efeefe - cidades digitais http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/667/0 pt-br Cidades digitais... http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidades-digitais-0 <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Insistindo na abertura do conceito de cidades digitais - de maneira que abarque não somente o aumento de eficiência da máquina pública e o alívio pontual de disparidades, mas insira também a escala local e suas demandas na própria autoria do imaginário tecnológico e de suas invenções - tenho presenciado alguns movimentos interessantes. Estou conversando com a nova gestão da Prefeitura de Ubatuba, em busca de um modelo que faça sentido para as características únicas da cidade. Estou também tratando de projetos similares em outras cidades da região. As ideias têm ressoado. A ver o quanto vamos conseguir pôr em prática.</p> <p>Também fui chamado, como já comentei aqui, a participar de um debate no <a href="http://transmediale.de" rel="nofollow" rel="nofollow">Transmediale</a> sobre o assunto na quinta-feira passada, junto com pessoas que estudam ou estiveram envolvidas com projetos europeus de "cidades digitais" nos anos noventa. Para encerrar a semana, fiz um bate-volta para São Paulo na sexta, a convite do <a href="http://w3c.br" rel="nofollow" rel="nofollow">W3C</a>/<a href="http://cgi.br" rel="nofollow" rel="nofollow">CGI</a> e Prefeitura de São Paulo, onde falei junto com <a href="http://access-space.org" rel="nofollow" rel="nofollow">James Wallbank</a> sobre "Cidades Digitais e Open Labs". As condições do trânsito aumentaram o tempo da minha viagem, o que acabou proporcionando um novo texto sobre cidades digitais, que devo publicar aqui assim que tiver tempo de digitá-lo. Nenhuma novidade para quem já leu meus outros textos, somente mais uma coleção de argumentos sobre como os labs abertos podem ser uma saída para algumas das arapucas da cidade contemporânea. No mais, foi bom conhecer mais pessoas do W3C, além de reencontrar James e dar uma volta rápida pelo Anhangabaú.</p><a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais" title="Cidades digitais..." lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Insistindo na abertura do conceito de cidades digitais - de maneira que abarque n&atilde;o somente o aumento de efici&ecirc;ncia da m&aacute;quina p&uacute;blica e o al&iacute;vio pontual de disparidades, mas insira tamb&eacute;m a escala local e suas demandas na pr&oacute;pria autoria do imagin&aacute;rio tecnol&oacute;gico e de suas inven&ccedil;&otilde;es - tenho presenciado alguns movimentos interessantes. Estou conversando com a nova gest&atilde;o da Prefeitura de Ubatuba, em busca de um modelo que fa&ccedil;a sentido para as caracter&iacute;sticas &uacute;nicas da cidade. Estou tamb&eacute;m tratando de projetos similares em outras cidades da regi&atilde;o. As ideias t&ecirc;m ressoado. A ver o quanto vamos conseguir p&ocirc;r em pr&aacute;tica.Tamb&eacute;m fui chamado, como j&aacute; comentei aqui, a participar de um debate no Transmediale sobre o assunto na quinta-feira passada, junto com pessoas que estudam ou estiveram envolvidas com projetos europeus de &quot;cidades digitais&quot; nos anos noventa. Para encerrar a semana, fiz um bate-volta para S&atilde;o Paulo na sexta, a convite do W3C/CGI e Prefeitura de S&atilde;o Paulo, onde falei junto com James Wallbank sobre &quot;Cidades Digitais e Open Labs&quot;. As condi&ccedil;&otilde;es do tr&acirc;nsito aumentaram o tempo da minha viagem, o que acabou proporcionando um novo texto sobre cidades digitais, que devo publicar aqui assim que tiver tempo de digit&aacute;-lo. Nenhuma novidade para quem j&aacute; leu meus outros textos, somente mais uma cole&ccedil;&atilde;o de argumentos sobre como os labs abertos podem ser uma sa&iacute;da para algumas das arapucas da cidade contempor&acirc;nea. No mais, foi bom conhecer mais pessoas do W3C, al&eacute;m de reencontrar James e dar uma volta r&aacute;pida pelo Anhangaba&uacute;.</a> aliadxs blogs cidades cidades digitais feeds projetos ubalab ubatuba urbe Sun, 03 Feb 2013 21:04:03 +0000 felipefonseca 12935 at http://efeefe.no-ip.org Adjetivos, MetaReciclagem e laboratórios experimentais http://efeefe.no-ip.org/agregando/adjetivos-metareciclagem-e-laboratorios-experimentais <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <blockquote> <p>No início deste mês estive em Medellín, na Colômbia, participando da quinta edição das <a href="http://2012.ciudadescreativas.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Jornadas Ciudades Creativas</a>, organizada pela <a href="http://www.kreanta.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Fundação Kreanta</a>. O texto abaixo é uma costura da <a href="http://www.slideshare.net/felipefonseca/labs-experimentais-jornadas-kreanta" rel="nofollow" rel="nofollow">minha apresentação</a> na mesa sobre "Apropriação de tecnologias para cidades inteligentes". Pra quem já leu meus outros textos, esse não tem nenhuma novidade. Mas fica como impressão do momento. Assim que tiver tempo também quero publicar por aqui um relato sobre minha experiência durante o evento.</p> </blockquote> <p>Respondendo a uma questão da plateia após sua palestra na edição de 2012 das Jornadas Kreanta, a socióloga Saskia Sassen problematizou a aparente "explosão de adjetivos" que tem atualmente acompanhado a reflexão sobre cidades e urbanismo: cidades criativas, cidades digitais, cidades sustentáveis, cidades inteligentes, e por aí vai. Disse que ela mesma tem tentado evitar os adjetivos, porque em pouco tempo as consultorias comerciais oportunistas que se multiplicam pelo mundo acabam por sequestrar quaisquer termos que poderiam ter alguma relevância.</p> <p>Coincidentemente, dois dias antes eu havia discutido um tema similar em encontro com integrantes de diferentes projetos no Museu de Arte Moderna de Medellín. Naquela manhã de quarta-feira eu sugeria que em vez de encontrar o adjetivo certo para definir as cidades que queremos, talvez mais interessante fosse desenvolver a pleno a ideia (a utopia?) da cidade moderna como ambiente propício para a convivência com a diversidade cultural, o compartilhamento de infraestrutura e a otimização de recursos.</p> <p>Durante minha curta estada em Medellín, acompanhando à distância o noticiário sobre as eleições municipais no Brasil que aconteceriam na semana seguinte, eu ainda reformularia minha opinião sobre o tema: adjetivar a cidade pode sim ser temporariamente útil, como forma de contrapor-se a todas aquelas práticas arraigadas que vão no sentido oposto ao adjetivo em questão. Assim, falar em uma cidade criativa é posicionar-se contra a cidade conservadora (posicionar-se contra a agenda conservadora e as ações conservadoras dentro do espaço urbano); a cidade sustentável se opõe à cidade baseada no desperdício; defender a cidade inteligente é acusar e refutar as cidades imobilizadas pela falta de comunicação e planejamento. Mas a chave aqui é justamente o aspecto temporário: o adjetivo não deve ser a meta em si. Antes, é indicação importante de escolha de caminho prioritário.</p> <p>Tenho uma sensação similar em relação ao discurso das cidades digitais, assim como ao da cultura digital, entre tantos outros. Dez anos atrás, uma das primeiras ações concebidas (embora nunca implementada a contento) pelas mesmas pessoas que à época estavam envolvidas com a criação da <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow" rel="nofollow">rede MetaReciclagem</a> se chamava "Prefeituras Inteligentes". Naquele esboço de projeto encabeçado por Daniel Pádua, imaginávamos uma política pública baseada em espaços abertos que proporcionariam a reutilização de equipamentos eletrônicos ociosos para criar redes digitais abertas que propiciassem a livre circulação de informação. Com o tempo entenderíamos que prefeituras são frequentemente os ambientes menos propícios para tais impulsos libertários. Por mais que uma prefeitura aprendesse a ser menos estúpida, ela nunca seria tão inteligente quanto gostaríamos. Ainda assim, a qualificação pelo adetivo - o digital, o criativo, o inteligente - podem trabalhar no imaginário das pessoas e dos grupos envolvidos, criar uma disposição que possibilite propor ações concretas.</p> <h2> MetaReciclagem</h2> <p>Ao longo da última década, as diversas ações desenvolvidas de maneira distribuída através da rede MetaReciclagem acabaram deixando um pouco de lado a construção do discurso do digital – percebido ali como demasiadamente focado nas ferramentas de comunicação em si próprias, em contraposição à perspectiva de que o mais importante são as dinâmicas sociais que as tecnologias possibilitam. Em seu lugar, construiu-se uma história baseada em outros adjetivos. O livre, o aberto, o participativo, o colaborativo são centrais para a narrativa coletiva que circunda a MetaReciclagem.</p> <p>Mas não deixamos de lado a intenção de trabalhar junto a diferentes instituições, tentando influenciar a maneira como elas desenvolvem suas ações. De maneira distribuída e dinâmica, integrantes da rede MetaReciclagem passou a buscar parcerias com o terceiro setor, com instâncias governamentais mais abrangentes - estaduais ou federais -, com organizações culturais. Contextos que oferecem um pouco mais de abertura para uma visão ampla em relação às novas tecnologias de comunicação.</p> <p>Desde então, pessoas e grupos atuando dentro da rede MetaReciclagem criaram mais de uma dúzia de laboratórios em todas as regiões do país. Alguns desapareceram com o tempo, outros se reinventam até hoje. Se no início nos apresentávamos como um coletivo dedicado ao recondicionamento de computadores usados com a utilização de software livre, o uso social das redes digitais e o impulso à distribuição de cultura copyleft, hoje uma das definições mais comuns da MetaReciclagem é como rede aberta que propõe e articula ações de apropriação crítica de tecnologias para a transformação social. Cada um desses termos é naturalmente debatível, e isso ocupa boa parte do nosso tempo. A rede conta hoje com quase quinhentas pessoas em sua lista de discussão, influenciou um sem-número de projetos de tecnologia orientada para a sociedade, infiltrou-se em diversas discussões que supostamente não lhe diziam respeito, recebeu alguns prêmios e menções honrosas. Mais do que tudo, sabotou a si própria de maneira ativa e consciente - um método para manter sua potência transformadora e a desconfiança do poder institucional.</p> <p>Também percebemos muito cedo que não nos interessava simplesmente reutilizar a tecnologia em si, mas sim o hábito de apropriação tão presente nas culturas populares do Brasil. Identificamos e buscamos valorizar as práticas da gambiarra, como criatividade cotidiana e vernacular desenvolvendo soluções com quaisquer objetos, conhecimentos ou pessoas disponíveis; e do mutirão, como formação coletiva dinâmica orientada à solução de problemas.