efeefe - lifelog http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/6/0 pt-br Aposentando o blog http://efeefe.no-ip.org/blog/aposentando-o-blog <p>Este blog ficou muito tempo parado. Ultimamente era somente um agregador de conte&uacute;do que publico em outras partes. E ele ainda d&aacute; um pouco de trabalho para manter funcionando. Usa uma vers&atilde;o antiga do drupal, que j&aacute; n&atilde;o prev&ecirc; mais atualiza&ccedil;&otilde;es. Ainda assim, tenho aqui quase dez anos de blog, al&eacute;m de outros cinco anos anteriores que foram importados de outras plataformas.</p> <p>Ent&atilde;o decidi fazer uma vers&atilde;o est&aacute;tica deste site. N&atilde;o haver&aacute; mais atualiza&ccedil;&otilde;es por aqui. Quem quiser saber de mim, por favor procure no endere&ccedil;o novo, que no momento que publico este post ainda nem est&aacute; no ar mas vai futuramente ser o lugar principal para minha presen&ccedil;a pessoal na web:</p> <p><a href="http://efeefe.me" rel="nofollow"><strong>http://efeefe.me</strong></a></p> <p>Nos vemos por a&iacute;.</p> blog efeefe lifelog Sun, 17 Jul 2016 01:47:18 +0000 felipefonseca 13330 at http://efeefe.no-ip.org Escuta em silêncio, enxerga distante http://efeefe.no-ip.org/blog/escuta-em-silencio-enxerga-distante <p>Hoje de manh&atilde;. Cachoeira do Pimenta, em Cunha.</p> <p><img alt="" src="/sites/efeefe.no-ip.org/files/images/pimenta.jpg" /></p> <p>Mergulhar na &aacute;gua gelada e sentir por uma fra&ccedil;&atilde;o de segundo a suspens&atilde;o do entorno, do mundo, do universo inteiro. Bater cabe&ccedil;a em uma rocha lascada de muitas toneladas, que deve ter se mexido da &uacute;ltima vez quando n&atilde;o existiam Brasil ou fronteiras, talvez nem essa coisa estranha que chamamos civiliza&ccedil;&atilde;o ou mesmo esses macacos quase pelados que andam em duas patas e fazem tanta coisa est&uacute;pida.</p> <p>A&iacute; sentei &agrave; sombra e fiquei olhando aquela &aacute;gua toda, Xang&ocirc; &amp; Oxum em linda dan&ccedil;a. E de repente vi aquela rocha toda se mover. Um movimento estranho, n&atilde;o t&atilde;o f&iacute;sico assim. Mas vi sim.</p> <p>Belo dia com fam&iacute;lia. Quero muitos desses mais.</p> cachoeira cunha férias lifelog Sat, 09 Jan 2016 04:09:59 +0000 felipefonseca 13326 at http://efeefe.no-ip.org Quarta Conferência Municipal de Cultura de Ubatuba http://efeefe.no-ip.org/blog/quarta-conferencia-municipal-de-cultura-de-ubatuba <p>Sim, Ubatuba &eacute; uma cidade onde a gente anda de bicicleta, vai &agrave; praia, percorre trilhas e reclama de mosquitos. Tamb&eacute;m &eacute; um lugar onde se encontram vegetais org&acirc;nicos e peixes produzidos localmente. E onde convivem muitas culturas.</p> <p>Mas talvez mais importante, Ubatuba &eacute; uma terra onde mesmo em um s&aacute;bado chuvoso no meio de um feriado estendido, dezenas de pessoas passaram o dia inteiro debatendo pol&iacute;ticas culturais para o futuro da cidade. Podia ser melhor. Podia ser mais claro. Podia ser mais efetivo. Teria mais gente, n&atilde;o fosse uma s&eacute;rie de erros que come&ccedil;aram dois anos atr&aacute;s. Os cinquenta que estavam presentes hoje deveriam ter sido cento e cinquenta. A gente podia ter perdido menos tempo e ter feito mais. Sempre.</p> <p>Mas chegamos ao fim do dia. E chegamos ao fim de um processo de dezesseis encontros, que recupera um processo de dois anos, que recupera um processo que vem desde a d&eacute;cada passada. E mesmo com todas as ressalvas e mesmo com todo o cansa&ccedil;o ficou uma sensa&ccedil;&atilde;o positiva. De que &eacute; at&eacute; poss&iacute;vel estragar, por falta de habilidade, um processo coletivo. Mas que enquanto houver gente disposta a recuper&aacute;-lo, existe esperan&ccedil;a. E o brilhante insight de uma amiga e agora colega conselheira, de que Ubatuba n&atilde;o &eacute; s&oacute; a capital do surf, da mata atl&acirc;ntica, da economia solid&aacute;ria (e da cultura p&oacute;s-digital). Pois &eacute;, tem mais: Ubatuba &eacute; boa de resist&ecirc;ncia coletiva. Este foi somente um pequeno epis&oacute;dio.