efeefe - ficção http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/13/0 pt-br Nomes e chamados http://efeefe.no-ip.org/agregando/nomes-e-chamados <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>- Como você chama?</p> <p>- Como chamo o quê?</p> <p>- Não, como você se chama?</p> <p>- Eu não preciso me chamar, estou sempre aqui.</p> <p>- Ok, ok, e como as pessoas te chamam?</p> <p>- Atualmente me chamam por e-mail ou SMS.</p> <p>- Ah, saco! Quero saber qual é seu nome?</p> <p>- Por quê?</p> <p>- Porque eu preciso saber com quem estou falando!</p> <p>- Quem quer saber?</p> <p>- Como, quem que saber? Eu!</p> <p>- Eu quem?</p> <p>- Deixa pra lá…</p> <br /> Tagged: <a href='http://tecnomagxs.wordpress.com/tag/ficcao/' rel="nofollow">ficção</a>, <a href='http://tecnomagxs.wordpress.com/tag/nomes/' rel="nofollow">nomes</a> <a rel="nofollow" href="http://feeds.wordpress.com/1.0/gocomments/tecnomagxs.wordpress.com/218/" rel="nofollow"><img alt="" border="0" src="http://feeds.wordpress.com/1.0/comments/tecnomagxs.wordpress.com/218/" /></a> <a rel="nofollow" href="http://feeds.wordpress.com/1.0/godelicious/tecnomagxs.wordpress.com/218/" rel="nofollow"><img alt="" border="0" src="http://feeds.wordpress.com/1.0/delicious/tecnomagxs.wordpress.com/218/" /></a> <a rel="nofollow" href="http://feeds.wordpress.com/1.0/gofacebook/tecnomagxs.wordpress.com/218/" rel="nofollow"><img alt="" border="0" src="http://feeds.wordpress.com/1.0/facebook/tecnomagxs.wordpress.com/218/" /></a> <a rel="nofollow" href="http://feeds.wordpress.com/1.0/gotwitter/tecnomagxs.wordpress.com/218/" rel="nofollow"><img alt="" border="0" src="http://feeds.wordpress.com/1.0/twitter/tecnomagxs.wordpress.com/218/" /></a> <a rel="nofollow" href="http://feeds.wordpress.com/1.0/gostumble/tecnomagxs.wordpress.com/218/" rel="nofollow"><img alt="" border="0" src="http://feeds.wordpress.com/1.0/stumble/tecnomagxs.wordpress.com/218/" /></a> <a rel="nofollow" href="http://feeds.wordpress.com/1.0/godigg/tecnomagxs.wordpress.com/218/" rel="nofollow"><img alt="" border="0" src="http://feeds.wordpress.com/1.0/digg/tecnomagxs.wordpress.com/218/" /></a> <a rel="nofollow" href="http://feeds.wordpress.com/1.0/goreddit/tecnomagxs.wordpress.com/218/" rel="nofollow"><img alt="" border="0" src="http://feeds.wordpress.com/1.0/reddit/tecnomagxs.wordpress.com/218/" /></a> <img alt="" border="0" src="http://stats.wordpress.com/b.gif?host=tecnomagxs.wordpress.com&blog=4364306&post=218&subd=tecnomagxs&ref=&feed=1" width="1" height="1" /> ficção nomes tecnomagia Uncategorized Sun, 26 Feb 2012 01:34:29 +0000 felipefonseca 12034 at http://efeefe.no-ip.org Fazedorxs http://efeefe.no-ip.org/agregando/fazedorxs <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p><img alt="Makers - Capa" width="132" height="200" align="left" src="http://craphound.com/makers/Tor_Makers_Cover_thumbnail.jpg" />Aproveitei o carnaval para terminar de ler <a href="http://craphound.com/makers/" rel="nofollow">Makers</a>, que eu já tinha mencionado no post do <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/debate-gambiologia-na-campus-party" rel="nofollow">debate sobre Gambiologia</a>. Eu fiquei sabendo do livro via twitter (mas não lembro através de quem), em novembro: alguém comentou que o próximo livro de <a href="http://twitter.com/doctorow" rel="nofollow">Cory Doctorow</a> sairia também em episódios semanais no Tor.com. A única coisa que eu tinha lido dele até então eram alguns posts no <a href="http://boingboing.net" rel="nofollow">Boingboing</a> e o Scroogled (em português <a href="http://osvelhotesdosmarretas.com/2007/11/scroogled.html" rel="nofollow">aqui</a>). O <a href="http://www.tor.com/index.php?option=com_content&view=blog&id=35734" rel="nofollow">primeiro episódio</a>, que já começa dedicado a "quem toma riscos, xs fazedorxs de coisas". Li no site até o terceiro e gostei. Fui lá na amazon e encomendei o livro antes mesmo de ser lançado. Ele chegou aqui em Ubatuba no começo de dezembro. Resolvi deixá-lo de lado para ler no meu recesso de fim de ano, mas o <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/chuvas" rel="nofollow">reveillon molhado</a> não me deixou muito tempo pra isso. Acabei pegando pra ler mesmo só nas últimas semanas.<br /> Apesar de situado em um contexto bem diferente - Estados Unidos, empreendedorismo capitalista, toda aquela coisa - eu me vi bastante (e à <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow">MetaReciclagem</a>) em várias partes da história. Desde o começo, o lance de começar uma coisa despretensiosa, de amigxs compartilhando uma vontade simples - fazer coisas, construir estruturas sem pensar muito em resultados efetivos, descobrir. Depois, a busca de estrutura sem sucumbir à corporificação, à maneira mais aceita de viabilizar as coisas, refletida na tensão entre os fazedores e os executivos. Também o lance da rede, da replicação autônoma, dos esporos comunicantes mas auto-organizados surgindo, e a surpresa que eles causam. <img alt="Monstro de 1,99" align="right" src="http://farm4.static.flickr.com/3319/3312618009_2d63b01781_m_d.jpg" />A crítica ao consumismo e à indústria da obsolescência. O ativismo pelo uso pleno das tecnologias, o desvio do uso, a apropriação total. E claro, todo o lance de propriedade intelectual vs. cultura livre.<br /> Logo no começo, as esculturas de Perry e Lester me fizeram pensar nos monstros de 1,99 do <a href="http://desvio.weblab.tk/desviantes/glaupaiva" rel="nofollow">Glauco Paiva</a>. E, por mais que o final tenha ficado meio solto, o último capítulo tem até uma partida de <a href="http://depositodocalvin.blogspot.com/2008/04/calvinbol.html" rel="nofollow">calvinbol</a>, que simboliza ali a única coisa permanente na história - a sensibilidade do fazer, que tem muito a ver com o que aqui a gente tem chamado de <a href="http://desvio.weblab.tk/tag/gambiologia" rel="nofollow">gambiologia</a>. Também fiquei pensando na tradição brico/fazedora/hacker que é tão presente nas culturas norte-americanas, mas à qual eu nunca dei muita atenção. Mas ainda assim, descontadas todas as diferenças culturais e todos os nortamericanismos do lance, foi uma leitura agradável e que mexeu bastante comigo - muita nostalgia dos tempos do <a href="http://rede.metareciclagem.org/wiki/AgenteCidadao" rel="nofollow">galpão da MetaReciclagem no Agente Cidadão</a>, e uma sensação de que algumas coisas nunca vão mudar, e de que fazer pouco também é fazer muito.