</p> <p>Em sua atuação, a MetaReciclagem situou-se em diferentes contextos institucionais e discursivos. Se o ativismo midiático baseado na ideia de mídia tática foi um dos primeiros fundamentos de agregação da rede, foi o campo da inclusão digital que nos ofereceu a oportunidade de estabelecermos laboratórios e desenvolvermos experimentações - ainda que buscando sempre ir além do mero acesso e propondo a apropriação de tecnologias com base em uma cultura livre. Com o tempo descobrimos que aquilo que fazíamos tinha paralelos com hacklabs, hackerspaces e toda a cena de cultura de faça-você-mesmo. Entendemos que estávamos assumindo uma posição de resistência contra a obsolescência programada, que teríamos um papel importante no debate sobre a questão do lixo eletrônico. Algumas pessoas da rede estabeleceram um diálogo produtivo e continuado com o campo da arte eletrônica.</p> <p>Essa trajetória está diretamente ligada à prioridade que sempre atribuímos à ideia de abertura, que necessariamente acompanha uma cultura livre. Uma sensibilidade do abrir, aproximando as pessoas da tecnologia para entender como as coisas funcionam, reordenar seus componentes, inventar outros usos, propor outras interpretações. Uma prática da abertura que implica uma estética da abertura (e sua relação com o ruído, a sujeira, a imperfeição, o inesperado). Estética da abertura que necessariamente se relaciona com uma ética da abertura, da participação, do compartilhamento. A compreensão da abertura como princípio político. Um dos resultados desse posicionamento é o fato de a MetaReciclagem ter evitado uma institucionalização centralizada. Em vez de definir uma estrutura hierárquica definida, ela se concretiza de forma fluida e cambiante, sugerindo formas de mobilizar ações que são supostamente mais adequadas a um contexto altamente enredado.</p> <p>A partir de 2003, o Brasil passaria por grandes transformações. Em especial na política cultural. Na esteira da eleição de Lula como Presidente da República, uma personagem inesperada para o jogo político tradicional se alçaria ao posto de Ministro da Cultura: Gilberto Gil. Músico com reconhecimento internacional e uma das principais vozes do tropicalismo - movimento cultural surgido nos anos sessentas que propunha o diálogo entre manifestações culturais tradicionais, as vanguardas artísticas urbanas e a emergente cultura pop -, Gil sempre demonstrou uma curiosidade a respeito do papel que as tecnologias digitais poderiam exercer na cultura.</p> <p>O novo dirigente traria uma transformação fundamental para o Ministério: em vez de entender cultura somente sob o prisma da economia do entretenimento e do mercado da arte, propunha um entendimento antropológico da cultura como o conjunto de tudo aquilo que nos faz humanos, vivendo em sociedade. A partir desta perspectiva é que seria criado, sob a coordenação de Celio Turino, o programa Cultura Viva, que propunha um "do-in antropológico". O projeto pretendia identificar e estimular pontos potencialmente transformadores para as culturas brasileiras: os espaços que viriam a ser chamados de Pontos de Cultura.</p> <p>Logo depois de sua criação, o projeto Cultura Viva decidiu incluir uma vertente digital que incorporava uma profunda reflexão a respeito de autonomia dos saberes, da generosidade implícita nas licenças livres e abertas, da valorização de uma postura hacker (o próprio Ministro posicionou-se como um "ministro hacker"), e da livre circulação de produção cultural. Naquele contexto, o digital não era entendido somente como uma nova linguagem, mas pelo contrário como elemento potencialmente integrador de diferentes linguagens artísticas e formas de expressão cultural.</p> <p>Para planejar e implementar essa visão, o Ministério convidaria integrantes de diversos grupos, coletivos e redes que se dedicavam a questões de ativismo midiático, cultura livre e tecnologias de comunicação. Isso daria ensejo a uma série de ações em conjunto: encontros, festivais, oficinas, processos de formação e intercâmbio. Centenas de grupos em todas as regiões do Brasil tiveram seu primeiro contato com tecnologias de produção cultural, e já começavam usando softwares livres.</p> <h2> Laboratórios</h2> <p>Nos anos seguintes, uma questão começou a me inquietar em particular: se algumas das pessoas mais capacitadas em relação à fronteira entre tecnologia e cultura estão ocupadas dando oficinas para compartilhar o que já aprenderam, quem é que vai se ocupar de pensar e desenvolver o futuro dessas tecnologias? Criar e ensinar são momentos igualmente necessários, mas em muitos casos exigem disposições mentais distintas. Em determinado momento, parecia que só estávamos criando alternativas de viabilidade para a formação, deixando de lado o aprofundamento, a experimentação formal e o questionamento do imaginário social envolvido em todas essas questões. Além de promover o acesso à cultura digital, como poderíamos apoiar o próprio desenvolvimento da cultura (sem adjetivos) em diálogo com esses novos contextos que têm surgido? Se tínhamos uma visão crítica ao imaginário dos medialabs dos EUA e Europa, o que é que poderíamos propor para sucedê-los?</p> <p>Pensando nessas questões, criei em 2010 a plataforma <a href="http://redelabs.org" rel="nofollow" rel="nofollow">Rede//Labs</a>, que naquele ano estabeleceu uma parceria com o Ministério da Cultura para investigar que tipo de arranjo formal e administrativo se fazia necessário para estimular esse tipo de desenvolvimento. Queríamos entender o que deveria ser um laboratório experimental adequado aos dias de hoje. Passamos alguns meses conversando com dezenas de pessoas e grupos atuantes nesse contexto no Brasil e no exterior. Organizamos um blog, promovemos um encontro com pessoas vindas de todo o país e um painel internacional sobre laboratórios de mídia e laboratórios experimentais. Conversamos bastante sobre como sustentar uma cultura de inovação baseada em princípios de liberdade, abertura e compartilhamento, e orientada a demandas da sociedade, não simplesmente ao lucro. Identificamos temas emergentes como a cena maker, a prototipagem digital, as mídias locativas, a realidade expandida, as cartografias colaborativas, o hardware livre, a internet das coisas, os sensores interconectados, entre outros. Entendemos que o laboratório experimental ideal não é (somente) um estúdio, e que também não é (somente) uma escola. Chegamos a esboçar com o Ministério um mecanismode apoio formal à cultura digital experimental, e traçar planos para a implementação de uma rede de laboratórios de arte e tecnologia financiados pelo Ministério da Cultura.</p> <p>Infelizmente, a passagem de ano para 2011 assistiu a uma mudança brusca no comando no Ministério da Cultura, o que fez com que todas essas ações e planos caíssem no vazio institucional que se seguiu<a href="#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc" rel="nofollow" rel="nofollow">1</a>. A nova prioridade no Ministério era a Secretaria de Economia Criativa. Ainda que mais aberta do que o referencial britânico das indústrias criativas, era nítida a reorientação desde a visão antropológica da cultura em direção a uma visão da cultura como mercado privilegiado.</p> <p>No fim de 2011, Rede//Labs estabeleceu uma parceria de pesquisa com o Centro de Cultura Espanhola de São Paulo, subordinado à AECID. Nos meses seguintes, redigi uma série de artigos sobre laboratórios experimentais em rede, e articulei a produção de quatro vídeos sobre diferentes organizações e cenários no Brasil que atuam nesse campo. Apesar da boa repercussão da parceria, a crise econômica na Espanha ocasionou o encerramento das atividades do CCE de São Paulo, e no mesmo caminho seguiram as expectativas de dar sequência à pesquisa.</p> <p>Ao longo desses percursos, acredito que tenhamos aprendido algumas lições. Ou ao menos aprendemos a melhor elaborar algumas questões. Uma delas diz respeito ao aprisionamento ao mercado. Como é que podemos estimular a consolidação de um tipo de reflexão e de prática culturais que estão ligadas à multiplicação dos instrumentos de informação e comunicação, mas como fazemos isso sem cair na armadilha da mensuração econômica segundo a qual tudo que não tem valor comercial não merece investimento? Quais os caminhos para propor colaboração antidisciplinar, que não somente ultrapasse as barreiras entre as disciplinas, mas deixe-as para trás?</p> <p>Outra questão que tem surgido e inspirado cada vez mais propostas é a integração entre os fluxos das redes digitais e os fluxos das ruas. Em vez de cair naquela visão (que muitos já consideram obsoleta) segundo a qual a internet era a negação da cidade - seu extremo oposto-, um grande número de iniciativas tem buscado justamente relacionar essas duas dimensões diferenciadas de sociabilidade dentro de uma visão integrada. São ações que se desenrolam simultaneamente na internet e nas cidades, que relacionam e retroalimentam o âmbito dos commons digitais juntamente ao âmbito do espaço público urbano. Que trazem a cultura livre para as ruas ao mesmo tempo em que levam a criatividade vernacular e as táticas de apropriação do cotidiano para as redes online. Projetos de mapeamento digital colaborativo, intervenções (e festas) que tomam as ruas. Ações que pensam a própria rua como laboratório, abundante em recursos pouco utilizados e em soluções inovadoras. Que pensam mesmo o laboratório convencional como espaço situado no cenário urbano, potencialmente um espaço de contato que ainda precisamos entender melhor. Que incentivam a ciência cidadã, a criatividade economicamente improdutiva, o hacking de imaginário social. Valores como integração, amizade, afeto, colaboração e tolerância ultrapassando a competição. Porque no fundo o que queremos são futuros mais justos, participativos e inclusivos. E isso não será possível sem desenvolvermos plenamente o potencial das nossas cidades, incorporando os adjetivos que façam sentido durante o caminho mas sem perder de vista o horizonte.</p> <p>O caminho é longo, mas já estamos em marcha.</p> <p><a href="#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym" rel="nofollow" rel="nofollow">1</a>Devo aqui acrescentar que em setembro de 2012 houve nova mudança de Ministra da Cultura no Brasil. Enquanto escrevo este texto escuto boatos de retomada de ações mais experimentais em cultura e tecnologia. Aguardemos.