</p> <p>E fico feliz de pela primeira vez na vida ser integrante de um conselho de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, ocupando a cadeira de cultura urbana e digital. Vamos em frente, que temos um plano a redigir, aprovar e implantar. E agora com mais comunica&ccedil;&atilde;o pela internet, afinal t&ocirc; na &aacute;rea.</p> lifelog participação social ubatuba Sun, 06 Sep 2015 02:53:28 +0000 felipefonseca 13321 at http://efeefe.no-ip.org Gerações http://efeefe.no-ip.org/blog/geracoes <p>A chuva deita-se leve sobre Ubatuba, uma camada conectando as vozes a conversar na sala, uma guitarra distorcida experimental do outro lado da casa, a ocasional tosse da pequena e algum suspiro do beb&ecirc;. Sobre essa base espont&acirc;nea, meu telinha soa de tempos em tempos avisando de mensagens que chegam. Imagino o que s&atilde;o, mas s&oacute; as lerei daqui a pouco. Antes preciso escrever um texto, beber algumas cervejas e digerir o momento.</p> <p>O som homog&ecirc;neo da chuva sobressai e leva a mente para longe. H&aacute; poucos minutos, comentei com meu pai que o destino todos sab&iacute;amos, s&oacute; o itiner&aacute;rio e o tempo &eacute; que variavam.</p> <p>&Eacute; curiosa essa coisa das gera&ccedil;&otilde;es. Eu cresci de certa forma habituado &agrave; exist&ecirc;ncia de bisav&oacute;s vivos, presentes e relativamente l&uacute;cidos. Conheci uma bisav&oacute; materna e todos os bisav&oacute;s e bisav&ocirc;s paternos. Com os &uacute;ltimos, recordo de muitos epis&oacute;dios concretos na inf&acirc;ncia, adolesc&ecirc;ncia e juventude. Minha &uacute;ltima lembran&ccedil;a da (bisa)v&oacute; Ruth, por exemplo, &eacute; de um telefonema em que ela mandou um beijo para Carol, ent&atilde;o minha nova namorada naquela &eacute;poca em que eu ainda me acostumava com a vida em S&atilde;o Paulo. Isso aconteceu j&aacute; neste mil&ecirc;nio de agora. Eu era maior de idade, j&aacute; andava com a mulher que um dia viria a ser m&atilde;e de meus filhos, e ainda falava ao telefone com a minha bisav&oacute;. Pouco tempo depois ela se foi, a &uacute;ltima de sua gera&ccedil;&atilde;o diretamente ligada &agrave; minha exist&ecirc;ncia.</p> <p>Mais ou menos pela mesma &eacute;poca que minha &uacute;ltima bisa se ia, por outro lado, Carol j&aacute; perdia suas duas av&oacute;s. Se n&atilde;o estou enganado, ela n&atilde;o chegou a conhecer nenhum bisav&ocirc; ou bisav&oacute;. Lembro que fiquei um pouco surpreso quando descobri isso, como se fosse usual andar por a&iacute; e conversar com os bisav&oacute;s ao telefone. N&atilde;o, fui eu que nasci filho de um casal bem jovem e pude chegar a andar de caminh&atilde;o com um av&ocirc; que os dirigia antes de se aposentar, e ver o outro av&ocirc; jogar futebol no parque. Cresci vendo meus av&ocirc;s como alguns colegas viam os pais, e os bisav&oacute;s como muitos meus contempor&acirc;neos viam os av&oacute;s.</p> <p>Quis o destino, e os m&eacute;todos contraceptivos, que eu s&oacute; me tornasse pai depois dos trinta e alguma coisa. Isso, claro, tem um efeito de espelho temporal muito maluco. Quando minha primeira filha nasceu, eu estava no fim do retorno de Saturno. Meu pai, com a mesma idade um par de d&eacute;cadas antes, j&aacute; tinha um filho de onze anos e duas filhas mais novas. Como eu seria em situa&ccedil;&atilde;o semelhante? N&atilde;o consigo imaginar. Espelhos de Saturno, perguntas ao tempo.</p> <p>Minha filha, hoje com quatro anos, chegou a conhecer todos os bisav&oacute;s e bisav&ocirc;s paternos. Lia, Claudio, Ernesto e Therezinha. N&atilde;o sei o quanto ela vai lembrar deles quando crescer, nem quanto dessa lembran&ccedil;a vai ser daquelas mem&oacute;rias que a gente acha que tem mas na verdade construiu a partir de fotos e hist&oacute;rias ouvidas e repetidas. Mas objetivamente, ela chegou a tocar e ser tocada, pele com pele, por todos os quatro. J&aacute; o beb&ecirc; que neste momento dorme no confort&aacute;vel abra&ccedil;o da m&atilde;e, este n&atilde;o sabe que uma hora atr&aacute;s perdeu seu &uacute;ltimo bisav&ocirc; homem. E provavelmente, porque dessas coisas ningu&eacute;m tem certeza, provavelmente n&atilde;o sabe que antes mesmo de ser concebido o outro bisav&ocirc; j&aacute; havia partido para outras dimens&otilde;es deste velho Universo. Ou, como afirma sua irm&atilde;, j&aacute; havia &quot;ido para a estrelinha&quot;.