<br /> <img alt="cybersocial no agente cidadao" width="200" height="150" align="left" src="http://rede.metareciclagem.org/sites/rede.metareciclagem.org/midia/midia/images/montagem01.preview.jpg" />Ler sobre o cotidiano de Perry e Lester, suas sincronicidades e conquistas, seu afastamento e reencontro, sua amizade e complementaridade, também me fez pensar bastante no <a href="http://daltonmartins.blogspot.com/" rel="nofollow">Dalton</a>. Saudades do tempo em que as coisas eram mais simples - ou era a gente que se preocupava menos?<br /> À história então... (pulando o parágrafo para quem quer evitar spoilers)...</p> <p>... o livro abre numa época quase-agora, em uma coletiva de imprensa anunciando a fusão de Kodak e Duracell. O novo CEO, Landon Kettlewell, anuncia que toda a operação da nova empresa será substituída por times pequenos e inovadores. Após a coletiva, ele convida Suzanne Church, uma das jornalistas presentes, a acompanhar o trabalho de uma das equipes, que ocupa um Wal-Mart desativado na Florida. Essa equipe é formada por Lester e Perry, dois fuçadores / fazedores / hackers que reusam brinquedos, eletrônicos e aparelhos para montar novos produtos: fazem esculturas para colecionadores, montam um carro operado por bonecos do Elmo (Sesame Street) e por aí vai. Em pouco tempo, junta-se a eles Tjan, um administrador que vai ser responsável por transformar a criatividade deles em produtos vendáveis. Eles patinam um pouco, até que criam um sistema pra organizar as coisas em casa baseado em RFID, que vende milhões. Eles brincam também com impressoras 3D. Em algum tempo, Tjan vai para a concorrência. Todo um mercado - chamado "New Work" - é criado. No meio-tempo, mais algumas coisas aconteceram - eles ajudaram a desenvolver uma favela para os sem-teto do outro lado da estrada que tinham sido desalojados, o que vira um laboratório vivo. Eles envolvem o pessoal da favela em algumas coisas. Até que a bolha estoura e todo mundo cai.<br /> Passam-se alguns anos. Lester e Perry montaram um "ride", que não sei bem como traduzir - como as atrações dos parques da Disney - onde estão expostos pedaços de seus antigos projetos. Os visitantes podem votar nas peças que gostam ou não, e o parque se rearruma sozinho. Kettlewell e Tjan estão aposentados, Suzanne viveu esse tempo na Rússia. Em determinado momento eles se reunem. Tjan decide replicar o ride em Boston. Outros rides começam a surgir, de forma emergente, em outras partes do país. Perry e Lester construíram um protocolo pelo qual os diferentes rides podem modificar a composição uns dos outros. Em meio a tudo isso, aparece Sammy, um executivo da Disney que, enciumado pelo sucesso dos hackers, passa a tentar sabotá-los, de forma cada vez mais grave. Ele processa os rides com base em direito autoral, o que dá base para a polícia destruir alguns deles. Kettlewell e Tjan bolam uma estratégia para se contrapor ao tamanho da Disney - criando um mercado que especula contra ações na justiça. Até um toque tupiniquim aparece - da noite para o dia surgem 50 rides no Brasil, sem ter contato com ninguém. Enquanto isso, Sammy faz coisas terríveis até que tem uma ideia que salva sua carreira - transformar impressoras 3D em produtos domésticos, imprimindo peças da Disney. Em pouco tempo Lester invade o firmware das impressoras para imprimir o que quiser. A Disney fica a um passo de um ataque ainda mais forte, quando aparece uma solução que acaba com toda a tensão entre a empresa e as pessoas - e também faz todo mundo ficar amigo de novo, etc.<br /> Mais quinze anos se passam, os amigos se reencontram e - como mencionei lá em cima - o livro termina com uma partida de Calvinbol!<br /> O fim do livro deixa algumas pontas soltas: não me convenceu de estar resolvida a situação com Death Waits, e acho que Doctorow passou a gostar de Sammy e foi amansando ele. Mas enfim, valeu por vários outros motivos. Recomendo a leitura.</p> desvio doctorow ficção gambiologia gambipunk makers metareciclagem Fri, 19 Feb 2010 00:01:05 +0000 felipefonseca 7141 at http://efeefe.no-ip.org Fazedorxs http://efeefe.no-ip.org/agregando/fazedorxs-1 <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- var flattr_uid = 'efeefe'; var flattr_tle = 'Fazedorxs'; var flattr_dsc = '<p><img alt="Makers - Capa" width="132" height="200" align="left" src="http://craphound.com/makers/Tor_Makers_Cover_thumbnail.jpg" />Aproveitei o carnaval para terminar de ler <a href="http://craphound.com/makers/" rel="nofollow">Makers</a>, que eu j&aacute; tinha mencionado no post do <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/debate-gambiologia-na-campus-party" rel="nofollow">debate sobre Gambiologia</a>. Eu fiquei sabendo do livro via twitter (mas n&atilde;o lembro atrav&eacute;s de quem), em novembro: algu&eacute;m comentou que o pr&oacute;ximo livro de <a href="http://twitter.com/doctorow" rel="nofollow">Cory Doctorow</a> sairia tamb&eacute;m em epis&oacute;dios semanais no Tor.com. A &uacute;nica coisa que eu tinha lido dele at&eacute; ent&atilde;o eram alguns posts no <a href="http://boingboing.net" rel="nofollow">Boingboing</a> e o Scroogled (em portugu&ecirc;s <a href="http://osvelhotesdosmarretas.com/2007/11/scroogled.html" rel="nofollow">aqui</a>). O <a href="http://www.tor.com/index.php?option=com_content&amp;view=blog&amp;id=35734" rel="nofollow">primeiro epis&oacute;dio</a>, que j&aacute; come&ccedil;a dedicado a &quot;quem toma riscos, xs fazedorxs de coisas&quot;. Li no site at&eacute; o terceiro e gostei. Fui l&aacute; na amazon e encomendei o livro antes mesmo de ser lan&ccedil;ado. Ele chegou aqui em Ubatuba no come&ccedil;o de dezembro. Resolvi deix&aacute;-lo de lado para ler no meu recesso de fim de ano, mas o <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/chuvas" rel="nofollow">reveillon molhado</a> n&atilde;o me deixou muito tempo pra isso. Acabei pegando pra ler mesmo s&oacute; nas &uacute;ltimas semanas.</p><p>Apesar de situado em um contexto bem diferente - Estados Unidos, empreendedorismo capitalista, toda aquela coisa - eu me vi bastante (e &agrave; <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow">MetaReciclagem</a>) em v&aacute;rias partes da hist&oacute;ria. Desde o come&ccedil;o, o lance de come&ccedil;ar uma coisa despretensiosa, de amigxs compartilhando uma vontade simples - fazer coisas, construir estruturas sem pensar muito em resultados efetivos, descobrir. Depois, a busca de estrutura sem sucumbir &agrave; corporifica&ccedil;&atilde;o, &agrave; maneira mais aceita de viabilizar as coisas, refletida na tens&atilde;o entre os fazedores e os executivos. Tamb&eacute;m o lance da rede, da replica&ccedil;&atilde;o aut&ocirc;noma, dos esporos comunicantes mas auto-organizados surgindo, e a surpresa que eles causam. <img alt="Monstro de 1,99" align="right" src="http://farm4.static.flickr.com/3319/3312618009_2d63b01781_m_d.jpg" />A cr&iacute;tica ao consumismo e &agrave; ind&uacute;stria da obsolesc&ecirc;ncia. O ativismo pelo uso pleno das tecnologias, o desvio do uso, a apropria&ccedil;&atilde;o total. E claro, todo o lance de propriedade intelectual vs. cultura livre.