efeefe - cidades http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/933/0 pt-br Por que eu não falo só sobre tecnologia... http://efeefe.no-ip.org/agregando/por-que-eu-nao-falo-so-sobre-tecnologia <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Estou articulando um festival internacional em Ubatuba no fim de outubro deste ano. É interessante perceber a reação das pessoas quando percebem que não estou propondo um evento sobre "computadores" ou "internet". Têm essa expectativa porque eu costumo me apresentar falando sobre a <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow" rel="nofollow">MetaReciclagem</a>, cultura digital e outros assuntos. Entretanto, meu foco principal (nas iniciativas e contatos que articulo, nos projetos que desenvolvo, no mestrado) é estabelecer espaços de troca e ação nos quais coisas novas possam ser desenvolvidas por pessoas com formações diversas. E isso tem a ver com muitos assuntos ao mesmo tempo.</p> <p>Aprendi a desconfiar da palavra inovação, que costuma estar muito associada a propósitos comerciais, mas confesso que não encontrei um substituto adequado para designar um certo impulso por transformação que costuma estar por trás desses espaços. Inovação para a cidadania, foi como escrevi recentemente em uma apresentação de slides para autoridades. Também não é uma explicação precisa (porque parece instrumental, utilitarista demais), mas toca em um ponto importante: os espaços de troca voltados à transformação (que eu frequentemente chamo de "laboratórios experimentais") precisam se situar no seu entorno, na cidade. Não somente estar localizados em algum lugar, mas precisam se relacionar com o que existe a sua volta, ter consciência do impacto que têm, trabalhar com potencialidades do bairro, da cidade, da região.</p> <p><img alt="Cidade, ruas, rede" src="http://farm8.staticflickr.com/7022/6814997109_8f445caea3_d.jpg" /></p> <p>Já escrevi de forma mais extensa sobre isso em diversos <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/urbe" rel="nofollow" rel="nofollow">textos e anotações</a>. Propus a <a href="http://efeefe.no-ip.org/livro/lpd/metareciclando-cidades-digitais" rel="nofollow" rel="nofollow">MetaReciclagem das cidades digitais</a>, propus os labs experimentais como <a href="http://blog.redelabs.org/blog/laboratorios-experimentais-interface-rede-rua" rel="nofollow" rel="nofollow">interface entre rede e rua</a> (uma aproximação que muita gente está fazendo nessas últimas semanas), externei minha preocupação sobre a <a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres" rel="nofollow" rel="nofollow">gramática do controle</a> presente nos gigantescos projetos de cidades digitais. sugeri que iniciativas de intervenção urbana tinham um papel importante para levar uma postura hacker para as cidades, mas fiz algumas <a href="http://ubalab.org/blog/cidades-coisas-pessoas" rel="nofollow" rel="nofollow">ressalvas em relação à profundidade dessa metáfora</a>.</p> <p>Em decorrência dessa curiosidade e humildes contribuições, acabei sendo convidado a participar de eventos sobre cidades criativas, cidades digitais e afins. Ainda no ano passado, estive em Medellín como palestrante das <a href="http://www.ubalab.org/blog/fast-forward-ffwd-ciudades-creativas-parte-2" rel="nofollow" rel="nofollow">Jornadas Ciudades Creativas</a> (que acontecem novamente no mês que vem, em Buenos Aires). Em janeiro deste ano, fiz uma participação remota no festival Transmediale, em Berlim, dentro de um <a href="http://www.transmediale.de/content/remixing-digital-cities" rel="nofollow" rel="nofollow">painel</a> que trazia também experiências europeias de cidades digitais criadas nos anos noventa, sob uma perspectiva inversa: tentavam criar contrapartes digitais das cidades concretas. Enfim, do meu ponto de vista, pensar cidades é uma extensão do pensar sobre labs e tecnologias.</p> <h2> Transmediale - remixando cidades digitais</h2> <p>Minha apresentação no Transmediale, ainda que prejudicada pela internet banda lenta de Ubatuba, foi uma retomada dos textos citados no parágrafo acima, com alguns acréscimos. À cidade como experiência social imediata e concreta, contrapus seus aspectos simbólicos: a cidade como uma justaposição de diversas narrativas, que frequentemente entram em conflito. E por aqui, a solução desse conflito já é previsível: manda quem pode, obedece quem tem juízo. A imagem contemporânea de cidade surge na Europa com uma agenda progressista: os grupos que se concentravam no entorno dos castelos eram essencialmente diferentes da então retrógrada população rural. As muralhas serviam como fronteira de identidade e proteção militar. Já dos lados de cá, a história é outra. Mesmo que nossas cidades não tenham origem em muros de contenção, elas também têm um aspecto bélico desde sua origem: eram extensão ultramarina da sociedade europeia, lutando contra a natureza e os "selvagens". Do ponto de vista da metrópole em Portugal, era a luta da civilização contra a barbárie (coitados dos povos nativos e das extensões de matas, já então fadadas a desaparecer). As cidades, assim, eram tecnologias de ocupação - e nesse sentido eram muito mais homogêneas e autoritárias do que suas similares europeias - obedeciam a uma autoridade que nem se localizava no território. Temos de origem o vício da centralização de poder: por essas bandas, a cidade enquanto tecnologia já chegou pronta, não foi uma evolução ao longo dos séculos (e milênios). As estruturas já estavam definidas, a ordenação da população idem. O objetivo da cidade era estabelecer uma determinada forma de organização social. E esse vício se perpetuou. Ainda hoje - como temos visto nas ruas nos últimos meses - o poder na cidade brasileira média não é uma construção coletiva e democrática. É sim a imposição violenta de uma ordem que serve a uma minoria pouco numerosa mas extremamente influente, sobre as costas de tudo aquilo que não se enquadra, de todo desvio, de toda busca por subjetividade, autonomia e direitos.</p> <p>É aí que reside o perigo quando se aplicam princípios da cibernética na gestão pública. A cibernética é antes de mais nada um poderoso instrumento de controle, de identificação e correção de desvios, de imposição dinâmica e eficiente de uma lógica determinada de antemão. Interpretar a cidade como uma grande máquina que cria informação o tempo todo é quase óbvio. Mas é raro que se discuta a quem pertence toda essa informação, qual é o limite do poder do gestor público sobre ela, e de que forma eu enquanto cidadão (ou grupo social, ou organização, ou minoria subrepresentada nos processos políticos tradicionais) posso ter acesso e controle sobre ela.</p> <h2> São Paulo - efervescência, dez anos depois</h2> <p>Alguns dias depois da participação na Transmediale, fui a um painel sobre cidades digitais na sede da prefeitura de São Paulo, do qual também participaria o aliado James Wallbank, do <a href="http://access-space.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Access Space</a>. Subindo a serra de ônibus fiz anotações para uma apresentação, mas na hora disseram que eu teria metade do tempo que imaginei. Segue abaixo uma releitura de hoje do que eu ia falar naquele dia, mas que deve ter ficado atropelado.