</p> <p>Ano passado, ent&atilde;o, foi-se o primeiro da gera&ccedil;&atilde;o de meus av&oacute;s. Na &eacute;poca que ele faleceu, eu queria escrever alguma coisa mas n&atilde;o consegui. Algo havia surgido. Uma esp&eacute;cie de amea&ccedil;a anteriormente remota que decide dar sinais de vida. Como um terremoto em Ubatuba, talvez. Aquilo ficou parado, num sil&ecirc;ncio que tinha a ver at&eacute; com a personalidade que se ia. Parecia tamb&eacute;m que havia um equil&iacute;brio t&ecirc;nue que me permitia, j&aacute; na segunda metade dos trinta, haver perdido um av&ocirc; mas manter o outro. Hoje, entretanto, as circunst&acirc;ncias mudaram e abre-se de novo aquele canal. Acho que consigo finalmente escrever sobre os av&ocirc;s que se v&atilde;o. Mas preciso come&ccedil;ar pelo primeiro que se foi h&aacute; mais de ano.</p> <p>Ernesto Schmidt, pai de minha m&atilde;e, caminhoneiro aposentado e posteriormente empregado como motorista particular de uma senhora. L&aacute; de Ven&acirc;ncio Aires, capital da erva mate. Pai austero que criou os filhos com muito sil&ecirc;ncio, apesar de ter sido um gaiteiro festeiro na juventude. Uma presen&ccedil;a firme, mas quieta, at&eacute; o fim. Alto, na maior parte da vida. Avesso a m&eacute;dicos e medicina na maior parte da vida, at&eacute; que a inflama&ccedil;&atilde;o no espor&atilde;o, a catarata e o cora&ccedil;&atilde;o o obrigassem a capitular (e ainda assim, houve epis&oacute;dios depois dos oitenta em que fugiu no hospital na calada da noite). A sala de estar do apartamento na Olavo Bilac, com as duas televis&otilde;es. Ernesto no futebol, Therezinha no Silvio Santos. Obviamente, a TV do Ernesto ficava sem volume. O copinho de cacha&ccedil;a, mais tarde o copo americano com cerveja Kaiser morna. Por fim, s&oacute; o mate mesmo. Quente, bem quente. Entregando a cuia e esperando de volta em poucos segundos. O cabelo ralo, branco, fino. Os &oacute;culos de aros grossos. As cal&ccedil;as sociais, e mais tarde os jeans. Aquele monte de rugas. A m&atilde;o grande, que repentinamente subia quase at&eacute; o teto e voltava com tudo na coxa do neto ou neta mais pr&oacute;ximos enquanto Ernesto proferia uma de suas express&otilde;es usuais. &quot;Animale&quot; &eacute; a de que mais recordo. &Agrave;s vezes tamb&eacute;m saia um &quot;&eacute; isto&quot;, com um inexplic&aacute;vel chiado carioca no &quot;s&quot; de &quot;isto&quot;. E sempre um sorriso amoroso &agrave; neta e aos netos, mesmo nas muitas vezes em que n&atilde;o tinha muito assunto. Ernesto, que com Therezinha trouxe a metade germ&acirc;nica do meu DNA, seja l&aacute; o que isso signifique.</p> <p>Ernesto, lembro bem, que quando eu tinha algo em torno de oito anos me ensinou muito mais do que ele mesmo poderia imaginar sobre as quest&otilde;es de cor da pele: falou que achava bonito que meu melhor amigo era &quot;um preto&quot;. Disse em seguida que quando jovem ele mesmo era racista, mas com o tempo havia aprendido que aquilo estava errado, e achava muito bom me ver brincando feliz com meu amigo. At&eacute; ent&atilde;o eu n&atilde;o sabia que meu amigo era &quot;um preto&quot;, n&atilde;o tinha aprendido aquilo em casa. &Eacute; uma coisa algo triste de aprender, mas imagino que &uacute;til. Ernesto, caminhoneiro e motorista, que me ensinou a regular a lenta de carros carburados. Que na minha inf&acirc;ncia tinha um Corcel II vermelho (com seu peculiar som de pisca) e profissionalmente dirigia um gigantesco Landau. Lembro dele, alinhado, me levando junto quando fazia trabalhos de office-boy para a Dona Adiles no centro de Porto Alegre. Eu ficava naquele imenso banco traseiro do Landau, protegido por pl&aacute;stico transparente, brincando nem lembro do qu&ecirc;. Meu av&ocirc;, que sempre me impressionava na praia em Cap&atilde;o com suas m&atilde;os de retroescavadeira cavando e construindo castelos. As m&atilde;os de caminhoneiro, &agrave;s quais minha av&oacute; sempre recorria na hora de torcer roupas.