</p><p>Logo no come&ccedil;o, as esculturas de Perry e Lester me fizeram pensar nos monstros de 1,99 do <a href="http://desvio.weblab.tk/desviantes/glaupaiva" rel="nofollow">Glauco Paiva</a>. E, por mais que o final tenha ficado meio solto, o &uacute;ltimo cap&iacute;tulo tem at&eacute; uma partida de <a href="http://depositodocalvin.blogspot.com/2008/04/calvinbol.html" rel="nofollow">calvinbol</a>, que simboliza ali a &uacute;nica coisa permanente na hist&oacute;ria - a sensibilidade do fazer, que tem muito a ver com o que aqui a gente tem chamado de <a href="http://desvio.weblab.tk/tag/gambiologia" rel="nofollow">gambiologia</a>. Tamb&eacute;m fiquei pensando na tradi&ccedil;&atilde;o brico/fazedora/hacker que &eacute; t&atilde;o presente nas culturas norte-americanas, mas &agrave; qual eu nunca dei muita aten&ccedil;&atilde;o. Mas ainda assim, descontadas todas as diferen&ccedil;as culturais e todos os nortamericanismos do lance, foi uma leitura agrad&aacute;vel e que mexeu bastante comigo - muita nostalgia dos tempos do <a href="http://rede.metareciclagem.org/wiki/AgenteCidadao" rel="nofollow">galp&atilde;o da MetaReciclagem no Agente Cidad&atilde;o</a>, e uma sensa&ccedil;&atilde;o de que algumas coisas nunca v&atilde;o mudar, e de que fazer pouco tamb&eacute;m &eacute; fazer muito.</p><p><img alt="cybersocial no agente cidadao" width="200" height="150" align="left" src="http://rede.metareciclagem.org/sites/rede.metareciclagem.org/midia/midia/images/montagem01.preview.jpg" />Ler sobre o cotidiano de Perry e Lester, suas sincronicidades e conquistas, seu afastamento e reencontro, sua amizade e complementaridade, tamb&eacute;m me fez pensar bastante no <a href="http://daltonmartins.blogspot.com/" rel="nofollow">Dalton</a>. Saudades do tempo em que as coisas eram mais simples - ou era a gente que se preocupava menos?</p><p>&Agrave; hist&oacute;ria ent&atilde;o... (pulando o par&aacute;grafo para quem quer evitar spoilers)...</p>'; var flattr_tag = 'doctorow,ficção,gambiologia,gambipunk,makers,metareciclagem'; var flattr_cat = 'text'; var flattr_url = 'http://desvio.cc/blog/fazedorxs'; var flattr_lng = 'en_GB' <p><img alt="Makers - Capa" width="132" height="200" align="left" src="http://craphound.com/makers/Tor_Makers_Cover_thumbnail.jpg" />Aproveitei o carnaval para terminar de ler <a href="http://craphound.com/makers/" rel="nofollow">Makers</a>, que eu já tinha mencionado no post do <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/debate-gambiologia-na-campus-party" rel="nofollow">debate sobre Gambiologia</a>. Eu fiquei sabendo do livro via twitter (mas não lembro através de quem), em novembro: alguém comentou que o próximo livro de <a href="http://twitter.com/doctorow" rel="nofollow">Cory Doctorow</a> sairia também em episódios semanais no Tor.com. A única coisa que eu tinha lido dele até então eram alguns posts no <a href="http://boingboing.net" rel="nofollow">Boingboing</a> e o Scroogled (em português <a href="http://osvelhotesdosmarretas.com/2007/11/scroogled.html" rel="nofollow">aqui</a>). O <a href="http://www.tor.com/index.php?option=com_content&view=blog&id=35734" rel="nofollow">primeiro episódio</a>, que já começa dedicado a "quem toma riscos, xs fazedorxs de coisas". Li no site até o terceiro e gostei. Fui lá na amazon e encomendei o livro antes mesmo de ser lançado. Ele chegou aqui em Ubatuba no começo de dezembro. Resolvi deixá-lo de lado para ler no meu recesso de fim de ano, mas o <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/chuvas" rel="nofollow">reveillon molhado</a> não me deixou muito tempo pra isso. Acabei pegando pra ler mesmo só nas últimas semanas.<br /> Apesar de situado em um contexto bem diferente - Estados Unidos, empreendedorismo capitalista, toda aquela coisa - eu me vi bastante (e à <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow">MetaReciclagem</a>) em várias partes da história. Desde o começo, o lance de começar uma coisa despretensiosa, de amigxs compartilhando uma vontade simples - fazer coisas, construir estruturas sem pensar muito em resultados efetivos, descobrir. Depois, a busca de estrutura sem sucumbir à corporificação, à maneira mais aceita de viabilizar as coisas, refletida na tensão entre os fazedores e os executivos. Também o lance da rede, da replicação autônoma, dos esporos comunicantes mas auto-organizados surgindo, e a surpresa que eles causam. <img alt="Monstro de 1,99" align="right" src="http://farm4.static.flickr.com/3319/3312618009_2d63b01781_m_d.jpg" />A crítica ao consumismo e à indústria da obsolescência. O ativismo pelo uso pleno das tecnologias, o desvio do uso, a apropriação total. E claro, todo o lance de propriedade intelectual vs. cultura livre.<br /> Logo no começo, as esculturas de Perry e Lester me fizeram pensar nos monstros de 1,99 do <a href="http://desvio.weblab.tk/desviantes/glaupaiva" rel="nofollow">Glauco Paiva</a>. E, por mais que o final tenha ficado meio solto, o último capítulo tem até uma partida de <a href="http://depositodocalvin.blogspot.com/2008/04/calvinbol.html" rel="nofollow">calvinbol</a>, que simboliza ali a única coisa permanente na história - a sensibilidade do fazer, que tem muito a ver com o que aqui a gente tem chamado de <a href="http://desvio.weblab.tk/tag/gambiologia" rel="nofollow">gambiologia</a>. Também fiquei pensando na tradição brico/fazedora/hacker que é tão presente nas culturas norte-americanas, mas à qual eu nunca dei muita atenção. Mas ainda assim, descontadas todas as diferenças culturais e todos os nortamericanismos do lance, foi uma leitura agradável e que mexeu bastante comigo - muita nostalgia dos tempos do <a href="http://rede.metareciclagem.org/wiki/AgenteCidadao" rel="nofollow">galpão da MetaReciclagem no Agente Cidadão</a>, e uma sensação de que algumas coisas nunca vão mudar, e de que fazer pouco também é fazer muito.