efeefe - cidade http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/540/0 pt-br Adjetivos, MetaReciclagem e laboratórios experimentais http://efeefe.no-ip.org/agregando/adjetivos-metareciclagem-e-laboratorios-experimentais <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <blockquote> <p>No início deste mês estive em Medellín, na Colômbia, participando da quinta edição das <a href="http://2012.ciudadescreativas.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Jornadas Ciudades Creativas</a>, organizada pela <a href="http://www.kreanta.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Fundação Kreanta</a>. O texto abaixo é uma costura da <a href="http://www.slideshare.net/felipefonseca/labs-experimentais-jornadas-kreanta" rel="nofollow" rel="nofollow">minha apresentação</a> na mesa sobre "Apropriação de tecnologias para cidades inteligentes". Pra quem já leu meus outros textos, esse não tem nenhuma novidade. Mas fica como impressão do momento. Assim que tiver tempo também quero publicar por aqui um relato sobre minha experiência durante o evento.</p> </blockquote> <p>Respondendo a uma questão da plateia após sua palestra na edição de 2012 das Jornadas Kreanta, a socióloga Saskia Sassen problematizou a aparente "explosão de adjetivos" que tem atualmente acompanhado a reflexão sobre cidades e urbanismo: cidades criativas, cidades digitais, cidades sustentáveis, cidades inteligentes, e por aí vai. Disse que ela mesma tem tentado evitar os adjetivos, porque em pouco tempo as consultorias comerciais oportunistas que se multiplicam pelo mundo acabam por sequestrar quaisquer termos que poderiam ter alguma relevância.</p> <p>Coincidentemente, dois dias antes eu havia discutido um tema similar em encontro com integrantes de diferentes projetos no Museu de Arte Moderna de Medellín. Naquela manhã de quarta-feira eu sugeria que em vez de encontrar o adjetivo certo para definir as cidades que queremos, talvez mais interessante fosse desenvolver a pleno a ideia (a utopia?) da cidade moderna como ambiente propício para a convivência com a diversidade cultural, o compartilhamento de infraestrutura e a otimização de recursos.</p> <p>Durante minha curta estada em Medellín, acompanhando à distância o noticiário sobre as eleições municipais no Brasil que aconteceriam na semana seguinte, eu ainda reformularia minha opinião sobre o tema: adjetivar a cidade pode sim ser temporariamente útil, como forma de contrapor-se a todas aquelas práticas arraigadas que vão no sentido oposto ao adjetivo em questão. Assim, falar em uma cidade criativa é posicionar-se contra a cidade conservadora (posicionar-se contra a agenda conservadora e as ações conservadoras dentro do espaço urbano); a cidade sustentável se opõe à cidade baseada no desperdício; defender a cidade inteligente é acusar e refutar as cidades imobilizadas pela falta de comunicação e planejamento. Mas a chave aqui é justamente o aspecto temporário: o adjetivo não deve ser a meta em si. Antes, é indicação importante de escolha de caminho prioritário.</p> <p>Tenho uma sensação similar em relação ao discurso das cidades digitais, assim como ao da cultura digital, entre tantos outros. Dez anos atrás, uma das primeiras ações concebidas (embora nunca implementada a contento) pelas mesmas pessoas que à época estavam envolvidas com a criação da <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow" rel="nofollow">rede MetaReciclagem</a> se chamava "Prefeituras Inteligentes". Naquele esboço de projeto encabeçado por Daniel Pádua, imaginávamos uma política pública baseada em espaços abertos que proporcionariam a reutilização de equipamentos eletrônicos ociosos para criar redes digitais abertas que propiciassem a livre circulação de informação. Com o tempo entenderíamos que prefeituras são frequentemente os ambientes menos propícios para tais impulsos libertários. Por mais que uma prefeitura aprendesse a ser menos estúpida, ela nunca seria tão inteligente quanto gostaríamos. Ainda assim, a qualificação pelo adetivo - o digital, o criativo, o inteligente - podem trabalhar no imaginário das pessoas e dos grupos envolvidos, criar uma disposição que possibilite propor ações concretas.</p> <h2> MetaReciclagem</h2> <p>Ao longo da última década, as diversas ações desenvolvidas de maneira distribuída através da rede MetaReciclagem acabaram deixando um pouco de lado a construção do discurso do digital – percebido ali como demasiadamente focado nas ferramentas de comunicação em si próprias, em contraposição à perspectiva de que o mais importante são as dinâmicas sociais que as tecnologias possibilitam. Em seu lugar, construiu-se uma história baseada em outros adjetivos. O livre, o aberto, o participativo, o colaborativo são centrais para a narrativa coletiva que circunda a MetaReciclagem.