/images/01capa(1).jpg" width="500" /></p> <p>Um número crescente de iniciativas ligadas à cultura livre, à mobilização em rede e à apropriação crítica de tecnologias têm se dedicado a refletir sobre a cidade como construção “hackeável”, e a propor maneiras de interferir nela. É um importante desdobramento que busca superar a oposição artificial entre “virtual” e “real”, e reabilitar a cidade como espaço primordial de disputa na busca de transformação efetiva.</p> <p>Mais do que lançar ideias soltas na rua, essas intervenções, projetos e articulações se propõem a interferir na própria construção da cidade enquanto infraestrutura coletiva. Dois anos atrás eu <a href="http://ubalab.org/blog/metareciclando-cidades-digitais" rel="nofollow" rel="nofollow">me perguntava</a> sobre o paralelo que via entre a maneira como a MetaReciclagem se aproxima das tecnologias de informação e o tipo de mudança que as redes colaborativas podem proporcionar às cidades. Hoje vejo muitas hipóteses sendo colocadas a prova.</p> <p>Um grupo heterogêneo que circula em torno da <a href="http://casadaculturadigital.com.br/" rel="nofollow" rel="nofollow">Casa de Cultura Digital</a>, em São Paulo, tem atuado em algumas dessas questões. O <a href="http://baixocentro.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Baixo Centro</a> vai além de simplesmente retratar digitalmente a cidade, e propõe uma retomada criativa e bem-humorada das ruas. O <a href="http://www.arteforadomuseu.com.br/" rel="nofollow" rel="nofollow">Arte Fora do Museu</a> dá visibilidade para expressão artística que de outro modo seria invisível, soterrada pela pressa, pelo anonimato e pela rotina da vida urbana. O <a href="http://www.onibushacker.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Ônibus Hacker</a> põe em prática uma ideia sonhada por vários coletivos ao longo dessa última década: um laboratório móvel que se arma onde quer que haja interesse e uma extensão de energia elétrica. Outros grupos e formações, como o <a href="http://labmovel.net/" rel="nofollow" rel="nofollow">Labmóvel</a>, também têm investigado essa relação entre a lógica colaborativa que emerge das redes digitais e o mundo lá fora. Assumindo uma vertente mais crítica, o <a href="https://cartografiasinsurgentes.wordpress.com/" rel="nofollow" rel="nofollow">Laboratório de Cartografias Insurgentes</a> buscou produzir “mapas políticos” que retratassem as remoções e despejos no Rio de Janeiro em decorrência dos megaeventos vindouros. Em comum entre todos esses projetos, a incorporação do espaço público como território compartilhado.</p> <p>Naturalmente, assuntos como mapeamento colaborativo têm pipocado por todos os cantos (eu mesmo já relatei o <a href="http://blog.redelabs.org/blog/labx-festival-culturadigitalbr" rel="nofollow" rel="nofollow">Labx</a>, que teve um eixo chamado “geografia experimental”, e algumas brincadeiras com mapeamento aéreo de baixo custo <a href="http://ubalab.org/blog/os-ceus-sobre-o-rio" rel="nofollow" rel="nofollow">nos céus do Rio de Janeiro</a>). Para quem se interessa especificamente por ferramentas e metodologias de mapeamento, estamos organizando (mais!) uma lista de discussão chamada <a href="https://lists.riseup.net/www/info/geolivre" rel="nofollow" rel="nofollow">geolivre</a>. Apareçam por lá.</p> <p>Do outro lado do Atlântico, o diálogo entre ruas e redes também é foco de atenção. Inspirado pelo <a href="https://es.wikipedia.org/wiki/Movimiento_15-M" rel="nofollow" rel="nofollow">Movimento 15M</a>, pela ideia de openness e pelas diversas iniciativas recentes de cartografia cidadã, o Medialab Prado organizou em Madrid a conferência “City Open Interface”. O mesmo Medialab Prado foi também responsável, junto com a <a href="http://sciencegallery.com/" rel="nofollow" rel="nofollow">Science Gallery</a>, pela realização na Irlanda do <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos12_dublin_hackear_la_ciudad_necesidades_actuales_y_futuras" rel="nofollow" rel="nofollow">Interactivos?’12 Dublin</a>, que reuniu projetos e ideias sobre “hackear a cidade”. O evento se propunha a desenvolver protótipos funcionais para mudar a relação das pessoas com o entorno urbano. É interessante perceber que os projetos selecionados têm uma pegada emergente, de baixo para cima. Ainda mais levando-se em conta que Dublin foi sede do <a href="http://medialabeurope.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Media Lab Europe</a>, uma espécie de sucursal do <a href="http://www.media.mit.edu/" rel="nofollow" rel="nofollow">Media Lab do MIT</a>. O encerramento do projeto em 2005 é usualmente interpretado como um fracasso na replicação de um modelo que funciona bem nos Estados Unidos, mas que não é necessariamente a resposta adequada para outras localidades (como eu já sugeria <a href="http://blog.redelabs.org/blog/laboratorios-de-midia-referencias" rel="nofollow" rel="nofollow">aqui</a>). Apesar do nome em comum, a proposta do Medialab Prado - na qual as tecnologias surgem como facilitadores para a construção coletiva das cidades - vai em direção oposta ao modo usual de agir do Media Lab do MIT (que acredita que um software de planejamento urbano pode ajudar a <a href="http://www.fastcoexist.com/1678493/mits-free-urban-planning-software-will-help-build-the-cities-of-the-future" rel="nofollow" rel="nofollow">construir as cidades do futuro</a>).</p> <p>Essa é uma diferença importante que surge entre a perspectiva dos laboratórios experimentais em rede e aquela dos laboratórios de mídia em um formato mais tradicional. Estes de certa forma distanciam-se da pulsação local, transformando-se em lugares alheios a seu entorno para se concentrar em soluções replicáveis a contextos diversos. Enquanto eu entendo essa forma de agir, acredito que ela não deveria ser a única possível. Já propus anteriormente que os labs experimentais podem se tornar <a href="http://blog.redelabs.org/blog/laboratorios-experimentais-interface-rede-rua" rel="nofollow" rel="nofollow">interfaces entre a rede e a rua</a>. Pode ser interessante então reconhecer algumas dinâmicas presentes na cidade enquanto construção coletiva, a fim de saber como melhor operar.</p> <p>Muitos ativistas da tecnologia livre (entre os quais humildemente me incluo) sofremos frequentemente de uma certa síndrome do novo mundo. Identificamos lógicas que funcionam na comunicação digital e logo queremos transpô-las para todas as áreas do conhecimento. É um impulso potente e muitas vezes criativo, mas que pode sofrer de uma superficialidade tremenda. A primeira observação que faço é que a questão urbana, as dinâmicas sociais e a infraestrutura de circulação vêm sendo estudadas há séculos. Suas dinâmicas, inclusive aquelas que se assemelham a pontos críticos da cultura digital - em especial a tensão entre controle e organicidade - já foram analisadas de forma bastante abrangente. Algumas boas ideias (e outras péssimas) foram testadas na prática com populações inteiras. Em vez de jogar na lata de lixo todo esse histórico, podemos buscar pontos de composição com ele - que podem inclusive nos ajudar a entender a própria tecnologia de uma forma diferente.</p> <p>Bernardo Gutiérrez, jornalista espanhol residente em São Paulo, escreveu recentemente sobre <a href="http://futuramedia.net/politica/cidades-copyleft" rel="nofollow" rel="nofollow">cidades e copyleft</a>, buscando paralelos entre um ensaio urbanístico de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Lefebvre" rel="nofollow" rel="nofollow">Henri Lefebvre</a> e uma compilação de escritos de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Matthew_Stallman" rel="nofollow" rel="nofollow">Richard Stallman</a>. Falando sobre assuntos distintos - respectivamente a cidade e o software -, ambos afirmam uma condição de realidade em construção, de obra inacabada, em relação à qual podemos assumir uma eterna possibilidade de interferência.</p> <p>É essa transitoriedade que sugere ser possível mexer nas cidades de modo análogo ao software. Mas essa analogia não deve ser interpretada de maneira absoluta. O que interessa aqui é justamente a abertura à modificação, e não uma redução da realidade cotidiana a meros sistemas informacionais. Por mais que a cidade possa ser modificada de forma parecida com o software livre, ela em si não é simplesmente uma descrição digital abstrata. A série de documentários “All Watched Over By Machines of Loving Grace”, produzida por Adam Curtis para a BBC (e disponível para <a href="http://archive.org/details/AdamCurtis-AllWatchedOverByMachinesOfLovingGrace" rel="nofollow" rel="nofollow">download no Archive.org</a>) mostra a influência que as teorias da cibernética adquiriram ao longo da segunda metade do século XX. Dá exemplos dos efeitos nefastos decorrentes da utilização em larga escala de princípios da cibernética para o dia a dia da administração da economia, da política e da sociedade. Para funcionar, esses princípios supõem a redução de toda ação humana, todo fenômeno natural, toda a realidade à nossa volta, a uma representação matemática. Mas a sociedade não cabe em um modelo matemático. Ela não é o mero circuito de circulação, comércio e “entretenimento” (seja lá o que isso for). Ela é, isso sim, lugar privilegiado da contradição, onde intimidade e anonimato estão lado a lado, onde harmonia e hostilidade podem ser esperadas a todo momento, onde precariedade e oportunidades se chocam.</p> <p>Merece atenção especial o discurso de “cidades inteligentes” atualmente em construção, alimentado por interesses poderosos inspirados nessa visão simplista da cidade. É assustador perceber a total ignorância que os representantes da indústria têm sobre o tipo de ameaça que essas tecnologias trazem para futuros menos iluminados. Sistemas de controle podem parecer uma boa ideia, mas se caírem em mãos erradas podem ter consequências desastrosas. Mais assustador ainda é ver como são bem relacionadas essas pessoas. Vendem projetos milionários para administrações municipais, que as implementam de cima para baixo, mais uma vez ignorando totalmente a complexidade de implicações que esses projetos têm na sociedade. Não fazem ideia de como realmente se dão os fluxos dentro das cidades (que para Adam Greenfield já <a href="http://urbanscale.org/news/2012/03/06/week-61-spontaneous-order-and-value-from-the-bottom-up/" rel="nofollow" rel="nofollow">são inteligentes em si mesmas</a>, independente de dispositivos interconectados).