</p> <p> </p><a href="http://ubalab.org/blog/adjetivos-metareciclagem-e-laboratorios-experimentais" title="Adjetivos, MetaReciclagem e laboratórios experimentais" lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">No in&iacute;cio deste m&ecirc;s estive em Medell&iacute;n, na Col&ocirc;mbia, participando da quinta edi&ccedil;&atilde;o das Jornadas Ciudades Creativas, organizada pela Funda&ccedil;&atilde;o Kreanta. O texto abaixo &eacute; uma costura da minha apresenta&ccedil;&atilde;o na mesa sobre &quot;Apropria&ccedil;&atilde;o de tecnologias para cidades inteligentes&quot;. Pra quem j&aacute; leu meus outros textos, esse n&atilde;o tem nenhuma novidade. Mas fica como impress&atilde;o do momento. Assim que tiver tempo tamb&eacute;m quero publicar por aqui um relato sobre minha experi&ecirc;ncia durante o evento.Respondendo a uma quest&atilde;o da plateia ap&oacute;s sua palestra na edi&ccedil;&atilde;o de 2012 das Jornadas Kreanta, a soci&oacute;loga Saskia Sassen problematizou a aparente &quot;explos&atilde;o de adjetivos&quot; que tem atualmente acompanhado a reflex&atilde;o sobre cidades e urbanismo: cidades criativas, cidades digitais, cidades sustent&aacute;veis, cidades inteligentes, e por a&iacute; vai. Disse que ela mesma tem tentado evitar os adjetivos, porque em pouco tempo as consultorias comerciais oportunistas que se multiplicam pelo mundo acabam por sequestrar quaisquer termos que poderiam ter alguma relev&acirc;ncia.Coincidentemente, dois dias antes eu havia discutido um tema similar em encontro com integrantes de diferentes projetos no Museu de Arte Moderna de Medell&iacute;n. Naquela manh&atilde; de quarta-feira eu sugeria que em vez de encontrar o adjetivo certo para definir as cidades que queremos, talvez mais interessante fosse desenvolver a pleno a ideia (a utopia?) da cidade moderna como ambiente prop&iacute;cio para a conviv&ecirc;ncia com a diversidade cultural, o compartilhamento de infraestrutura e a otimiza&ccedil;&atilde;o de recursos.Durante minha curta estada em Medell&iacute;n, acompanhando &agrave; dist&acirc;ncia o notici&aacute;rio sobre as elei&ccedil;&otilde;es municipais no Brasil que aconteceriam na semana seguinte, eu ainda reformularia minha opini&atilde;o sobre o tema: adjetivar a cidade pode sim ser temporariamente &uacute;til, como forma de contrapor-se a todas aquelas pr&aacute;ticas arraigadas que v&atilde;o no sentido oposto ao adjetivo em quest&atilde;o. Assim, falar em uma cidade criativa &eacute; posicionar-se contra a cidade conservadora (posicionar-se contra a agenda conservadora e as a&ccedil;&otilde;es conservadoras dentro do espa&ccedil;o urbano); a cidade sustent&aacute;vel se op&otilde;e &agrave; cidade baseada no desperd&iacute;cio; defender a cidade inteligente &eacute; acusar e refutar as cidades imobilizadas pela falta de comunica&ccedil;&atilde;o e planejamento. Mas a chave aqui &eacute; justamente o aspecto tempor&aacute;rio: o adjetivo n&atilde;o deve ser a meta em si. Antes, &eacute; indica&ccedil;&atilde;o importante de escolha de caminho priorit&aacute;rio.Tenho uma sensa&ccedil;&atilde;o similar em rela&ccedil;&atilde;o ao discurso das cidades digitais, assim como ao da cultura digital, entre tantos outros. Dez anos atr&aacute;s, uma das primeiras a&ccedil;&otilde;es concebidas (embora nunca implementada a contento) pelas mesmas pessoas que &agrave; &eacute;poca estavam envolvidas com a cria&ccedil;&atilde;o da rede MetaReciclagem se chamava &quot;Prefeituras Inteligentes&quot;. Naquele esbo&ccedil;o de projeto encabe&ccedil;ado por Daniel P&aacute;dua, imagin&aacute;vamos uma pol&iacute;tica p&uacute;blica baseada em espa&ccedil;os abertos que proporcionariam a reutiliza&ccedil;&atilde;o de equipamentos eletr&ocirc;nicos ociosos para criar redes digitais abertas que propiciassem a livre circula&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o. Com o tempo entender&iacute;amos que prefeituras s&atilde;o frequentemente os ambientes menos prop&iacute;cios para tais impulsos libert&aacute;rios. Por mais que uma prefeitura aprendesse a ser menos est&uacute;pida, ela nunca seria t&atilde;o inteligente quanto gostar&iacute;amos. Ainda assim, a qualifica&ccedil;&atilde;o pelo adetivo - o digital, o criativo, o inteligente - podem trabalhar no imagin&aacute;rio das pessoas e dos grupos envolvidos, criar uma disposi&ccedil;&atilde;o que possibilite propor a&ccedil;&otilde;es concretas. MetaReciclagemAo longo da &uacute;ltima d&eacute;cada, as diversas a&ccedil;&otilde;es desenvolvidas de maneira distribu&iacute;da atrav&eacute;s da rede MetaReciclagem acabaram deixando um pouco de lado a constru&ccedil;&atilde;o do discurso do digital &ndash; percebido ali como demasiadamente focado nas ferramentas de comunica&ccedil;&atilde;o em si pr&oacute;prias, em contraposi&ccedil;&atilde;o &agrave; perspectiva de que o mais importante s&atilde;o as din&acirc;micas sociais que as tecnologias possibilitam. Em seu lugar, construiu-se uma hist&oacute;ria baseada em outros adjetivos. O livre, o aberto, o participativo, o colaborativo s&atilde;o centrais para a narrativa coletiva que circunda a MetaReciclagem.Mas n&atilde;o deixamos de lado a inten&ccedil;&atilde;o de trabalhar junto a diferentes institui&ccedil;&otilde;es, tentando influenciar a maneira como elas desenvolvem suas a&ccedil;&otilde;es. De maneira distribu&iacute;da e din&acirc;mica, integrantes da rede MetaReciclagem passou a buscar parcerias com o terceiro setor, com inst&acirc;ncias governamentais mais abrangentes - estaduais ou federais -, com organiza&ccedil;&otilde;es culturais. Contextos que oferecem um pouco mais de abertura para uma vis&atilde;o ampla em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s novas tecnologias de comunica&ccedil;&atilde;o.Desde ent&atilde;o, pessoas e grupos atuando dentro da rede MetaReciclagem criaram mais de uma d&uacute;zia de laborat&oacute;rios em todas as regi&otilde;es do pa&iacute;s. Alguns desapareceram com o tempo, outros se reinventam at&eacute; hoje. Se no in&iacute;cio nos apresent&aacute;vamos como um coletivo dedicado ao recondicionamento de computadores usados com a utiliza&ccedil;&atilde;o de software livre, o uso social das redes digitais e o impulso &agrave; distribui&ccedil;&atilde;o de cultura copyleft, hoje uma das defini&ccedil;&otilde;es mais comuns da MetaReciclagem &eacute; como rede aberta que prop&otilde;e e articula a&ccedil;&otilde;es de apropria&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica de tecnologias para a transforma&ccedil;&atilde;o social. Cada um desses termos &eacute; naturalmente debat&iacute;vel, e isso ocupa boa parte do nosso tempo. A rede conta hoje com quase quinhentas pessoas em sua lista de discuss&atilde;o, influenciou um sem-n&uacute;mero de projetos de tecnologia orientada para a sociedade, infiltrou-se em diversas discuss&otilde;es que supostamente n&atilde;o lhe diziam respeito, recebeu alguns pr&ecirc;mios e men&ccedil;&otilde;es honrosas. Mais do que tudo, sabotou a si pr&oacute;pria de maneira ativa e consciente - um m&eacute;todo para manter sua pot&ecirc;ncia transformadora e a desconfian&ccedil;a do poder institucional.Tamb&eacute;m percebemos muito cedo que n&atilde;o nos interessava simplesmente reutilizar a tecnologia em si, mas sim o h&aacute;bito de apropria&ccedil;&atilde;o t&atilde;o presente nas culturas populares do Brasil. Identificamos e buscamos valorizar as pr&aacute;ticas da gambiarra, como criatividade cotidiana e vernacular desenvolvendo solu&ccedil;&otilde;es com quaisquer objetos, conhecimentos ou pessoas dispon&iacute;veis; e do mutir&atilde;o, como forma&ccedil;&atilde;o coletiva din&acirc;mica orientada &agrave; solu&ccedil;&atilde;o de problemas.Em sua atua&ccedil;&atilde;o, a MetaReciclagem situou-se em diferentes contextos institucionais e discursivos. Se o ativismo midi&aacute;tico baseado na ideia de m&iacute;dia t&aacute;tica foi um dos primeiros fundamentos de agrega&ccedil;&atilde;o da rede, foi o campo da inclus&atilde;o digital que nos ofereceu a oportunidade de estabelecermos laborat&oacute;rios e desenvolvermos experimenta&ccedil;&otilde;es - ainda que buscando sempre ir al&eacute;m do mero acesso e propondo a apropria&ccedil;&atilde;o de tecnologias com base em uma cultura livre. Com o tempo descobrimos que aquilo que faz&iacute;amos tinha paralelos com hacklabs, hackerspaces e toda a cena de cultura de fa&ccedil;a-voc&ecirc;-mesmo. Entendemos que est&aacute;vamos assumindo uma posi&ccedil;&atilde;o de resist&ecirc;ncia contra a obsolesc&ecirc;ncia programada, que ter&iacute;amos um papel importante no debate sobre a quest&atilde;o do lixo eletr&ocirc;nico. Algumas pessoas da rede estabeleceram um di&aacute;logo produtivo e continuado com o campo da arte eletr&ocirc;nica.Essa trajet&oacute;ria est&aacute; diretamente ligada &agrave; prioridade que sempre atribu&iacute;mos &agrave; ideia de abertura, que necessariamente acompanha uma cultura livre. Uma sensibilidade do abrir, aproximando as pessoas da tecnologia para entender como as coisas funcionam, reordenar seus componentes, inventar outros usos, propor outras interpreta&ccedil;&otilde;es. Uma pr&aacute;tica da abertura que implica uma est&eacute;tica da abertura (e sua rela&ccedil;&atilde;o com o ru&iacute;do, a sujeira, a imperfei&ccedil;&atilde;o, o inesperado). Est&eacute;tica da abertura que necessariamente se relaciona com uma &eacute;tica da abertura, da participa&ccedil;&atilde;o, do compartilhamento. A compreens&atilde;o da abertura como princ&iacute;pio pol&iacute;tico. Um dos resultados desse posicionamento &eacute; o fato de a MetaReciclagem ter evitado uma institucionaliza&ccedil;&atilde;o centralizada. Em vez de definir uma estrutura hier&aacute;rquica definida, ela se concretiza de forma fluida e cambiante, sugerindo formas de mobilizar a&ccedil;&otilde;es que s&atilde;o supostamente mais adequadas a um contexto altamente enredado.A partir de 2003, o Brasil passaria por grandes transforma&ccedil;&otilde;es. Em especial na pol&iacute;tica cultural. Na esteira da elei&ccedil;&atilde;o de Lula como Presidente da Rep&uacute;blica, uma personagem inesperada para o jogo pol&iacute;tico tradicional se al&ccedil;aria ao posto de Ministro da Cultura: Gilberto Gil. M&uacute;sico com reconhecimento internacional e uma das principais vozes do tropicalismo - movimento cultural surgido nos anos sessentas que propunha o di&aacute;logo entre manifesta&ccedil;&otilde;es culturais tradicionais, as vanguardas art&iacute;sticas urbanas e a emergente cultura pop -, Gil sempre demonstrou uma curiosidade a respeito do papel que as tecnologias digitais poderiam exercer na cultura.O novo dirigente traria uma transforma&ccedil;&atilde;o fundamental para o Minist&eacute;rio: em vez de entender cultura somente sob o prisma da economia do entretenimento e do mercado da arte, propunha um entendimento antropol&oacute;gico da cultura como o conjunto de tudo aquilo que nos faz humanos, vivendo em sociedade. A partir desta perspectiva &eacute; que seria criado, sob a coordena&ccedil;&atilde;o de Celio Turino, o programa Cultura Viva, que propunha um &quot;do-in antropol&oacute;gico&quot;. O projeto pretendia identificar e estimular pontos potencialmente transformadores para as culturas brasileiras: os espa&ccedil;os que viriam a ser chamados de Pontos de Cultura.Logo depois de sua cria&ccedil;&atilde;o, o projeto Cultura Viva decidiu incluir uma vertente digital que incorporava uma profunda reflex&atilde;o a respeito de autonomia dos saberes, da generosidade impl&iacute;cita nas licen&ccedil;as livres e abertas, da valoriza&ccedil;&atilde;o de uma postura hacker (o pr&oacute;prio Ministro posicionou-se como um &quot;ministro hacker&quot;), e da livre circula&ccedil;&atilde;o de produ&ccedil;&atilde;o