</p> <p>Em dezembro de 2012, telefonei para o Ernesto em seu anivers&aacute;rio. Dei os parab&eacute;ns e ele respondeu de bate-pronto: &quot;isso n&atilde;o &eacute; nada, no ano que vem &eacute; noventa&quot;. Guardei esse recado, e no ano seguinte fui com Carol e nossa filha para celebrar a data com o v&ocirc;. Encontrei alguns parentes queridos e outros dos quais nem lembrava no sal&atilde;o do Copacabana. Lembro do momento em que percebemos que o Ernesto, apesar de feliz com toda a colonada ali em volta, decidiu que era hora de se concentrar em seu prato e simplesmente desligou o aparelho de surdez. Precisava de seu t&atilde;o valorizado sil&ecirc;ncio. Comeu, vestiu o chap&eacute;u e despediu-se das dezenas de parentes. Era hora da soneca p&oacute;s-almo&ccedil;o, provavelmente h&aacute;bito dos tempos de estrada. Tr&ecirc;s meses depois, em meio a mais um veraneio em Cap&atilde;o, ele iria para a estrelinha.</p> <p>Pronto, escrevi sobre o Ernesto. Isso estava congelado em algum lugar aqui dentro havia um ano e meio. E s&oacute; emergiu por conta daquilo que aconteceu duas horas atr&aacute;s. O velho guerreiro tamb&eacute;m aceitou ir para a estrelinha. E isso muda alguma coisa profunda. Como falei antes, este beb&ecirc; que dorme aqui sereno n&atilde;o vai conhecer Ernesto nem Claudio. &Eacute; uma pena.</p> <p>Parei de escrever um pouco. Li as mensagens de meu pai e irm&atilde;s. Muito tarde para responder, agora. Fui ao banheiro, levei o beb&ecirc; para o ber&ccedil;o, respondi alguns emails de trabalho, me perdi em redes sociais por tempo controlado. Peguei a quinta cerveja e encontrei outro poleiro para continuar escrevendo. A chuva l&aacute; fora havia ficado mais forte, mas agora j&aacute; est&aacute; levinha, dando sinais de parar. J&aacute; foi suficiente para estragar a praia de amanh&atilde; e talvez at&eacute; o mutir&atilde;o da escola, mas n&atilde;o deve ter chegado a encher a cisterna. Beb&ecirc; resmunga. Fico quieto esperando um choro que n&atilde;o vem. Volto a bater dedos aqui, para escrever sobre o tema de hoje que &eacute; a jornada de Claudio Bacelar da Fonseca em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; estrelinha.</p> <p>&Eacute; curioso que eu tenha o impulso de escrever &quot;&eacute; curioso&quot; tantas vezes. Talvez seja um v&iacute;cio recente de escrita, ou ent&atilde;o alguma muleta exatamente pelo fato de que estou escrevendo pouco. Quando cheguei a Sampa, eu usava bastante a express&atilde;o &quot;&eacute; engra&ccedil;ado&quot;, mas descobri que paulistas n&atilde;o achavam gra&ccedil;a das situa&ccedil;&otilde;es que eu assim descrevia. Da&iacute; o &quot;&eacute; curioso&quot;. Mas tamb&eacute;m lembro de um amigo colombiano me contando que alguma situa&ccedil;&atilde;o era, em castelhano, &quot;graciosa&quot;. E essas palavras meio primas entre portugu&ecirc;s e castelhano que soam engra&ccedil;adas, ou curiosas, os tais falsos cognatos (e convenhamos, que palavrinha bem feia essa, cognatos).</p> <p>Eu precisei ir para a Espanha para descobrir que tinha alguma facilidade com o castelhano, provavelmente adquirida no contato com a parte ib&eacute;rica da fam&iacute;lia que vivia na fronteira com o Uruguay. Minha av&oacute; Ana Lia &eacute;, at&eacute; onde sei, de uma fam&iacute;lia antiga de Sant&#39;anna do Livramento. Mas seu agora falecido marido era de Ros&aacute;rio do Sul, filho de um certo Felisberto Filho de origem lusitana mais recente. Honestamente n&atilde;o recordo se meu bisav&ocirc;, que todas as gera&ccedil;&otilde;es chamavam de V&ocirc; Beto, nasceu em Portugal e veio jovem para o Brasil ou se j&aacute; era brasileiro filho de imigrantes. Mas era um bom portugu&ecirc;s, padeiro e dono de estabelecimento, al&eacute;m de inventor de pequenas solu&ccedil;&otilde;es dom&eacute;sticas. Lembro do sab&atilde;o de abacate, de um sistema de molas para abrir uma portinhola em sua casa em Ros&aacute;rio. Aos oitenta e poucos anos, V&ocirc; Beto fazia sua caminhada acelerada na praia de Cidreira. Quase um cooper.