</p> <p>Mas não deixamos de lado a intenção de trabalhar junto a diferentes instituições, tentando influenciar a maneira como elas desenvolvem suas ações. De maneira distribuída e dinâmica, integrantes da rede MetaReciclagem passou a buscar parcerias com o terceiro setor, com instâncias governamentais mais abrangentes - estaduais ou federais -, com organizações culturais. Contextos que oferecem um pouco mais de abertura para uma visão ampla em relação às novas tecnologias de comunicação.</p> <p>Desde então, pessoas e grupos atuando dentro da rede MetaReciclagem criaram mais de uma dúzia de laboratórios em todas as regiões do país. Alguns desapareceram com o tempo, outros se reinventam até hoje. Se no início nos apresentávamos como um coletivo dedicado ao recondicionamento de computadores usados com a utilização de software livre, o uso social das redes digitais e o impulso à distribuição de cultura copyleft, hoje uma das definições mais comuns da MetaReciclagem é como rede aberta que propõe e articula ações de apropriação crítica de tecnologias para a transformação social. Cada um desses termos é naturalmente debatível, e isso ocupa boa parte do nosso tempo. A rede conta hoje com quase quinhentas pessoas em sua lista de discussão, influenciou um sem-número de projetos de tecnologia orientada para a sociedade, infiltrou-se em diversas discussões que supostamente não lhe diziam respeito, recebeu alguns prêmios e menções honrosas. Mais do que tudo, sabotou a si própria de maneira ativa e consciente - um método para manter sua potência transformadora e a desconfiança do poder institucional.</p> <p>Também percebemos muito cedo que não nos interessava simplesmente reutilizar a tecnologia em si, mas sim o hábito de apropriação tão presente nas culturas populares do Brasil. Identificamos e buscamos valorizar as práticas da gambiarra, como criatividade cotidiana e vernacular desenvolvendo soluções com quaisquer objetos, conhecimentos ou pessoas disponíveis; e do mutirão, como formação coletiva dinâmica orientada à solução de problemas.</p> <p>Em sua atuação, a MetaReciclagem situou-se em diferentes contextos institucionais e discursivos. Se o ativismo midiático baseado na ideia de mídia tática foi um dos primeiros fundamentos de agregação da rede, foi o campo da inclusão digital que nos ofereceu a oportunidade de estabelecermos laboratórios e desenvolvermos experimentações - ainda que buscando sempre ir além do mero acesso e propondo a apropriação de tecnologias com base em uma cultura livre. Com o tempo descobrimos que aquilo que fazíamos tinha paralelos com hacklabs, hackerspaces e toda a cena de cultura de faça-você-mesmo. Entendemos que estávamos assumindo uma posição de resistência contra a obsolescência programada, que teríamos um papel importante no debate sobre a questão do lixo eletrônico. Algumas pessoas da rede estabeleceram um diálogo produtivo e continuado com o campo da arte eletrônica.</p> <p>Essa trajetória está diretamente ligada à prioridade que sempre atribuímos à ideia de abertura, que necessariamente acompanha uma cultura livre. Uma sensibilidade do abrir, aproximando as pessoas da tecnologia para entender como as coisas funcionam, reordenar seus componentes, inventar outros usos, propor outras interpretações. Uma prática da abertura que implica uma estética da abertura (e sua relação com o ruído, a sujeira, a imperfeição, o inesperado). Estética da abertura que necessariamente se relaciona com uma ética da abertura, da participação, do compartilhamento. A compreensão da abertura como princípio político. Um dos resultados desse posicionamento é o fato de a MetaReciclagem ter evitado uma institucionalização centralizada. Em vez de definir uma estrutura hierárquica definida, ela se concretiza de forma fluida e cambiante, sugerindo formas de mobilizar ações que são supostamente mais adequadas a um contexto altamente enredado.</p> <p>A partir de 2003, o Brasil passaria por grandes transformações. Em especial na política cultural. Na esteira da eleição de Lula como Presidente da República, uma personagem inesperada para o jogo político tradicional se alçaria ao posto de Ministro da Cultura: Gilberto Gil. Músico com reconhecimento internacional e uma das principais vozes do tropicalismo - movimento cultural surgido nos anos sessentas que propunha o diálogo entre manifestações culturais tradicionais, as vanguardas artísticas urbanas e a emergente cultura pop -, Gil sempre demonstrou uma curiosidade a respeito do papel que as tecnologias digitais poderiam exercer na cultura.