</p> <p>Dez anos atrás, São Paulo era um lugar efervescente. Um monte de coisas estavam começando a acontecer. O cenário local de ativismo midiático, com forte influência internacional (mídia independente, seattle, mídia tática europeia) e nacional (Fórum Social Mundial, militância pela democratização da comunicação) travava contato com o mundo real da cidade cinzenta. Fundamental nesse sentido foi a realização do Mídia Tática Brasil, em 2003. A presença do recém-empossado ministro da cultura <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Gilberto_Gil" rel="nofollow" rel="nofollow">Gilberto Gil</a>, com tudo que isso acarretou, também foi um momento crucial. Naquele ano e nos seguintes, um monte de iniciativas surgiriam a partir desse cruzamento. Dei minha versão para essa história em um <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/em-busca-do-brasil-profundo" rel="nofollow" rel="nofollow">caderno submidiático do descentro</a>. Parte importante do ambiente que gerou esses contatos foi a existência dos Telecentros de São Paulo, projeto que cristalizou uma sede por políticas públicas ousadas e transformadoras.</p> <p>Ignorando a armadilha da prática corrente das iniciativas de inclusão digital daquela época - treinar manobristas de mouse, ensiná-los a preencher e imprimir seus currículos, e operar o pacote de aplicativos de escritório da Microsoft -, os Telecentros comandados por <a href="https://twitter.com/samadeu" rel="nofollow" rel="nofollow">Sergio Amadeu</a> adotavam o software livre não somente como alternativa econômica ou técnica, mas essencialmente como afirmação política. Tinha a ver com autonomia, desenvolvimento local, soberania e liberdade. Os Telecentros não eram meros espaços temporários, de passagem, para pessoas que não tinham condições. Pelo contrário, muitos deles se posicionavam como verdadeiros centros comunitários, que davam boas-vindas à vizinhança. E, nadando contra as inúmeras restrições burocráticas que provavelmente se interpunham a um projeto dessa natureza, a coordenação dos Telecentros ainda buscava se aproximar de iniciativas mais radicais de apropriação de mídias, comunicação comunitária e criatividade. Os frutos dessa aproximação foram tantos que nem tento narrar. Posso entretanto citar um exemplo: uma parceria entre os telecentros de São Paulo e a então nascente cultura digital no Ministério da Cultura resultou na criação do esporo de MetaReciclagem na <a href="http://rede.metareciclagem.org/esporo/mezanino" rel="nofollow" rel="nofollow">Galeria Olido</a>  - um espaço experimental importantíssimo onde fizemos muita coisa.</p> <p>Me pareceu importante marcar essa referência histórica em uma apresentação para a prefeitura de São Paulo. Hoje em dia, as coisas parecem muito mais dispersas. Os talentos continuam povoando a cidade, mas estão todos ocupados com suas coisas, pagando contas, construindo seus caminhos individuais. O que aquele primeiro momento fez não tinha a ver com infraestrutura, mas com visão de mundo. Imaginação. Peço até desculpas a quem costuma ler meus textos: imaginação é uma palavra que tenho repetido muito por esses dias, e deve aparecer muito por aqui nos próximos tempos. Escuto muita gente falar que a administração pública no Brasil precisa de uma cultura de planejamento, e que planejamento é "identificar problemas e encontrar soluções para eles". Com todo o respeito a quem acredita nisso, encontrar soluções para problemas isolados é estupidez. Mais importante do que listar problemas e tentar priorizá-los (porque nunca haverá recursos suficientes para resolver todos) é conseguir imaginar futuros diferentes. Como é a cidade que a gente quer? Soluções concretas só podem vir depois que imaginarmos um ponto de chegada, ou pelo menos traçarmos um itinerário atraente. São Paulo tem um potencial imenso, tanto em termos de criatividade e inovação quanto de infraestrutura e recursos, para se tornar novamente um pólo de inovação tecnológica voltada a resultados sociais. Mas é necessário experimentar, imaginar, ousar. Dar menos atenção à engenharia de sistemas do que ao design ficcional.</p> <p>Nesse sentido, existem poucas coisas mais equivocadas do que os projetos de cidades digitais que se veem por aí. Partem de um discurso importado sem adaptações, frequentemente o discurso publicitário da indústria de TI. Costumam se basear na imagem da cidade rica contemporânea - pós-industrial, idealista, racionalizada, com instituições estáveis, contando com espaços públicos de funções bem definidas (e claramente distinguíveis dos espaços privados), baseada na família nuclear, com uma diversidade controlada - de preferência em bairros bem delimitados, uma democracia representativa estabelecida, uma economia altamente formalizada e, principalmente, uma narrativa relativamente homogênea. Em uma cidade assim, as ferramentas digitais entrariam simplesmente para aumentar a eficiência da administração pública. No máximo para equilibrar oportunidades e aumentar a visibilidade da tomada de decisões, mas sempre com objetivos claros.</p> <p>Mas a maioria das cidades brasileiras não é assim. Ou nenhuma. Como comentei acima, temos cidades autoritárias e com narrativas conflitantes. São também excludentes, fragmentadas, instáveis, informais, argentárias, dinâmicas, com famílias complexas, caoticamente diversas, desrespeitosas, violentas, passionais. Nessas cidades, a visão do digital como simples aumento da eficiência não faz nenhum sentido.</p> <p>Para a sociedade, muito mais importante do que novas maneiras de ser controlada (câmeras, cobranças, impostos digitalizados) é apropriar-se das tecnologias de informação de maneira crítica. Que as pessoas e grupos não sejam meros usuários, mas inventores e reinventores dos propósitos dessas tecnologias. Iniciativas públicas que lidem com a desigualdade no acesso às novas tecnologias não podem se limitar a "ensinar" internet. Elas precisam "fazer" internet. É por isso que, além de escolas e centros de formação, precisamos igualmente de laboratórios. Espaços cujo objetivo não seja a inserção no mercado, mas a transformação social. <a href="http://blog.redelabs.org/blog/laboratorios-experimentais-interface-rede-rua" rel="nofollow" rel="nofollow">Mais interessados em inovação nas pontas do que em inovação de ponta</a>. Estamos construindo esses espaços, de maneira distribuída. Talvez seja o momento de identificá-los e contar essas histórias. Mas é importante inseri-las nas questões mais amplas de cidade. Porque tecnologia é só um detalhe do que fazemos.</p> <p>Todas essas questões dialogam com as movimentações que pretendo concretizar nos próximos tempos em Ubatuba. Pensar e fazer outros futuros para a cidade. Promover intercâmbio. Refletir sobre ambientes, pessoas e coisas. Em breve anuncio as próximas etapas, que já estão no forno.