</p> <p>Daquela &eacute;poca, temos uma foto das quatro gera&ccedil;&otilde;es: (bisa)V&ocirc; Beto, V&ocirc; Claudio com suas pernas fortes, meu pai antes dos trinta e eu, com uma viseira na testa e pisando em uma bola de futebol. Como se conseguisse enganar algu&eacute;m. Os dois a meu lado na foto eram bons de bola. Meu av&ocirc; chegou a jogar no Gr&ecirc;mio Santanense, al&eacute;m de apitar jogos no interior do Rio Grande do Sul. E ele frequentemente dizia que meu pai &eacute; que era o craque da fam&iacute;lia. Claudio-pai tinha, se bem lembro, o p&eacute; tamanho 36. Seu filho, meu pai, tem p&eacute; 38. Eu j&aacute; sou 41 ou mais, bom para beque. No telefone, h&aacute; pouco, meu pai contou que o corpo do v&ocirc; ser&aacute; cremado e as cinzas dispersas no Beira Rio. Para quem n&atilde;o &eacute; ga&uacute;cho o Gigante da Beira Rio &eacute; o est&aacute;dio do Sport Club Internacional. Hoje deve ter outro nome por causa da copa, mas n&atilde;o sou muito do futebol. O est&aacute;dio foi inaugurado em algum dia quatro de abril, tamb&eacute;m data do anivers&aacute;rio do meu av&ocirc;. Lembro que uma das muitas hist&oacute;rias inveross&iacute;meis que ele contava (tinha aquela l&aacute;bia de vendedor que envolve as pessoas em causos, mesmo que inventados na hora) era a respeito de n&atilde;o lembro qual epis&oacute;dio em que viu de dentro do est&aacute;dio algo acontecer na ponte que atravessa o rio (estu&aacute;rio) Gua&iacute;ba. Quem conhece o Beira Rio sabe que n&atilde;o existe hip&oacute;tese de algu&eacute;m ver qualquer coisa na ponte desde dentro do est&aacute;dio, mas essa flexibilidade de interpreta&ccedil;&atilde;o faz parte do legado. De todo modo, era s&oacute;cio fundador do est&aacute;dio, e meu desinteresse por futebol ainda maior que o do meu pai deve ter parecido estranho ao v&ocirc;. Mas na inf&acirc;ncia chegamos a ir juntos a muitos jogos no Beira Rio. Tenho enrolada em meu pesco&ccedil;o a camisa oficial do Inter, comemorativa dos cem anos do clube, em cujas costas estampam o nome FONSECA e o n&uacute;mero 76. Presente de anivers&aacute;rio do meu pai para ele. Ano passado o v&ocirc; me deu a camisa, sabido que s&oacute; ele das coisas e ritmos da vida.</p> <p>V&ocirc; Claudio era filho de padeiro e padeiro ele mesmo. Foi propriet&aacute;rio da Padaria Fonseca, conhecid&iacute;ssima em Sant&#39;anna do Livramento nos anos setenta - &eacute;poca em que chegou a frequentar o Club Campestre. Mudou-se para a capital com a fam&iacute;lia por motivos que desconhe&ccedil;o, mas agrade&ccedil;o. Se n&atilde;o estou inventando de mem&oacute;ria, meu av&ocirc; chegou a ter uma padaria em algum lugar de Porto Alegre, talvez na Get&uacute;lio, e seu filho homem mais velho, o segundo da prole, trabalhava no caixa quando encantou-se por uma alemoa que l&aacute; comprava o p&atilde;o para a fam&iacute;lia. O resultado disso sou eu, se a hist&oacute;ria n&atilde;o diverge muito da realidade.</p> <p>No fim dos oitentas, o v&ocirc; retornou a Livramento e montou uma Padaria Fonseca no bairro Fort&iacute;n e depois outra se n&atilde;o me engano em uma rua Silveira Martins, ou algo parecido. Lembro no Fort&iacute;n do padeiro principal, do gigantesco forno a pilha (de lenha), da textura do balc&atilde;o do caixa, de aprender a dar troco errado para uruguaios, de meus tios trabalhando pesado. Era uma padaria mais tradicional e espa&ccedil;osa, ao contr&aacute;rio da outra. Lembro da antena de radioamador esticada por sobre o carro e um camarada chamado Airton. Da Calle Sarandy, dos Free Shops, do pr&eacute;dio e depois a casa num terreno em declive onde os av&oacute;s moravam. Da caixa registradora anal&oacute;gica, com bot&otilde;es de metal. De ficar atento &agrave;s cota&ccedil;&otilde;es do d&oacute;lar e do peso. A vida na fronteira, que eu vivenciei por poucos ver&otilde;es mas me marcou muito. Nas ruas de Livramento, lembro das persianas de pl&aacute;stico perfuradas de granizo. De meus queridos tios, um ent&atilde;o ainda colado aos pais, o outro j&aacute; casado e com filhas, vivendo sua vida. De uma tarde em um clube cheio de piscinas com o Toninho e fam&iacute;lia, de aprender a sovar uma massa de p&atilde;o com o Lafa.