cultural. Naquele contexto, o digital n&atilde;o era entendido somente como uma nova linguagem, mas pelo contr&aacute;rio como elemento potencialmente integrador de diferentes linguagens art&iacute;sticas e formas de express&atilde;o cultural.Para planejar e implementar essa vis&atilde;o, o Minist&eacute;rio convidaria integrantes de diversos grupos, coletivos e redes que se dedicavam a quest&otilde;es de ativismo midi&aacute;tico, cultura livre e tecnologias de comunica&ccedil;&atilde;o. Isso daria ensejo a uma s&eacute;rie de a&ccedil;&otilde;es em conjunto: encontros, festivais, oficinas, processos de forma&ccedil;&atilde;o e interc&acirc;mbio. Centenas de grupos em todas as regi&otilde;es do Brasil tiveram seu primeiro contato com tecnologias de produ&ccedil;&atilde;o cultural, e j&aacute; come&ccedil;avam usando softwares livres. Laborat&oacute;riosNos anos seguintes, uma quest&atilde;o come&ccedil;ou a me inquietar em particular: se algumas das pessoas mais capacitadas em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; fronteira entre tecnologia e cultura est&atilde;o ocupadas dando oficinas para compartilhar o que j&aacute; aprenderam, quem &eacute; que vai se ocupar de pensar e desenvolver o futuro dessas tecnologias? Criar e ensinar s&atilde;o momentos igualmente necess&aacute;rios, mas em muitos casos exigem disposi&ccedil;&otilde;es mentais distintas. Em determinado momento, parecia que s&oacute; est&aacute;vamos criando alternativas de viabilidade para a forma&ccedil;&atilde;o, deixando de lado o aprofundamento, a experimenta&ccedil;&atilde;o formal e o questionamento do imagin&aacute;rio social envolvido em todas essas quest&otilde;es. Al&eacute;m de promover o acesso &agrave; cultura digital, como poder&iacute;amos apoiar o pr&oacute;prio desenvolvimento da cultura (sem adjetivos) em di&aacute;logo com esses novos contextos que t&ecirc;m surgido? Se t&iacute;nhamos uma vis&atilde;o cr&iacute;tica ao imagin&aacute;rio dos medialabs dos EUA e Europa, o que &eacute; que poder&iacute;amos propor para suced&ecirc;-los?Pensando nessas quest&otilde;es, criei em 2010 a plataforma Rede//Labs, que naquele ano estabeleceu uma parceria com o Minist&eacute;rio da Cultura para investigar que tipo de arranjo formal e administrativo se fazia necess&aacute;rio para estimular esse tipo de desenvolvimento. Quer&iacute;amos entender o que deveria ser um laborat&oacute;rio experimental adequado aos dias de hoje. Passamos alguns meses conversando com dezenas de pessoas e grupos atuantes nesse contexto no Brasil e no exterior. Organizamos um blog, promovemos um encontro com pessoas vindas de todo o pa&iacute;s e um painel internacional sobre laborat&oacute;rios de m&iacute;dia e laborat&oacute;rios experimentais. Conversamos bastante sobre como sustentar uma cultura de inova&ccedil;&atilde;o baseada em princ&iacute;pios de liberdade, abertura e compartilhamento, e orientada a demandas da sociedade, n&atilde;o simplesmente ao lucro. Identificamos temas emergentes como a cena maker, a prototipagem digital, as m&iacute;dias locativas, a realidade expandida, as cartografias colaborativas, o hardware livre, a internet das coisas, os sensores interconectados, entre outros. Entendemos que o laborat&oacute;rio experimental ideal n&atilde;o &eacute; (somente) um est&uacute;dio, e que tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; (somente) uma escola. Chegamos a esbo&ccedil;ar com o Minist&eacute;rio um mecanismode apoio formal &agrave; cultura digital experimental, e tra&ccedil;ar planos para a implementa&ccedil;&atilde;o de uma rede de laborat&oacute;rios de arte e tecnologia financiados pelo Minist&eacute;rio da Cultura.Infelizmente, a passagem de ano para 2011 assistiu a uma mudan&ccedil;a brusca no comando no Minist&eacute;rio da Cultura, o que fez com que todas essas a&ccedil;&otilde;es e planos ca&iacute;ssem no vazio institucional que se seguiu1. A nova prioridade no Minist&eacute;rio era a Secretaria de Economia Criativa. Ainda que mais aberta do que o referencial brit&acirc;nico das ind&uacute;strias criativas, era n&iacute;tida a reorienta&ccedil;&atilde;o desde a vis&atilde;o antropol&oacute;gica da cultura em dire&ccedil;&atilde;o a uma vis&atilde;o da cultura como mercado privilegiado.No fim de 2011, Rede//Labs estabeleceu uma parceria de pesquisa com o Centro de Cultura Espanhola de S&atilde;o Paulo, subordinado &agrave; AECID. Nos meses seguintes, redigi uma s&eacute;rie de artigos sobre laborat&oacute;rios experimentais em rede, e articulei a produ&ccedil;&atilde;o de quatro v&iacute;deos sobre diferentes organiza&ccedil;&otilde;es e cen&aacute;rios no Brasil que atuam nesse campo. Apesar da boa repercuss&atilde;o da parceria, a crise econ&ocirc;mica na Espanha ocasionou o encerramento das atividades do CCE de S&atilde;o Paulo, e no mesmo caminho seguiram as expectativas de dar sequ&ecirc;ncia &agrave; pesquisa.Ao longo desses percursos, acredito que tenhamos aprendido algumas li&ccedil;&otilde;es. Ou ao menos aprendemos a melhor elaborar algumas quest&otilde;es. Uma delas diz respeito ao aprisionamento ao mercado. Como &eacute; que podemos estimular a consolida&ccedil;&atilde;o de um tipo de reflex&atilde;o e de pr&aacute;tica culturais que est&atilde;o ligadas &agrave; multiplica&ccedil;&atilde;o dos instrumentos de informa&ccedil;&atilde;o e comunica&ccedil;&atilde;o, mas como fazemos isso sem cair na armadilha da mensura&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica segundo a qual tudo que n&atilde;o tem valor comercial n&atilde;o merece investimento? Quais os caminhos para propor colabora&ccedil;&atilde;o antidisciplinar, que n&atilde;o somente ultrapasse as barreiras entre as disciplinas, mas deixe-as para tr&aacute;s?Outra quest&atilde;o que tem surgido e inspirado cada vez mais propostas &eacute; a integra&ccedil;&atilde;o entre os fluxos das redes digitais e os fluxos das ruas. Em vez de cair naquela vis&atilde;o (que muitos j&aacute; consideram obsoleta) segundo a qual a internet era a nega&ccedil;&atilde;o da cidade - seu extremo oposto-, um grande n&uacute;mero de iniciativas tem buscado justamente relacionar essas duas dimens&otilde;es diferenciadas de sociabilidade dentro de uma vis&atilde;o integrada. S&atilde;o a&ccedil;&otilde;es que se desenrolam simultaneamente na internet e nas cidades, que relacionam e retroalimentam o &acirc;mbito dos commons digitais juntamente ao &acirc;mbito do espa&ccedil;o p&uacute;blico urbano. Que trazem a cultura livre para as ruas ao mesmo tempo em que levam a criatividade vernacular e as t&aacute;ticas de apropria&ccedil;&atilde;o do cotidiano para as redes online. Projetos de mapeamento digital colaborativo, interven&ccedil;&otilde;es (e festas) que tomam as ruas. A&ccedil;&otilde;es que pensam a pr&oacute;pria rua como laborat&oacute;rio, abundante em recursos pouco utilizados e em solu&ccedil;&otilde;es inovadoras. Que pensam mesmo o laborat&oacute;rio convencional como espa&ccedil;o situado no cen&aacute;rio urbano, potencialmente um espa&ccedil;o de contato que ainda precisamos entender melhor. Que incentivam a ci&ecirc;ncia cidad&atilde;, a criatividade economicamente improdutiva, o hacking de imagin&aacute;rio social. Valores como integra&ccedil;&atilde;o, amizade, afeto, colabora&ccedil;&atilde;o e toler&acirc;ncia ultrapassando a competi&ccedil;&atilde;o. Porque no fundo o que queremos s&atilde;o futuros mais justos, participativos e inclusivos. E isso n&atilde;o ser&aacute; poss&iacute;vel sem desenvolvermos plenamente o potencial das nossas cidades, incorporando os adjetivos que fa&ccedil;am sentido durante o caminho mas sem perder de vista o horizonte.O caminho &eacute; longo, mas j&aacute; estamos em marcha. 1Devo aqui acrescentar que em setembro de 2012 houve nova mudan&ccedil;a de Ministra da Cultura no Brasil. Enquanto escrevo este texto escuto boatos de retomada de a&ccedil;&otilde;es mais experimentais em cultura e tecnologia. Aguardemos.&nbsp;</a> blogs cidade cidades digitais feeds metareciclagem projetos ubalab ubatuba urbe Tue, 30 Oct 2012 00:23:32 +0000 felipefonseca 12881 at http://efeefe.no-ip.org TV Pochmann - Cidades digitais, etc. http://efeefe.no-ip.org/blog/tv-pochmann-cidades-digitais-etc <p>Nesta quarta-feira (24/10) vou participar de um debate sobre cidades digitais na TV Pochmann, junto com Sergio Amadeu e Rafael Evangelista. A transmiss&atilde;o &eacute; ao vivo e pela internet, no fim da tarde - provavelmente a partir das 19hs. Aqui:</p> <p><a href="http://www.marcio13.com.br/tvpochmann/" rel="nofollow">http://www.marcio13.com.br/tvpochmann/</a></p> <p>Na minha pauta pessoal, que espero tocar:</p> <ul> <li> <a href="http://ubalab.org/blog/cidades-coisas-pessoas" rel="nofollow">Cidades, coisas, pessoas</a></li> <li> <a href="http://marcio13.com.br/campinasmelhor" rel="nofollow">Campinas Melhor</a></li> <li> <a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres" rel="nofollow">Gram&aacute;tica do controle e cidades digitais</a></li> </ul> campanha campinas cidades digitais pochmann Wed, 24 Oct 2012 03:36:09 +0000 felipefonseca 12879 at http://efeefe.no-ip.org Juba - primeira cidade de código aberto no mundo? http://efeefe.no-ip.org/agregando/juba-primeira-cidade-de-codigo-aberto-no-mundo <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Stephen Kovats foi diretor do festival alemão <a href="http://transmediale.de" rel="nofollow" rel="nofollow">Transmediale</a>, na época em que o festival abriu as portas para a <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow" rel="nofollow">MetaReciclagem</a>, <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow" rel="nofollow">Bricolabs</a>, <a href="http://pub.descentro.org" rel="nofollow" rel="nofollow">descentro</a>, <a href="http://dynebolic.org" rel="nofollow" rel="nofollow">dynebolic</a> e outrxs. Kovats está agora à frente da <a href="http://r0g-media.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">r0g</a>, agência que promove a cultura aberta e a transformação crítica. Nesta semana, eles estão organizando o #<a href="http://r0g-media.org/osjuba/" rel="nofollow" rel="nofollow">osjuba</a>, que investiga a contribuição que as metodologias de código aberto, transparência de dados e cultura livre podem oferecer para criação de Estados sustentáveis e viáveis, em especial em zonas emergindo de conflito deflagrado. Estados, vejam bem, com maiúscula: eles estão pensando em administração pública, com a possibilidade de implementação prática em <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Juba_%28Sud%C3%A3o_do_Sul%29" rel="nofollow" rel="nofollow">Juba</a>, capital do <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Sud%C3%A3o_do_Sul" rel="nofollow" rel="nofollow">Sudão do Sul</a> - país surgido em 2011 no nordeste da África. O horizonte com o qual estão trabalhando por lá é que Juba se torne a primeira cidade de código aberto no mundo. Entender o que significaria isso e como chegar lá é o objetivo do <a href="http://www.supermarkt-berlin.net/content/osjuba-juba-worlds-first-open-source-city" rel="nofollow" rel="nofollow">encontro</a> que acontece entre hoje e amanhã em Berlim. Haverá stream ao vivo entre as 10h e 13h e entre 17h e 18h (horário de Berlim, cinco horas a mais que no Brasil).