</p><a href="http://ubalab.org/blog/por-que-eu-nao-falo-so-sobre-tecnologia" title="Por que eu não falo só sobre tecnologia..." lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Estou articulando um festival internacional em Ubatuba no fim de outubro deste ano. &Eacute; interessante perceber a rea&ccedil;&atilde;o das pessoas quando percebem que n&atilde;o estou propondo um evento sobre &quot;computadores&quot; ou &quot;internet&quot;. T&ecirc;m essa expectativa porque eu costumo me apresentar falando sobre a MetaReciclagem, cultura digital e outros assuntos. Entretanto, meu foco principal (nas iniciativas e contatos que articulo, nos projetos que desenvolvo, no mestrado) &eacute; estabelecer espa&ccedil;os de troca e a&ccedil;&atilde;o nos quais coisas novas possam ser desenvolvidas por pessoas com forma&ccedil;&otilde;es diversas. E isso tem a ver com muitos assuntos ao mesmo tempo.Aprendi a desconfiar da palavra inova&ccedil;&atilde;o, que costuma estar muito associada a prop&oacute;sitos comerciais, mas confesso que n&atilde;o encontrei um substituto adequado para designar um certo impulso por transforma&ccedil;&atilde;o que costuma estar por tr&aacute;s desses espa&ccedil;os. Inova&ccedil;&atilde;o para a cidadania, foi como escrevi recentemente em uma apresenta&ccedil;&atilde;o de slides para autoridades. Tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; uma explica&ccedil;&atilde;o precisa (porque parece instrumental, utilitarista demais), mas toca em um ponto importante: os espa&ccedil;os de troca voltados &agrave; transforma&ccedil;&atilde;o (que eu frequentemente chamo de &quot;laborat&oacute;rios experimentais&quot;) precisam se situar no seu entorno, na cidade. N&atilde;o somente estar localizados em algum lugar, mas precisam se relacionar com o que existe a sua volta, ter consci&ecirc;ncia do impacto que t&ecirc;m, trabalhar com potencialidades do bairro, da cidade, da regi&atilde;o.J&aacute; escrevi de forma mais extensa sobre isso em diversos textos e anota&ccedil;&otilde;es. Propus a MetaReciclagem das cidades digitais, propus os labs experimentais como interface entre rede e rua (uma aproxima&ccedil;&atilde;o que muita gente est&aacute; fazendo nessas &uacute;ltimas semanas), externei minha preocupa&ccedil;&atilde;o sobre a gram&aacute;tica do controle presente nos gigantescos projetos de cidades digitais. sugeri que iniciativas de interven&ccedil;&atilde;o urbana tinham um papel importante para levar uma postura hacker para as cidades, mas fiz algumas ressalvas em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; profundidade dessa met&aacute;fora.Em decorr&ecirc;ncia dessa curiosidade e humildes contribui&ccedil;&otilde;es, acabei sendo convidado a participar de eventos sobre cidades criativas, cidades digitais e afins. Ainda no ano passado, estive em Medell&iacute;n como palestrante das Jornadas Ciudades Creativas (que acontecem novamente no m&ecirc;s que vem, em Buenos Aires). Em janeiro deste ano, fiz uma participa&ccedil;&atilde;o remota no festival Transmediale, em Berlim, dentro de um painel que trazia tamb&eacute;m experi&ecirc;ncias europeias de cidades digitais criadas nos anos noventa, sob uma perspectiva inversa: tentavam criar contrapartes digitais das cidades concretas. Enfim, do meu ponto de vista, pensar cidades &eacute; uma extens&atilde;o do pensar sobre labs e tecnologias. Transmediale - remixando cidades digitaisMinha apresenta&ccedil;&atilde;o no Transmediale, ainda que prejudicada pela internet banda lenta de Ubatuba, foi uma retomada dos textos citados no par&aacute;grafo acima, com alguns acr&eacute;scimos. &Agrave; cidade como experi&ecirc;ncia social imediata e concreta, contrapus seus aspectos simb&oacute;licos: a cidade como uma justaposi&ccedil;&atilde;o de diversas narrativas, que frequentemente entram em conflito. E por aqui, a solu&ccedil;&atilde;o desse conflito j&aacute; &eacute; previs&iacute;vel: manda quem pode, obedece quem tem ju&iacute;zo. A imagem contempor&acirc;nea de cidade surge na Europa com uma agenda progressista: os grupos que se concentravam no entorno dos castelos eram essencialmente diferentes da ent&atilde;o retr&oacute;grada popula&ccedil;&atilde;o rural. As muralhas serviam como fronteira de identidade e prote&ccedil;&atilde;o militar. J&aacute; dos lados de c&aacute;, a hist&oacute;ria &eacute; outra. Mesmo que nossas cidades n&atilde;o tenham origem em muros de conten&ccedil;&atilde;o, elas tamb&eacute;m t&ecirc;m um aspecto b&eacute;lico desde sua origem: eram extens&atilde;o ultramarina da sociedade europeia, lutando contra a natureza e os &quot;selvagens&quot;. Do ponto de vista da metr&oacute;pole em Portugal, era a luta da civiliza&ccedil;&atilde;o contra a barb&aacute;rie (coitados dos povos nativos e das extens&otilde;es de matas, j&aacute; ent&atilde;o fadadas a desaparecer). As cidades, assim, eram tecnologias de ocupa&ccedil;&atilde;o - e nesse sentido eram muito mais homog&ecirc;neas e autorit&aacute;rias do que suas similares europeias - obedeciam a uma autoridade que nem se localizava no territ&oacute;rio. Temos de origem o v&iacute;cio da centraliza&ccedil;&atilde;o de poder: por essas bandas, a cidade enquanto tecnologia j&aacute; chegou pronta, n&atilde;o foi uma evolu&ccedil;&atilde;o ao longo dos s&eacute;culos (e mil&ecirc;nios). As estruturas j&aacute; estavam definidas, a ordena&ccedil;&atilde;o da popula&ccedil;&atilde;o idem. O objetivo da cidade era estabelecer uma determinada forma de organiza&ccedil;&atilde;o social. E esse v&iacute;cio se perpetuou. Ainda hoje - como temos visto nas ruas nos &uacute;ltimos meses - o poder na cidade brasileira m&eacute;dia n&atilde;o &eacute; uma constru&ccedil;&atilde;o coletiva e democr&aacute;tica. &Eacute; sim a imposi&ccedil;&atilde;o violenta de uma ordem que serve a uma minoria pouco numerosa mas extremamente influente, sobre as costas de tudo aquilo que n&atilde;o se enquadra, de todo desvio, de toda busca por subjetividade, autonomia e direitos.&Eacute; a&iacute; que reside o perigo quando se aplicam princ&iacute;pios da cibern&eacute;tica na gest&atilde;o p&uacute;blica. A cibern&eacute;tica &eacute; antes de mais nada um poderoso instrumento de controle, de identifica&ccedil;&atilde;o e corre&ccedil;&atilde;o de desvios, de imposi&ccedil;&atilde;o din&acirc;mica e eficiente de uma l&oacute;gica determinada de antem&atilde;o. Interpretar a cidade como uma grande m&aacute;quina que cria informa&ccedil;&atilde;o o tempo todo &eacute; quase &oacute;bvio. Mas &eacute; raro que se discuta a quem pertence toda essa informa&ccedil;&atilde;o, qual &eacute; o limite do poder do gestor p&uacute;blico sobre ela, e de que forma eu enquanto cidad&atilde;o (ou grupo social, ou organiza&ccedil;&atilde;o, ou minoria subrepresentada nos processos pol&iacute;ticos tradicionais) posso ter acesso e controle sobre ela. S&atilde;o Paulo - efervesc&ecirc;ncia, dez anos depoisAlguns dias depois da participa&ccedil;&atilde;o na Transmediale, fui a um painel sobre cidades digitais na sede da prefeitura de S&atilde;o Paulo, do qual tamb&eacute;m participaria o aliado James Wallbank, do Access Space. Subindo a serra de &ocirc;nibus fiz anota&ccedil;&otilde;es para uma apresenta&ccedil;&atilde;o, mas na hora disseram que eu teria metade do tempo que imaginei. Segue abaixo uma releitura de hoje do que eu ia falar naquele dia, mas que deve ter ficado atropelado.Dez anos atr&aacute;s, S&atilde;o Paulo era um lugar efervescente. Um monte de coisas estavam come&ccedil;ando a acontecer. O cen&aacute;rio local de ativismo midi&aacute;tico, com