<br /> <img alt="cybersocial no agente cidadao" width="200" height="150" align="left" src="http://rede.metareciclagem.org/sites/rede.metareciclagem.org/midia/midia/images/montagem01.preview.jpg" />Ler sobre o cotidiano de Perry e Lester, suas sincronicidades e conquistas, seu afastamento e reencontro, sua amizade e complementaridade, também me fez pensar bastante no <a href="http://daltonmartins.blogspot.com/" rel="nofollow">Dalton</a>. Saudades do tempo em que as coisas eram mais simples - ou era a gente que se preocupava menos?<br /> À história então... (pulando o parágrafo para quem quer evitar spoilers)...</p> <p>... o livro abre numa época quase-agora, em uma coletiva de imprensa anunciando a fusão de Kodak e Duracell. O novo CEO, Landon Kettlewell, anuncia que toda a operação da nova empresa será substituída por times pequenos e inovadores. Após a coletiva, ele convida Suzanne Church, uma das jornalistas presentes, a acompanhar o trabalho de uma das equipes, que ocupa um Wal-Mart desativado na Florida. Essa equipe é formada por Lester e Perry, dois fuçadores / fazedores / hackers que reusam brinquedos, eletrônicos e aparelhos para montar novos produtos: fazem esculturas para colecionadores, montam um carro operado por bonecos do Elmo (Sesame Street) e por aí vai. Em pouco tempo, junta-se a eles Tjan, um administrador que vai ser responsável por transformar a criatividade deles em produtos vendáveis. Eles patinam um pouco, até que criam um sistema pra organizar as coisas em casa baseado em RFID, que vende milhões. Eles brincam também com impressoras 3D. Em algum tempo, Tjan vai para a concorrência. Todo um mercado - chamado "New Work" - é criado. No meio-tempo, mais algumas coisas aconteceram - eles ajudaram a desenvolver uma favela para os sem-teto do outro lado da estrada que tinham sido desalojados, o que vira um laboratório vivo. Eles envolvem o pessoal da favela em algumas coisas. Até que a bolha estoura e todo mundo cai.<br /> Passam-se alguns anos. Lester e Perry montaram um "ride", que não sei bem como traduzir - como as atrações dos parques da Disney - onde estão expostos pedaços de seus antigos projetos. Os visitantes podem votar nas peças que gostam ou não, e o parque se rearruma sozinho. Kettlewell e Tjan estão aposentados, Suzanne viveu esse tempo na Rússia. Em determinado momento eles se reunem. Tjan decide replicar o ride em Boston. Outros rides começam a surgir, de forma emergente, em outras partes do país. Perry e Lester construíram um protocolo pelo qual os diferentes rides podem modificar a composição uns dos outros. Em meio a tudo isso, aparece Sammy, um executivo da Disney que, enciumado pelo sucesso dos hackers, passa a tentar sabotá-los, de forma cada vez mais grave. Ele processa os rides com base em direito autoral, o que dá base para a polícia destruir alguns deles. Kettlewell e Tjan bolam uma estratégia para se contrapor ao tamanho da Disney - criando um mercado que especula contra ações na justiça. Até um toque tupiniquim aparece - da noite para o dia surgem 50 rides no Brasil, sem ter contato com ninguém. Enquanto isso, Sammy faz coisas terríveis até que tem uma ideia que salva sua carreira - transformar impressoras 3D em produtos domésticos, imprimindo peças da Disney. Em pouco tempo Lester invade o firmware das impressoras para imprimir o que quiser. A Disney fica a um passo de um ataque ainda mais forte, quando aparece uma solução que acaba com toda a tensão entre a empresa e as pessoas - e também faz todo mundo ficar amigo de novo, etc.<br /> Mais quinze anos se passam, os amigos se reencontram e - como mencionei lá em cima - o livro termina com uma partida de Calvinbol!<br /> O fim do livro deixa algumas pontas soltas: não me convenceu de estar resolvida a situação com Death Waits, e acho que Doctorow passou a gostar de Sammy e foi amansando ele. Mas enfim, valeu por vários outros motivos. Recomendo a leitura.</p> desvio doctorow ficção gambiologia gambipunk makers metareciclagem Fri, 19 Feb 2010 00:01:05 +0000 felipefonseca 9538 at http://efeefe.no-ip.org Sleep dealer http://efeefe.no-ip.org/blog/sleep-dealer <p><img alt="" src="http://www.fpif.org/images/irc/33/1549.jpg" /></p> <p>T&ocirc; querendo muito assistir a esse <a href="http://www.imdb.com/title/tt0804529/" rel="nofollow">Sleep Dealer</a>.&nbsp; Mais do que o filme em si, t&ocirc; gostando das conversas com o diretor, Alex Rivera. Boa entrevista <a href="http://www.fpif.org/fpiftxt/6116" rel="nofollow">aqui</a>, que tem a ver com <a href="http://futurosimaginarios.midiatatica.info/" rel="nofollow">futuros imagin&aacute;rios</a> e com uma conversa que o <a href="http://twitter.com/GreatDismal" rel="nofollow">William Gibson</a> tava levando no twitter, elogiando a '<a href="http://twitter.com/GreatDismal/status/1918556578" rel="nofollow">atemporalidade</a>' e questionando as pessoas que tentam sempre estar <em>in</em>.</p> <blockquote> <p><font face="Arial, Helvetica, sans-serif" size="-1"> <p>But, you know, a lot of times we use the word &quot;futuristic&quot; to describe things that are kind of explosions of capital, like skyscrapers or futuristic cities. We do not think of a cornfield as futuristic, even though that has as much to do with the future as does the shimmering skyscraper.</p> <p><strong>MARK ENGLER:</strong> In what sense?</p> <p><strong>ALEX RIVERA:</strong> In the sense that we all need to eat. In the sense that the ancient cornfields in Oaxaca are the places that replenish the genetic supply of corn that feeds the world. Those fields are the future of the food supply.&nbsp;</p> <p>For every futuristic skyscraper, there's a mine someplace where the ore used to build that structure was taken out of the ground. That mine is just as futuristic as the skyscraper. So, I think <em>Sleep Dealer</em> puts forward this vision of the future that connects the dots, a vision that says that the wealth of the North comes from somewhere. It tries to look at development and futurism from this split point of view &mdash; to look at the fact that these fantasies of what the future will be in the North must always be creating a second, nightmare reality somewhere in the South. That these things are tied together.