</p><a href="http://ubalab.org/blog/juba-primeira-cidade-de-codigo-aberto-no-mundo" title="Juba - primeira cidade de código aberto no mundo?" lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Stephen Kovats foi diretor do festival alem&atilde;o Transmediale, na &eacute;poca em que o festival abriu as portas para a MetaReciclagem, Bricolabs, descentro, dynebolic e outrxs. Kovats est&aacute; agora &agrave; frente da r0g, ag&ecirc;ncia que promove a cultura aberta e a transforma&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica. Nesta semana, eles est&atilde;o organizando o #osjuba, que investiga a contribui&ccedil;&atilde;o que as metodologias de c&oacute;digo aberto, transpar&ecirc;ncia de dados e cultura livre podem oferecer para cria&ccedil;&atilde;o de Estados sustent&aacute;veis e vi&aacute;veis, em especial em zonas emergindo de conflito deflagrado. Estados, vejam bem, com mai&uacute;scula: eles est&atilde;o pensando em administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica, com a possibilidade de implementa&ccedil;&atilde;o pr&aacute;tica em Juba, capital do Sud&atilde;o do Sul - pa&iacute;s surgido em 2011 no nordeste da &Aacute;frica. O horizonte com o qual est&atilde;o trabalhando por l&aacute; &eacute; que Juba se torne a primeira cidade de c&oacute;digo aberto no mundo. Entender o que significaria isso e como chegar l&aacute; &eacute; o objetivo do encontro que acontece entre hoje e amanh&atilde; em Berlim. Haver&aacute; stream ao vivo entre as 10h e 13h e entre 17h e 18h (hor&aacute;rio de Berlim, cinco horas a mais que no Brasil).</a> blogs cidade cidades digitais feeds projetos ubalab ubatuba urbe Thu, 21 Jun 2012 16:29:01 +0000 felipefonseca 12588 at http://efeefe.no-ip.org Cidades digitais, a gramática do controle e os protocolos livres http://efeefe.no-ip.org/livro/lpd/cidades-digitais-controle-protocolos-livres <p>A busca por alternativas locais, sustent&aacute;veis e justas para o desenvolvimento de inova&ccedil;&atilde;o e tecnologias livres aponta necessariamente para uma maior articula&ccedil;&atilde;o entre duas classes de estruturas informacionais que se sobrep&otilde;em: a <i>cidade</i> e as <i>redes digitais</i>.</p> <p>No <a href="/livro/lpd/metareciclando-cidades-digitais" rel="nofollow">terceiro cap&iacute;tulo</a> eu citei a perspectiva de cidade como sistema operacional. Essa aproxima&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; in&eacute;dita. Na mesma conflu&ecirc;ncia mas talvez em sentido inverso, o artigo <i><a href="http://www.thenextlayer.org/node/1346" rel="nofollow">Reading the Digital City</a></i>, publicado no site Next Layer por <a href="http://t0.or.at/" rel="nofollow">Clemens Apprich</a>, analisa justamente a influ&ecirc;ncia que a ideia de cidade exerceu nos primeiros anos de populariza&ccedil;&atilde;o da internet, e como essa influ&ecirc;ncia foi usada para estabelecer rela&ccedil;&otilde;es de <i>controle e poder</i>:</p> <blockquote class="Quotation"> &quot;N&atilde;o &eacute; por acidente que a cidade tenha sido escolhida como uma das mais significativas met&aacute;foras para os primeiros dias da internet. A cidade tem (como o Ciberespa&ccedil;o) uma origem militar e &eacute; definida (pelo menos simbolicamente) por muros cujos port&otilde;es constituem a interface para o resto do mundo. (...) A interface determina como o usu&aacute;rio concebe o pr&oacute;prio computador e o mundo acess&iacute;vel a partir dele.&quot; </blockquote> <p>Naquele momento, em meados dos anos noventa, procurava-se entender como os processos sociais aconteceriam em um espa&ccedil;o de fluxos para o qual n&atilde;o existia precedente hist&oacute;rico. Lan&ccedil;ou-se m&atilde;o da cidade como modelo de organiza&ccedil;&atilde;o e identidade, mas tamb&eacute;m como instrumento para estabelecer <i>limites</i>. Eu ainda n&atilde;o tinha refletido, no contexto contempor&acirc;neo das redes, sobre a quest&atilde;o da cidade tamb&eacute;m como <i>controle e segrega&ccedil;&atilde;o de identidades</i>. Talvez porque o urbanismo que eu vivencio cotidianamente seja algo mais perme&aacute;vel do que a refer&ecirc;ncia hist&oacute;rica de Apprich, um pesquisador europeu.</p> <p>N&oacute;s n&atilde;o temos muralhas separando a cidade hist&oacute;rica de seus desenvolvimentos posteriores, como ainda pode ser visto em Barcelona, Londres e outras cidades europeias. Na minha experi&ecirc;ncia, pensar no limite entre cidades &eacute; visualizar uma placa na estrada, cercada de vazio. At&eacute; que ponto isso se torna uma barreira cultural quando falamos em urbanismo? A ordem urbana europeia, invejada por boa parte da classe m&eacute;dia brasileira, &eacute; considerada por alguns pesquisadores uma grande castradora da inova&ccedil;&atilde;o, como sugere <a href="http://www.doorsofperception.com/" rel="nofollow">John Thackara</a>&nbsp;em &quot;<a href="http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/externo/index.asp?id_link=3850&amp;tipo=2&amp;isbn=8502076957" rel="nofollow">Plano B</a>&quot;:</p> <blockquote class="Quotation"> &quot;Grande parte do nosso mundo &eacute; simplesmente projetado demais. Controle demais sobre o espa&ccedil;o p&uacute;blico &eacute; prejudicial para a sustentabilidade dos locais. V&aacute;rias cidades europeias est&atilde;o levando em considera&ccedil;&atilde;o a promulga&ccedil;&atilde;o de zonas livres de design, nas quais o planejamento e outras melhorias de cima para baixo e de fora para dentro ser&atilde;o mantidas a dist&acirc;ncia para permitir os tipos de experimenta&ccedil;&atilde;o que podem surgir, sem planejamento e inesperadamente, de um territ&oacute;rio selvagem, livre de design.&quot; </blockquote> <p>Quando nossas realidades que tendem muito mais &agrave; complexidade - sen&atilde;o ao caos - entram em contato com essas refer&ecirc;ncias trazidas de fora, &eacute; natural que surjam descompassos. <a href="http://www.theinternetofthings.eu" rel="nofollow">Rob Kranenburg</a> chamou minha aten&ccedil;&atilde;o para dois artigos sobre o megaprojeto de monitoramento urbano no Rio: um na <a href="http://www.fastcompany.com/1712443/building-a-smarter-favela-ibm-signs-up-rio" rel="nofollow">Fast Company</a>&nbsp;e outro em um <a href="http://english.etnews.co.kr/news/detail.html?id=201102140008" rel="nofollow">site coreano</a>. &Eacute; claro que usar tecnologias de informa&ccedil;&atilde;o para prever deslizamentos e enchentes &eacute; necess&aacute;rio. Os problemas surgem com a gram&aacute;tica do &quot;<i>centro de controle</i>&quot; (no m&iacute;nimo uma ilus&atilde;o em uma cidade como o Rio) e a pretens&atilde;o de que esse tipo de projeto esgote o assunto &quot;cidades digitais inteligentes&quot;.</p> <p>Centros de informa&ccedil;&atilde;o para preven&ccedil;&atilde;o de emerg&ecirc;ncias s&atilde;o somente a ponta do iceberg em um cen&aacute;rio urbano recheado de dispositivos de produ&ccedil;&atilde;o, transmiss&atilde;o e an&aacute;lise de dados. Mas minha quest&atilde;o para esses projetos &eacute;: <i>a quem pertencem os dados gerados</i>? Como acess&aacute;-los? A tend&ecirc;ncia &eacute; o surgimento de um novo dom&iacute;nio de informa&ccedil;&atilde;o relevante para a sociedade, e ningu&eacute;m est&aacute; debatendo sobre como essa informa&ccedil;&atilde;o vai circular. Grande parte dos atores envolvidos s&oacute; querem saber quanto <i>dinheiro</i> ou quanta <i>exposi&ccedil;&atilde;o na m&iacute;dia</i> essas tecnologias v&atilde;o gerar.</p> <p>Um elemento comum, mas raramente analisado, nas propostas de &quot;<a href="http://www.guardian.co.uk/smarter-cities" rel="nofollow">cidades digitais inteligentes</a>&quot;&nbsp;&eacute; justamente a <i>tens&atilde;o entre controle e emerg&ecirc;ncia</i> como comento de maneira mais aprofundada no cap&iacute;tulo &ldquo;Inova&ccedil;&atilde;o e Tecnologias Livres&rdquo; . N&atilde;o podemos ser ing&ecirc;nuos. A cidade, enquanto tecnologia de organiza&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o, &eacute; usada frequentemente como instrumento de <i>manuten&ccedil;&atilde;o das rela&ccedil;&otilde;es de poder</i>.</p> <p>O controle n&atilde;o &eacute; exercido somente sobre a circula&ccedil;&atilde;o de pessoas, objetos e informa&ccedil;&otilde;es, mas tamb&eacute;m sobre as maneiras como a pr&oacute;pria cidade se desenvolve. Isso est&aacute; presente em grande parte das cidades do Brasil (e certamente do mundo): o envolvimento escuso da ind&uacute;stria imobili&aacute;ria com as campanhas pol&iacute;ticas em troca de favorecimento futuro, a gentrifica&ccedil;&atilde;o dos centros e o urbanismo midi&aacute;tico que adota a l&oacute;gica do espet&aacute;culo e se relaciona mais com a m&iacute;dia do que com a popula&ccedil;&atilde;o. S&atilde;o iniciativas impostas de cima para baixo, sem dialogar com aquilo que &eacute; a pr&oacute;pria ess&ecirc;ncia da cidade: as <i>redes formais e informais de circula&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o</i>. Essa &eacute; uma limita&ccedil;&atilde;o que inevitavelmente vai se repetir nos projetos de tecnologias aplicadas ao cen&aacute;rio urbano.</p> <p>Mesmo iniciativas bem intencionadas acabam usualmente refletindo a l&oacute;gica do controle. No cap&iacute;tulo anterior eu j&aacute; critiquei o <a href="http://www.thevenusproject.com/" rel="nofollow">projeto Venus</a>, de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacque_Fresco" rel="nofollow">Jacque Fresco</a>, como exposto no document&aacute;rio <a href="http://www.zeitgeistaddendum.com/" rel="nofollow">Zeitgeist Addendum</a>. Vou me permitir falar mais um pouco sobre isso porque Fresco foi novamente entrevistado para o terceiro filme, <a href="http://www.zeitgeistmovingforward.com/" rel="nofollow">Zeitgeist - Moving Forward</a>. O document&aacute;rio tem alguns momentos interessantes, como mostrar o potencial transformador das iniciativas de <i>prototipagem e fabrica&ccedil;&atilde;o dom&eacute;stica</i> como o <a href="http://reprap.org/" rel="nofollow">RepRap</a>&nbsp;de Adrian Bowyer. Mas pretende (uma vez mais) indicar a supremacia da ci&ecirc;ncia sobre a economia, a religi&atilde;o e a pol&iacute;tica. E entende esses tr&ecirc;s assuntos de maneira superficial, n&atilde;o reconhecendo que s&atilde;o em &uacute;ltima inst&acirc;ncia o resultado de alguns mil&ecirc;nios de evolu&ccedil;&atilde;o de nossas necessidades materiais, espirituais e sociais. Sugerir que se jogue tudo isso fora para viver uma vida <i>controlada e homog&ecirc;nea</i> &eacute; uma insanidade.