forte influ&ecirc;ncia internacional (m&iacute;dia independente, seattle, m&iacute;dia t&aacute;tica europeia) e nacional (F&oacute;rum Social Mundial, milit&acirc;ncia pela democratiza&ccedil;&atilde;o da comunica&ccedil;&atilde;o) travava contato com o mundo real da cidade cinzenta. Fundamental nesse sentido foi a realiza&ccedil;&atilde;o do M&iacute;dia T&aacute;tica Brasil, em 2003. A presen&ccedil;a do rec&eacute;m-empossado ministro da cultura Gilberto Gil, com tudo que isso acarretou, tamb&eacute;m foi um momento crucial. Naquele ano e nos seguintes, um monte de iniciativas surgiriam a partir desse cruzamento. Dei minha vers&atilde;o para essa hist&oacute;ria em um caderno submidi&aacute;tico do descentro. Parte importante do ambiente que gerou esses contatos foi a exist&ecirc;ncia dos Telecentros de S&atilde;o Paulo, projeto que cristalizou uma sede por pol&iacute;ticas p&uacute;blicas ousadas e transformadoras.Ignorando a armadilha da pr&aacute;tica corrente das iniciativas de inclus&atilde;o digital daquela &eacute;poca - treinar manobristas de mouse, ensin&aacute;-los a preencher e imprimir seus curr&iacute;culos, e operar o pacote de aplicativos de escrit&oacute;rio da Microsoft -, os Telecentros comandados por Sergio Amadeu adotavam o software livre n&atilde;o somente como alternativa econ&ocirc;mica ou t&eacute;cnica, mas essencialmente como afirma&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica. Tinha a ver com autonomia, desenvolvimento local, soberania e liberdade. Os Telecentros n&atilde;o eram meros espa&ccedil;os tempor&aacute;rios, de passagem, para pessoas que n&atilde;o tinham condi&ccedil;&otilde;es. Pelo contr&aacute;rio, muitos deles se posicionavam como verdadeiros centros comunit&aacute;rios, que davam boas-vindas &agrave; vizinhan&ccedil;a. E, nadando contra as in&uacute;meras restri&ccedil;&otilde;es burocr&aacute;ticas que provavelmente se interpunham a um projeto dessa natureza, a coordena&ccedil;&atilde;o dos Telecentros ainda buscava se aproximar de iniciativas mais radicais de apropria&ccedil;&atilde;o de m&iacute;dias, comunica&ccedil;&atilde;o comunit&aacute;ria e criatividade. Os frutos dessa aproxima&ccedil;&atilde;o foram tantos que nem tento narrar. Posso entretanto citar um exemplo: uma parceria entre os telecentros de S&atilde;o Paulo e a ent&atilde;o nascente cultura digital no Minist&eacute;rio da Cultura resultou na cria&ccedil;&atilde;o do esporo de MetaReciclagem na Galeria Olido&nbsp; - um espa&ccedil;o experimental important&iacute;ssimo onde fizemos muita coisa.Me pareceu importante marcar essa refer&ecirc;ncia hist&oacute;rica em uma apresenta&ccedil;&atilde;o para a prefeitura de S&atilde;o Paulo. Hoje em dia, as coisas parecem muito mais dispersas. Os talentos continuam povoando a cidade, mas est&atilde;o todos ocupados com suas coisas, pagando contas, construindo seus caminhos individuais. O que aquele primeiro momento fez n&atilde;o tinha a ver com infraestrutura, mas com vis&atilde;o de mundo. Imagina&ccedil;&atilde;o. Pe&ccedil;o at&eacute; desculpas a quem costuma ler meus textos: imagina&ccedil;&atilde;o &eacute; uma palavra que tenho repetido muito por esses dias, e deve aparecer muito por aqui nos pr&oacute;ximos tempos. Escuto muita gente falar que a administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica no Brasil precisa de uma cultura de planejamento, e que planejamento &eacute; &quot;identificar problemas e encontrar solu&ccedil;&otilde;es para eles&quot;. Com todo o respeito a quem acredita nisso, encontrar solu&ccedil;&otilde;es para problemas isolados &eacute; estupidez. Mais importante do que listar problemas e tentar prioriz&aacute;-los (porque nunca haver&aacute; recursos suficientes para resolver todos) &eacute; conseguir imaginar futuros diferentes. Como &eacute; a cidade que a gente quer? Solu&ccedil;&otilde;es concretas s&oacute; podem vir depois que imaginarmos um ponto de chegada, ou pelo menos tra&ccedil;armos um itiner&aacute;rio atraente. S&atilde;o Paulo tem um potencial imenso, tanto em termos de criatividade e inova&ccedil;&atilde;o quanto de infraestrutura e recursos, para se tornar novamente um p&oacute;lo de inova&ccedil;&atilde;o tecnol&oacute;gica voltada a resultados sociais. Mas &eacute; necess&aacute;rio experimentar, imaginar, ousar. Dar menos aten&ccedil;&atilde;o &agrave; engenharia de sistemas do que ao design ficcional.Nesse sentido, existem poucas coisas mais equivocadas do que os projetos de cidades digitais que se veem por a&iacute;. Partem de um discurso importado sem adapta&ccedil;&otilde;es, frequentemente o discurso publicit&aacute;rio da ind&uacute;stria de TI. Costumam se basear na imagem da cidade rica contempor&acirc;nea - p&oacute;s-industrial, idealista, racionalizada, com institui&ccedil;&otilde;es est&aacute;veis, contando com espa&ccedil;os p&uacute;blicos de fun&ccedil;&otilde;es bem definidas (e claramente distingu&iacute;veis dos espa&ccedil;os privados), baseada na fam&iacute;lia nuclear, com uma diversidade controlada - de prefer&ecirc;ncia em bairros bem delimitados, uma democracia representativa estabelecida, uma economia altamente formalizada e, principalmente, uma narrativa relativamente homog&ecirc;nea. Em uma cidade assim, as ferramentas digitais entrariam simplesmente para aumentar a efici&ecirc;ncia da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica. No m&aacute;ximo para equilibrar oportunidades e aumentar a visibilidade da tomada de decis&otilde;es, mas sempre com objetivos claros.Mas a maioria das cidades brasileiras n&atilde;o &eacute; assim. Ou nenhuma. Como comentei acima, temos cidades autorit&aacute;rias e com narrativas conflitantes. S&atilde;o tamb&eacute;m excludentes, fragmentadas, inst&aacute;veis, informais, argent&aacute;rias, din&acirc;micas, com fam&iacute;lias complexas, caoticamente diversas, desrespeitosas, violentas, passionais. Nessas cidades, a vis&atilde;o do digital como simples aumento da efici&ecirc;ncia n&atilde;o faz nenhum sentido.Para a sociedade, muito mais importante do que novas maneiras de ser controlada (c&acirc;meras, cobran&ccedil;as, impostos digitalizados) &eacute; apropriar-se das tecnologias de informa&ccedil;&atilde;o de maneira cr&iacute;tica. Que as pessoas e grupos n&atilde;o sejam meros usu&aacute;rios, mas inventores e reinventores dos prop&oacute;sitos dessas tecnologias. Iniciativas p&uacute;blicas que lidem com a desigualdade no acesso &agrave;s novas tecnologias n&atilde;o podem se limitar a &quot;ensinar&quot; internet. Elas precisam &quot;fazer&quot; internet. &Eacute; por isso que, al&eacute;m de escolas e centros de forma&ccedil;&atilde;o, precisamos igualmente de laborat&oacute;rios. Espa&ccedil;os cujo objetivo n&atilde;o seja a inser&ccedil;&atilde;o no mercado, mas a transforma&ccedil;&atilde;o social. Mais interessados em inova&ccedil;&atilde;o nas pontas do que em inova&ccedil;&atilde;o de ponta. Estamos construindo esses espa&ccedil;os, de maneira distribu&iacute;da. Talvez seja o momento de identific&aacute;-los e contar essas hist&oacute;rias. Mas &eacute; importante inseri-las nas quest&otilde;es mais amplas de cidade. Porque tecnologia &eacute; s&oacute; um detalhe do que fazemos.Todas essas quest&otilde;es dialogam com as movimenta&ccedil;&otilde;es que pretendo concretizar nos pr&oacute;ximos tempos em Ubatuba. Pensar e fazer outros futuros para a cidade. Promover interc&acirc;mbio. Refletir sobre ambientes, pessoas e coisas. Em breve anuncio as pr&oacute;ximas etapas, que j&aacute; est&atilde;o no forno.