</p> </font></p> </blockquote> cyberpunk ficção futuros imaginários Wed, 27 May 2009 00:47:41 +0000 felipefonseca 4534 at http://efeefe.no-ip.org Skol http://efeefe.no-ip.org/textos/skol <blockquote> Outro conto de 99. Tamb&eacute;m tem um pouco de Rubem Fonseca. Publicado no <a title="COL no qualquer" href="http://qualquer.org/col" rel="nofollow">COL</a> 130, em 29/12/1999, e depois de novo no <a title="qualquer COL" href="http://qualquer.org/col" rel="nofollow">COL</a> 169, em 05/06/2000. As ilustra&ccedil;&otilde;es, novas, s&atilde;o da <a title="cau no flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow">Cau</a>. </blockquote> <p>SKOL</p> <p>Ser&aacute; que uma pessoa &eacute; diferente de uma garrafa de cerveja? Carlos j&aacute; matou v&aacute;rias garrafas de cerveja. Vazias. F&aacute;cil, ass&eacute;ptico. Puxar o gatilho, sem gritos nem sangue nem porfavorn&atilde;omemataporfavor. <a title="striemer@flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow"><img align="right" width="176" height="240" alt="Ilustrada por Carolina Striemer" src="http://farm3.static.flickr.com/2010/2047371782_0a6070d9fc_m.jpg" /></a>Um m&ecirc;s praticando. Carlos est&aacute; t&atilde;o bom na pontaria que acerta uma long neck a mais de cinq&uuml;enta metros de dist&acirc;ncia, mesmo depois de j&aacute; ter esvaziado algumas delas em seu pr&oacute;prio est&ocirc;mago. Mas ser&aacute; que com gente &eacute; t&atilde;o f&aacute;cil?<br /> Planejado. Zuza vai descer do &ocirc;nibus, atravessar a Prot&aacute;sio, ir na dire&ccedil;&atilde;o da esquina onde Carlos j&aacute; o espera, fingindo que co&ccedil;a o saco pra m&atilde;o ficar perto do cano. Quando o malandro estiver passando por aquele poste ali, a mais ou menos quatro metros, Carlos tira o berro da cintura. Aponta. Puxa o gatilho, cabe&ccedil;a. Zuza cai no ch&atilde;o. Puxa o gatilho de novo, cabe&ccedil;a. Pra garantir. Arma na boca de lobo, vai embora.<br /> E se o fiadaputa n&atilde;o morrer? Imposs&iacute;vel. Duas balas nos miolos. Imposs&iacute;vel. Os porco nem v&atilde;o querer saber quem foi. Ladr&atilde;o morto n&atilde;o faz falta.<br /> A m&atilde;o esquerda de Carlos solta o bolso da cal&ccedil;a e sobe &agrave; altura de seus olhos. Est&aacute; branca, os dedos enrugados. Merda de chuva. Choveu durante toda a noite, Carlos j&aacute; n&atilde;o tem uma parte de seu corpo seca. Escorado desde as onze horas na esquina, na parede da loja de autope&ccedil;as, parece uma est&aacute;tua. S&oacute; se mexeu quando a perna direita come&ccedil;ou a ficar dormente. Uns segundinhos flexionando o joelho e voltou para a posi&ccedil;&atilde;o.<br /> Para evitar qualquer problema, saiu de casa sem os documentos. Ele sente a chave no bolso, a corrente gelada no pesco&ccedil;o e o rev&oacute;lver na cintura. Essa arma, segundo o Seu Doca, tinha sido roubada de um coronel aposentado da Brigada. Um .32, Rossi, cano curto, preto, cabo de pl&aacute;stico marrom. Seis tiros. T&aacute; bem conservado, mas d&aacute; pra saber que &eacute; meio velho porque o c&atilde;o n&atilde;o tranca, tem que puxar o tiro inteiro, direto. Mas Carlos j&aacute; se habituou, embora nunca tivesse atirado antes de come&ccedil;ar a praticar l&aacute; no s&iacute;tio do Seu Doca, em Viam&atilde;o. Na verdade, Carlos ainda n&atilde;o atirou em seres vivos. E, al&eacute;m de algumas brigas de boteco, nunca machucou ningu&eacute;m. Costumava ser o primeiro a sair dessas confus&otilde;es, talvez por saber que seus noventa e tr&ecirc;s quilos bem distribu&iacute;dos em metro e oitenta e sete poderiam ferir algum bebum, de verdade. Carlos nunca cogitaria executar uma pessoa, se n&atilde;o fosse pro Seu Doca, que tanto lhe ajudou desde que ficou desempregado, h&aacute; dois anos. Seu Doca, precavido, n&atilde;o confia em outro para fazer esse trabalho. Carlos aceitou, pensando na lealdade que devia a esse velho trambiqueiro e tamb&eacute;m na garantia dele de que teria sempre comida pros filhos e pra Bia, que tava gr&aacute;vida de novo. Mas tinha que apagar o alcag&uuml;ete, era assim que Seu Doca chamava o cara.<br /> Surge, l&aacute; longe, mais um Passo Dornelles/Safira. Tem que ser neste. J&aacute; passaram uns quinze nessa noite, e Zuza n&atilde;o apareceu. Passaram tamb&eacute;m tr&ecirc;s viaturas da Brigada, uma delas parou no posto de gasolina do outro lado da rua, ficou ali por uns dez minutos, enquanto Carlos torcia para que o dedo-duro n&atilde;o aparecesse justamente naquela hora, que os porco tavam no bico. Mas eles se foram e Carlos continuou. Opa, agora sim. Zuza desce do &ocirc;nibus e vem caminhando devagar, pouco se importando com a chuva, que continua forte. Carlos lembra-se das garrafas. Ser&aacute; que vai ser t&atilde;o f&aacute;cil assim? Ser&aacute; que a arma vai funcionar, depois de tanta chuva, essa merda de arma velha? Fica imaginando que terr&iacute;vel vai ser se ele gostar, e inventar de repetir depois.<br /> Olha para Zuza, atravessando a Prot&aacute;sio e imagina um cad&aacute;ver caminhando em sua dire&ccedil;&atilde;o. Amanh&atilde; esse cara n&atilde;o existe mais. Ser&aacute; que ele falou com a m&atilde;e dele hoje? Ser&aacute; que n&atilde;o tem algum filho escondido por a&iacute;, que talvez nem saiba que o pai &eacute; um ladr&atilde;ozinho dedo-duro, e vai virar &oacute;rf&atilde;o sem ter ao menos lhe conhecido? Uma vida inteira vai fora. &Eacute; s&oacute; puxar um gatilho. Carlos sente-se um covarde. Arma de fogo &eacute; pra covardes. &quot;N&atilde;o vou matar o cara. Outra hora, eu acho ele, dou um couro, se ele tiver amor &agrave; vida n&atilde;o vai mais abrir a boca&quot;. Sua pulsa&ccedil;&atilde;o est&aacute; alta, sente-se ligeiramente tonto. Est&aacute; decidido, Zuza vive. O malandro se aproxima. Est&aacute; passando na frente da escada da loja de materiais de constru&ccedil;&atilde;o, olha para Carlos e bota a m&atilde;o no canivete dentro do bolso, sem se preocupar em esconder suas inten&ccedil;&otilde;es.<br /> &quot;Esse paunocu ainda vai querer me assaltar agora&quot;. Carlos finge que co&ccedil;a o saco. Levanta levemente a camiseta. Zuza v&ecirc; o brilho na cintura de Carlos e sai correndo. &quot;Putamerda!&quot; O berro faz um barulhinho quando bate na fivela do cinto, o barulhinho que tantas vezes Carlos ouviu quando treinava o saque na frente do espelho. Tiro. Erra. Carlos j&aacute; corre atr&aacute;s de Zuza. Tiro. Erra. O gatilho emperra antes de dar o terceiro. Merda de chuva. Zuza trope&ccedil;ou na escada. &Eacute; alcan&ccedil;ado por Carlos, que j&aacute; leva as duas m&atilde;os, entrela&ccedil;adas, num coice no meio das costas do dedo-duro. Ele vai ao ch&atilde;o, entre o terceiro e o quarto degraus da escada de m&aacute;rmore acinzentado. Chute no rim esquerdo. Zuza est&aacute; ca&iacute;do, apoiado em seu bra&ccedil;o direito, a perna direita dobrada, a esquerda estendida por cima da outra. Agora, chute no rosto, o corpo vai para tr&aacute;s, olhos fechados. Ali fica, parado. Dois dentes no ch&atilde;o, mais adiante. Ainda respira. &quot;O viado j&aacute; desmaiou!?