</p> <p>O novo dirigente traria uma transformação fundamental para o Ministério: em vez de entender cultura somente sob o prisma da economia do entretenimento e do mercado da arte, propunha um entendimento antropológico da cultura como o conjunto de tudo aquilo que nos faz humanos, vivendo em sociedade. A partir desta perspectiva é que seria criado, sob a coordenação de Celio Turino, o programa Cultura Viva, que propunha um "do-in antropológico". O projeto pretendia identificar e estimular pontos potencialmente transformadores para as culturas brasileiras: os espaços que viriam a ser chamados de Pontos de Cultura.</p> <p>Logo depois de sua criação, o projeto Cultura Viva decidiu incluir uma vertente digital que incorporava uma profunda reflexão a respeito de autonomia dos saberes, da generosidade implícita nas licenças livres e abertas, da valorização de uma postura hacker (o próprio Ministro posicionou-se como um "ministro hacker"), e da livre circulação de produção cultural. Naquele contexto, o digital não era entendido somente como uma nova linguagem, mas pelo contrário como elemento potencialmente integrador de diferentes linguagens artísticas e formas de expressão cultural.</p> <p>Para planejar e implementar essa visão, o Ministério convidaria integrantes de diversos grupos, coletivos e redes que se dedicavam a questões de ativismo midiático, cultura livre e tecnologias de comunicação. Isso daria ensejo a uma série de ações em conjunto: encontros, festivais, oficinas, processos de formação e intercâmbio. Centenas de grupos em todas as regiões do Brasil tiveram seu primeiro contato com tecnologias de produção cultural, e já começavam usando softwares livres.</p> <h2> Laboratórios</h2> <p>Nos anos seguintes, uma questão começou a me inquietar em particular: se algumas das pessoas mais capacitadas em relação à fronteira entre tecnologia e cultura estão ocupadas dando oficinas para compartilhar o que já aprenderam, quem é que vai se ocupar de pensar e desenvolver o futuro dessas tecnologias? Criar e ensinar são momentos igualmente necessários, mas em muitos casos exigem disposições mentais distintas. Em determinado momento, parecia que só estávamos criando alternativas de viabilidade para a formação, deixando de lado o aprofundamento, a experimentação formal e o questionamento do imaginário social envolvido em todas essas questões. Além de promover o acesso à cultura digital, como poderíamos apoiar o próprio desenvolvimento da cultura (sem adjetivos) em diálogo com esses novos contextos que têm surgido? Se tínhamos uma visão crítica ao imaginário dos medialabs dos EUA e Europa, o que é que poderíamos propor para sucedê-los?</p> <p>Pensando nessas questões, criei em 2010 a plataforma <a href="http://redelabs.org" rel="nofollow" rel="nofollow">Rede//Labs</a>, que naquele ano estabeleceu uma parceria com o Ministério da Cultura para investigar que tipo de arranjo formal e administrativo se fazia necessário para estimular esse tipo de desenvolvimento. Queríamos entender o que deveria ser um laboratório experimental adequado aos dias de hoje. Passamos alguns meses conversando com dezenas de pessoas e grupos atuantes nesse contexto no Brasil e no exterior. Organizamos um blog, promovemos um encontro com pessoas vindas de todo o país e um painel internacional sobre laboratórios de mídia e laboratórios experimentais. Conversamos bastante sobre como sustentar uma cultura de inovação baseada em princípios de liberdade, abertura e compartilhamento, e orientada a demandas da sociedade, não simplesmente ao lucro. Identificamos temas emergentes como a cena maker, a prototipagem digital, as mídias locativas, a realidade expandida, as cartografias colaborativas, o hardware livre, a internet das coisas, os sensores interconectados, entre outros. Entendemos que o laboratório experimental ideal não é (somente) um estúdio, e que também não é (somente) uma escola. Chegamos a esboçar com o Ministério um mecanismode apoio formal à cultura digital experimental, e traçar planos para a implementação de uma rede de laboratórios de arte e tecnologia financiados pelo Ministério da Cultura.</p> <p>Infelizmente, a passagem de ano para 2011 assistiu a uma mudança brusca no comando no Ministério da Cultura, o que fez com que todas essas ações e planos caíssem no vazio institucional que se seguiu<a href="#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc" rel="nofollow" rel="nofollow">1</a>. A nova prioridade no Ministério era a Secretaria de Economia Criativa. Ainda que mais aberta do que o referencial britânico das indústrias criativas, era nítida a reorientação desde a visão antropológica da cultura em direção a uma visão da cultura como mercado privilegiado.