</p> <p>Juan Freire lidera o grupo de trabalho “<a href="http://nomada.blogs.com/jfreire/2012/01/ciudad-procomun.html" rel="nofollow" rel="nofollow">Ciudad e Procomún</a>” do Medialab Prado, que propõe “uma resposta crítica e construtiva ao modelo de cidades inteligentes”. Entre suas preocupações está a disseminação de vários tipos de sensores interconectados e controlados pela administração pública para monitorar em tempo real a vida urbana (a tal “internet das coisas” muito oportunamente questionada pelo <a href="http://www.theinternetofthings.eu/" rel="nofollow" rel="nofollow">IOT Council</a>). Freire afirma que o problema desse tipo de urbanismo não é a tecnologia, mas a reiteração de um modelo de cidade centralizada e hierárquica.</p> <p>Escrevendo sobre “<a href="http://andrelemos.info/2012/05/a-cidade-da-internet-das-coisas/" rel="nofollow" rel="nofollow">a cidade da internet das coisas</a>”, André Lemos afirma que pensar sobre tecnologia para cidades não se trata somente de automatizar a comunicação entre objetos informacionais para aumentar a eficiência do dia a dia, mas também de “produzir novos discursos, novas narrativas sobre o urbano (do se perder, de serendipidade, do ficar invisível aos sistemas de detecção, de ressaltar ruídos e padrões que escapem da utilidade estreita).” A cidade não pode ser administrada como uma partida de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/SimCity" rel="nofollow" rel="nofollow">SimCity</a>. Infelizmente, isso é justamente o que o impulso pelo controle acaba gerando. Um vídeo da Globo News incorporado no artigo de Lemos retrata a demonstração que o prefeito do Rio faz de seu mais novo videogame, digo, Centro de Operações. Ao longo da reportagem, eu tive a sombria impressão de assistir a uma cena de flashback de algum filme de ficção distópica - aquela cena em que o filme volta no tempo para mostrar quais foram os fatos que acabaram levando a um futuro indesejável. O vídeo está disponível, por enquanto, aqui:</p> <p></p> <p>Essa gramática do controle, sobre a qual já <a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres" rel="nofollow" rel="nofollow">escrevi anteriormente</a>, baseia-se justamente na redução da cidade ao modelo cibernético. É justamente esse ponto cego em relação à complexidade da política cotidiana - política aqui entendida como arte da vida coletiva, em sociedade - que escapa às mais bem intencionadas tentativas de diretamente transpor lógicas típicas das redes digitais para o espaço urbano.</p> <p>No começo desse ano eu acompanhei a certa distância algumas das discussões sobre transparência e controle social da administração pública. Grande parte do que se propõe nesse tema em âmbito municipal trata somente de dados de execução orçamentária - divulgando quanto a prefeitura gastou com cada área de administração. Poucos envolvidos chegam a refletir sobre abrir todo o processo burocrático não somente aos olhos da população, mas também à cabeça ou mesmo aos braços dela. Em outras palavras, o cidadão só pode assistir enquanto a prefeitura gasta o dinheiro - não é chamado a dividir a responsabilidade pelas decisões e em nenhum momento é convidado a ajudar na prática. Mesmo que eu tenha disposição, tempo, conhecimento e ferramentas para ajudar no jardinamento da praça ao lado da minha casa, não sou autorizado a fazê-lo, para não atrapalhar o funcionamento da máquina burocrática para a qual não passo de um número.</p> <p>Nas redes e nos grupos que discutem essas coisas, costumamos porpor um tipo de relação que se opõe à submissão da sociedade ao funcionamento das novas tecnologias. Acreditamos que, pelo contrário, as tecnologias é que deveriam ser adaptadas para ajudar a construir uma sociedade mais participativa, harmoniosa, aberta à diversidade e justa. Para isso, é preciso ter bem claro que a mera digitalização, interconexão e circulação de informação sobre o espaço urbano não vai criar a cidade que queremos. Na verdade, se essa captura e gerenciamento de informação se presta a fins de controle, enquadramento e exclusão, ela está indo justamente no caminho contrário. Antes uma cidade desconectada do que uma cidade conectada a uma central de controle autoritária!</p> <p>2012 é ano de eleições municipais. É uma época crucial. Em muitas cidades de todos os portes, os assuntos “cidade digital” e “cidade inteligente” têm ganhado espaço nas campanhas eleitorais. Além disso, o cenário de esvaziamento conceitual nas políticas públicas federais de acesso à tecnologia nos puxa de volta para o local como espaço legítimo de disputa de visões de mundo. Nos últimos dois anos, perdemos muito espaço a partir da imposição de uma lógica mercantilista à visão antropológica que o Ministério da Cultura previamente liderava. Da mesma forma, ganha espaço em Brasília a retórica simplista das “cidades digitais” - que dá importância muito maior à criação de redes wi-fi municipais que oferecem acesso doméstico privado do que a espaços comunitários que proporcionem vivência, troca, experimentação e aprendizado mútuo. Não podemos deixar que essa tendência se torne hegemônica.</p> <p>Para a grande maioria das pessoas que leem esse artigo, a cidade é uma realidade inescapável. Está logo ali, atravessando a porta. Ela pode parecer opressora, perigosa, impossível de mudar. Mas é só começar a procurar pra descobrir que tem mais um monte de gente tentando. Como fazer pra encontrar essas pessoas? Use as redes!</p> <p>Este artigo foi escrito com o apoio do Centro Cultural da Espanha em São Paulo.</p> <p>PS eu havia incluído o vídeo errado do prefeito do Rio. Fiz a correção acima.</p><a href="http://ubalab.org/blog/cidades-coisas-pessoas" title="Cidades, coisas, pessoas" lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Um n&uacute;mero crescente de iniciativas ligadas &agrave; cultura livre, &agrave; mobiliza&ccedil;&atilde;o em rede e &agrave; apropria&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica de tecnologias t&ecirc;m se dedicado a refletir sobre a cidade como constru&ccedil;&atilde;o &ldquo;hacke&aacute;vel&rdquo;, e a propor maneiras de interferir nela. &Eacute; um importante desdobramento que busca superar a oposi&ccedil;&atilde;o artificial entre &ldquo;virtual&rdquo; e &ldquo;real&rdquo;, e reabilitar a cidade como espa&ccedil;o primordial de disputa na busca de transforma&ccedil;&atilde;o efetiva.Mais do que lan&ccedil;ar ideias soltas na rua, essas interven&ccedil;&otilde;es, projetos e articula&ccedil;&otilde;es se prop&otilde;em a interferir na pr&oacute;pria constru&ccedil;&atilde;o da cidade enquanto infraestrutura coletiva. Dois anos atr&aacute;s eu me perguntava sobre o paralelo que via entre a maneira como a MetaReciclagem se aproxima das tecnologias de informa&ccedil;&atilde;o e o tipo de mudan&ccedil;a que as redes colaborativas podem proporcionar &agrave;s cidades. Hoje vejo muitas hip&oacute;teses sendo colocadas a prova.Um grupo heterog&ecirc;neo que circula em torno da Casa de Cultura Digital, em S&atilde;o Paulo, tem atuado em algumas dessas quest&otilde;es. O Baixo Centro vai al&eacute;m de simplesmente retratar digitalmente a cidade, e prop&otilde;e uma retomada criativa e bem-humorada das ruas. O Arte Fora do Museu d&aacute; visibilidade para express&atilde;o art&iacute;stica que de outro modo seria invis&iacute;vel, soterrada pela pressa, pelo anonimato e pela rotina da vida urbana. O &Ocirc;nibus Hacker p&otilde;e em pr&aacute;tica uma ideia sonhada por v&aacute;rios coletivos ao longo dessa &uacute;ltima d&eacute;cada: um laborat&oacute;rio m&oacute;vel que se arma onde quer que haja interesse e uma extens&atilde;o de energia el&eacute;trica. Outros grupos e forma&ccedil;&otilde;es, como o Labm&oacute;vel, tamb&eacute;m t&ecirc;m investigado essa rela&ccedil;&atilde;o entre a l&oacute;gica colaborativa que emerge das redes digitais e o mundo l&aacute; fora. Assumindo uma vertente mais cr&iacute;tica, o Laborat&oacute;rio de Cartografias Insurgentes buscou produzir &ldquo;mapas pol&iacute;ticos&rdquo; que retratassem as remo&ccedil;&otilde;es e despejos no Rio de Janeiro em decorr&ecirc;ncia dos megaeventos vindouros. Em comum entre todos esses projetos, a incorpora&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o p&uacute;blico como territ&oacute;rio compartilhado.Naturalmente, assuntos como mapeamento colaborativo t&ecirc;m pipocado por todos os cantos (eu mesmo j&aacute; relatei o Labx, que teve um eixo chamado &ldquo;geografia experimental&rdquo;, e algumas brincadeiras com mapeamento a&eacute;reo de baixo custo nos c&eacute;us do Rio de Janeiro). Para quem se interessa especificamente por ferramentas e metodologias de mapeamento, estamos organizando (mais!) uma lista de discuss&atilde;o chamada geolivre. Apare&ccedil;am por l&aacute;.Do outro lado do Atl&acirc;ntico, o di&aacute;logo entre ruas e redes tamb&eacute;m &eacute; foco de aten&ccedil;&atilde;o. Inspirado pelo Movimento 15M, pela ideia de openness e pelas diversas iniciativas recentes de cartografia cidad&atilde;, o Medialab Prado organizou em Madrid a confer&ecirc;ncia &ldquo;City Open Interface&rdquo;. O mesmo Medialab Prado foi tamb&eacute;m respons&aacute;vel, junto com a Science Gallery, pela realiza&ccedil;&atilde;o na Irlanda do Interactivos?