</p> <p>Jacque Fresco tem uma imagina&ccedil;&atilde;o &iacute;mpar. &Eacute; certamente um vision&aacute;rio. Mas passa a impress&atilde;o de ignorar a hist&oacute;ria humana (talvez s&oacute; tenha lido fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica). Sua proposta de cidade ideal, al&eacute;m de provavelmente entediante, tamb&eacute;m tem alguns problemas de condicionamento. N&atilde;o por acaso, um dos elementos centrais de seu projeto &eacute; o &quot;centro de controle&quot;, com um &quot;mainframe&quot; que gerencia sensores espalhados por toda a cidade e permite o monitoramento de tudo que acontece. Subliminarmente, cria-se uma <i>assimetria</i> entre quem administra (controla) a cidade, e a popula&ccedil;&atilde;o que s&oacute; tem <i>acesso restrito</i> aos dados gerados.</p> <p>&Eacute; a mesma l&oacute;gica que opera em experimentos corporativos como os dos <a href="http://www.newelectronics.co.uk/electronics-technology/cover-story-smartening-up-the-city-with-smart-metering/30894/" rel="nofollow">laborat&oacute;rios da francesa Orange</a>: sensores v&atilde;o gerar dados, que ser&atilde;o &uacute;teis para tomar decis&otilde;es que refletem no gasto p&uacute;blico (energia, manuten&ccedil;&atilde;o, sem&aacute;foros, etc.). Mas &eacute; a administra&ccedil;&atilde;o das cidades (em conjunto com as pr&oacute;prias empresas que desenvolvem a infraestrutura) quem decide o que ser&aacute; feito com esses dados.</p> <p>O problema, obviamente, n&atilde;o s&atilde;o os sensores ou o monitoramento em si. No ano passado, enquanto visitava com o grupo do <a href="http://desvio.cc/blog/labtolab-dia-dia" rel="nofollow">LabtoLab</a>&nbsp;o espa&ccedil;o <a href="http://latabacalera.net/" rel="nofollow">La Tabacalera</a>&nbsp;em Madri, debatemos rapidamente sobre as c&acirc;meras espalhadas pelo pr&eacute;dio (uma antiga f&aacute;brica de tabaco transformada em centro cultural autogestionado), cujo centro de controle ficava justamente em seu <i>Espacio Copyleft</i>. Alguns artistas e ativistas levantaram a poss&iacute;vel contradi&ccedil;&atilde;o entre o copyleft e as c&acirc;meras. Eu discordei, argumentando que o problema n&atilde;o eram as c&acirc;meras em si, mas a potencial rela&ccedil;&atilde;o de poder embutida nelas: quem &eacute; que tem acesso &agrave; informa&ccedil;&atilde;o que elas capturam e transmitem? Se toda a comunidade tivesse acesso &agrave;s c&acirc;meras, talvez elas pudessem ser entendidas como a <i>radicaliza&ccedil;&atilde;o da coletividade</i>, em vez de invas&atilde;o de privacidade. N&atilde;o era o caso, mas eu estava tentando desconstruir aquela associa&ccedil;&atilde;o direta entre monitoramento e controle. Nesse sentido, o problema n&atilde;o s&atilde;o os dispositivos que geram dados, mas decidir quem est&aacute; autorizado a acessar e manipular esses dados, e a informa&ccedil;&atilde;o que v&atilde;o gerar. Em outras palavras, interessa saber se o sistema &eacute; desenhado <i>para o controle ou para a participa&ccedil;&atilde;o</i>.</p> <h2>Cidades conversacionais</h2> <p><a href="http://twitter.com/agpublic" rel="nofollow"> Adam Greenfield</a>&nbsp;publicou no Urban Scale o artigo &quot;<a href="http://urbanscale.org/2011/02/17/beyond-the-smart-city/" rel="nofollow">Al&eacute;m da cidade inteligente</a>&quot;&nbsp;, no qual discorre sobre a import&acirc;ncia de <i>padr&otilde;es abertos</i> em um cen&aacute;rio urbano iminente no qual diversos objetos geram informa&ccedil;&otilde;es disponibilizadas aos cidad&atilde;os. Ele prop&otilde;e &quot;alavancar o poder do processamento de informa&ccedil;&atilde;o em rede para possibilitar um modo mais leve, flex&iacute;vel e responsivo, at&eacute; brincalh&atilde;o, de interagir com a diversidade metropolitana&quot;.</p> <p>Para isso, Greenfield considera fundamental que esses objetos adotem <i>protocolos abertos</i> e publiquem dados de forma aberta. &quot;A vantagem primordial dos dados abertos nesse contexto &eacute; que eles resistem a tentativas de concentra&ccedil;&atilde;o poder atrav&eacute;s da alavancagem de assimetrias de informa&ccedil;&atilde;o e diferenciais de acesso. Se uma pessoa tem esse conjunto de dados, todas t&ecirc;m&quot;. Ele associa o potencial inovador de ver-se a cidade como software de c&oacute;digo aberto: &quot;assim como o programador iniciante &eacute; convidado a aprender, entender e at&eacute; incrementar - &rsquo;hackear&rsquo; - software de c&oacute;digo aberto, a pr&oacute;pria cidade deveria convidar seus usu&aacute;rios a demistificar e reengenheirar <i>[desculpem pelo neologismo]</i> os lugares nos quais vivem e os processos que geram significado, no n&iacute;vel mais &iacute;ntimo e imediato&quot;.</p> <p>Mais tarde, escreve que &quot;se por nenhuma outra raz&atilde;o do que as expectativas serem t&atilde;o altas, qualquer sistema distribu&iacute;do com uma superf&iacute;cie de ataque t&atilde;o ampla quanto uma cidade enredada precisa verdadeiramente da seguran&ccedil;a acentuada que acompanha o desenvolvimento aberto. Ou seja, <i>a internet das coisas precisa ser aberta</i>.&quot; Greenfield acredita (e eu tamb&eacute;m) na criatividade potencial que reside nas pontas, na apropria&ccedil;&atilde;o cotidiana (e na gambiarra), na liberdade potencial que acompanhar os protocolos abertos.</p> <p>Entretanto, em paralelo &agrave; essencial especifica&ccedil;&atilde;o de protocolos, &eacute; necess&aacute;rio refletir sobre e esclarecer a maneira como entendemos a <i>cidade do futuro</i>: se queremos uma mera m&aacute;quina para a manuten&ccedil;&atilde;o do <i>status quo</i> e alimenta&ccedil;&atilde;o do sistema capital-consumista, ou uma <i>constru&ccedil;&atilde;o participativa</i> que possibilite o pleno desenvolvimento do potencial humano, criativo e econ&ocirc;mico de cada indiv&iacute;duo e grupo que nela vive. Eu acho muito relevantes algumas iniciativas que aparentemente passam ao largo da discuss&atilde;o mais espec&iacute;fica sobre tecnologias da informa&ccedil;&atilde;o mas acabam cumprindo o papel fundamental de debater a cidade como uma tecnologia em si. Um exemplo aqui no Brasil &eacute; a rede <a href="http://www.nossasaopaulo.org.br/" rel="nofollow">Nossa S&atilde;o Paulo</a>, que busca transformar a cidade em um <i>espa&ccedil;o conversacional cooperativo, </i>a partir de uma tecnologia simples e direta.</p> <p>Tecnologia &eacute; poder. <a href="http://twitter.com/marcbraz" rel="nofollow">Marcelo Braz</a>&nbsp;mandou na lista MetaReciclagem a dica de um texto de <a href="http://www.oei.es/noticias/spip.php?article664" rel="nofollow">Langdon Winner</a>&nbsp;que toca nesses aspectos:</p> <blockquote class="Quotation"> &quot;A esperan&ccedil;a de que novas tecnologias trar&atilde;o liberdade e democracia tem sido um tema comum nos &uacute;ltimos s&eacute;culos. &Agrave;s vezes essas id&eacute;ias s&atilde;o razo&aacute;veis ou at&eacute; louv&aacute;veis. O que elas t&ecirc;m em comum &eacute; uma cren&ccedil;a de que a inova&ccedil;&atilde;o traz uma grande ben&ccedil;&atilde;o e que n&atilde;o envolve imagina&ccedil;&atilde;o, esfor&ccedil;o ou conflito. O que freq&uuml;entemente ocorre, entretanto, &eacute; que a forma institucionalizada da tecnologia &ndash; na ind&uacute;stria, nos meios de comunica&ccedil;&atilde;o etc. &ndash; incorpora poder econ&ocirc;mico e pol&iacute;tico.&quot; </blockquote> <p>Pensar a cidade como sistema operacional invariavelmente leva ao <i>conflito</i> com poderes estabelecidos localmente, em especial com aqueles que se baseiam na <i>manuten&ccedil;&atilde;o de privil&eacute;gios</i> atrav&eacute;s da escassez de informa&ccedil;&atilde;o. &Eacute; um conflito impl&iacute;cito, e essa &eacute; uma de suas qualidades. Seu impacto profundo se revela gradualmente, e a partir de determinado momento se torna <i>irrevers&iacute;vel</i>. &Eacute; uma corrida de resist&ecirc;ncia, e estamos nela pelo longo prazo. O desenvolvimento de tecnologias de informa&ccedil;&atilde;o e sua incorpora&ccedil;&atilde;o ao cotidiano (a partir de <i>laborat&oacute;rios experimentais locais baseados em tecnologias livres</i>) &eacute; um bra&ccedil;o importante dessa busca. Seguimos em frente.</p> cidades digitais desvio iot livro metareciclagem pós-digitais redelabs ubalab Tue, 10 May 2011 16:58:49 +0000 felipefonseca 10718 at http://efeefe.no-ip.org MetaReciclando as cidades digitais http://efeefe.no-ip.org/livro/lpd/metareciclando-cidades-digitais <h2>A MetaReciclagem</h2> <p>A rede MetaReciclagem completou recentemente oito anos de um di&aacute;logo aberto e colaborativo sobre <i>apropria&ccedil;&atilde;o tecnol&oacute;gica</i>. Ainda insistimos em n&atilde;o nos deixar enquadrar nas caixinhas tem&aacute;ticas que tentam nos associar ao mero reuso de computadores com a instala&ccedil;&atilde;o de software livre e montagem de espa&ccedil;os de inclus&atilde;o digital. Certamente, isso constitui uma das bases comuns entre os integrantes da rede, e at&eacute; assumiu ao longo do tempo um car&aacute;ter ritual, de replica&ccedil;&atilde;o de metodologias que constroem identidade. Mas nossos horizontes s&atilde;o mais amplos: a desconstru&ccedil;&atilde;o de tecnologias &eacute; um universo abrangente. A&iacute; inclu&iacute;mos computadores e dispositivos enredados, mas tamb&eacute;m a constru&ccedil;&atilde;o de habita&ccedil;&otilde;es, a culin&aacute;ria, a tecnologia aplicada ao meio ambiente, assim como os meios de comunica&ccedil;&atilde;o, as linguagens art&iacute;sticas, as formas coletivas de organiza&ccedil;&atilde;o e exist&ecirc;ncia. Entendemos como tecnologia toda a&ccedil;&atilde;o ou objeto que embute <i>um prop&oacute;sito a partir de algum m&eacute;todo</i>.</p> <p>O aspecto da <i>desconstru&ccedil;&atilde;o</i> merece um pouco mais de aten&ccedil;&atilde;o. O que importa aqui n&atilde;o &eacute; tanto seu aspecto objetivo, mas sim o processual - n&atilde;o o ponto a que a desconstru&ccedil;&atilde;o leva, mas o caminho que percorre. &Eacute; o proverbial &quot;abrir a caixa preta&quot;, questionando aquilo que se apresenta a cada etapa. A abertura sup&otilde;e antes de mais nada uma sensibilidade do gesto de abrir, uma habilidade relacionada &agrave; <i>percep&ccedil;&atilde;o daquilo que pode ser aberto</i>. Mesmo tratando de caixas pretas simb&oacute;licas, buscamos provocar processos <i>evolutivos</i> - como o monolito de <a href="http://www.imdb.com/title/tt0062622/" rel="nofollow">2001</a> - cuja mera exist&ecirc;ncia teria provocado a curiosidade que nos diferenciou das bestas. &Eacute; essa curiosidade - um potencial criativo latente - que emerge como tra&ccedil;o comum a todos os bandos metarecicleiros. Propomos uma criatividade n&atilde;o mais separada da experi&ecirc;ncia cotidiana, mas harmonizada com todos os aspectos da vida.