&quot; Carlos lembra-se da arma. Onde &eacute; que ela ficou? Olha para tr&aacute;s. Antes de olhar para o ch&atilde;o, procura alguma testemunha na avenida. Ningu&eacute;m.<br /> <a class="forum-topic-navigation" title="striemer@flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow"><img align="right" width="161" height="240" alt="Ilustrado pela Cau" src="http://farm3.static.flickr.com/2145/2047371792_5d4e5b9dfb_m.jpg" /></a> O pouco tempo de distra&ccedil;&atilde;o &eacute; suficiente para Zuza tirar o canivete do bolso e crav&aacute;-lo na perna direita de Carlos. A dor &eacute; imensa, seu corpo se torce inteiro para o lado, cai no ch&atilde;o. Zuza corre. Carlos se restabelece e vai atr&aacute;s. N&atilde;o o v&ecirc; mais. Onde &eacute; que se escondeu o puto? Segue caminhando, n&atilde;o consegue correr. Passa pela parada de &ocirc;nibus, pelas carrocerias destru&iacute;das na frente do ferro-velho, v&ecirc; o canivete no ch&atilde;o, passa pela &aacute;rvore e pelo cont&ecirc;iner de entulho. Tonteia, a dor na perna est&aacute; forte. Se encosta no cont&ecirc;iner. Quando percebe Zuza se levantar l&aacute; de dentro, j&aacute; &eacute; tarde.<br /> Apanha com uma t&aacute;bua, com pregos na ponta. Zuza bate com raiva, chega a quebrar a t&aacute;bua. Carlos est&aacute; deitado de frente, apoiado nos cotovelos. Suas costas em carne, muito sangue. A t&aacute;bua j&aacute; n&atilde;o serve mais como arma. Zuza pega dentro da cali&ccedil;a uma garrafa long neck. Skol. Carlos j&aacute; sabe o que vai acontecer. Em sua mente, os pr&oacute;ximos segundos v&atilde;o demorar a passar. Aparecem cenas de sua adolesc&ecirc;ncia ali mesmo, na Bonja. A primeira vez em que viu Bia, ela dezessete anos e ele dois a mais. O casamento na igreja, Bia j&aacute; gr&aacute;vida e a m&atilde;e dela chorando - os pais dele se recusaram a vir do interior, n&atilde;o gostavam da menina. Por fim, Seu Doca no boteco dizendo, eu sei que tu te garante, guri.<br /> Zuza n&atilde;o hesita. A garrafa estoura, furiosa, na parte de tr&aacute;s da cabe&ccedil;a de Carlos, rasgando-lhe a pele e jogando seu rosto ao ch&atilde;o &aacute;spero. Seus pulm&otilde;es ainda v&atilde;o puxar ar por um minuto ou dois. Ningu&eacute;m aparece para ajudar. Ser&aacute; que uma pessoa &eacute; diferente de uma garrafa de cerveja?<br /> <em> ---Izq</em></p> contos ficção Thu, 06 Dec 2007 00:23:49 +0000 felipefonseca 2905 at http://efeefe.no-ip.org Legumes http://efeefe.no-ip.org/textos/legumes <blockquote> Publicado originalmente no <a title="col em qualquer" href="http://qualquer.org/col" rel="nofollow">COL</a> 143, em 21/02/2000. &Eacute;poca meio neur&oacute;tica. Acho que comecei a escrever durante um blecaute em sampa, mas isso pode ser engano. As duas ilustra&ccedil;&otilde;es s&atilde;o da <a title="cau no flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow">Cau</a>. </blockquote> <p><img align="right" width="398" height="500" alt="Legumes 1, por Striemer" src="http://farm3.static.flickr.com/2036/2047394266_ab225060ab.jpg?v=0" /><strong>Legumes</strong><br /> Acreditem em mim. Ah, ol&aacute;, meu nome &eacute; Veco. Ali&aacute;s, meu nome n&atilde;o &eacute; Veco, mas as pessoas me chamam assim porque... Porqu&ecirc; porra nenhuma! N&atilde;o interessa. O que voc&ecirc;s precisam saber &eacute; que eu me chamo Veco e tenho uma hist&oacute;ria pra contar. &Eacute;, uma hist&oacute;ria, com moral e tudo. Mas j&aacute; que eu n&atilde;o sou escritor infantil, vou dar a moral (!!! nunca tinha pensado na origem dessa express&atilde;o) logo no in&iacute;cio. &Eacute; essa, sempre que voc&ecirc;s tiverem duas escolhas, uma certamente ruim e outra que parece boa, escolham a ruim. E a&iacute;, gostaram? Acharam um incentivo ao conformismo? Bom, foda-se, ningu&eacute;m vai responder, e, se responder, eu nunca vou ouvir. Ah, pensando bem, eu tenho outra moral para essa hist&oacute;ria. Mas essa eu conto no final.<br /> <br /> Bom, vamos &agrave; hist&oacute;ria, que come&ccedil;ou no meu apartamento. Um ap&ecirc; enorme, no vig&eacute;simo primeiro andar de um edif&iacute;cio constru&iacute;do no in&iacute;cio dos anos setentas. Desde essa &eacute;poca, ele foi habitado pela minha tia. Em noventa e nove, a megera morreu. Chamo de megera, porque quando eu era pi&aacute; eu fiquei uma noite na casa dela, porque meus pais tinham que sair e n&atilde;o havia mais nenhum parente com quem me deixar. A velha fez uma sopa de legumes. Eu nunca gostei de legumes, ent&atilde;o tomei o caldo da sopa e botei aqueles peda&ccedil;os de coisas nojentas no lixo (&eacute;, eu era um guri de cinco, seis anos, mas muito educadinho). E voltei pra frente da tev&ecirc; com um caderno e um l&aacute;pis na m&atilde;o. Fiquei ali desenhando. Quando a bruxa viu que os legumes tavam no lixo, ficou possessa. Me deu um puta serm&atilde;o e me deixou a noite inteira trancado num quarto escuro. Cada vez que eu come&ccedil;ava a chorar alto ou gritar, ela dava umas porradas na porta, do lado de fora. Eu pranteei em sil&ecirc;ncio at&eacute; dormir. Na manh&atilde; do dia seguinte, meus pais brigaram com ela e n&oacute;s nunca mais a vimos.<br /> <br /> Meus pais morreram, juntos, uns seis meses antes dela. Como n&atilde;o havia outros herdeiros, essa porra de apartamento ficou pra mim. Eu fui morar nele.<br /> <br /> Voltemos, ent&atilde;o, &agrave; hist&oacute;ria. Eu havia me mudado uns dez dias antes. J&aacute; tinha deixado tudo arrumado. O ap&ecirc; estava perfeito. Eu chamei a Lu pra conhecer. Lu &eacute; a mulher da minha vida. Eu tenho outras, ela tem outros, mas isso n&atilde;o nos incomoda. Bom, ela foi l&aacute; em casa, com um bal&atilde;o desses prateados que flutuam no ar, no formato do Rei Le&atilde;o.<br /> <br /> Esse foi o primeiro filme, se &eacute; que posso cham&aacute;-lo de filme, que n&oacute;s vimos juntos no cinema.<br /> <br /> Foi a primeira vez em que nos tocamos. Ela chegou l&aacute; em casa com o Rei Le&atilde;o e um vinho, eu j&aacute; tinha preparado a janta e a noite foi perfeita. At&eacute; que eu a convidei pra morar comigo no ap&ecirc;. Porra, a mulher quase teve um ataque. &quot;Porque tu quer tirar a minha liberdade! Eu tenho minha vida, cara. N&atilde;o vou entrar nesse teu esquema de vidinha a dois!&quot;<br /> <br /> Tentei argumentar enquanto ela se vestia, mas a mina parecia louca. Antes de bater a porta, ainda falou &quot;N&atilde;o adianta, cara. J&aacute; fez a cagada, j&aacute; era.&quot;<br /> <br /> Vivi tr&ecirc;s dias como um zumbi. Passava o tempo inteiro deitado vendo tev&ecirc;, levantava, ia na cozinha pra comer, no banheiro pra cagar e mijar e deitava de novo.