&rsquo;12 Dublin, que reuniu projetos e ideias sobre &ldquo;hackear a cidade&rdquo;. O evento se propunha a desenvolver prot&oacute;tipos funcionais para mudar a rela&ccedil;&atilde;o das pessoas com o entorno urbano. &Eacute; interessante perceber que os projetos selecionados t&ecirc;m uma pegada emergente, de baixo para cima. Ainda mais levando-se em conta que Dublin foi sede do Media Lab Europe, uma esp&eacute;cie de sucursal do Media Lab do MIT. O encerramento do projeto em 2005 &eacute; usualmente interpretado como um fracasso na replica&ccedil;&atilde;o de um modelo que funciona bem nos Estados Unidos, mas que n&atilde;o &eacute; necessariamente a resposta adequada para outras localidades (como eu j&aacute; sugeria aqui). Apesar do nome em comum, a proposta do Medialab Prado - na qual as tecnologias surgem como facilitadores para a constru&ccedil;&atilde;o coletiva das cidades - vai em dire&ccedil;&atilde;o oposta ao modo usual de agir do Media Lab do MIT (que acredita que um software de planejamento urbano pode ajudar a construir as cidades do futuro).Essa &eacute; uma diferen&ccedil;a importante que surge entre a perspectiva dos laborat&oacute;rios experimentais em rede e aquela dos laborat&oacute;rios de m&iacute;dia em um formato mais tradicional. Estes de certa forma distanciam-se da pulsa&ccedil;&atilde;o local, transformando-se em lugares alheios a seu entorno para se concentrar em solu&ccedil;&otilde;es replic&aacute;veis a contextos diversos. Enquanto eu entendo essa forma de agir, acredito que ela n&atilde;o deveria ser a &uacute;nica poss&iacute;vel. J&aacute; propus anteriormente que os labs experimentais podem se tornar interfaces entre a rede e a rua. Pode ser interessante ent&atilde;o reconhecer algumas din&acirc;micas presentes na cidade enquanto constru&ccedil;&atilde;o coletiva, a fim de saber como melhor operar.Muitos ativistas da tecnologia livre (entre os quais humildemente me incluo) sofremos frequentemente de uma certa s&iacute;ndrome do novo mundo. Identificamos l&oacute;gicas que funcionam na comunica&ccedil;&atilde;o digital e logo queremos transp&ocirc;-las para todas as &aacute;reas do conhecimento. &Eacute; um impulso potente e muitas vezes criativo, mas que pode sofrer de uma superficialidade tremenda. A primeira observa&ccedil;&atilde;o que fa&ccedil;o &eacute; que a quest&atilde;o urbana, as din&acirc;micas sociais e a infraestrutura de circula&ccedil;&atilde;o v&ecirc;m sendo estudadas h&aacute; s&eacute;culos. Suas din&acirc;micas, inclusive aquelas que se assemelham a pontos cr&iacute;ticos da cultura digital - em especial a tens&atilde;o entre controle e organicidade - j&aacute; foram analisadas de forma bastante abrangente. Algumas boas ideias (e outras p&eacute;ssimas) foram testadas na pr&aacute;tica com popula&ccedil;&otilde;es inteiras. Em vez de jogar na lata de lixo todo esse hist&oacute;rico, podemos buscar pontos de composi&ccedil;&atilde;o com ele - que podem inclusive nos ajudar a entender a pr&oacute;pria tecnologia de uma forma diferente.Bernardo Guti&eacute;rrez, jornalista espanhol residente em S&atilde;o Paulo, escreveu recentemente sobre cidades e copyleft, buscando paralelos entre um ensaio urban&iacute;stico de Henri Lefebvre e uma compila&ccedil;&atilde;o de escritos de Richard Stallman. Falando sobre assuntos distintos - respectivamente a cidade e o software -, ambos afirmam uma condi&ccedil;&atilde;o de realidade em constru&ccedil;&atilde;o, de obra inacabada, em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; qual podemos assumir uma eterna possibilidade de interfer&ecirc;ncia.&Eacute; essa transitoriedade que sugere ser poss&iacute;vel mexer nas cidades de modo an&aacute;logo ao software. Mas essa analogia n&atilde;o deve ser interpretada de maneira absoluta. O que interessa aqui &eacute; justamente a abertura &agrave; modifica&ccedil;&atilde;o, e n&atilde;o uma redu&ccedil;&atilde;o da realidade cotidiana a meros sistemas informacionais. Por mais que a cidade possa ser modificada de forma parecida com o software livre, ela em si n&atilde;o &eacute; simplesmente uma descri&ccedil;&atilde;o digital abstrata. A s&eacute;rie de document&aacute;rios &ldquo;All Watched Over By Machines of Loving Grace&rdquo;, produzida por Adam Curtis para a BBC (e dispon&iacute;vel para download no Archive.org) mostra a influ&ecirc;ncia que as teorias da cibern&eacute;tica adquiriram ao longo da segunda metade do s&eacute;culo XX. D&aacute; exemplos dos efeitos nefastos decorrentes da utiliza&ccedil;&atilde;o em larga escala de princ&iacute;pios da cibern&eacute;tica para o dia a dia da administra&ccedil;&atilde;o da economia, da pol&iacute;tica e da sociedade. Para funcionar, esses princ&iacute;pios sup&otilde;em a redu&ccedil;&atilde;o de toda a&ccedil;&atilde;o humana, todo fen&ocirc;meno natural, toda a realidade &agrave; nossa volta, a uma representa&ccedil;&atilde;o matem&aacute;tica. Mas a sociedade n&atilde;o cabe em um modelo matem&aacute;tico. Ela n&atilde;o &eacute; o mero circuito de circula&ccedil;&atilde;o, com&eacute;rcio e &ldquo;entretenimento&rdquo; (seja l&aacute; o que isso for). Ela &eacute;, isso sim, lugar privilegiado da contradi&ccedil;&atilde;o, onde intimidade e anonimato est&atilde;o lado a lado, onde harmonia e hostilidade podem ser esperadas a todo momento, onde precariedade e oportunidades se chocam.Merece aten&ccedil;&atilde;o especial o discurso de &ldquo;cidades inteligentes&rdquo; atualmente em constru&ccedil;&atilde;o, alimentado por interesses poderosos inspirados nessa vis&atilde;o simplista da cidade. &Eacute; assustador perceber a total ignor&acirc;ncia que os representantes da ind&uacute;stria t&ecirc;m sobre o tipo de amea&ccedil;a que essas tecnologias trazem para futuros menos iluminados. Sistemas de controle podem parecer uma boa ideia, mas se ca&iacute;rem em m&atilde;os erradas podem ter consequ&ecirc;ncias desastrosas. Mais assustador ainda &eacute; ver como s&atilde;o bem relacionadas essas pessoas. Vendem projetos milion&aacute;rios para administra&ccedil;&otilde;es municipais, que as implementam de cima para baixo, mais uma vez ignorando totalmente a complexidade de implica&ccedil;&otilde;es que esses projetos t&ecirc;m na sociedade. N&atilde;o fazem ideia de como realmente se d&atilde;o os fluxos dentro das cidades (que para Adam Greenfield j&aacute; s&atilde;o inteligentes em si mesmas, independente de dispositivos interconectados).Juan Freire lidera o grupo de trabalho &ldquo;Ciudad e Procom&uacute;n&rdquo; do Medialab Prado, que prop&otilde;e &ldquo;uma resposta cr&iacute;tica e construtiva ao modelo de cidades inteligentes&rdquo;. Entre suas preocupa&ccedil;&otilde;es est&aacute; a dissemina&ccedil;&atilde;o de v&aacute;rios tipos de sensores interconectados e controlados pela administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica para monitorar em tempo real a vida urbana (a tal &ldquo;internet das coisas&rdquo; muito oportunamente questionada pelo IOT Council). Freire afirma que o problema desse tipo de urbanismo n&atilde;o &eacute; a tecnologia, mas a reitera&ccedil;&atilde;o de um modelo de cidade centralizada e hier&aacute;rquica.Escrevendo sobre &ldquo;a cidade da internet das coisas&rdquo;, Andr&eacute; Lemos afirma que pensar sobre tecnologia para cidades n&atilde;o se trata somente de automatizar a comunica&ccedil;&atilde;o entre objetos informacionais para aumentar a efici&ecirc;ncia do dia a dia, mas tamb&eacute;m de &ldquo;produzir novos discursos, novas narrativas sobre o urbano (do se perder, de serendipidade, do ficar invis&iacute;vel aos sistemas de detec&ccedil;&atilde;o, de ressaltar ru&iacute;dos e padr&otilde;es que escapem da utilidade estreita).&rdquo; A cidade n&atilde;o pode ser administrada como uma partida de SimCity. Infelizmente, isso &eacute; justamente o que o impulso pelo controle acaba gerando. Um v&iacute;deo da Globo News incorporado no artigo de Lemos retrata a demonstra&ccedil;&atilde;o que o prefeito do Rio faz de seu mais novo videogame, digo, Centro de Opera&ccedil;&otilde;es. Ao longo da reportagem, eu tive a sombria impress&atilde;o de assistir a uma cena de flashback de algum filme de fic&ccedil;&atilde;o dist&oacute;pica - aquela cena em que o filme volta no tempo para mostrar quais foram os fatos que acabaram levando a um futuro indesej&aacute;vel. O v&iacute;deo est&aacute; dispon&iacute;vel, por enquanto, aqui:Essa gram&aacute;tica do controle, sobre a qual j&aacute; escrevi anteriormente, baseia-se justamente na redu&ccedil;&atilde;o da cidade ao modelo cibern&eacute;tico. &Eacute; justamente esse ponto cego em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; complexidade da pol&iacute;tica cotidiana - pol&iacute;tica aqui entendida como arte da vida coletiva, em sociedade - que escapa &agrave;s mais bem intencionadas tentativas de diretamente transpor l&oacute;gicas t&iacute;picas das redes digitais para o espa&ccedil;o urbano.No come&ccedil;o desse ano eu acompanhei a certa dist&acirc;ncia algumas das discuss&otilde;es sobre transpar&ecirc;ncia e controle social da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica. Grande parte do que se prop&otilde;e nesse tema em &acirc;mbito municipal trata somente de dados de execu&ccedil;&atilde;o or&ccedil;ament&aacute;ria - divulgando quanto a prefeitura gastou com cada &aacute;rea de administra&ccedil;&atilde;o. Poucos envolvidos chegam a refletir sobre abrir todo o processo burocr&aacute;tico n&atilde;o somente aos olhos da popula&ccedil;&atilde;o, mas tamb&eacute;m &agrave; cabe&ccedil;a ou mesmo aos bra&ccedil;os dela. Em outras palavras, o cidad&atilde;o s&oacute; pode assistir enquanto a prefeitura gasta o dinheiro - n&atilde;o &eacute; chamado a dividir a responsabilidade pelas decis&otilde;es e em nenhum momento &eacute; convidado a ajudar na pr&aacute;tica. Mesmo que eu tenha disposi&ccedil;&atilde;o, tempo, conhecimento e ferramentas para ajudar no jardinamento da pra&ccedil;a ao lado da minha casa, n&atilde;o sou autorizado a faz&ecirc;-lo, para n&atilde;o atrapalhar o funcionamento da m&aacute;quina burocr&aacute;tica para a qual n&atilde;o passo de um n&uacute;mero.Nas redes e nos grupos que discutem essas coisas, costumamos porpor um tipo de rela&ccedil;&atilde;o que se op&otilde;e &agrave; submiss&atilde;o da sociedade ao funcionamento das novas tecnologias. Acreditamos que, pelo contr&aacute;rio, as tecnologias &eacute; que deveriam ser adaptadas para ajudar a construir uma sociedade mais participativa, harmoniosa, aberta &agrave; diversidade e justa. Para isso, &eacute; preciso ter bem claro que a mera digitaliza&ccedil;&atilde;o, interconex&atilde;o e circula&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o sobre o espa&ccedil;o urbano n&atilde;o vai criar a cidade que queremos. Na verdade, se essa captura e gerenciamento de informa&ccedil;&atilde;o se presta a fins de controle, enquadramento e exclus&atilde;o, ela est&aacute; indo justamente no caminho contr&aacute;rio. Antes uma cidade desconectada do que uma cidade conectada a uma central de controle autorit&aacute;ria!2012 &eacute; ano de elei&ccedil;&otilde;es municipais. &Eacute; uma &eacute;poca crucial. Em muitas cidades de todos os portes, os assuntos &ldquo;cidade digital&rdquo; e &ldquo;cidade inteligente&rdquo; t&ecirc;m ganhado espa&ccedil;o nas campanhas eleitorais. Al&eacute;m disso, o cen&aacute;rio de esvaziamento conceitual nas pol&iacute;ticas p&uacute;blicas federais de acesso &agrave; tecnologia nos puxa de volta para o local como espa&ccedil;o leg&iacute;timo de disputa de vis&otilde;es de mundo. Nos &uacute;ltimos dois anos, perdemos muito espa&ccedil;o a partir da imposi&ccedil;&atilde;o de uma l&oacute;gica mercantilista &agrave; vis&atilde;o antropol&oacute;gica que o Minist&eacute;rio da Cultura previamente liderava. Da mesma forma, ganha espa&ccedil;o em Bras&iacute;lia a ret&oacute;rica simplista das &ldquo;cidades digitais&rdquo; - que d&aacute; import&acirc;ncia muito maior &agrave; cria&ccedil;&atilde;o de redes wi-fi municipais que oferecem acesso dom&eacute;stico privado do que a espa&ccedil;os comunit&aacute;rios que proporcionem viv&ecirc;ncia, troca, experimenta&ccedil;&atilde;o e aprendizado m&uacute;tuo. N&atilde;o podemos deixar que essa tend&ecirc;ncia se torne hegem&ocirc;nica.Para a grande maioria das pessoas que leem esse artigo, a cidade &eacute; uma realidade inescap&aacute;vel. Est&aacute; logo ali, atravessando a porta. Ela pode parecer opressora, perigosa, imposs&iacute;vel de mudar. Mas &eacute; s&oacute; come&ccedil;ar a procurar pra descobrir que tem mais um monte de gente tentando. Como fazer pra encontrar essas pessoas? Use as redes!Este artigo foi escrito com o apoio do Centro Cultural da Espanha em S&atilde;o Paulo.PS eu havia inclu&iacute;do o v&iacute;deo errado do prefeito do Rio. Fiz a corre&ccedil;&atilde;o acima.</a> blogs cidade feeds internet das coisas iot medialab prado projetos ubalab ubatuba urbe Sat, 04 Aug 2012 03:30:19 +0000 felipefonseca 12694 at http://efeefe.no-ip.org Labtolab - dia a dia http://efeefe.no-ip.org/agregando/labtolab-dia-a-dia <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Estive em Madrid em Junho para participar do <a href="http://www.labtolab.org" rel="nofollow">Labtolab</a>, encontro de medialabs europeus (com muitos convidados latinoamericanos). Comecei a contar as prévias e a viagem <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/labtolab-previas-e-chegada" rel="nofollow">aqui</a>. Esse post é um relato do que rolou durante a semana que estive por lá. Ainda quero escrever outro com minhas reflexões sobre o processo.<br /> <img alt="Pantalla Digital" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1194/4722575617_0677dc87c8_m_d.jpg" />No começo da tarde da segunda-feira, caminhei até a Plaza de las Letras. O Medialab Prado fica atualmente no subsolo da praça, com janelas viradas para uma rampa de acesso. Em um dos cantos da praça, uma tela digital gigantesca decora a parede do que virá a ser a nova sede do Medialab, com instalações quatro ou vezes maiores do que hoje em dia.<br /> Descendo a rampa, já vi a programação do mês estampada na janela em letras adesivas, um detalhe sutil que mostra a preocupação do Medialab em ter uma interface pública, em vez de fechar-se no próprio umbigo. Em frente à escada que dá acesso ao subsolo, mais uma tela onde sempre está rodando alguma obra interativa. Abri a pesada porta. Logo na entrada, um monte de armários de tela com equipamentos e materiais, à esquerda. No lado oposto, o balcão de recepção, com material da programação corrente.<br /> <img alt="Programação Medialab Prado" src="http://farm2.static.flickr.com/1106/4723248082_6020dcf2a4_d.jpg" /><br /> A área principal do Medialab estava montada como auditório. As cadeiras, então voltadas para o fundo, geralmente ficam dobradas e penduradas em uma estrutura de aramados na parede. Tudo muito móvel, mas bem prático e organizado. Ao longo da parede direita, uma fileira de bancadas com uns poucos computadores para quem quiser usar. Do lado esquerdo, a impressora 3D montada durante um workshop do pessoal do <a href="http://makerbot.com" rel="nofollow">Makerbot</a>.<br /> <img alt="Makerbot montada" src="http://farm2.static.flickr.com/1168/4722600363_194ea83876_d.jpg" /><br /> O labtolab começou com uma apresentação geral do evento por Marcos Garcia. Comentou sobre o intercâmbio de modos de produção, a meu ver tão importante quanto a circulação da produção em si. Em seguida, se apresentaram pessoas dos laboratórios que organizavam o encontro. Gente de Nantes (<a href="http://home.crealab.info/" rel="nofollow">Crealab</a>), Bruxelas (<a href="http://www.constantvzw.org/site/" rel="nofollow">Constant</a>), Budapeste (<a href="http://kitchenbudapest.hu/" rel="nofollow">Kitchen Budapest</a>), Londres (<a href="http://area10.info" rel="nofollow">Area10</a>) e do próprio Medialab Prado. Também conheci pessoal de Lima (<a href="http://escuelab.org" rel="nofollow">Escuelab</a>), Córdoba (<a href="http://www.modular.org.ar/nos.html" rel="nofollow">Modular</a>), Tijuana (<a href="http://protolab.ws" rel="nofollow">Protolab</a>), Buenos Aires (<a href="http://www.cceba.org.ar/v2/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=6&Itemid=57" rel="nofollow">CCE</a>), Lisboa (<a href="http://culturalivre.eu/" rel="nofollow">Cultura Livre Associação</a>) e mais <a href="http://www.labtolab.org/~labtolab/wiki/index.php/Medialab-Prado_Meeting#List_of_participants_.28provisional.29" rel="nofollow">um monte de gente</a>. Muitas visões aproximadas mas com uma grande diversidade de métodos, perspectivas e atuação. Também conheci finalmente o pessoal do <a href="http://marginaliaproject.com/lab/" rel="nofollow">Marginalia Projects</a>, de BH.</p> <p><img alt="Futura sede do Medialab" src="http://farm2.static.flickr.com/1431/4723226248_cb280dc687_d.jpg" /> </p> <p>Para o almoço, os mediadores do Medialab levaram grupos de participantes para diferentes restaurantes. Tínhamos recebido envelopes com vales-refeição da produção do evento. Eu fiquei no grupo que foi ao indiano Ganga. Comida razoável, boas conversas. Cuauhtemoc, do México, contou sobre a estrutura e funcionamento do <a href="http://cmm.cenart.gob.mx/" rel="nofollow">centro multimídia</a> no Centro Nacional de Artes. Alejandro Tosatti contou sobre o que tem desenvolvido na Costa Rica. <a href="http://www.washington.edu/dxarts/profile_home.php?who=kudla" rel="nofollow">Allison Kudla</a>, norte-americana, contou um pouco sobre sua vivência em uma escola de Bangalore (ela trabalhava junto com <a href="http://dosislas.org" rel="nofollow">Victor Vina</a>, que conheci no Brasil e foi a primeira pessoa que me falou sobre o Labtolab). Entre a comida e a sobremesa, comecei a sentir o jetlag batendo e saí pra respirar um pouco.</p> <p><img alt="Porta " src="http://farm2.static.flickr.com/1202/4723249414_2d7fb728c6_d.jpg" /> </p> <p>Voltamos ao Medialab para assistir as apresentações dos projetos que seriam desenvolvidos no <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos10" rel="nofollow">Interactivos</a>. Gostei da seleção de projetos, que tinham um corte muito interessante na perspectiva de ciência de bairro - o momento em que a ciência de garagem passa a buscar diálogo com a sociedade, em que o geek sai à rua e busca propósito para suas pesquisas. Não acho que todos os projetos compartilhavam dessa perspectiva, mas o contato entre eles certamente traria esse tipo de questionamento.<br /> Não consegui estar presente na abertura da exposição Estárter, dos artistas colombianos na <a href="http://www.offlimits.es/" rel="nofollow">Offlimits</a>. Fui pro hotel para dormir das 22h30 às 2h30, e depois ficar lendo RSS, escrevendo emails e esperando o tempo passar. Tomei o racionado café da manhã no terraço outra vez (com todo o cuidado para não acordar os hóspedes do último andar). Voltei pro quarto, fiz um alongamento, um pouco de exercício e meditei por algum tempo. Depois capotei por mais um par de horas.<br /> ---<br /> A terça-feira começou com a apresentação das comunicações do Interactivos. Perdi as primeiras, mas cheguei no meio da <a href="http://medialab-prado.es/article/fiteiro_cultural" rel="nofollow">apresentação da Fabiana de Barros</a>, falando sobre o <a href="http://www.fiteirocultural.org/SL/sl-what.html" rel="nofollow">Fiteiro Cultural</a>. Depois, Gabriel Menotti apresentou sua comunicação <a href="http://medialab-prado.es/article/living_building" rel="nofollow">Gambiarra - a prototyping perspective</a> (que semana passada também entrou no metalivro <a href="http://mutirao.metareciclagem.org/chamadas/gambiologia" rel="nofollow">Gambiologia</a>). Allison Kudla apresentou o projeto <a href="http://medialab-prado.es/article/living_building" rel="nofollow">Living Building</a>. Me tocou ali não só a dinâmica de um laboratório totalmente móvel e potencialmente mais aberto ao entorno do que o normal, mas também a presença de uma sensação profunda de choque cultural para uma norte-americana que parece ter aceitado bem.<br /> O almoço foi um piquenique no parque del Retiro. Todo mundo optou pelo mais fácil e encomendou sanduíches e alguma bebida. Fiquei conversando com o pessoal do Marginália, com Gabriel Menotti, com Kiko Mayorga do Escuelab, Wendy do Constant e outrxs. Voltei ao Medialab conversando com Marcos Garcia sobre projetos, escala, relações com a institucionalidade e outras batatas quentes.<br /> A tarde começou com a apresentação dos tutores. Olivier Schulbaum falou sobre todo o histórico do <a href="http://platoniq.net" rel="nofollow">Platoniq</a> e sobre o <a href="http://youcoop.org" rel="nofollow">Youcoop</a>. <a href="http://burbane.org" rel="nofollow">Andrés Burbano</a> fez uma apresentação sobre o trabalho de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Konrad_Zuse" rel="nofollow">Konrad Zuse</a>. Também apresentou-se <a href="http://music.columbia.edu/~douglas/portfolio/index.shtml" rel="nofollow">Douglas Repetto</a>. Meu amigo e <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow">bricolega</a> Alejo Duque chegou no meio da tarde.