</a> blogs cidades feeds projetos ubalab ubatuba urbe Fri, 19 Jul 2013 04:24:50 +0000 felipefonseca 12962 at http://efeefe.no-ip.org Fast-Forward (FFWD) - Ciudades Creativas, parte 2 http://efeefe.no-ip.org/agregando/fast-forward-ffwd-ciudades-creativas-parte-2 <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <blockquote> <p>Os últimos meses não deixaram muita folga para relatar da maneira habitual os eventos pelos quais passei. A própria quantidade de eventos e projetos, minhas aventuras acadêmicas, a mudança de volta para Ubatuba e uma viagem de dois meses (com mais eventos e projetos) atrasaram ainda mais meu ritmo de documentação. Cheguei em casa semana passada doido para contar sobre as últimas andanças, mas a lista de coisas a documentar acabou me bloqueando.</p> <p>Vou então, como <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/sem-virgulas" rel="nofollow" rel="nofollow">comentei em outro post</a>, deixar de lado o capricho virginiano e contar por cima alguns episódios. Começo com o fim do relato sobre as <a href="http://2012.ciudadescreativas.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Jornadas Ciudades Creativas</a>, organizadas pela <a href="http://www.kreanta.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Fundação Kreanta</a> em Medellín (Colômbia) em outubro do ano passado. Eu já publiquei a <a href="/blog/ciudades-creativas-%E2%80%93-parte-1" rel="nofollow" rel="nofollow">primeira parte</a> do relato sobre minha participação. Este não chega a ser um post curto, mas normalmente eu faria mais dois ou três.</p> </blockquote> <p><img align="right" alt="" height="200" src="https://lh5.googleusercontent.com/-FkuIgm3LoQk/URAXwltMNtI/AAAAAAAANOo/spCsPOLsC94/w285-h507-no/2012-10-03_17-01-31_538.jpg" />Na manhã do primeiro dia, Alex (Platohedro) me ofereceu uma carona até o <a href="http://elmamm.org" rel="nofollow" rel="nofollow">MAMM</a>, Museu de Arte Moderna de MDE. Nos acompanhava Jorge Bejarano, diretor do departamento de educação e cultura do MAMM e responsável pelo meu convite para as jornadas. Estávamos ali para uma conversa entre pessoas de diferentes projetos da cidade comigo e com <a href="https://twitter.com/culturpunk" rel="nofollow" rel="nofollow">José Ramon Insa Alba</a> (que parece um irmão do <a href="http://twitter.com/hdhd" rel="nofollow" rel="nofollow">hdhd</a>), inserida no projeto <a href="http://cooperaciones.mdelibre.co/" rel="nofollow" rel="nofollow">co:operaciones</a> e versando sobre tecnologia, liberdade, apropriação, poder, corporações e alternativas. Bastante gente na mesa, conversa fluida e aberta. Camilo Cantor publicou o áudio <a href="http://archive.org/details/DialogosCreativos-delCibermundoAlBarrio" rel="nofollow" rel="nofollow">aqui</a>, e surgiram anotações para um <a href="http://piratepad.net/ep/pad/view/ro.g5U$WFESBr8Qbmcu/latest" rel="nofollow" rel="nofollow">texto coletivo</a>. Adorei o clima no MAMM, que (apesar do nome) é bem arejado e repleto de gente interessante e interessada.</p> <p>Saímos de lá para o almoço inaugural das jornadas e uma primeira apresentação dos participantes. Devia haver umas trinta pessoas. Era em um espaço ajardinado, ao ar livre. Algo paradoxal: lugar bonito, com um almoço servido por garçons, mas a comida era fraca e bebida somente refrigerante de cola ou água. Não havia banheiros, nem para lavar as mãos. E senti imensa falta de um café depois do almoço.</p> <p>Na sequência, Alex me conheceu para conhecer o espaço do <a href="https://twitter.com/platohedro" rel="nofollow" rel="nofollow">Platohedro</a>. Nos arredores a cidade já parecia mais orgânica, menos ensaiada. O espaço é fantástico, um sobrado grafitado e cheio de gente. Me senti em casa. Trabalhei um pouco, conversei bastante com o Capo sobre servidores, redes e o <a href="https://n-1.cc/" rel="nofollow" rel="nofollow">N-1</a>.</p> <p>À noite, de volta ao MAMM, rolou a abertura oficial das Jornadas. Começou com uma apresentação de um grupo de Hip Hop, depois falas de autoridades e algumas palestras.</p> <p><img alt="" src="https://lh3.googleusercontent.com/-r00GhivBWvY/URAXwnv1c7I/AAAAAAAANOo/0KdY6-T3JJs/w903-h507-no/2012-10-04_10-54-19_656.jpg" width="480" /></p> <p><img alt="" src="https://lh3.googleusercontent.com/-2kczDu69pVs/URAXwpDdf_I/AAAAAAAANOo/xk0IMAKGeUA/w903-h507-no/2012-10-04_10-08-32_987.jpg" width="480" /></p> <p>O segundo dia foi no <a href="http://www.comfenalcoantioquia.com/Cultura/CentrodeDesarrolloCulturalMoravia.aspx" rel="nofollow" rel="nofollow">Centro de Desenvolvimento Cultural de Moravia</a> - um espaço que lembra tantos centros comunitários, CEUS e afins no Brasil exceto por um aspecto: um cuidado especial com a arquitetura. O lugar é muito bonito, e isso já muda totalmente as expectativas. O auditório é de primeira, também bonito e bem cuidado. Jorge Melguizo, ex-secretário de cultura da cidade, mostrava com orgulho os detalhes do centro localizado naquele que era um dos bairros mais violentos da cidade. O dia foi recheado de debates e apresentações tratando de diversos temas: planejamento urbano, espaço público, cicloativismo, intervenção urbana, mídia alternativa, museus. Muita coisa interessante, bastante diversidade e enraizamento. Havia também um ou outro europeus perdidos ali em uma visão instrumental e rasa de cultura, mas ninguém deu muita bola.</p> <p><img alt="" src="https://lh6.googleusercontent.com/-WZWhIG32q3w/URAXwiNS4aI/AAAAAAAANOo/F96A-_ZfSho/w903-h507-no/2012-10-04_10-54-22_605.jpg" width="480" /></p> <p><img alt="" src="https://lh6.googleusercontent.com/-EE7lg48EBa8/URAXwh-WqOI/AAAAAAAANOo/1h-lmfphdUg/w903-h507-no/2012-10-04_12-49-11_296.jpg" width="480" /></p> <p>O almoço foi em um museu, algumas quadras morro acima em uma rua decorada por intervenções e arte de rua. Lugar fantástico, mas sem estrutura para atender a tanta gente. Pedi uma opção que no fim das contas não existia, tiraram meu prato antes que terminasse e encerrei com um cafezinho aguado. Voltamos para o Centro Cultural para mais uma tarde de debates interessantes. O dia se encerrou com a entrega do prêmio Espaço Público da Europa e com uma apresentação de dança de rua, capoeira, hip hop, dança afro e batucada.</p> <p><img alt="" src="https://lh5.googleusercontent.com/-OwQFOh7HTMc/URAXwoejB0I/AAAAAAAANOo/-itxJCrDlaY/w903-h507-no/2012-10-05_14-29-02_390.jpg" width="480" /></p> <p>O terceiro dia foi em um espaço chamado <a href="http://www.rutanmedellin.org/Paginas/inicio.aspx" rel="nofollow" rel="nofollow">Ruta-N</a>, um elefante hi-tech que segundo contam ninguém ainda encontrou função. Assisti pelo stream a primeira palestra, de <a href="http://www.saskiasassen.com/" rel="nofollow" rel="nofollow">Saskia Sassen</a>. Falou sobre <a href="http://2012.ciudadescreativas.org/2012/12/cronica-de-los-debates-ciudades-y-ciudadanias-globales-y-urbanismo-social/" rel="nofollow" rel="nofollow">o discurso da cidade</a> e usou uma interpretação curiosa de "hacker" para sugerir que a cidade interferia com as tecnologias (não pude concordar com essa leitura, mas ainda assim acho interessante). Explorou também a explosão de adjetivos correntemente associados às cidades: cidade criativa, esperta, conectada, inteligente. Disse que não usa mais adjetivos, porque eles são rapidamente assimilados por consultorias cujo único objetivo é o dinheiro. Falou que tem usado o termo "global street" (rua global) para escapar.