</p> <p>Alguns anos depois, j&aacute; em Porto Alegre, eu aprenderia com o Lafa um monte de outras receitas: massa folhada, ravioli, pizzas, coxinhas, croquetes. Assistia maravilhado a ele produzindo quindins. E comia mil-folhas como um desesperado. J&aacute; era outro estabelecimento, o Bem Pensado, no cora&ccedil;&atilde;o do Bom Fim. Foi criado pelo meu pai como uma loja de congelados, com algumas coisas adicionais, como um neg&oacute;cio para o v&ocirc; tocar. Meu v&ocirc; vivia no Assun&ccedil;&atilde;o, um bairro relativamente distante, a uma quadra do Gua&iacute;ba, onde me levou algumas vezes pra pescar lambaris. A casa era grande, com uma ed&iacute;cula onde vivia meu tio, espa&ccedil;o para um churrasco e futebol e um casal de pastores alem&atilde;es chamados Trov&atilde;o e Fa&iacute;sca. O carro do v&ocirc; era uma Caravan 77 prateada de tr&ecirc;s marchas e banco inteiro, o primeiro carro que dirigi.</p> <p>Nessa &eacute;poca, v&ocirc; Claudio teve um epis&oacute;dio m&eacute;dico forte. A car&oacute;tida estava totalmente entupida. Talvez (e este &eacute; um talvez ir&ocirc;nico, percebam) isso tivesse alguma rela&ccedil;&atilde;o com o fato de que ele comia tr&ecirc;s ovos fritos por dia, &agrave;s vezes um hamb&uacute;rguer de gado misturado com soja e bem frito com queijo derretido por cima. Ou com o h&aacute;bito de fumar cachimbo. Ou com o whisky e seus parentes. Nos anos oitenta, meu av&ocirc; de baixa estatura (menos de 1m70) ficou bem gordo. Ele conta que chegou aos 100kg. Nunca duvidei, ao ver as fotos. Mas ali naquele come&ccedil;o de anos noventa, ele foi parar no hospital e quase se foi bem cedo. Deu trabalho, e lembro de muito stress na fam&iacute;lia em torno do epis&oacute;dio. Anos depois, o v&ocirc; dizia &quot;o m&eacute;dico me falou pra escolher entre o trago ou o a&ccedil;&uacute;car - e NUNCA MAIS pus um doce na boca&quot;.</p> <p>De fato, Fonsecas desta cepa bebem. Bebemos. E seu CBF, Claudio Bacelar da Fonseca, tinha isso como identidade cultural. Nas festas de fam&iacute;lia era o b&ecirc;bado barulhento, que come&ccedil;a a chamar o nome da patroa. LIA! LIA! Mas todo mundo que o conhecia j&aacute; sabia de antem&atilde;o, e n&atilde;o ligava. Barulhento. Um dia, quando meu pai morava na Jo&atilde;o Pessoa, l&aacute; no comecinho dos anos noventa, meu v&ocirc; veio visitar. Eu tinha no meu quarto uma bicama que arm&aacute;vamos quando alguma das minhas irm&atilde;s vinha dormir em casa. Cedi minha cama para o v&ocirc; e fui para a de baixo. No meio da noite, meio sem perceber, fugi dos roncos do v&ocirc; e fui dormir no sof&aacute; da sala. Quando dormia depois de beber, &agrave;s vezes tamb&eacute;m acordava gritando.</p> <p>Mil causos como esses. As valentias do passado. As brigas no tr&acirc;nsito. A vida na fronteira. J&aacute; mais tarde, meu av&ocirc; vendendo rel&oacute;gios Casio. Trabalhando, j&aacute; depois de aposentado, na f&aacute;brica de pizza de um amigo da fam&iacute;lia. O v&ocirc; e o enxerto de pele na perna, que anunciava quando o tempo ia mudar. Me levando para acampar em Morros dos Conventos. Brigando com a v&oacute;. Esculpindo com o canivete em peda&ccedil;os de madeira encontrados na Reden&ccedil;&atilde;o. Me levando para caminhar na Avenida Atl&acirc;ntica e para beber um chope na sequ&ecirc;ncia. Com aquele cabelo preto penteado para tr&aacute;s, e mais tarde o cabelo j&aacute; branco cortado rente &agrave; m&aacute;quina pelo meu pai. Sempre no mesmo dia do m&ecirc;s. Anotando na caderneta a dura&ccedil;&atilde;o das l&acirc;minas de barbear, das l&acirc;mpadas, sei l&aacute; mais do qu&ecirc;. Sendo o cara mais carinhoso do mundo. Felipe... gritava ele, j&aacute; passado no &aacute;lcool. Bipe... t&ecirc; amo!</p> <p>Eu tamb&eacute;m te amo, v&ocirc;. Fa&ccedil;a uma boa viagem para a estrelinha. E depois conta pra gente sobre os bares do caminho...</p> <p><strong>PS.:</strong> as seis cervejas de ontem me aconselharam a n&atilde;o publicar este texto. Podia t&ecirc;-lo feito. Corrigi pouca coisa e l&aacute; vai. Hoje passei o dia inteiro vestindo a camisa do inter que foi de meu av&ocirc;. Me contaram que foi bonita a cerim&ocirc;nia de despedida da crema&ccedil;&atilde;o. Deu saudades dos meus av&ocirc;s e das fam&iacute;lias em torno. Seguimos o baile, de todo modo. Obrigado, v&ocirc; Claudio. Obrigado, v&ocirc; Ernesto.