</p> <p><br /> At&eacute; que, na terceira noite, ou quarta, incluindo a que ela foi embora, deu um estouro na rua e faltou luz. &quot;Puta que pariu, a tev&ecirc;.&quot; Acendi uma vela azul que tinha na sala e fui pra sacada. Em todas as outras ruas os apartamentos estavam iluminados. &quot;Velha filhadaputa, tinha que comprar esse muquifo bem nessa porra de rua?, falei. &Agrave;s vezes, parece que meus pensamentos s&oacute; valem se eu os falo. Mesmo que seja falar bem baixinho, como foi o caso.<br /> <br /> Peguei uma cerveja na geladeira, fui pra sala e sentei apoiado na mesa. Acendi um cigarro. Eu j&aacute; tinha comido, mas tive uma vontade repentina de tomar sopa de legumes.<br /> <br /> Olhei pra vela. A fuma&ccedil;a do cigarro, na frente da vela, subia reta. Mas eu sentia um vento, a janela estava aberta. &quot;T&ocirc; precisando dum banho.&quot; Fui pro banheiro, deixei a vela em cima da pia de m&aacute;rmore. Entrei no box e abri a torneira. &quot;Putz, &aacute;gua gelada.&quot; Mas era melhor assim. Banho frio acorda, e, podem ter certeza, dormir era o que eu menos tinha vontade de fazer naquele instante. Embaixo do chuveiro, fiquei alguns minutos parado, observand a luz difusa da chama no box de acr&iacute;lico.<br /> <br /> Fechei o chuveiro, me sequei e voltei pra sala. Fiquei sentado no sof&aacute;, pensando como seria bom se eu pudesse ligar o som. Ou se a Lu ligasse. Gastei uns segundos avaliando o que valia mais pra mim, a Lu ou o som. Acho que o som estava ganhando, mas parei antes de chegar a uma conclus&atilde;o. Na real, eu at&eacute; podia viver sem a Lu, mas sem m&uacute;sica &eacute; foda. Me arrependi de n&atilde;o ter escutado m&uacute;sica nos tr&ecirc;s dias anteriores. Foi ent&atilde;o que vi um vulto se mexendo ao lado do sof&aacute;. Pulei para o lado oposto e paralisei. Fiquei olhando fixo para o lugar, at&eacute; que apareceu. Era aquela merda de Rei Le&atilde;o, j&aacute; meio murcho, balan&ccedil;ando com o vento. Joguei ele pela janela e voltei ao sof&aacute;. &quot;H&aacute;, eu sabia. Nem me assustei&quot;, pensei e falei. Nisso, a vela apagou. J&aacute; tinha derretido at&eacute; o fim. &quot;N&atilde;o d&aacute; nada.&quot;</p> <p>Levantei e entrei no corredor. Eu ia dormir, no dia seguinte a luz teria voltado e eu ia sair de casa, dar uma volta. Deitei. S&uacute;bito, ouvi um barulho na cozinha. Vesti uma bermuda, uma camiseta e calcei os chinelos. Cheguei na cozinha e identifiquei o barulho. A pilha de pratos sujos n&atilde;o deixava d&uacute;vida. Eu estava sentindo uma necessidade urgente de sair daquele ap&ecirc;. Decidi descer os vinte e um andares da escada para conversar com o porteiro. Se eu ficasse, n&atilde;o ia conseguir dormir mesmo. Eu tinha plena convic&ccedil;&atilde;o de que poderia sentir-me melhor l&aacute; embaixo.<br /> <br /> Vou me intrometer para explicar que &eacute; aqui o ponto da decis&atilde;o que eu falei pra voc&ecirc;s. Era certo que ficar no apartamento era ruim. E eu achava que seria melhor sair. Continuando, sa&iacute; direto da cozinha, pela porta dos fundos. Desci dois andares e s&oacute; ent&atilde;o percebi que em nenhum deles havia portas. S&oacute; a escada. &quot;Esses edif&iacute;cios antigos,<br /> ...&quot; Tava muito escuro.<br /> <br /> &quot;Meu isqueiro!&quot; Porra, era prov&aacute;vel que eu ficasse algumas horas l&aacute; embaixo. Tinha que levar cigarro e isqueiro. E aproveitava pra iluminar a escada, vai que tem alguma coisa no caminho. Subi dois andares, mas n&atilde;o tinha mais a porta da minha casa. &quot;Devo ter contado errado.&quot; Subi mais dois andares. Nada de portas. Desci os dois novamente.<br /> <br /> &quot;Porra, me perdi.&quot; Resolvi descer tudo e esperar. N&atilde;o tinha mais ningu&eacute;m na escada. S&oacute; por um momento, senti-me observado. Virei para tr&aacute;s e parecia que uma senhora me observava. Subi correndo as escadas e n&atilde;o havia nada. Nem a velha, nem qualquer barulho de passos que denunciasse haver mais algu&eacute;m por ali. Continuei<br /> descendo.<br /> <br /> Desci. Desci. J&aacute; perdera a conta de quantos andares tinha passado.<br /> <br /> Cansado, sentei num degrau. Um vento frio bateu nas minhas costas e voltei a descer.<br /> <br /> <img align="right" alt="Legumes 2, por Striemer" src="http://farm3.static.flickr.com/2264/2047371752_28130a01de.jpg?v=0" /> Logo, topei com uma porta. &quot;Ah, o t&eacute;rreo.&quot; Cheguei ao sagu&atilde;o do edif&iacute;cio e a porta fechou atr&aacute;s de mim. N&atilde;o havia ningu&eacute;m no sagu&atilde;o. Ali&aacute;s, s&oacute; havia um caderno e um l&aacute;pis num canto. E, com exce&ccedil;&atilde;o da porta que vinha da escada, n&atilde;o existiam outras sa&iacute;das. Nem janelas. Tornei a abrir a porta da escada. N&atilde;o havia mais escada. Atr&aacute;s da porta, uma parede. Pensei em gritar, mas era melhor ficar quieto. N&atilde;o quero fazer nenhum barulho. E digo pra voc&ecirc;s, o pior n&atilde;o &eacute; estar confinado neste lugar escuro. O que mais me angustia s&atilde;o duas coisas. Primeira, n&atilde;o tenho a m&iacute;nima no&ccedil;&atilde;o de quanto tempo j&aacute; fiquei aqui. Segunda, n&atilde;o sei se estou vivo, morto, dormindo, em coma ou louco. Mas eu sei de uma coisa. Ah, eu sei. Sei que, amanh&atilde; de manh&atilde;, meus pais v&atilde;o chegar e me tirar daqui.<br /> <br /> Antes que eu me esque&ccedil;a, a segunda moral da hist&oacute;ria:<br /> <br /> SEMPRE COMAM OS LEGUMES DA SOPA.<br /> <br /> --Izq&mdash;</p> contos ficção historinhas Tue, 20 Nov 2007 23:59:15 +0000 felipefonseca 2876 at http://efeefe.no-ip.org Spectraman http://efeefe.no-ip.org/textos/spectraman <blockquote> Publicado originalmente no <a title="COL no qualquer" href="http://qualquer.org/col" rel="nofollow">COL</a> 125, em 14/12/1999, baseado em um sonho que eu acho que tive mesmo. A ilustra&ccedil;&atilde;o atual foi feita pela <a title="striemer no flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow">Cau</a>. </blockquote> <p><a title="striemer no flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow"><img align="right" width="343" height="500" alt="spectraman" src="http://farm3.static.flickr.com/2102/2047394272_ddf4e630ca.jpg" /></a><strong><span class="nfakPe">spectraman</span> (&eacute; assim que se escreve?)