</p> <p>Na sequência, mais apresentações e palestras. Felipe Leal, secretário de desenvolvimento urbano e habitação da cidade do México, foi um dos mais interessantes (embora eu tenha dúvidas sobre quanto de sua apresentação era ficção). Almoçamos no Museo de Antioquia, na praça decorada com diversas esculturas de Botero. Almoço decente, e finalmente com um café à altura.</p> <p><img alt="" src="https://lh3.googleusercontent.com/-GuA2JgljaEg/URAXwlGr64I/AAAAAAAANOo/v0Hgx-kGe10/w903-h507-no/2012-10-05_13-12-07_508.jpg" width="480" /></p> <p><img alt="" src="https://lh4.googleusercontent.com/-H2zUqnBlh1c/URAXwgWKVcI/AAAAAAAANOo/-CPhhvjHbZc/w903-h507-no/2012-10-05_14-13-49_445.jpg" width="480" /></p> <p>Voltamos ao Ruta-N em um daqueles ônibus coloridos de MDE. Germán Rey falou sobre o <a href="http://javeriana.edu.co/centroatico" rel="nofollow" rel="nofollow">Centro Ático</a>, laboratório colombiano bem baseado no modelo do MIT Media Lab, só que colonizado. Tudo com papeis definidos: disciplinas bem recortadas, estudantes, "impacto" na "cultura", etc. Disse que "chamaram os melhores professores" para trabalhar em um projeto com índios (depois de ter dito que queriam aprender com eles). Falou ainda que "não é possível levar o laboratório de um lugar a outro". Depois foi a vez de José Ramon, com uma visão delicada e didática sobre cultura digital e os conflitos que ela inspira com poderes tradicionais. Sugeriu que devemos nos libertar da tirania da excelência, dissolvendo hierarquias. É mesmo parente do Hernani.</p> <p><br /> <img alt="" src="http://2012.ciudadescreativas.org/wp-content/uploads/2012/12/DSC_3623.jpg" width="480" /></p> <p>Eu participei da mesa seguinte, sobre "<a href="http://2012.ciudadescreativas.org/2012/12/cronica-de-los-debates-sobre-apropiacion-de-tecnologias-para-sociedades-inteligentes/" rel="nofollow" rel="nofollow">apropriação de tecnologias para sociedades inteligentes</a>". Comigo estavam Felipe Londoño, contando sobre seus projetos em Manizales e Julian Giraldo contando sobre o <a href="http://unloquer.org" rel="nofollow" rel="nofollow">un/loquer</a>. Fiz <a href="http://www.slideshare.net/felipefonseca/labs-experimentais-jornadas-kreanta" rel="nofollow" rel="nofollow">minha fala</a> em um castelhano enrolado. Os brasileiros que acompanharam o stream elogiaram meu domínio do idioma. Não me lembro de ouvir o mesmo elogio de nenhum colombiano, mas acho que me entenderam mesmo assim ;) Ao fim do debate, me ofereceram uma nuvem de tags da minha fala, achei interessante:</p> <p><img alt="" src="http://2012.ciudadescreativas.org/wp-content/uploads/2012/12/FELIPE-FONSECA.png" width="480" /></p> <p>Naquela noite estava planejada uma bicicletada com todos os participantes do evento. A garoa na saída do Ruta-N sugeria que esperássemos antes de ir até o ponto de encontro. Acompanhei os aliados colombianos até uma rua do outro lado da avenida que concentrava um monte de botecos. Ficamos por ali bebendo algumas e acabamos perdendo a hora. Tomamos um taxi até uma praça perto do hotel, comemos alguma coisa e nos despedimos.</p> <p>Na manhã de sábado saí do hotel carregando minha bagagem - começaria meu retorno ao Brasil no início da tarde, antes mesmo de acabar o evento, para chegar ao São Paulo por volta da meia-noite e ter tempo de dirigir até Ubatuba no domingo para votar. Esse era o plano, pelo menos.</p> <p><img alt="" src="http://2012.ciudadescreativas.org/wp-content/uploads/2012/12/CC_73.jpg" width="480" /></p> <p>Encontrei o pessoal em um dos prédios anexos do Museu de Antioquia. Participei de um debate mais aberto e informal (mais o meu estilo, definitivamente) com o tema "<a href="http://2012.ciudadescreativas.org/2013/01/cronica-de-los-dialogos-con-los-ponentes/" rel="nofollow" rel="nofollow">do cibermundo ao bairro</a>". Ali a conversa fluiu muito bem. Saí antes que acabasse para tomar o transporte até o aeroporto. E começou minha novela.</p> <p>Eu tomaria um voo até Bogotá, e de lá rumaria até Guarulhos. Mas o primeiro voo foi cancelado, e nenhum funcionário conseguiu realocar os passageiros a tempo. Fiquei algumas horas no aeroporto de Medellín comendo os amendoins da sala VIP, e cheguei a Bogotá meia hora depois da conexão que deveria tomar. Teria que esperar cinco horas e meia no aeroporto. Aproveitei para fazer a barba, comi alguma coisa, bebi uma cerveja. Uma hora antes do voo, o aviso: o avião não poderia partir, precisaríamos esperar outro. E lá se foram mais duas horas e meia de atraso.</p> <p><img alt="" src="https://lh3.googleusercontent.com/-K8AN81623u0/URAXwn1ZuuI/AAAAAAAANOo/PsqcpaoxAY8/w679-h507-no/2012-10-06_15-30-39_203.jpg" width="480" /></p> <p>Acabei chegando em casa em São Paulo às oito e pouco da manhã de domingo. Mas... não encontrava a chave do carro, por mais que procurasse. Depois de algum tempo, chamei o seguro para ver se conseguiam abrir o porta-malas, onde acabei pensando que poderia tê-la esquecido. Precisaram de dois carros e um monte de equipamentos para conseguir abrir (o que não deixa de ser um bom atestado da segurança do carro). Destravaram a porta, desativaram o alarme, usaram a chave-mestra... e nada da chave. Chamaram outro carro, um guincho, que me levou até Campinas para buscar a chave reserva. Até voltar para São Paulo, já havia perdido o horário possível para votar em Ubatuba. Só cheguei à noite, infelizmente.</p> <p>De todo modo, as Jornadas Ciudades Creativas ajudaram a dissolver minha desconfiança total com eventos que se situam nesse diálogo entre cidade, criatividade e economia. A diversidade de atores e projetos representados lá, e a própria direção das conversas que eu mesmo tive com tanta gente, me fizeram acreditar que é possível explorar esses temas de maneira bem menos superficial do que geralmente se vê por aí. Estou curioso sobre a próxima edição (em Buenos Aires, próximo agosto) e sobre possibilidades de articular eventos associados às Jornadas em São Paulo (e Ubatuba, por que não?).</p> <p>P.S.: Mais fotos <a href="https://plus.google.com/photos/104719536953575628394/albums/5841194837235084065" rel="nofollow" rel="nofollow">aqui</a>.