</p> avôs Cláudio Ernesto lifelog Saturno tempo Sun, 26 Jul 2015 02:09:51 +0000 felipefonseca 13315 at http://efeefe.no-ip.org Mortovivo telefonia imóvel http://efeefe.no-ip.org/blog/mortovivo-telefonia-imovel <p>A&iacute; estava eu s&aacute;bado &agrave; tarde numa sala de espera de hospital (hist&oacute;ria desimportante, n&atilde;o vou perder tempo contando) quando recebo um SMS da Vivo. &quot;Voc&ecirc; j&aacute; gastou o limite de dados do plano no m&ecirc;s, mande mensagem se quiser contratar mais&quot;. Tive certeza que era engano deles, porque raramente uso sequer um quarto do meu plano de 4Gb mensais.</p> <p>Veio domingo e percebi que a internet no celular estava extremamente lenta. Liguei l&aacute;. Expliquei. Caiu. N&atilde;o ligaram de volta. Liguei de novo. Expliquei. Caiu. Me ligaram de volta. Disseram que eu tinha mesmo esgotado - em nove dias havia supostamente baixado 5.9Gb no celular. Falei que estava errado, no meu ritmo usual de consumo demoraria alguns meses para baixar isso tudo. Passaram para o &quot;setor t&eacute;cnico&quot; onde um rapaz simp&aacute;tico foi verificar e descobriu que um &uacute;nico acesso no s&aacute;bado &agrave; tarde, come&ccedil;ando &agrave;s 17h e pouco, havia consumido quase 5Gb em cerca de uma hora. Argumentei com ele que nesse hor&aacute;rio estava numa sala de espera no hospital e, com a velocidade que a Vivo oferece, nem que eu quisesse conseguiria baixar 5Gb em uma hora. Na verdade, nem se estivesse de frente para a antena eu conseguiria. Argumentei que o contador do android fala que eu consumi 850Mb ao longo de trinta dias. Ele falou ent&atilde;o &quot;isso deve ser erro no nosso sistema, vou passar de volta para o comercial para que voltem sua conex&atilde;o &agrave; velocidade original&quot;. Ainda perguntei &quot;n&atilde;o vou ter que pagar por esses dados, n&eacute;?&quot;. Ele falou &quot;n&atilde;o, n&atilde;o vai precisar&quot;. Aguardei mais uns dez minutos de musiquinha ruim e a liga&ccedil;&atilde;o caiu. N&atilde;o me ligaram de volta.</p> <p>Tornei a ligar para a Vivo, expliquei mais uma vez o causo todo para a mo&ccedil;a do comercial e ela disse que n&atilde;o estaria estando sendo poss&iacute;vel voltar minha conex&atilde;o, j&aacute; que eu gastei o plano inteiro. A&iacute; eu expliquei tudo de novo, reiterando que o pr&oacute;prio t&eacute;cnico deles tinha me falado que havia algo errado. N&atilde;o teve jeito. Pedi que ela me mandasse as grava&ccedil;&otilde;es das liga&ccedil;&otilde;es que fiz ontem. Supostamente ela registrou meus pedidos e devo ser contactado pela Vivo nos pr&oacute;ximos dias sobre isso.</p> <p>Hoje, segunda, o dia come&ccedil;ou e senti um pouco de falta da conex&atilde;o intermitente. Mas nem tanto. Ainda assim, liguei para a Vivo para falar com a Ouvidoria. Expliquei tudo de novo, a mo&ccedil;a falou que ia transferir para a Ouvidoria. Atendeu outra, que n&atilde;o era da Ouvidoria. Expliquei mais uma vez o causo todo. Ela me deixou esperando at&eacute; a liga&ccedil;&atilde;o passar dos nove minutos, e retornou me dando um n&uacute;mero de telefone.</p> <p>Liguei para a Ouvidoria. Expliquei de novo. Ela falou que vai abrir um procedimento, e que em at&eacute; cinco dias &uacute;teis a Ouvidoria vai me dar um retorno.</p> <p>Enquanto isso, estou sem a internet pela qual pago bem caro para ter, nessa operadora que &eacute; o orgulho da privatalhagem nacional. Talvez eu chegue &agrave; semana que vem sem precisar mais da internet intermitente. Ou sem precisar desta operadora.</p> lifelog mobile vivo Mon, 11 May 2015 17:19:03 +0000 felipefonseca 13300 at http://efeefe.no-ip.org Em extinção... http://efeefe.no-ip.org/blog/em-extincao <p>Cada vez mais dif&iacute;cil de achar:</p> <ul> <li> Desodorante sem antitranspirante</li> <li> Tempero industrial sem glutamato monoss&oacute;dico</li> <li> Derivados de milho sem transg&ecirc;nicos</li> <li> &Aacute;gua pot&aacute;vel nas torneiras de S&atilde;o Paulo (essa coisa amarelada que escorre por aqui n&atilde;o conta)</li> </ul> alimentação lifelog sustentabilidade Thu, 26 Feb 2015 15:30:15 +0000 felipefonseca 13293 at http://efeefe.no-ip.org Rituais de chegada http://efeefe.no-ip.org/blog/rituais-de-chegada <p>No dia em que minha filha nasceu, em 2010, a felicidade me cercava. Eu chorei, transbordei de vida de um jeito que s&oacute; que j&aacute; sentiu entende. Mas ningu&eacute;m me ofereceu um charuto. Eu nem tinha pensado nisso antes do dia, estava daquele jeito de primeiro filho que a gente flutua e as coisas v&atilde;o levando, e de repente j&aacute; foi e nem viu direito. Uns dias depois meu sogro trouxe uma caixa de excelentes cigarrilhas, mas j&aacute; n&atilde;o era a mesma coisa. Tanto &eacute; que a caixa durou ainda alguns anos.