<br /> No fim da tarde, Landgon Winner, que estava de passagem por Madrid, contou sem muita pressa sobre como uma comunidade da qual ele faz parte conseguiu confrontar o poder de uma corporação (perdi os detalhes da apresentação por cansaço e algum tédio). Saí de lá para capotar uma horinha no hotel antes de colar no <a href="http://madrid.the-hub.net" rel="nofollow">The Hub</a> para um convescote com os participantes dos dois eventos. Queijo, salgados e cerveja na faixa. Os tipos de conversas e questionamentos que não rolam durante o dia. Alejo me apresentou para outros colombianos ponta firme, como Paula Vélez e Alejandro Araque (que durante a tarde já tinha levantado a questão sobre computadores usados em contextos rurais, etc.). Re-encontrei Alek Tarkowski, um dos cabeças do creative commons Polônia, depois de uns três anos sem vê-lo. Ele veio ao Labtolab porque está querendo criar algum tipo de espaço por lá.<br /> ---<br /> <img alt="Intermediae" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1094/4723228600_cb715a33a9_m_d.jpg" /><br /> Na quarta, a programação seria em outro espaço. O <a href="http://www.mataderomadrid.com/" rel="nofollow">Matadero</a> é um amplo espaço com aquele visual de área industrial reformada. Lembrei do SESC Pompeia e da Casa das Caldeiras. Grandes paredes de tijolos descobertos. Muito metal e vidro. Intervenções arquitetônicas aqui e ali, uma exposição de uma artista colombiana que lembrava uma mimoSa. O Matadero sedia uma série de projetos. Um deles é o <a href="http://intermediae.es/" rel="nofollow">Intermediae</a>, que se define como um laboratório experimental.<br /> Cheguei no começo da apresentação dos coordenadores do espaço. Eles conseguiram negociar uma grande liberdade para implementar o projeto. Apesar de existir uma intenção de realizar exposições, eles conseguiram passar o primeiro ano sem se preocupar em expor nada. Como eles falaram mais de uma vez em laboratório experimental, eu aproveitei pra esticar por lá a questão que o Lucas Bambozzi tinha levantado <a href="http://culturadigital.br/redelabs/2010/06/cultura-digital-experimental-parte-1-twitter/" rel="nofollow">aqui</a>: se eles incorporavam o erro nos processos, e como. Eles disseram que certamente, o erro faz parte do processo - fizeram um evento que propunha que as pessoas gerenciassem a própria participação e ninguém fez nada, e isso alimentou as decisões para um evento posterior.<br /> <img alt="Sessão de debate" align="left" src="http://farm2.static.flickr.com/1013/4722576721_ec14b50ebc_m_d.jpg" />Em seguida, rolou uma sessão de prospecção dos futuros possíveis do <a href="http://www.kitchenbudapest.hu/en" rel="nofollow">Kitchen Budapest</a>. A proposta era que a equipe projetasse onde estaria até 2020, em diálogo com todos os presentes. Depois da conversa beirar algum delírio de dominação mundial, cheguei a fazer uma pergunta tentando questionar a retórica de "laboratórios de mídia". Algo na linha de "já que agora em 2020, com a crise ambiental impossibilitando as viagens de longa distância e as novas possibilidades de telepresença, estamos todos aqui ao mesmo tempo nessa sala compartilhada virtual e em nossas casas; e agora que cada vez mais gente está usando os iBrains - implantes cerebrais proprietários da Apple que se conectam direto ao nervo ótico -, será que não é hora de parar de usar termos como 'mídia' e 'laboratório'"? Mas acho que não consegui ser muito claro lá (e nem aqui, na real).<br /> <img alt="Questões debatidas" src="http://farm2.static.flickr.com/1177/4722575953_98408b201d_d.jpg" /><br /> Depois (ou antes, não lembro mais), os participantes foram divididos em grupos para debater duas de cinco questões propostas pela organização. Eu moderei um dos grupos, com Attila Nemes (Kibu), Rodrigo Calvo (<a href="http://www.laboralcentrodearte.org/" rel="nofollow">Laboral</a>) e Inés Salmorza (Universidade de Sevilla). Escolhemos as questões sobre sustentabilidade e continuidade. Gravei a conversa, vou publicar trechos nas próximas semanas.<br /> O almoço foi um churrasco (ou a tentativa bem-intencionada de fazer um churrasco de hambúrgueres e linguiças) no Avant Garden do próprio Matadero. As conversas continuaram. Paula Vélez pôs som pra rodar no ambiente. Como o programa da tarde seria um planejamento sobre o próximo Labtolab, resolvi sair para a cidade. Antes, porém, ouvi uma participante perguntar em inglês sobre qual seria a continuação dos grupos de trabalho da manhã. Respondi alguma coisa, e o Menotti perguntou por que não estávamos conversando em português. Nos apresentamos, e só aí percebi, surpreso, que estava falando com a <a href="http://lenara.com" rel="nofollow">Lenara</a>, que foi minha professora no primeiro semestre na UFRGS, quatorze anos atrás. Ela mora atualmente em Madrid, enquanto desenvolve o doutorado em Frankfurt, focando na interação colaborativa entre artistas. Me convenci de vez que o mundo é uma esfiha de carne quando descobri que o norte-americano amigo dela que estava ao lado contou que estava morando em Dresden, a duas quadras de onde eu morei há três anos.<br /> Voltei ao Medialab no fim da tarde esperando um retorno das sessões de debate da manhã, mas o pessoal estava muito cansado.<br /> ---<br /> <img alt="Fachada de La Tabacalera" src="http://farm2.static.flickr.com/1368/4723234056_9d31e11451_d.jpg" /><br /> Na quinta-feira, a conferência aconteceria na <a href="http://latabacalera.net/ " rel="nofollow">Tabacalera de Lavapiés</a>. É um lugar fantástico, uma construção enorme que foi uma fábrica estatal de tabaco, passou um tempo abandonada e depois foi escolhida para sediar um centro de artes. O projeto ficou parado um tempo, e mais tarde foi retomado como um centro cultural autogestionado. Um monte de gente de algumas dezenas de grupos independentes de Madrid estão envolvidos com La Tabacalera, que seria inaugurada no fim de semana seguinte à nossa reunião por lá. Começamos com uma visita pelo espaço, de olhos fechados e em fila indiana. Nossos guias eram os franceses do Apo33/Crealab, que estavam ocupando alguns espaços da Tabacalera. Passamos pelo porão, onde montaram um "medialab de alguns anos atrás".<br /> <img alt="Copyleft" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1005/4722585581_b790b56db6_m_d.jpg" />Passamos por um saguão central e chegamos à entrada, onde fica um mural colaborativo com as tarefas atuais. Cruzamos o "espacio copyleft", no meio do qual fica o centro de controle das câmeras de segurança. Enquanto passávamos ao calmo jardim central, <a href="http://www.noiser.org/noise/" rel="nofollow">Julien Ottavi</a> levantou um possível contrassenso entre a vigilância e o copyleft. Depois de alguma discussão, argumentei que o problema não eram as câmeras em si, mas quem tinha o controle das imagens - a ideia de código livre supõe justamente que a informação sobre os processos pertença a todxs envolvidxs, não somente a um grupo fechado. Talvez uma solução de segurança condizente com a ideia de copyleft não fosse a ausência de câmeras, mas definir maneiras de assegurar que toda a comunidade tenha acesso às imagens geradas pelas câmeras - o que daria inclusive mais condições para que a comunidade soubesse o que acontece nas diferentes áreas da Tabacalera.<br /> Em seguida, nos reunimos em uma sala que parece um refeitório, ao lado do laboratório de molhos e aromas. Assistimos a uma apresentação sobre a história do espaço, as circunstâncias de sua criação e o envolvimento com a comunidade. A apresentação se alongou um pouco demais, e acabou atrasando outras atividades previstas para a manhã.<br /> <img alt="Laboratório de Salsas e Aromas" src="http://farm2.static.flickr.com/1352/4722590977_c2c8519d85_d.jpg" /><br /> Saí no intervalo do almoço para ir ao centro, encontrar umas lembranças e presentes. Também comprei uma câmera fotográfica pra mim, depois de uns sete anos sem. Voltei à Tabacalera no meio da tarde, para a conversa proposta com os grupos latinoamericanos. Infelizmente, alguém decidiu separar em grupos de uma forma meio limitada: uma mesa de "brasileirxs", uma mesa de pessoas ligadas aos Centros Culturais da Espanha, outra de pessoas envolvidas com "laboratórios virtuais". Uma das consequências foi que os grupos latinoamericanos não tiveram uma conversa muito dinâmica entre si. Na mesa do Brasil estávamos eu, o pessoal do Marginália e Menotti, mais algumas pessoas que já conhecíamos de uma forma ou outra. Só reconheci o <a href="http://twitter.com/josianito" rel="nofollow">Josian</a>, que havia conhecido em Barcelona, no meio da conversa. A conversa foi animada, mas acho que faltou um planejamento para mais intercâmbio e circulação entre as mesas.<br /> <img alt="Araque no Pecha Kucha" src="http://farm2.static.flickr.com/1092/4723238280_5b548fa821_d.jpg" /><br /> Voltamos a pé ao Medialab Prado, para uma programação que começava com Pecha Kucha e continuaria com <a href="http://codelab.fr/1713" rel="nofollow">aperocodelab</a>. Por algum motivo, eu decidi não apresentar nada na Pecha Kucha. Fiquei assistindo a uma série de apresentações que falavam sobre Medialabs em diferentes contextos e formatos, sempre tentando encontrar o que eles tinham em comum. Vi uma busca por expandir a experimentação não só em termos de produção efetiva como também de formas de relacionamento. Percebi de novo que a tradicional fórmula "arte, ciência e tecnologia" tinha quase sempre "sociedade" como um quarto elemento. Também passaram ali algumas pessoas tentando entender os medialabs (uma ou outra sem noção do que estavam estudando), e algumas iniciativas ainda bem no começo, mas com bastante potencial. O aperocodelab foi mais animado, e mais barulhento. Alejo começou de leve, mas no meio da apresentação do Ottavi poucas pessoas aguentaram o noise extremo.<br /> ---<br /> <img alt="Instalação na Tabacalera" src="http://farm2.static.flickr.com/1340/4722592303_088d475cc5_d.jpg" /><br /> A sexta-feira seria o último dia de labtolab, começando na Tabacalera. Os participantes do Interactivos que haviam nos acompanhado nos primeiros dias já estavam totalmente imersos na produção dos projetos selecionados. Pela manhã, participei de duas sessões de trabalho. A primeira se chamava "Field of exchange: open call for residency, work exchange, mobilities". Conversamos sobre a necessidade de criar mais campos de intercâmbio de pessoas entre diferentes contextos - não só artistas como também o que o medialab prado chama de "mediadores culturais". O argumento deles é que o conhecimento sobre metodologia e produção também precisa circuar. Abrimos algumas pontas de articulação ali que espero poder desenvolver mais no futuro. Depois, segui para a sessão "Mapping Medialabs". Muita gente boa nessa sessão, que continuava uma investigação que já começou no primeiro encontro do Labtolab, sobre identificar espaços no mundo inteiro que podem se encaixar no cenário de laboratórios de mídia. Foi uma boa sessão de trabalho - saí de lá cadastrado em uma lista e tendo exibido algumas experiências com mapeamentos e afins.