</p><a href="http://ubalab.org/blog/fast-forward-ffwd-ciudades-creativas-parte-2" title="Fast-Forward (FFWD) - Ciudades Creativas, parte 2" lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Os &uacute;ltimos meses n&atilde;o deixaram muita folga para relatar da maneira habitual os eventos pelos quais passei. A pr&oacute;pria quantidade de eventos e projetos, minhas aventuras acad&ecirc;micas, a mudan&ccedil;a de volta para Ubatuba e uma viagem de dois meses (com mais eventos e projetos) atrasaram ainda mais meu ritmo de documenta&ccedil;&atilde;o. Cheguei em casa semana passada doido para contar sobre as &uacute;ltimas andan&ccedil;as, mas a lista de coisas a documentar acabou me bloqueando. Vou ent&atilde;o, como comentei em outro post, deixar de lado o capricho virginiano e contar por cima alguns epis&oacute;dios. Come&ccedil;o com o fim do relato sobre as Jornadas Ciudades Creativas, organizadas pela Funda&ccedil;&atilde;o Kreanta em Medell&iacute;n (Col&ocirc;mbia) em outubro do ano passado. Eu j&aacute; publiquei a primeira parte do relato sobre minha participa&ccedil;&atilde;o. Este n&atilde;o chega a ser um post curto, mas normalmente eu faria mais dois ou tr&ecirc;s.Na manh&atilde; do primeiro dia, Alex (Platohedro) me ofereceu uma carona at&eacute; o MAMM, Museu de Arte Moderna de MDE. Nos acompanhava Jorge Bejarano, diretor do departamento de educa&ccedil;&atilde;o e cultura do MAMM e respons&aacute;vel pelo meu convite para as jornadas. Est&aacute;vamos ali para uma conversa entre pessoas de diferentes projetos da cidade comigo e com Jos&eacute; Ramon Insa Alba (que parece um irm&atilde;o do hdhd), inserida no projeto co:operaciones e versando sobre tecnologia, liberdade, apropria&ccedil;&atilde;o, poder, corpora&ccedil;&otilde;es e alternativas. Bastante gente na mesa, conversa fluida e aberta. Camilo Cantor publicou o &aacute;udio aqui, e surgiram anota&ccedil;&otilde;es para um texto coletivo. Adorei o clima no MAMM, que (apesar do nome) &eacute; bem arejado e repleto de gente interessante e interessada.Sa&iacute;mos de l&aacute; para o almo&ccedil;o inaugural das jornadas e uma primeira apresenta&ccedil;&atilde;o dos participantes. Devia haver umas trinta pessoas. Era em um espa&ccedil;o ajardinado, ao ar livre. Algo paradoxal: lugar bonito, com um almo&ccedil;o servido por gar&ccedil;ons, mas a comida era fraca e bebida somente refrigerante de cola ou &aacute;gua. N&atilde;o havia banheiros, nem para lavar as m&atilde;os. E senti imensa falta de um caf&eacute; depois do almo&ccedil;o.Na sequ&ecirc;ncia, Alex me conheceu para conhecer o espa&ccedil;o do Platohedro. Nos arredores a cidade j&aacute; parecia mais org&acirc;nica, menos ensaiada. O espa&ccedil;o &eacute; fant&aacute;stico, um sobrado grafitado e cheio de gente. Me senti em casa. Trabalhei um pouco, conversei bastante com o Capo sobre servidores, redes e o N-1.&Agrave; noite, de volta ao MAMM, rolou a abertura oficial das Jornadas. Come&ccedil;ou com uma apresenta&ccedil;&atilde;o de um grupo de Hip Hop, depois falas de autoridades e algumas palestras.O segundo dia foi no Centro de Desenvolvimento Cultural de Moravia - um espa&ccedil;o que lembra tantos centros comunit&aacute;rios, CEUS e afins no Brasil exceto por um aspecto: um cuidado especial com a arquitetura. O lugar &eacute; muito bonito, e isso j&aacute; muda totalmente as expectativas. O audit&oacute;rio &eacute; de primeira, tamb&eacute;m bonito e bem cuidado. Jorge Melguizo, ex-secret&aacute;rio de cultura da cidade, mostrava com orgulho os detalhes do centro localizado naquele que era um dos bairros mais violentos da cidade. O dia foi recheado de debates e apresenta&ccedil;&otilde;es tratando de diversos temas: planejamento urbano, espa&ccedil;o p&uacute;blico, cicloativismo, interven&ccedil;&atilde;o urbana, m&iacute;dia alternativa, museus. Muita coisa interessante, bastante diversidade e enraizamento. Havia tamb&eacute;m um ou outro europeus perdidos ali em uma vis&atilde;o instrumental e rasa de cultura, mas ningu&eacute;m deu muita bola.O almo&ccedil;o foi em um museu, algumas quadras morro acima em uma rua decorada por interven&ccedil;&otilde;es e arte de rua. Lugar fant&aacute;stico, mas sem estrutura para atender a tanta gente. Pedi uma op&ccedil;&atilde;o que no fim das contas n&atilde;o existia, tiraram meu prato antes que terminasse e encerrei com um cafezinho aguado. Voltamos para o Centro Cultural para mais uma tarde de debates interessantes. O dia se encerrou com a entrega do pr&ecirc;mio Espa&ccedil;o P&uacute;blico da Europa e com uma apresenta&ccedil;&atilde;o de dan&ccedil;a de rua, capoeira, hip hop, dan&ccedil;a afro e batucada.O terceiro dia foi em um espa&ccedil;o chamado Ruta-N, um elefante hi-tech que segundo contam ningu&eacute;m ainda encontrou fun&ccedil;&atilde;o. Assisti pelo stream a primeira palestra, de Saskia Sassen. Falou sobre o discurso da cidade e usou uma interpreta&ccedil;&atilde;o curiosa de &quot;hacker&quot; para sugerir que a cidade interferia com as tecnologias (n&atilde;o pude concordar com essa leitura, mas ainda assim acho interessante). Explorou tamb&eacute;m a explos&atilde;o de adjetivos correntemente associados &agrave;s cidades: cidade criativa, esperta, conectada, inteligente. Disse que n&atilde;o usa mais adjetivos, porque eles s&atilde;o rapidamente assimilados por consultorias cujo &uacute;nico objetivo &eacute; o dinheiro. Falou que tem usado o termo &quot;global street&quot; (rua global) para escapar.Na sequ&ecirc;ncia, mais apresenta&ccedil;&otilde;es e palestras. Felipe Leal, secret&aacute;rio de desenvolvimento urbano e habita&ccedil;&atilde;o da cidade do M&eacute;xico, foi um dos mais interessantes (embora eu tenha d&uacute;vidas sobre quanto de sua apresenta&ccedil;&atilde;o era fic&ccedil;&atilde;o). Almo&ccedil;amos no Museo de Antioquia, na pra&ccedil;a decorada com diversas esculturas de Botero. Almo&ccedil;o decente, e finalmente com um caf&eacute; &agrave; altura.Voltamos ao Ruta-N em um daqueles &ocirc;nibus coloridos de MDE. Germ&aacute;n Rey falou sobre o Centro &Aacute;tico, laborat&oacute;rio colombiano bem baseado no modelo do MIT Media Lab, s&oacute; que colonizado. Tudo com papeis definidos: disciplinas bem recortadas, estudantes, &quot;impacto&quot; na &quot;cultura&quot;, etc. Disse que &quot;chamaram os melhores professores&quot; para trabalhar em um projeto com &iacute;ndios (depois de ter dito que queriam aprender com eles). Falou ainda que &quot;n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel levar o laborat&oacute;rio de um lugar a outro&quot;. Depois foi a vez de Jos&eacute; Ramon, com uma vis&atilde;o delicada e did&aacute;tica sobre cultura digital e os conflitos que ela inspira com poderes tradicionais. Sugeriu que devemos nos libertar da tirania da excel&ecirc;ncia, dissolvendo hierarquias. &Eacute; mesmo parente do Hernani. Eu participei da mesa seguinte, sobre &quot;apropria&ccedil;&atilde;o de tecnologias para sociedades inteligentes&quot;. Comigo estavam Felipe Londo&ntilde;o, contando sobre seus projetos em Manizales e Julian Giraldo contando sobre o un/loquer. Fiz minha fala em um castelhano enrolado. Os brasileiros que acompanharam o stream elogiaram meu dom&iacute;nio do idioma. N&atilde;o me lembro de ouvir o mesmo elogio de nenhum colombiano, mas acho que me entenderam mesmo assim ;) Ao fim do debate, me ofereceram uma nuvem de tags da minha fala, achei interessante:Naquela noite estava planejada uma bicicletada com todos os participantes do evento. A garoa na sa&iacute;da do Ruta-N sugeria que esper&aacute;ssemos antes de ir at&eacute; o ponto de encontro. Acompanhei os aliados colombianos at&eacute; uma rua do outro lado da avenida que concentrava um monte de botecos. Ficamos por ali bebendo algumas e acabamos perdendo a