</p> <p>H&aacute; algumas semanas, estava eu debaixo de uma chuva leve esperando um barbeiro que se atrasara. Para fugir da garoa, entrei na tabacaria ao lado. Topei com um habano aparentemente leg&iacute;timo, e decidi que ele me acompanharia na miss&atilde;o vindoura.</p> <p>Estou, estamos, em S&atilde;o Paulo desde ontem. Aguardando mais uma crian&ccedil;a que em algum momento das pr&oacute;ximas semanas deve vir ao mundo por obra de nossa uni&atilde;o, se poss&iacute;vel por arte de nossas pr&oacute;prias m&atilde;os. Estou sumindo um pouco mais das redes nesses tempos. Mergulhando em um tipo de experi&ecirc;ncia t&atilde;o antigo quanto a humanidade.</p> <p>E dessa vez tenho at&eacute; um habano pra comemorar quando vier o dia.</p> <p>At&eacute; j&aacute;.</p> gravidez lifelog Wed, 25 Feb 2015 03:56:52 +0000 felipefonseca 13292 at http://efeefe.no-ip.org Escolhas http://efeefe.no-ip.org/blog/escolhas <p>Ind&iacute;cios de termos feito boas escolhas na vida:</p> <p class="rteindent1">- Filha, que tal faltar &agrave; escola hoje e ir &agrave; praia?</p> <p class="rteindent1">- N&atilde;o pai, prefiro ir &agrave; escola.</p> <p>E ela adora praia. Mas a <a href="http://www.jardimprimavera.com.br/" rel="nofollow">escola</a> faz t&atilde;o bem para a vida dela que a gente entende e se enche de orgulho de participar.</p> <p>O que n&atilde;o quer dizer que n&atilde;o tentaremos outra vez se amanh&atilde; o calor se repetir ;)</p> jardim primavera lifelog ubatuba Fri, 13 Feb 2015 02:22:33 +0000 felipefonseca 13290 at http://efeefe.no-ip.org Hirsuto http://efeefe.no-ip.org/blog/hirsuto <p>Lumber o qu&ecirc;? Acho que essa galera t&aacute; assistindo Wolverine demais. &quot;Estilo lenhador&quot; uma ova.</p> <p>Minha barba &eacute; ass&iacute;ria, levantina, b&iacute;blica, grega. &Eacute; Nabucodonosor e Plat&atilde;o. &Eacute; de santos e profetas, reis e mendigos, camponeses e ca&ccedil;adores. &Eacute; minha, sem r&oacute;tulos, e muda sempre. Pra l&aacute; com essas modinhas, por favor.</p> barba lifelog Sat, 27 Dec 2014 02:03:19 +0000 felipefonseca 13285 at http://efeefe.no-ip.org Redes fora das redes http://efeefe.no-ip.org/blog/redes-fora-das-redes <p>C&aacute; estou naquele per&iacute;odo anual semi-afastado do mundo cotidiano. N&atilde;o tanto quanto das outras vezes, porque tamb&eacute;m aqui na ro&ccedil;a &agrave;s margens da mata atl&acirc;ntica as coisas mudam. H&aacute; dez anos vieram os rel&oacute;gios, depois as TVs (que felizmente hoje andam mais silenciosas). Depois os smartphones com cache que eram levados &agrave; cidade para sincronizar. E desde o come&ccedil;o de 2014, sim, o wifi est&aacute; na &aacute;rea. Lento, inst&aacute;vel, mas suficiente para me permitir publicar este texto (ser&aacute; que vai cair a conex&atilde;o quando eu apertar &quot;publicar&quot;?).</p> <p>Decidi, entretanto, que tentaria manter este per&iacute;odo mais voltado a din&acirc;micas outras. Estou, naturalmente, avan&ccedil;ando para reduzir minha pilha de coisas para ler (tanto os livros de papel quanto a intermin&aacute;vel lista de links guardados no pocket ou a imensur&aacute;vel pasta com PDFs). Ler, andar, escutar e fazer m&uacute;sica, brincar com crian&ccedil;as e adultes, olhar nos olhos, ceder espa&ccedil;o para outres, ocupar espa&ccedil;o de outres. Ver crescer e mexer a barriga que carrega mais um dos nossos. Acender fogueiras, velas, ideias.</p> <p>&Uacute;nica regra para meu uso pessoal da internet nestes dias: facebook, s&oacute; quando estiver no centro na cidade. Quando muito. As coisas v&atilde;o continuar autom&aacute;ticas indo daqui pra l&aacute;, mas n&atilde;o quero ver aquela p&aacute;gina azul aqui no ref&uacute;gio.</p> <p>Escreveria mais sobre isso e outras coisas. Escreverei. Mas agora t&ocirc; indo ali que tem vida me esperando.</p> lifelog redes Wed, 24 Dec 2014 00:54:58 +0000 felipefonseca 13284 at http://efeefe.no-ip.org