<br /> Saí para a cidade - quando comprei a câmera, tinha esquecido de pedir a nota de Tax Free, e não queria perder 18 euros tão facilmente. Continuei caminhando, almocei em um restaurante vegetariano chinês, fiz algumas fotos. O programa previa uma sessão de encerramento do dia na Tabacalera depois do almoço, seguida por uma sessão de encerramento do labtolab no Medialab. Como já duvidava dos encerramentos diários e tinha necessidade de sentir a cidade antes de ir embora, decidi continuar caminhando até a hora da segunda sessão. Cheguei no Medialab na hora marcada. Só apareceram duas ou três pessoas do labtolab. Me disseram que por cansaço haviam feito tudo numa só sessão e que não rolaria o encerramento final. Fiquei bem decepcionado, mesmo ouvindo que o encerramento não trouxe muita novidade. Queria pelo menos encontrar as pessoas. Mas tudo bem, ainda restava a última etapa da programação conjunta Interactivos + Labtolab: o Dorkbot.<br /> <img alt="Peça de Alejandro Tamayo" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1054/4723263946_d085ef736c_m_d.jpg" />Caminhei com o pessoal que estava por lá até o Offlimits. No caminho, encontrei um cavalo de brinquedo, preto, muito pequeno. Tomei como um presente de Madrid. Chegamos ao local antes do horário. Pude ver pelo menos um pedaço da exposição estárter, cuja abertura perdi na segunda. Gostei das peças expostas ali. Saímos para comprar algumas cervejas, e na volta sentamos onde deu - eu fiquei no chão, no canto esquerdo. Assistimos à apresentação do Alejo Duque, falando sobre e mostrando o material que capturou, de uma galera de algum lugar do Brasil usando satélites pra comunicação absolutamente trivial - um uso totalmente imprevisto (e certamente ilegal) de equipamento quase ocioso que orbita a terra. Alejo também falou de um manifesto publicado há algumas décadas por nações equatoriais protestando contra a ocupação do espaço orbital acima de seus territórios por equipamentos de países muito mais ricos - uma ocupação que não revertia em nenhuma vantagem para os equatoriais.<br /> <img alt="Alejo Duque no Dorkbot" src="http://farm2.static.flickr.com/1257/4723258798_09d65fdb36_d.jpg" /><br /> Na sequência, Douglas Repetto do Dorkbot contou alguns causos e mostrou ao vivo a operação via rede de um plotter de caneta que estava em Nova Iorque, uma verdadeira façanha. Para encerrar, Brian Mackern mostrou algumas de suas obras ligadas à visualização de interferência eletromagnética ligada ao clima.<br /> <img alt="Douglas Repetto no Dorkbot" src="http://farm2.static.flickr.com/1013/4722612193_bbe8958caf_d.jpg" /><br /> Na saída, acompanhei o pessoal que ia comer em Lavapiés. Ainda conversei com mais algumas pessoas, inclusive algumas que não tinham aparecido antes, e retornei para o hotel porque voltaria ao Brasil na manhã seguinte e ainda precisava resolver algumas coisas. Deu vontade de ficar mais e conferir a produção do Interactivos, mas não seria possível. Quem sabe numa outra ocasião (talvez do lado de cá do Atlântico...).</p> desvio dorkbot eventos labtolab madrid medialab medialab prado msst redelabs Mon, 12 Jul 2010 17:47:36 +0000 felipefonseca 8184 at http://efeefe.no-ip.org Labtolab - dia a dia http://efeefe.no-ip.org/agregando/labtolab-dia-a-dia-0 <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Estive em Madrid em Junho para participar do <a href="http://www.labtolab.org" rel="nofollow">Labtolab</a>, encontro de medialabs europeus (com muitos convidados latinoamericanos). Comecei a contar as prévias e a viagem <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/labtolab-previas-e-chegada" rel="nofollow">aqui</a>. Esse post é um relato do que rolou durante a semana que estive por lá. Ainda quero escrever outro com minhas reflexões sobre o processo.</p> <p><img alt="Pantalla Digital" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1194/4722575617_0677dc87c8_m_d.jpg" />No começo da tarde da segunda-feira, caminhei até a Plaza de las Letras. O Medialab Prado fica atualmente no subsolo da praça, com janelas viradas para uma rampa de acesso. Em um dos cantos da praça, uma tela digital gigantesca decora a parede do que virá a ser a nova sede do Medialab, com instalações quatro ou vezes maiores do que hoje em dia.</p> <p>Descendo a rampa, já vi a programação do mês estampada na janela em letras adesivas, um detalhe sutil que mostra a preocupação do Medialab em ter uma interface pública, em vez de fechar-se no próprio umbigo. Em frente à escada que dá acesso ao subsolo, mais uma tela onde sempre está rodando alguma obra interativa. Abri a pesada porta. Logo na entrada, um monte de armários de tela com equipamentos e materiais, à esquerda. No lado oposto, o balcão de recepção, com material da programação corrente.</p> <p><img alt="Programação Medialab Prado" src="http://farm2.static.flickr.com/1106/4723248082_6020dcf2a4_d.jpg" /></p> <p>A área principal do Medialab estava montada como auditório. As cadeiras, então voltadas para o fundo, geralmente ficam dobradas e penduradas em uma estrutura de aramados na parede. Tudo muito móvel, mas bem prático e organizado. Ao longo da parede direita, uma fileira de bancadas com uns poucos computadores para quem quiser usar. Do lado esquerdo, a impressora 3D montada durante um workshop do pessoal do <a href="http://makerbot.com" rel="nofollow">Makerbot</a>.</p> <p><img alt="Makerbot montada" src="http://farm2.static.flickr.com/1168/4722600363_194ea83876_d.jpg" /><br /> O labtolab começou com uma apresentação geral do evento por Marcos Garcia. Comentou sobre o intercâmbio de modos de produção, a meu ver tão importante quanto a circulação da produção em si. Em seguida, se apresentaram pessoas dos laboratórios que organizavam o encontro. Gente de Nantes (<a href="http://home.crealab.info/" rel="nofollow">Crealab</a>), Bruxelas (<a href="http://www.constantvzw.org/site/" rel="nofollow">Constant</a>), Budapeste (<a href="http://kitchenbudapest.hu/" rel="nofollow">Kitchen Budapest</a>), Londres (<a href="http://area10.info" rel="nofollow">Area10</a>) e do próprio Medialab Prado. Também conheci pessoal de Lima (<a href="http://escuelab.org" rel="nofollow">Escuelab</a>), Córdoba (<a href="http://www.modular.org.ar/nos.html" rel="nofollow">Modular</a>), Tijuana (<a href="http://protolab.ws" rel="nofollow">Protolab</a>), Buenos Aires (<a href="http://www.cceba.org.ar/v2/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=6&Itemid=57" rel="nofollow">CCE</a>), Lisboa (<a href="http://culturalivre.eu/" rel="nofollow">Cultura Livre Associação</a>) e mais <a href="http://www.labtolab.org/~labtolab/wiki/index.php/Medialab-Prado_Meeting#List_of_participants_.28provisional.29" rel="nofollow">um monte de gente</a>. Muitas visões aproximadas mas com uma grande diversidade de métodos, perspectivas e atuação. Também conheci finalmente o pessoal do <a href="http://marginaliaproject.com/lab/" rel="nofollow">Marginalia Projects</a>, de BH.</p> <p> <img alt="Futura sede do Medialab" src="http://farm2.static.flickr.com/1431/4723226248_cb280dc687_d.jpg" /> </p> <p>Para o almoço, os mediadores do Medialab levaram grupos de participantes para diferentes restaurantes. Tínhamos recebido envelopes com vales-refeição da produção do evento. Eu fiquei no grupo que foi ao indiano Ganga. Comida razoável, boas conversas. Cuauhtemoc, do México, contou sobre a estrutura e funcionamento do <a href="http://cmm.cenart.gob.mx/" rel="nofollow">centro multimídia</a> no Centro Nacional de Artes. Alejandro Tosatti contou sobre o que tem desenvolvido na Costa Rica. <a href="http://www.washington.edu/dxarts/profile_home.php?who=kudla" rel="nofollow">Allison Kudla</a>, norte-americana, contou um pouco sobre sua vivência em uma escola de Bangalore (ela trabalhava junto com <a href="http://dosislas.org" rel="nofollow">Victor Vina</a>, que conheci no Brasil e foi a primeira pessoa que me falou sobre o Labtolab). Entre a comida e a sobremesa, comecei a sentir o jetlag batendo e saí pra respirar um pouco.</p> <p> <img alt="Porta " src="http://farm2.static.flickr.com/1202/4723249414_2d7fb728c6_d.jpg" /> </p> <p>Voltamos ao Medialab para assistir as apresentações dos projetos que seriam desenvolvidos no <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos10" rel="nofollow">Interactivos</a>. Gostei da seleção de projetos, que tinham um corte muito interessante na perspectiva de ciência de bairro - o momento em que a ciência de garagem passa a buscar diálogo com a sociedade, em que o geek sai à rua e busca propósito para suas pesquisas. Não acho que todos os projetos compartilhavam dessa perspectiva, mas o contato entre eles certamente traria esse tipo de questionamento.</p> <p>Não consegui estar presente na abertura da exposição Estárter, dos artistas colombianos na <a href="http://www.offlimits.es/" rel="nofollow">Offlimits</a>. Fui pro hotel para dormir das 22h30 às 2h30, e depois ficar lendo RSS, escrevendo emails e esperando o tempo passar. Tomei o racionado café da manhã no terraço outra vez (com todo o cuidado para não acordar os hóspedes do último andar). Voltei pro quarto, fiz um alongamento, um pouco de exercício e meditei por algum tempo. Depois capotei por mais um par de horas.</p> <p>---</p> <p>A terça-feira começou com a apresentação das comunicações do Interactivos. Perdi as primeiras, mas cheguei no meio da <a href="http://medialab-prado.es/article/fiteiro_cultural" rel="nofollow">apresentação da Fabiana de Barros</a>, falando sobre o <a href="http://www.fiteirocultural.org/SL/sl-what.html" rel="nofollow">Fiteiro Cultural</a>. Depois, Gabriel Menotti apresentou sua comunicação <a href="http://medialab-prado.es/article/living_building" rel="nofollow">Gambiarra - a prototyping perspective</a> (que semana passada também entrou no metalivro <a href="http://mutirao.metareciclagem.org/chamadas/gambiologia" rel="nofollow">Gambiologia</a>). Allison Kudla apresentou o projeto <a href="http://medialab-prado.es/article/living_building" rel="nofollow">Living Building</a>. Me tocou ali não só a dinâmica de um laboratório totalmente móvel e potencialmente mais aberto ao entorno do que o normal, mas também a presença de uma sensação profunda de choque cultural para uma norte-americana que parece ter aceitado bem.