</strong><br /> foi assim. eu tava correndo por uma dessas avenidas, parecia ali onde a bento vira jo&atilde;o pessoa, ou azenha, eu nunca sei. a&iacute; eu cheguei em um cruzamento onde passavam v&aacute;rios, milhares de carros. pensei, eu n&atilde;o sei atravessar avenidas. fiquei alguns minutos olhando aquela mar&eacute; de carros sem saber o que fazer. o fluxo diminuiu e eu me dei conta que era s&oacute; esperar quando n&atilde;o viessem carros e passar pro outro lado. foi o que eu fiz, mas quando estava no meio do percurso vi um carro de far&oacute;is acesos, era um escort antigo, daqueles quadrados, igual ao que eu tive, vindo em minha dire&ccedil;&atilde;o. comecei a correr, o carro passou por tr&aacute;s de mim, sem mais problemas. mas eu n&atilde;o consegui, n&atilde;o queria mais parar de correr. ent&atilde;o, ouvi o refr&atilde;o da bid&ecirc; ou balde, e por que n&atilde;o?, abri os bra&ccedil;os e comecei a voar. voei para a frente a uma velocidade muito grande. parei, flutuando no ar e resolvi subir acima do n&iacute;vel das &aacute;rvores - eu n&atilde;o falei, mas tinha um monte de &aacute;rvores - pensando, ser&aacute; que d&aacute; pra ver minha casa daqui? subi uns dez metros. esqueci da minha casa, fiquei olhando pro gas&ocirc;metro, aquela luz avermelhada do p&ocirc;r do sol. de repente, vem voando em minha dire&ccedil;&atilde;o, quem? o <span class="nfakPe">spectraman</span>. ele gritava alguma coisa, em japon&ecirc;s, obviamente. a&iacute;, olha s&oacute; que viagem. eu pensei em gritar pra ele, sai da frente cara! mas eu sabia que tava sonhando e que se gritasse, eu falo e grito dormindo, ia acordar a fam&iacute;lia inteira, j&aacute; passava das tr&ecirc;s da manh&atilde;. ent&atilde;o eu decidi, vou acordar. <span class="nfakPe">spectraman</span> voava na minha frente, com bra&ccedil;os estendidos para cima, em formato de v&ecirc;. acordei, deitado na cama, olhando pra cima. e quem estava no meu quarto? <span class="nfakPe">spectraman</span>. na verdade, era o ventilador de teto, duas das p&aacute;s na posi&ccedil;&atilde;o dos bra&ccedil;os do sujeito, e o bojo da l&acirc;mpada parecendo a cabe&ccedil;a. por dois segundos, fiquei parado. pirei de vez. n&atilde;o tem mais volta. quando acostumei os olhos com a escurid&atilde;o, sentei na cama e fiquei rindo sozinho. realmente, n&atilde;o preciso de heavy drugs.</p> contos ficção histórias Tue, 20 Nov 2007 16:04:17 +0000 felipefonseca 2875 at http://efeefe.no-ip.org Mujeres http://efeefe.no-ip.org/textos/mujeres <blockquote> Publicado originalmente no <a title="COL" href="http://qualquer.org/col/" rel="nofollow">COL</a> 146, em 14/03/2000. Na &eacute;poca eu lia bastante Rubem Fonseca. A ilustra&ccedil;&atilde;o &eacute; atual, feita pela <a title="Striemer no Flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow">Cau</a>. </blockquote> <p><strong> MUJERES</strong><br /> <em> ---Izq---</em><br /> <a title="Ilustra&ccedil;&atilde;o - Carolina Striemer" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow"><img align="right" width="314" height="500" alt="Mujeres" src="http://farm3.static.flickr.com/2103/2047371780_3278347a36.jpg" /></a>Paula olha mais uma vez para sua m&atilde;e dentro do carro. Pisca o olho. V&ecirc; os l&aacute;bios dela proferindo um &quot;boa sorte&quot;. Vira-se e entra na porta girat&oacute;ria do banco. A porta tranca. Paula abre o z&iacute;per de cima da bolsa e mostra para o guarda as chaves, o celular, o estojo de maquiagem de metal. Como previsto, o guarda n&atilde;o pede para ela tirar as coisas. Lu&iacute;sa e M&aacute;rcia j&aacute; est&atilde;o dentro do banco, a primeira na fila do caixa, a outra atr&aacute;s do outro seguran&ccedil;a. &Eacute; quarta-feira, metade do m&ecirc;s, onze da manh&atilde;. N&atilde;o h&aacute; mais do que quatro clientes na ag&ecirc;ncia. S&oacute; um caixa funcionando, uma mocinha com jeito de delicada. Mais dois funcion&aacute;rios atr&aacute;s do balc&atilde;o. No lado oposto do banco, dois gerentes.</p> <p>Paula se posiciona ao lado do guarda da porta e abre o z&iacute;per do meio da bolsa. Coloca as duas m&atilde;os para dentro. M&aacute;rcia, no fundo da ag&ecirc;ncia, gira a pesada bolsa, que tem um tijolo dentro, e acerta a nuca do outro guarda. Quando o da porta percebe, j&aacute; tem duas pistolas apontadas para si, uma para o rosto e a outra para o saco. Lu&iacute;sa pega outra arma da bolsa de Paula e aponta para a mo&ccedil;a atr&aacute;s do caixa. O guarda tenta, lentamente, levar a m&atilde;o &agrave; cintura. Paula age r&aacute;pido. Tiro na cabe&ccedil;a. O guarda cai, Paula vira-se e joga uma das armas para M&aacute;rcia, que a pega no ar e dispara no outro guarda, que jazia desmaiado. Lu&iacute;sa tira da bolsa uma dessas sacolas de viagem, dobrada, e manda a caixa encher de dinheiro. A menina n&atilde;o se mexe. N&atilde;o pisca, talvez tenha parado de respirar. Lu&iacute;sa pula o balc&atilde;o e segura a caixa pelo pesco&ccedil;o, apontando a arma para sua cabe&ccedil;a. Grita para os funcion&aacute;rios encherem a sacola de dinheiro, notas altas. Eles ficam se olhando, parados. M&aacute;rcia atira no bra&ccedil;o de um deles. O outro diz que n&atilde;o pode fazer nada, s&oacute; o gerente pode abrir o cofre. Paula manda os gerentes se aproximarem. Eles relutam.</p> <p>M&aacute;rcia atira na perna de um deles, o careca baixinho. O outro gerente, acompanhado por Paula, vai at&eacute; o cofre e o abre. Sob ordem de Paula e consentimento do gerente, o funcion&aacute;rio enche a sacola com notas de cinq&uuml;enta e cem reais. Paula, M&aacute;rcia e Lu&iacute;sa despedem-se, agradecendo a coopera&ccedil;&atilde;o de todos. Antes de sa&iacute;rem, Paula volta e caminha na dire&ccedil;&atilde;o do gerente, que tem uma express&atilde;o apreensiva no rosto. Ele aguarda que ela se proxime. Paula leva a boca &agrave; orelha dele, d&aacute; uma leve mordida e sussurra: &quot;te espero em Floripa, amor&quot;.<br /> ---Izq</p> contos ficção historinhas microcontos Tue, 20 Nov 2007 01:18:51 +0000 felipefonseca 2874 at http://efeefe.no-ip.org Histórias velhas http://efeefe.no-ip.org/textos/historias-velhas <p>Umas historinhas antigas que eu enviei pro <a title="COL no qualquer" href="http://qualquer.org/col/" rel="nofollow">COL</a> l&aacute; por 1999/2000. Agora saindo com ilustra&ccedil;&otilde;es da <a title="striemer no flickr" href="http://flickr.com/photos/striemer" rel="nofollow">Cau</a>.</p> contos ficção historinhas Tue, 20 Nov 2007 01:08:25 +0000 felipefonseca 2873 at http://efeefe.no-ip.org Rascunhos tecnomagia http://efeefe.no-ip.org/livro/rascunhos-tecnomagia Rascunhando<br /> escrevendo ficção tecnomagia Sun, 15 Apr 2007 17:24:27 +0000 felipefonseca 182 at http://efeefe.no-ip.org