hora. Tomamos um taxi at&eacute; uma pra&ccedil;a perto do hotel, comemos alguma coisa e nos despedimos.Na manh&atilde; de s&aacute;bado sa&iacute; do hotel carregando minha bagagem - come&ccedil;aria meu retorno ao Brasil no in&iacute;cio da tarde, antes mesmo de acabar o evento, para chegar ao S&atilde;o Paulo por volta da meia-noite e ter tempo de dirigir at&eacute; Ubatuba no domingo para votar. Esse era o plano, pelo menos.Encontrei o pessoal em um dos pr&eacute;dios anexos do Museu de Antioquia. Participei de um debate mais aberto e informal (mais o meu estilo, definitivamente) com o tema &quot;do cibermundo ao bairro&quot;. Ali a conversa fluiu muito bem. Sa&iacute; antes que acabasse para tomar o transporte at&eacute; o aeroporto. E come&ccedil;ou minha novela.Eu tomaria um voo at&eacute; Bogot&aacute;, e de l&aacute; rumaria at&eacute; Guarulhos. Mas o primeiro voo foi cancelado, e nenhum funcion&aacute;rio conseguiu realocar os passageiros a tempo. Fiquei algumas horas no aeroporto de Medell&iacute;n comendo os amendoins da sala VIP, e cheguei a Bogot&aacute; meia hora depois da conex&atilde;o que deveria tomar. Teria que esperar cinco horas e meia no aeroporto. Aproveitei para fazer a barba, comi alguma coisa, bebi uma cerveja. Uma hora antes do voo, o aviso: o avi&atilde;o n&atilde;o poderia partir, precisar&iacute;amos esperar outro. E l&aacute; se foram mais duas horas e meia de atraso.Acabei chegando em casa em S&atilde;o Paulo &agrave;s oito e pouco da manh&atilde; de domingo. Mas... n&atilde;o encontrava a chave do carro, por mais que procurasse. Depois de algum tempo, chamei o seguro para ver se conseguiam abrir o porta-malas, onde acabei pensando que poderia t&ecirc;-la esquecido. Precisaram de dois carros e um monte de equipamentos para conseguir abrir (o que n&atilde;o deixa de ser um bom atestado da seguran&ccedil;a do carro). Destravaram a porta, desativaram o alarme, usaram a chave-mestra... e nada da chave. Chamaram outro carro, um guincho, que me levou at&eacute; Campinas para buscar a chave reserva. At&eacute; voltar para S&atilde;o Paulo, j&aacute; havia perdido o hor&aacute;rio poss&iacute;vel para votar em Ubatuba. S&oacute; cheguei &agrave; noite, infelizmente.De todo modo, as Jornadas Ciudades Creativas ajudaram a dissolver minha desconfian&ccedil;a total com eventos que se situam nesse di&aacute;logo entre cidade, criatividade e economia. A diversidade de atores e projetos representados l&aacute;, e a pr&oacute;pria dire&ccedil;&atilde;o das conversas que eu mesmo tive com tanta gente, me fizeram acreditar que &eacute; poss&iacute;vel explorar esses temas de maneira bem menos superficial do que geralmente se v&ecirc; por a&iacute;. Estou curioso sobre a pr&oacute;xima edi&ccedil;&atilde;o (em Buenos Aires, pr&oacute;ximo agosto) e sobre possibilidades de articular eventos associados &agrave;s Jornadas em S&atilde;o Paulo (e Ubatuba, por que n&atilde;o?).P.S.: Mais fotos aqui.</a> aliadxs avião blogs cidades cidades criativas colômbia feeds kreanta lifelog mamm medellín projetos rutan trip ubalab ubatuba Mon, 03 Jun 2013 03:52:59 +0000 felipefonseca 12951 at http://efeefe.no-ip.org Cidades digitais... http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidades-digitais-0 <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Insistindo na abertura do conceito de cidades digitais - de maneira que abarque não somente o aumento de eficiência da máquina pública e o alívio pontual de disparidades, mas insira também a escala local e suas demandas na própria autoria do imaginário tecnológico e de suas invenções - tenho presenciado alguns movimentos interessantes. Estou conversando com a nova gestão da Prefeitura de Ubatuba, em busca de um modelo que faça sentido para as características únicas da cidade. Estou também tratando de projetos similares em outras cidades da região. As ideias têm ressoado. A ver o quanto vamos conseguir pôr em prática.</p> <p>Também fui chamado, como já comentei aqui, a participar de um debate no <a href="http://transmediale.de" rel="nofollow" rel="nofollow">Transmediale</a> sobre o assunto na quinta-feira passada, junto com pessoas que estudam ou estiveram envolvidas com projetos europeus de "cidades digitais" nos anos noventa. Para encerrar a semana, fiz um bate-volta para São Paulo na sexta, a convite do <a href="http://w3c.br" rel="nofollow" rel="nofollow">W3C</a>/<a href="http://cgi.br" rel="nofollow" rel="nofollow">CGI</a> e Prefeitura de São Paulo, onde falei junto com <a href="http://access-space.org" rel="nofollow" rel="nofollow">James Wallbank</a> sobre "Cidades Digitais e Open Labs". As condições do trânsito aumentaram o tempo da minha viagem, o que acabou proporcionando um novo texto sobre cidades digitais, que devo publicar aqui assim que tiver tempo de digitá-lo. Nenhuma novidade para quem já leu meus outros textos, somente mais uma coleção de argumentos sobre como os labs abertos podem ser uma saída para algumas das arapucas da cidade contemporânea. No mais, foi bom conhecer mais pessoas do W3C, além de reencontrar James e dar uma volta rápida pelo Anhangabaú.</p><a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais" title="Cidades digitais..." lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Insistindo na abertura do conceito de cidades digitais - de maneira que abarque n&atilde;o somente o aumento de efici&ecirc;ncia da m&aacute;quina p&uacute;blica e o al&iacute;vio pontual de disparidades, mas insira tamb&eacute;m a escala local e suas demandas na pr&oacute;pria autoria do imagin&aacute;rio tecnol&oacute;gico e de suas inven&ccedil;&otilde;es - tenho presenciado alguns movimentos interessantes. Estou conversando com a nova gest&atilde;o da Prefeitura de Ubatuba, em busca de um modelo que fa&ccedil;a sentido para as caracter&iacute;sticas &uacute;nicas da cidade. Estou tamb&eacute;m tratando de projetos similares em outras cidades da regi&atilde;o. As ideias t&ecirc;m ressoado. A ver o quanto vamos conseguir p&ocirc;r em pr&aacute;tica.Tamb&eacute;m fui chamado, como j&aacute; comentei aqui, a participar de um debate no Transmediale sobre o assunto na quinta-feira passada, junto com pessoas que estudam ou estiveram envolvidas com projetos europeus de &quot;cidades digitais&quot; nos anos noventa. Para encerrar a semana, fiz um bate-volta para S&atilde;o Paulo na sexta, a convite do W3C/CGI e Prefeitura de S&atilde;o Paulo, onde falei junto com James Wallbank sobre &quot;Cidades Digitais e Open Labs&quot;. As condi&ccedil;&otilde;es do tr&acirc;nsito aumentaram o tempo da minha viagem, o que acabou proporcionando um novo texto sobre cidades digitais, que devo publicar aqui assim que tiver tempo de digit&aacute;-lo. Nenhuma novidade para quem j&aacute; leu meus outros textos, somente mais uma cole&ccedil;&atilde;o de argumentos sobre como os labs abertos podem ser uma sa&iacute;da para algumas das arapucas da cidade contempor&acirc;nea. No mais, foi bom conhecer mais pessoas do W3C, al&eacute;m de reencontrar James e dar uma volta r&aacute;pida pelo Anhangaba&uacute;.</a> aliadxs blogs cidades cidades digitais feeds projetos ubalab ubatuba urbe Sun, 03 Feb 2013 21:04:03 +0000 felipefonseca 12935 at http://efeefe.no-ip.org