</p> <p>Complementar &agrave; gestualidade da abertura &eacute; a defesa da <i>circula&ccedil;&atilde;o livre de informa&ccedil;&atilde;o e conhecimento</i>: as a&ccedil;&otilde;es de MetaReciclagem usam software livre e buscam caminhos para o desenvolvimento de hardware aberto, promovem o espectro eletromagn&eacute;tico aberto, publicam conte&uacute;do com licen&ccedil;as livres. A rede em si funciona n&atilde;o somente como virtualiza&ccedil;&atilde;o das rela&ccedil;&otilde;es, mas como um espa&ccedil;o constru&iacute;do socialmente que estende o potencial das a&ccedil;&otilde;es locais - em escala proporcional &agrave; quantidade de informa&ccedil;&atilde;o que os atores locais publicam e &agrave; diversidade dos integrantes da pr&oacute;pria rede. Sempre esteve presente na MetaReciclagem a certeza de que &eacute; dif&iacute;cil estabelecer limites precisos entre o <i>online</i> e o <i>offline</i>. Essa vis&atilde;o se reflete nas <i>m&uacute;ltiplas identidades</i> que ela assume - compreendendo simultaneamente o relacionamento com comunidades a partir de a&ccedil;&otilde;es ultralocais e a mais profunda sensa&ccedil;&atilde;o de socializa&ccedil;&atilde;o remota. Isso possibilita um n&iacute;vel elevado de produ&ccedil;&atilde;o colaborativa e enredada: ideias e projetos desenvolvidos atrav&eacute;s da rede, que podem ser rapidamente replicados em qualquer lugar.</p> <h2>Cidades Digitais</h2> <p>De certa forma, refletir sobre perspectiva da <i>cidade</i> traz para as redes um contraponto que pode ser muito produtivo. A cidade &eacute; a experi&ecirc;ncia imediata de estar em sociedade, uma experi&ecirc;ncia cuja iminente <i>irrelev&acirc;ncia</i> os mais afoitos pregadores das redes digitais quiseram determinar. Segundo eles, a vida na cidade seria cada vez menos necess&aacute;ria, uma vez que n&atilde;o precisar&iacute;amos mais conviver com vizinhos desagrad&aacute;veis. Felizmente, estavam equivocados em sua tentativa de elevar ao extremo o efeito da <i>c&acirc;mara de eco</i> - em que as pessoas s&oacute; ouvem opini&otilde;es parecidas com suas pr&oacute;prias. Hoje a cidade volta ao foco n&atilde;o como oposto do digital, mas como um cen&aacute;rio que ele pode ampliar e multiplicar, e com isso ampliar e multiplicar a si mesmo. &Eacute; uma rela&ccedil;&atilde;o certamente complementar.</p> <p>Nos &uacute;ltimos anos foram desenvolvidos milhares de sistemas, ferramentas e aplicativos, al&eacute;m de instala&ccedil;&otilde;es art&iacute;sticas, projetos educacionais e comerciais, que prop&otilde;em o hibridismo entre as redes e o &quot;mundo l&aacute; fora&quot;, possibilitando uma infinidade de interfaces f&iacute;sicas para sistemas de informa&ccedil;&atilde;o. Em paralelo, veio tamb&eacute;m a dissemina&ccedil;&atilde;o do discurso das &quot;cidades digitais&quot;. Mesmo que se tenha constitu&iacute;do em grande medida como mais uma express&atilde;o da moda para os <i>surfistas de hype</i>, que adotam ideias que soam impactantes sem necessariamente refletir sobre suas consequ&ecirc;ncias, &eacute; interessante pensar na expans&atilde;o de possibilidades enredadas para as cidades.</p> <p>&Eacute; poss&iacute;vel construir pontes entre as propostas da MetaReciclagem e os projetos de cidades digitais. Podemos come&ccedil;ar desconstruindo a pr&oacute;pria defini&ccedil;&atilde;o de &ldquo;digital&rdquo;. Por exemplo: apesar do suporte digital, grande parte dos usos das novas tecnologias s&atilde;o experi&ecirc;ncias anal&oacute;gicas - mover um mouse ou tocar na tela, ver uma imagem, escutar m&uacute;sica. Cham&aacute;-las de digitais s&oacute; faz deslocar o foco do que &eacute; realmente importante: as possibilidades de <i>desintermedia&ccedil;&atilde;o, </i>de<i> colabora&ccedil;&atilde;o </i>e de<i> autogest&atilde;o</i>. At&eacute; que ponto os projetos de cidades digitais n&atilde;o incorrem no mesmo v&iacute;cio?</p> <p>Outro aspecto que deve ser considerado em rela&ccedil;&atilde;o a essas tecnologias: acesso n&atilde;o &eacute; tudo. Para falar a verdade, <i>acesso n&atilde;o &eacute; quase nada</i>. Existem tantas camadas que se sobrep&otilde;em ao mero acesso que toda a ret&oacute;rica da inclus&atilde;o digital precisa ser repensada, ainda mais se colocada em perspectiva hist&oacute;rica. Em levando-se a s&eacute;rio, qualquer iniciativa de inclus&atilde;o propriamente dita deveria ansiar pela pr&oacute;pria irrelev&acirc;ncia em alguns anos. Deveria considerar que sua miss&atilde;o ter&aacute; sido cumprida quando n&atilde;o for mais necess&aacute;ria.</p> <p>Aquelas experi&ecirc;ncias de cidades digitais que tratam apenas de oferecer acesso &agrave; internet, mesmo sem fio, deixam de lado um grande potencial. Precisam, antes de mais nada, incorporar a convic&ccedil;&atilde;o de que as <i>tecnologias s&atilde;o pol&iacute;ticas</i>, que constroem e transformam <i>imagin&aacute;rios</i>. N&atilde;o s&atilde;o meros instrumentos cujos usos est&atilde;o encerrados em maneiras predefinidas de uso. Por isso, tais projetos n&atilde;o podem se submeter &agrave; l&oacute;gica da ind&uacute;stria, que trata as tecnologias somente como oportunidades de expandir e aumentar os lucros dos mercados de &quot;produ&ccedil;&atilde;o cognitiva&quot;. &Eacute; fundamental que se estimulem a experimenta&ccedil;&atilde;o, a reinven&ccedil;&atilde;o e a liberdade de usos.</p> <p>Mas todos esses argumentos (hoje em dia) s&atilde;o quase &oacute;bvios. Eu gostaria de ir al&eacute;m. A gente muitas vezes esquece que a ideia contempor&acirc;nea de cidade n&atilde;o &eacute; um absoluto, mas um epis&oacute;dio a mais em um longo processo hist&oacute;rico. Desde os primeiros assentamentos e tribos, passando por aldeias, pela <i>polis</i> grega e cidades-estado, pelo surgimento e queda dos diferentes imp&eacute;rios do ocidente e do oriente, o limite entre civiliza&ccedil;&atilde;o e caos romanos, os castelos medievais, os burgos, at&eacute; a aglomera&ccedil;&atilde;o que se viu a partir da revolu&ccedil;&atilde;o industrial. Uma transi&ccedil;&atilde;o que fez com que a vida em sociedade gradualmente perdesse a sensa&ccedil;&atilde;o de familiaridade, acompanhada em s&eacute;culos recentes de projetos urban&iacute;sticos e de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas que ajudaram a forjar a ideia moderna de cidade. Como a conhecemos hoje, a cidade &eacute; reflexo de um ideal de sociedade - industrializada, capitalista, baseada na democracia representativa e em religi&otilde;es monote&iacute;stas. Nessa forma idealizada, ela possui algumas caracter&iacute;sticas espec&iacute;ficas:</p> <ul> <li>induz ao agrupamento por atividade econ&ocirc;mica, que traz vantagem competitiva a todos - empresas, fornecedores e clientes;</li> <li>prop&otilde;e uma distin&ccedil;&atilde;o clara entre os espa&ccedil;os particulares com privacidade absoluta e os espa&ccedil;os p&uacute;blicos, onde a informa&ccedil;&atilde;o circula;</li> <li>requer estabilidade e homogeneidade, baseada na forma&ccedil;&atilde;o de classes m&eacute;dias;</li> <li>sup&otilde;e a centraliza&ccedil;&atilde;o de poder (delegado pela popula&ccedil;&atilde;o &agrave;s autoridades), o que facilita o controle e a seguran&ccedil;a;</li> <li>privilegia a centraliza&ccedil;&atilde;o das fontes de informa&ccedil;&atilde;o: escola, imprensa, igreja/sinagoga/mesquita e comunica&ccedil;&atilde;o de massa.</li> </ul> <p>Podemos questionar as suposi&ccedil;&otilde;es sobre as quais essa cidade est&aacute; baseada. O futur&oacute;logo alem&atilde;o <a href="http://liftconference.com/person/christianheller" rel="nofollow">Chris Heller</a>, por exemplo, <a href="http://liftconference.com/lift10/program/talk/christian-heller-post-privacy" rel="nofollow">discorda</a> da associa&ccedil;&atilde;o comumente feita entre privacidade e liberdade. Segundo ele, ao tratar a privacidade como absoluto, o dissenso fica esmagado - o que gera sociedades mais moralistas e hip&oacute;critas. Heller n&atilde;o &eacute; o &uacute;nico a sugerir uma <a href="http://liftconference.com/lift10/program/session/redefinition-privacy" rel="nofollow">redefini&ccedil;&atilde;o da privacidade</a>. Especialmente no caso do Brasil, a cidade moderna &eacute; uma ideia que foi importada sem muita preocupa&ccedil;&atilde;o com sua adequa&ccedil;&atilde;o &agrave;s nossas caracter&iacute;sticas. Pior ainda, foi distorcida e implementada de maneira equivocada. Se podemos ler a ideia de <i>cidade como uma tecnologia</i> - geralmente desenvolvida de cima para baixo -, podemos tamb&eacute;m tentar metarecicl&aacute;-la - desconstruindo suas bases, propondo <i>releituras, apropria&ccedil;&otilde;es e ressignifica&ccedil;&otilde;es</i>.</p> <h2>MetaReciclando cidades digitais</h2> <p>O ideal de cidade moderna est&aacute; cada vez mais distante do que se pode ver cotidianamente nos nossos centros urbanos, talvez mais bem descritos como <i>p&oacute;s-cidades cyberpunk</i>. Um exemplo claro, talvez extremo, &eacute; S&atilde;o Paulo. Vemos redes digitais por toda parte, sabotando as hierarquias da informa&ccedil;&atilde;o - para o bem e para o mal. Uma cidade n&atilde;o mais centralizada, mas fragmentada em diversas frentes. Uma economia distribu&iacute;da e em grande medida informal. Um dinamismo que responde criativamente &agrave; instabilidade. Grandes contraste e mobilidade sociais. Uma sensa&ccedil;&atilde;o constante da iminente irrup&ccedil;&atilde;o da viol&ecirc;ncia, refor&ccedil;ada pelo alto n&iacute;vel de ilegalidade e impunidade, que refletem uma perda daquele controle que a cidade como estrutura costumava representar. &Eacute; importante tentar atualizar nosso referencial sobre o que &eacute; uma cidade, para entender como podemos atuar para efetivamente transform&aacute;-la.</p> <p>Um dos primeiros rascunhos de a&ccedil;&otilde;es elaborado dentro do Projeto Met&aacute;:Fora foi o <i>Prefeituras Inteligentes</i>, de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_P%C3%A1dua" rel="nofollow">Daniel P&aacute;dua</a>, muito antes de qualquer um de n&oacute;s ter contato com pol&iacute;ticas p&uacute;blicas do mundo real. Propunha basicamente que as cidades fossem vistas como espa&ccedil;os informacionais complexos, e que se desenvolvessem espa&ccedil;os de catalisa&ccedil;&atilde;o do potencial transformador dessa informa&ccedil;&atilde;o a partir de laborat&oacute;rios ligados em rede com infraestrutura metareciclada. Isso nunca virou um projeto concreto, mas certamente influenciou coisas que a gente desenvolveria nos anos seguintes.</p> <p>O que &eacute; essencial na cidade? Quais s&atilde;o suas estruturas de informa&ccedil;&atilde;o? Ruas, pra&ccedil;as, espa&ccedil;os p&uacute;blicos, espa&ccedil;os particulares de uso p&uacute;blico, espa&ccedil;os privativos... como se pode interferir para criar rela&ccedil;&otilde;es mais colaborativas, participativas e livres? Como vamos raquear a tecnologia cidade? Como podemos transpor as a&ccedil;&otilde;es que promovem a transpar&ecirc;ncia de dados para o espa&ccedil;o urbano?</p> <p>Mesmo com cada vez mais ru&iacute;do na rela&ccedil;&atilde;o, a cidade continua sendo central na vida contempor&acirc;nea - pelo acesso a infraestrutura compartilhada (servi&ccedil;os b&aacute;sicos, saneamento, etc.), pela concentra&ccedil;&atilde;o de oportunidades de estudo, trabalho e atividades culturais. Existe tamb&eacute;m uma certa vertigem que leva &agrave; proje&ccedil;&atilde;o (ou ilus&atilde;o) de crescimento, enriquecimento, mudan&ccedil;a de vida. Mas &eacute; fato que cidades menores t&ecirc;m cada vez mais acesso a infraestrutura, e que cada vez mais oportunidades de trabalho poder&atilde;o ser realizadas &agrave; dist&acirc;ncia. A m&eacute;dio e longo prazos, qual ser&aacute; o efeito disso na concentra&ccedil;&atilde;o urbana?