</p> <p>O almoço foi um piquenique no parque del Retiro. Todo mundo optou pelo mais fácil e encomendou sanduíches e alguma bebida. Fiquei conversando com o pessoal do Marginália, com Gabriel Menotti, com Kiko Mayorga do Escuelab, Wendy do Constant e outrxs. Voltei ao Medialab conversando com Marcos Garcia sobre projetos, escala, relações com a institucionalidade e outras batatas quentes.</p> <p>A tarde começou com a apresentação dos tutores. Olivier Schulbaum falou sobre todo o histórico do <a href="http://platoniq.net" rel="nofollow">Platoniq</a> e sobre o <a href="http://youcoop.org" rel="nofollow">Youcoop</a>. <a href="http://burbane.org" rel="nofollow">Andrés Burbano</a> fez uma apresentação sobre o trabalho de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Konrad_Zuse" rel="nofollow">Konrad Zuse</a>. Também apresentou-se <a href="http://music.columbia.edu/~douglas/portfolio/index.shtml" rel="nofollow">Douglas Repetto</a>. Meu amigo e <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow">bricolega</a> Alejo Duque chegou no meio da tarde.</p> <p>No fim da tarde, Landgon Winner, que estava de passagem por Madrid, contou sem muita pressa sobre como uma comunidade da qual ele faz parte conseguiu confrontar o poder de uma corporação (perdi os detalhes da apresentação por cansaço e algum tédio). Saí de lá para capotar uma horinha no hotel antes de colar no <a href="http://madrid.the-hub.net" rel="nofollow">The Hub</a> para um convescote com os participantes dos dois eventos. Queijo, salgados e cerveja na faixa. Os tipos de conversas e questionamentos que não rolam durante o dia. Alejo me apresentou para outros colombianos ponta firme, como Paula Vélez e Alejandro Araque (que durante a tarde já tinha levantado a questão sobre computadores usados em contextos rurais, etc.). Re-encontrei Alek Tarkowski, um dos cabeças do creative commons Polônia, depois de uns três anos sem vê-lo. Ele veio ao Labtolab porque está querendo criar algum tipo de espaço por lá.</p> <p>---<br /> <img alt="Intermediae" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1094/4723228600_cb715a33a9_m_d.jpg" /></p> <p>Na quarta, a programação seria em outro espaço. O <a href="http://www.mataderomadrid.com/" rel="nofollow">Matadero</a> é um amplo espaço com aquele visual de área industrial reformada. Lembrei do SESC Pompeia e da Casa das Caldeiras. Grandes paredes de tijolos descobertos. Muito metal e vidro. Intervenções arquitetônicas aqui e ali, uma exposição de uma artista colombiana que lembrava uma mimoSa. O Matadero sedia uma série de projetos. Um deles é o <a href="http://intermediae.es/" rel="nofollow">Intermediae</a>, que se define como um laboratório experimental.</p> <p>Cheguei no começo da apresentação dos coordenadores do espaço. Eles conseguiram negociar uma grande liberdade para implementar o projeto. Apesar de existir uma intenção de realizar exposições, eles conseguiram passar o primeiro ano sem se preocupar em expor nada. Como eles falaram mais de uma vez em laboratório experimental, eu aproveitei pra esticar por lá a questão que o Lucas Bambozzi tinha levantado <a href="http://culturadigital.br/redelabs/2010/06/cultura-digital-experimental-parte-1-twitter/" rel="nofollow">aqui</a>: se eles incorporavam o erro nos processos, e como. Eles disseram que certamente, o erro faz parte do processo - fizeram um evento que propunha que as pessoas gerenciassem a própria participação e ninguém fez nada, e isso alimentou as decisões para um evento posterior.</p> <p><img alt="Sessão de debate" align="left" src="http://farm2.static.flickr.com/1013/4722576721_ec14b50ebc_m_d.jpg" />Em seguida, rolou uma sessão de prospecção dos futuros possíveis do <a href="http://www.kitchenbudapest.hu/en" rel="nofollow">Kitchen Budapest</a>. A proposta era que a equipe projetasse onde estaria até 2020, em diálogo com todos os presentes. Depois da conversa beirar algum delírio de dominação mundial, cheguei a fazer uma pergunta tentando questionar a retórica de "laboratórios de mídia". Algo na linha de "já que agora em 2020, com a crise ambiental impossibilitando as viagens de longa distância e as novas possibilidades de telepresença, estamos todos aqui ao mesmo tempo nessa sala compartilhada virtual e em nossas casas; e agora que cada vez mais gente está usando os iBrains - implantes cerebrais proprietários da Apple que se conectam direto ao nervo ótico -, será que não é hora de parar de usar termos como 'mídia' e 'laboratório'"? Mas acho que não consegui ser muito claro lá (e nem aqui, na real).</p> <p><img alt="Questões debatidas" src="http://farm2.static.flickr.com/1177/4722575953_98408b201d_d.jpg" /></p> <p>Depois (ou antes, não lembro mais), os participantes foram divididos em grupos para debater duas de cinco questões propostas pela organização. Eu moderei um dos grupos, com Attila Nemes (Kibu), Rodrigo Calvo (<a href="http://www.laboralcentrodearte.org/" rel="nofollow">Laboral</a>) e Inés Salmorza (Universidade de Sevilla). Escolhemos as questões sobre sustentabilidade e continuidade. Gravei a conversa, vou publicar trechos nas próximas semanas.</p> <p>O almoço foi um churrasco (ou a tentativa bem-intencionada de fazer um churrasco de hambúrgueres e linguiças) no Avant Garden do próprio Matadero. As conversas continuaram. Paula Vélez pôs som pra rodar no ambiente. Como o programa da tarde seria um planejamento sobre o próximo Labtolab, resolvi sair para a cidade. Antes, porém, ouvi uma participante perguntar em inglês sobre qual seria a continuação dos grupos de trabalho da manhã. Respondi alguma coisa, e o Menotti perguntou por que não estávamos conversando em português. Nos apresentamos, e só aí percebi, surpreso, que estava falando com a <a href="http://lenara.com" rel="nofollow">Lenara</a>, que foi minha professora no primeiro semestre na UFRGS, quatorze anos atrás. Ela mora atualmente em Madrid, enquanto desenvolve o doutorado em Frankfurt, focando na interação colaborativa entre artistas. Me convenci de vez que o mundo é uma esfiha de carne quando descobri que o norte-americano amigo dela que estava ao lado contou que estava morando em Dresden, a duas quadras de onde eu morei há três anos.</p> <p>Voltei ao Medialab no fim da tarde esperando um retorno das sessões de debate da manhã, mas o pessoal estava muito cansado.</p> <p>---</p> <p><img alt="Fachada de La Tabacalera" src="http://farm2.static.flickr.com/1368/4723234056_9d31e11451_d.jpg" /></p> <p>Na quinta-feira, a conferência aconteceria na <a href="http://latabacalera.net/ " rel="nofollow">Tabacalera de Lavapiés</a>. É um lugar fantástico, uma construção enorme que foi uma fábrica estatal de tabaco, passou um tempo abandonada e depois foi escolhida para sediar um centro de artes. O projeto ficou parado um tempo, e mais tarde foi retomado como um centro cultural autogestionado. Um monte de gente de algumas dezenas de grupos independentes de Madrid estão envolvidos com La Tabacalera, que seria inaugurada no fim de semana seguinte à nossa reunião por lá. Começamos com uma visita pelo espaço, de olhos fechados e em fila indiana. Nossos guias eram os franceses do Apo33/Crealab, que estavam ocupando alguns espaços da Tabacalera. Passamos pelo porão, onde montaram um "medialab de alguns anos atrás".</p> <p><img alt="Copyleft" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1005/4722585581_b790b56db6_m_d.jpg" />Passamos por um saguão central e chegamos à entrada, onde fica um mural colaborativo com as tarefas atuais. Cruzamos o "espacio copyleft", no meio do qual fica o centro de controle das câmeras de segurança. Enquanto passávamos ao calmo jardim central, <a href="http://www.noiser.org/noise/" rel="nofollow">Julien Ottavi</a> levantou um possível contrassenso entre a vigilância e o copyleft. Depois de alguma discussão, argumentei que o problema não eram as câmeras em si, mas quem tinha o controle das imagens - a ideia de código livre supõe justamente que a informação sobre os processos pertença a todxs envolvidxs, não somente a um grupo fechado. Talvez uma solução de segurança condizente com a ideia de copyleft não fosse a ausência de câmeras, mas definir maneiras de assegurar que toda a comunidade tenha acesso às imagens geradas pelas câmeras - o que daria inclusive mais condições para que a comunidade soubesse o que acontece nas diferentes áreas da Tabacalera.</p> <p>Em seguida, nos reunimos em uma sala que parece um refeitório, ao lado do laboratório de molhos e aromas. Assistimos a uma apresentação sobre a história do espaço, as circunstâncias de sua criação e o envolvimento com a comunidade. A apresentação se alongou um pouco demais, e acabou atrasando outras atividades previstas para a manhã.</p> <p><img alt="Laboratório de Salsas e Aromas" src="http://farm2.static.flickr.com/1352/4722590977_c2c8519d85_d.jpg" /></p> <p>Saí no intervalo do almoço para ir ao centro, encontrar umas lembranças e presentes. Também comprei uma câmera fotográfica pra mim, depois de uns sete anos sem. Voltei à Tabacalera no meio da tarde, para a conversa proposta com os grupos latinoamericanos. Infelizmente, alguém decidiu separar em grupos de uma forma meio limitada: uma mesa de "brasileirxs", uma mesa de pessoas ligadas aos Centros Culturais da Espanha, outra de pessoas envolvidas com "laboratórios virtuais". Uma das consequências foi que os grupos latinoamericanos não tiveram uma conversa muito dinâmica entre si. Na mesa do Brasil estávamos eu, o pessoal do Marginália e Menotti, mais algumas pessoas que já conhecíamos de uma forma ou outra. Só reconheci o <a href="http://twitter.com/josianito" rel="nofollow">Josian</a>, que havia conhecido em Barcelona, no meio da conversa. A conversa foi animada, mas acho que faltou um planejamento para mais intercâmbio e circulação entre as mesas.