</p> <p>At&eacute; mesmo nos grandes centros, come&ccedil;am a despontar projetos mais focados nos bairros do que na cidade toda - tentando trazer de volta a familiaridade da vizinhan&ccedil;a, o compromisso de pessoas que compartilham condi&ccedil;&otilde;es de vida. Um movimento interessante nesse sentido &eacute; o das <i><a href="http://transitiontowns.org" rel="nofollow">transition towns</a></i>, que prop&otilde;e solu&ccedil;&otilde;es para os desafios das mudan&ccedil;as clim&aacute;ticas a partir da transforma&ccedil;&atilde;o emergente do cotidiano local - bairros, vilarejos, pequenas cidades. Outro projeto interessante &eacute; o espanhol <a href="http://wikiplaza.org/" rel="nofollow">Wikiplaza</a>, que prop&otilde;e entender o espa&ccedil;o p&uacute;blico como sistema operacional, e nele promover a circula&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o.</p> <h2>Experimenta&ccedil;&atilde;o</h2> <p>&Eacute; necess&aacute;rio refletir sobre o papel que as a&ccedil;&otilde;es situadas na fronteira entre arte, ci&ecirc;ncia e tecnologia devem assumir nessa metareciclagem de cidades. Um dos aspectos que investigamos no projeto <a href="http://redelabs.org" rel="nofollow">Rede//Labs</a> &eacute; justamente essa conex&atilde;o entre a experimenta&ccedil;&atilde;o e a cidade. De que forma podemos propor que a explora&ccedil;&atilde;o das fronteiras abstratas da inova&ccedil;&atilde;o continue fazendo sentido e realimentando a vida &quot;real&quot;?</p> <p>&Eacute; interessante perceber essa mudan&ccedil;a acontecendo tamb&eacute;m nos circuitos experimentais. A edi&ccedil;&atilde;o de junho de 2010 do projeto <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos10" rel="nofollow">Interactivos</a>, no <a href="http://medialab-prado.es/" rel="nofollow">Medialab Prado</a> de Madri, reconheceu o movimento de &quot;ci&ecirc;ncia de garagem&quot;, que vem emergindo nos &uacute;ltimos anos, mas prop&ocirc;s uma abordagem mais participativa: ci&ecirc;ncia de bairro. Os resultados foram muito interessantes: projetos que mesclavam conhecimento cient&iacute;fico, perspectiva est&eacute;tica e demandas sociais ou ambientais.</p> <h2>Uba</h2> <p>Mesmo em contextos nos quais o urbanismo moderno nunca chegou a se desenvolver plenamente, &eacute; &uacute;til pensar na metareciclagem da ideia de cidade como ferramenta de constru&ccedil;&atilde;o de imagin&aacute;rio e transforma&ccedil;&atilde;o (talvez pensando em um <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/desurbanizando" rel="nofollow">desurbanismo</a>). Nos &uacute;ltimos tempos, tendo a concordar com <a href="http://thackara.com" rel="nofollow">John Thackara</a> - <a href="http://observatory.designobserver.com/entry.html?entry=6947" rel="nofollow">podemos fazer muito mais em nossa pr&oacute;pria vizinhan&ccedil;a do que fora dela</a>. Estou articulando um <a href="http://ubalab.org" rel="nofollow">projeto</a> aqui em Ubatuba, litoral do estado de S&atilde;o Paulo, tentando trazer todas essas quest&otilde;es para um <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/ubanismo" rel="nofollow">ambiente diferente</a> daqueles em que trabalhei at&eacute; hoje. Vamos ver no que d&aacute;.</p> cidades digitais livro metareciclagem pós-digital Tue, 10 May 2011 16:27:45 +0000 felipefonseca 10714 at http://efeefe.no-ip.org Cidades digitais, a gramática do controle e os protocolos livres http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidades-digitais-a-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Minha busca por alternativas locais, sustentáveis e justas para o desenvolvimento de inovação e tecnologias livres aponta cada vez mais para a necessidade de maior articulação entre duas classes de estruturas informacionais que se sobrepõem: a cidade e as redes digitais. Eu escrevi aqui no ano passado sobre a perspectiva de <a href="http://ubalab.org/blog/metareciclando-cidades-digitais" rel="nofollow" rel="nofollow">cidade como sistema operacional</a>. Essa aproximação não é inédita. Na mesma fronteira mas talvez em sentido inverso, o artigo <a href="http://www.thenextlayer.org/node/1346" rel="nofollow" rel="nofollow">Reading the Digital City</a>, publicado no Next Layer por <a href="http://t0.or.at/" rel="nofollow" rel="nofollow">Clemens Apprich</a>, analisa justamente a influência que a ideia de cidade exerceu nos primeiros anos de popularização da internet, e como essa influência foi usada para estabelecer relações de controle e poder:</p> <blockquote><p> "Não é por acidente que a cidade tenha sido escolhida como uma das mais significativas metáforas para os primeiros dias da internet. A cidade tem (como o Ciberespaço) uma origem militar e é definida (pelo menos simbolicamente) por muros cujos portões constituem a interface para o resto do mundo. (...) A interface determina como o usuário concebe o próprio computador e o mundo acessível a partir dele."</p> </blockquote><p><a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres" target="_blank" rel="nofollow">leia mais</a></p> blogs cidade cidades digitais dados abertos feeds iot metareciclagem opendata projetos reprap transparencia ubalab ubatuba urbe Tue, 05 Apr 2011 20:36:11 +0000 felipefonseca 10493 at http://efeefe.no-ip.org Cidade expandida http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidade-expandida <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p><a href="http://nomada.blogs.com/" rel="nofollow" rel="nofollow">Juan Freire</a> está escrevendo uma série de artigos sobre a ideia de "cidade expandida". Ele levanta algumas questões críticas sobre a própria ideia de urbanismo (normalmente associada a arquiteturas de controle da sociedade) e se pergunta como a cidade expandida se relaciona com a cultura pós-digital, articulada com a perspectiva da ecologia de redes. Ele sugere o formato de rua open source (em oposição à rua fechada), que requer infraestruturas (e infoestruturas), protocolos e participação específicos.<br /> Já foram quatro de cinco posts:</p> <a href="http://nomada.blogs.com/jfreire/2010/11/territorio-geologia-infraestructuras-politica.html" rel="nofollow" rel="nofollow">Territorio = geología x infraestructuras x política</a> <a href="http://nomada.blogs.com/jfreire/2010/11/la-evolucin-de-las-ciudades-arquitectura-y-control.html" rel="nofollow" rel="nofollow">La evolución de las ciudades: arquitectura y control</a> <a href="http://nomada.blogs.com/jfreire/2010/11/ciudad-expandida-modelos-urbanos-en-el-paradigma-de-las-ecologas-en-red.html" rel="nofollow" rel="nofollow">Ciudad expandida: Modelos urbanos en el paradigma de las ecologías en red</a> <a href="http://nomada.blogs.com/jfreire/2010/11/cultura-postdigital-y-ciudad-expandida.html" rel="nofollow" rel="nofollow">Cultura postdigital y ciudad expandida</a> <p>Estou esperando aqui pelo último post, e acho que tem alguma relação com a reflexão que eu propus no post <a href="http://ubalab.org/blog/metareciclando-cidades-digitais" rel="nofollow" rel="nofollow">MetaReciclando as cidades digitais</a>.</p> aliadxs blogs cidades digitais desurbe digital feeds gringxs pós-digital projetos ubalab ubatuba urbe Tue, 23 Nov 2010 00:05:44 +0000 felipefonseca 9376 at http://efeefe.no-ip.org MetaReciclando as cidades digitais http://efeefe.no-ip.org/agregando/metareciclando-as-cidades-digitais <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <blockquote><p> Participei recentemente de um seminário sobre Cidades Digitais, organizado pela Unesp de Araraquara e realizado no SESC daquela cidade. Foi uma boa oportunidade para aprofundar algumas reflexões que já andei esboçando nos últimos tempos. Minha apresentação transformou-se no texto abaixo. A primeira parte não tem muita novidade, mas pode ser interessante pra quem está conhecendo a MetaReciclagem agora. Os slides da apresentação estão <a href="http://www.scribd.com/doc/36326097/Metareciclando-Cidades-Digitais" rel="nofollow" rel="nofollow">disponíveis no scribd</a>.<br /> Esse post faz parte da <a href="http://mutgamb.org/mutsaz/Chamada-MutSaz-Inverno-2010" rel="nofollow" rel="nofollow">blogagem coletiva de inverno do Mutgamb</a>, inspirado por Pozimi.</p> </blockquote><p><a href="http://ubalab.org/blog/metareciclando-cidades-digitais" target="_blank" rel="nofollow">leia mais</a></p> blogs cidades digitais desurbe feeds metareciclagem projetos ubalab ubatuba urbe Sat, 28 Aug 2010 22:43:49 +0000 felipefonseca 8527 at http://efeefe.no-ip.org Cidades Digitais - Araraquara http://efeefe.no-ip.org/blog/cidades-digitais-araraquara <p> </p><p>Semana passada fui a Araraquara participar do debate sobre &quot;Experi&ecirc;ncias Democr&aacute;ticas de Acesso &agrave; Rede&quot; no segundo semin&aacute;rio sobre Cidades Digitais, organizado pelo departamento de Administra&ccedil;&atilde;o P&uacute;blica da Unesp no SESC Araraquara. O debate seria moderado por C&aacute;ssio Quit&eacute;rio, do SESC, e tamb&eacute;m contaria com Claudio Prado, que infelizmente n&atilde;o p&ocirc;de estar presente.</p> <p><img alt="por do sol em araraquara" src="http://farm5.static.flickr.com/4097/4928628576_bb38168d60.jpg" /></p> <p>Enquanto cruzava quase 500km do interior de S&atilde;o Paulo, fiquei pensando no&nbsp;que ia apresentar por l&aacute;. Me chamaram para falar sobre a MetaReciclagem, mas eu queria (uma vez mais) extrapolar a pequena gavetinha em que muitas vezes tentam nos enquadrar - inclus&atilde;o digital, computadores, etc. - e tentar tra&ccedil;ar paralelos mais aprofundados entre as bases da MetaReciclagem e uma poss&iacute;vel apropria&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica do discurso das cidades digitais. Fiquei um peda&ccedil;o da madrugada anterior ao evento elaborando essas analogias e preparando uns slides. Chamei de &quot;MetaReciclando as Cidades Digitais&quot;.</p> <p>Cheguei quase uma hora antes do debate, conheci as instala&ccedil;&otilde;es do SESC Araraquara - infra legal, piscinas e tudo mais -, encontrei o pessoal. Claudio Prado seria substitu&iacute;do pelo Tico, um jornalista da regi&atilde;o que est&aacute; fazendo alguns projetos de comunica&ccedil;&atilde;o e educa&ccedil;&atilde;o.</p> <p>O debate rolou tranquilo, e entrou no tempo da atividade seguinte. Estou transformando a reflex&atilde;o que ele gerou em um texto que vou publicar logo mais, junto com os slides.</p> <p>No fim da tarde, fomos atr&aacute;s do famoso p&ocirc;r do sol de Araraquara, batizada &quot;morada do sol&quot;. Me espantei ao saber que n&atilde;o havia nenhum lugar especial para assistir ao sol se pondo. Voltamos ao SESC e consegui com algum esfor&ccedil;o fazer a fotinho que ilustra esse post.</p> <p>&nbsp;</p> araraquara cidades digitais metareciclagem sesc Thu, 26 Aug 2010 04:29:44 +0000 felipefonseca 8493 at http://efeefe.no-ip.org