</p> <p><img alt="Araque no Pecha Kucha" src="http://farm2.static.flickr.com/1092/4723238280_5b548fa821_d.jpg" /></p> <p>Voltamos a pé ao Medialab Prado, para uma programação que começava com Pecha Kucha e continuaria com <a href="http://codelab.fr/1713" rel="nofollow">aperocodelab</a>. Por algum motivo, eu decidi não apresentar nada na Pecha Kucha. Fiquei assistindo a uma série de apresentações que falavam sobre Medialabs em diferentes contextos e formatos, sempre tentando encontrar o que eles tinham em comum. Vi uma busca por expandir a experimentação não só em termos de produção efetiva como também de formas de relacionamento. Percebi de novo que a tradicional fórmula "arte, ciência e tecnologia" tinha quase sempre "sociedade" como um quarto elemento. Também passaram ali algumas pessoas tentando entender os medialabs (uma ou outra sem noção do que estavam estudando), e algumas iniciativas ainda bem no começo, mas com bastante potencial. O aperocodelab foi mais animado, e mais barulhento. Alejo começou de leve, mas no meio da apresentação do Ottavi poucas pessoas aguentaram o noise extremo.</p> <p>---</p> <p><img alt="Instalação na Tabacalera" src="http://farm2.static.flickr.com/1340/4722592303_088d475cc5_d.jpg" /></p> <p>A sexta-feira seria o último dia de labtolab, começando na Tabacalera. Os participantes do Interactivos que haviam nos acompanhado nos primeiros dias já estavam totalmente imersos na produção dos projetos selecionados. Pela manhã, participei de duas sessões de trabalho. A primeira se chamava "Field of exchange: open call for residency, work exchange, mobilities". Conversamos sobre a necessidade de criar mais campos de intercâmbio de pessoas entre diferentes contextos - não só artistas como também o que o medialab prado chama de "mediadores culturais". O argumento deles é que o conhecimento sobre metodologia e produção também precisa circuar. Abrimos algumas pontas de articulação ali que espero poder desenvolver mais no futuro. Depois, segui para a sessão "Mapping Medialabs". Muita gente boa nessa sessão, que continuava uma investigação que já começou no primeiro encontro do Labtolab, sobre identificar espaços no mundo inteiro que podem se encaixar no cenário de laboratórios de mídia. Foi uma boa sessão de trabalho - saí de lá cadastrado em uma lista e tendo exibido algumas experiências com mapeamentos e afins.</p> <p>Saí para a cidade - quando comprei a câmera, tinha esquecido de pedir a nota de Tax Free, e não queria perder 18 euros tão facilmente. Continuei caminhando, almocei em um restaurante vegetariano chinês, fiz algumas fotos. O programa previa uma sessão de encerramento do dia na Tabacalera depois do almoço, seguida por uma sessão de encerramento do labtolab no Medialab. Como já duvidava dos encerramentos diários e tinha necessidade de sentir a cidade antes de ir embora, decidi continuar caminhando até a hora da segunda sessão. Cheguei no Medialab na hora marcada. Só apareceram duas ou três pessoas do labtolab. Me disseram que por cansaço haviam feito tudo numa só sessão e que não rolaria o encerramento final. Fiquei bem decepcionado, mesmo ouvindo que o encerramento não trouxe muita novidade. Queria pelo menos encontrar as pessoas. Mas tudo bem, ainda restava a última etapa da programação conjunta Interactivos + Labtolab: o Dorkbot.</p> <p><img alt="Peça de Alejandro Tamayo" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1054/4723263946_d085ef736c_m_d.jpg" />Caminhei com o pessoal que estava por lá até o Offlimits. No caminho, encontrei um cavalo de brinquedo, preto, muito pequeno. Tomei como um presente de Madrid. Chegamos ao local antes do horário. Pude ver pelo menos um pedaço da exposição estárter, cuja abertura perdi na segunda. Gostei das peças expostas ali. Saímos para comprar algumas cervejas, e na volta sentamos onde deu - eu fiquei no chão, no canto esquerdo. Assistimos à apresentação do Alejo Duque, falando sobre e mostrando o material que capturou, de uma galera de algum lugar do Brasil usando satélites pra comunicação absolutamente trivial - um uso totalmente imprevisto (e certamente ilegal) de equipamento quase ocioso que orbita a terra. Alejo também falou de um manifesto publicado há algumas décadas por nações equatoriais protestando contra a ocupação do espaço orbital acima de seus territórios por equipamentos de países muito mais ricos - uma ocupação que não revertia em nenhuma vantagem para os equatoriais.</p> <p><img alt="Alejo Duque no Dorkbot" src="http://farm2.static.flickr.com/1257/4723258798_09d65fdb36_d.jpg" /></p> <p>Na sequência, Douglas Repetto do Dorkbot contou alguns causos e mostrou ao vivo a operação via rede de um plotter de caneta que estava em Nova Iorque, uma verdadeira façanha. Para encerrar, Brian Mackern mostrou algumas de suas obras ligadas à visualização de interferência eletromagnética ligada ao clima.</p> <p><img alt="Douglas Repetto no Dorkbot" src="http://farm2.static.flickr.com/1013/4722612193_bbe8958caf_d.jpg" /></p> <p>Na saída, acompanhei o pessoal que ia comer em Lavapiés. Ainda conversei com mais algumas pessoas, inclusive algumas que não tinham aparecido antes, e retornei para o hotel porque voltaria ao Brasil na manhã seguinte e ainda precisava resolver algumas coisas. Deu vontade de ficar mais e conferir a produção do Interactivos, mas não seria possível. Quem sabe numa outra ocasião (talvez do lado de cá do Atlântico...).</p> desvio dorkbot eventos labtolab madrid medialab medialab prado msst redelabs Mon, 12 Jul 2010 17:47:36 +0000 felipefonseca 9518 at http://efeefe.no-ip.org Gambiologia - AVLAB / CCJ http://efeefe.no-ip.org/agregando/gambiologia-avlab-ccj <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Estou saindo daqui a pouco para o <a href="http://escuta.estudiolivre.org/" rel="nofollow">CCJ</a>, onde vai rolar a terceira edição brasileira do AVLAB. O <a href="http://medialab-prado.es/avlab2" rel="nofollow">AVLAB</a> surgiu no <a href="http://medialab-prado.es/" rel="nofollow">Medialab Prado</a>, em Madrid. Eu participei de uma das edições por lá, em 2008. Daniel Gonzales trouxe o formato para o Brasil em parceria com o <a href="http://ww2.ccebrasil.org.br/" rel="nofollow">Centro Cultural da Espanha</a>, e convidou a <a href="http://efeefe.no-ip.org" rel="nofollow">mim</a> e à <a href="http://bikini.veredas.net/" rel="nofollow">Maira</a> para organizarmos o encontro de hoje, tendo a <a href="/tag/gambiologia" rel="nofollow">gambiologia</a> como eixo.<br /> Os convidados serão <a href="http://danielhora.wordpress.com/" rel="nofollow">Daniel Hora</a>, Teia Camargo & Gera Rocha, e <a href="/desviantes/glaupaiva" rel="nofollow">Glauco Paiva</a>. Em paralelo vamos aproveitar para lançar o metalivro <a href="http://mutirao.metareciclagem.org/chamadas/gambiologia" rel="nofollow">Gambiologia</a>, que deve estar saindo em PDF nas próximas horinhas...<br /> Mais sobre a programação <a href="http://mutirao.metareciclagem.org/Blog/Gambiologia-no-CCJ" rel="nofollow">aqui</a>.</p> <p>O AVLAB começa às 17hs. O CCJ fica na <a href="http://maps.google.com/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-BR&geocode=&q=Av.+Deputado+Em%C3%ADlio+Carlos+3641+-+Vila+Nova+Cachoeirinha&sll=37.0625,-95.677068&sspn=25.565517,56.513672&ie=UTF8&hq=&hnear=Av.+Dep.+Em%C3%ADlio+Carlos,+3641+-+Cachoeirinha,+S%C3%A3o+Paulo,+02721-200,+Brasil&ll=-23.474623,-46.670244&spn=0.007204,0.013797&z=16&iwloc=A" rel="nofollow">Av. Deputado Emílio Carlos 3641 - Vila Nova Cachoeirinha.</a></p> aecid avlab cce ccj desviantes desvio eventos gambiologia medialab prado sampa Sun, 04 Jul 2010 15:19:05 +0000 felipefonseca 8146 at http://efeefe.no-ip.org Gambiologia - AVLAB / CCJ http://efeefe.no-ip.org/agregando/gambiologia-avlab-ccj-0 <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Estou saindo daqui a pouco para o <a href="http://escuta.estudiolivre.org/" rel="nofollow">CCJ</a>, onde vai rolar a terceira edição brasileira do AVLAB. O <a href="http://medialab-prado.es/avlab2" rel="nofollow">AVLAB</a> surgiu no <a href="http://medialab-prado.es/" rel="nofollow">Medialab Prado</a>, em Madrid. Eu participei de uma das edições por lá, em 2008. Daniel Gonzales trouxe o formato para o Brasil em parceria com o <a href="http://ww2.ccebrasil.org.br/" rel="nofollow">Centro Cultural da Espanha</a>, e convidou a <a href="http://efeefe.no-ip.org" rel="nofollow">mim</a> e à <a href="http://bikini.veredas.net/" rel="nofollow">Maira</a> para organizarmos o encontro de hoje, tendo a <a href="/tag/gambiologia" rel="nofollow">gambiologia</a> como eixo.</p> <p>Os convidados serão <a href="http://danielhora.wordpress.com/" rel="nofollow">Daniel Hora</a>, Teia Camargo & Gera Rocha, e <a href="/desviantes/glaupaiva" rel="nofollow">Glauco Paiva</a>. Em paralelo vamos aproveitar para lançar o metalivro <a href="http://mutirao.metareciclagem.org/chamadas/gambiologia" rel="nofollow">Gambiologia</a>, que deve estar saindo em PDF nas próximas horinhas...</p> <p>Mais sobre a programação <a href="http://mutirao.metareciclagem.org/Blog/Gambiologia-no-CCJ" rel="nofollow">aqui</a>.</p> <p> </p> <p>O AVLAB começa às 17hs. O CCJ fica na <a href="http://maps.google.com/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-BR&geocode=&q=Av.+Deputado+Em%C3%ADlio+Carlos+3641+-+Vila+Nova+Cachoeirinha&sll=37.0625,-95.677068&sspn=25.565517,56.513672&ie=UTF8&hq=&hnear=Av.+Dep.+Em%C3%ADlio+Carlos,+3641+-+Cachoeirinha,+S%C3%A3o+Paulo,+02721-200,+Brasil&ll=-23.474623,-46.670244&spn=0.007204,0.013797&z=16&iwloc=A" rel="nofollow">Av. Deputado Emílio Carlos 3641 - Vila Nova Cachoeirinha.</a></p> aecid avlab cce ccj desviantes desvio eventos gambiologia medialab prado sampa Sun, 04 Jul 2010 15:19:05 +0000 felipefonseca 9519 at http://efeefe.no-ip.org INTERACTIVOS? Lima’09 http://efeefe.no-ip.org/agregando/interactivos-lima%E2%80%9909 <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- Chamada do Medialab-Prado Madrid para o próximo INTERACTIVOS em Lima, no Peru. [Open Call] Interactivos? Lima&#8217;09: Magic and Technology Selection of projects for the collective development of software pieces and interactive installations that propose a rethinking of the usual scenario in magic tricks. The workshop will take place from April 13 through 28, 2009 in Lima (Peru). [...] english interactivos medialab prado tecnomagia Uncategorized Mon, 22 Dec 2008 19:05:41 +0000 felipefonseca 3733 at http://efeefe.no-ip.org