</p> <p>No fim de 2011, Rede//Labs estabeleceu uma parceria de pesquisa com o Centro de Cultura Espanhola de São Paulo, subordinado à AECID. Nos meses seguintes, redigi uma série de artigos sobre laboratórios experimentais em rede, e articulei a produção de quatro vídeos sobre diferentes organizações e cenários no Brasil que atuam nesse campo. Apesar da boa repercussão da parceria, a crise econômica na Espanha ocasionou o encerramento das atividades do CCE de São Paulo, e no mesmo caminho seguiram as expectativas de dar sequência à pesquisa.</p> <p>Ao longo desses percursos, acredito que tenhamos aprendido algumas lições. Ou ao menos aprendemos a melhor elaborar algumas questões. Uma delas diz respeito ao aprisionamento ao mercado. Como é que podemos estimular a consolidação de um tipo de reflexão e de prática culturais que estão ligadas à multiplicação dos instrumentos de informação e comunicação, mas como fazemos isso sem cair na armadilha da mensuração econômica segundo a qual tudo que não tem valor comercial não merece investimento? Quais os caminhos para propor colaboração antidisciplinar, que não somente ultrapasse as barreiras entre as disciplinas, mas deixe-as para trás?</p> <p>Outra questão que tem surgido e inspirado cada vez mais propostas é a integração entre os fluxos das redes digitais e os fluxos das ruas. Em vez de cair naquela visão (que muitos já consideram obsoleta) segundo a qual a internet era a negação da cidade - seu extremo oposto-, um grande número de iniciativas tem buscado justamente relacionar essas duas dimensões diferenciadas de sociabilidade dentro de uma visão integrada. São ações que se desenrolam simultaneamente na internet e nas cidades, que relacionam e retroalimentam o âmbito dos commons digitais juntamente ao âmbito do espaço público urbano. Que trazem a cultura livre para as ruas ao mesmo tempo em que levam a criatividade vernacular e as táticas de apropriação do cotidiano para as redes online. Projetos de mapeamento digital colaborativo, intervenções (e festas) que tomam as ruas. Ações que pensam a própria rua como laboratório, abundante em recursos pouco utilizados e em soluções inovadoras. Que pensam mesmo o laboratório convencional como espaço situado no cenário urbano, potencialmente um espaço de contato que ainda precisamos entender melhor. Que incentivam a ciência cidadã, a criatividade economicamente improdutiva, o hacking de imaginário social. Valores como integração, amizade, afeto, colaboração e tolerância ultrapassando a competição. Porque no fundo o que queremos são futuros mais justos, participativos e inclusivos. E isso não será possível sem desenvolvermos plenamente o potencial das nossas cidades, incorporando os adjetivos que façam sentido durante o caminho mas sem perder de vista o horizonte.</p> <p>O caminho é longo, mas já estamos em marcha.</p> <p><a href="#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym" rel="nofollow" rel="nofollow">1</a>Devo aqui acrescentar que em setembro de 2012 houve nova mudança de Ministra da Cultura no Brasil. Enquanto escrevo este texto escuto boatos de retomada de ações mais experimentais em cultura e tecnologia. Aguardemos.</p> <p> </p><a href="http://ubalab.org/blog/adjetivos-metareciclagem-e-laboratorios-experimentais" title="Adjetivos, MetaReciclagem e laboratórios experimentais" lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">No in&iacute;cio deste m&ecirc;s estive em Medell&iacute;n, na Col&ocirc;mbia, participando da quinta edi&ccedil;&atilde;o das Jornadas Ciudades Creativas, organizada pela Funda&ccedil;&atilde;o Kreanta. O texto abaixo &eacute; uma costura da minha apresenta&ccedil;&atilde;o na mesa sobre &quot;Apropria&ccedil;&atilde;o de tecnologias para cidades inteligentes&quot;. Pra quem j&aacute; leu meus outros textos, esse n&atilde;o tem nenhuma novidade. Mas fica como impress&atilde;o do momento. Assim que tiver tempo tamb&eacute;m quero publicar por aqui um relato sobre minha experi&ecirc;ncia durante o evento.Respondendo a uma quest&atilde;o da plateia ap&oacute;s sua palestra na edi&ccedil;&atilde;o de 2012 das Jornadas Kreanta, a soci&oacute;loga Saskia Sassen problematizou a aparente &quot;explos&atilde;o de adjetivos&quot; que tem atualmente acompanhado a reflex&atilde;o sobre cidades e urbanismo: cidades criativas, cidades digitais, cidades sustent&aacute;veis, cidades inteligentes, e por a&iacute; vai. Disse que ela mesma tem tentado evitar os adjetivos, porque em pouco tempo as consultorias comerciais oportunistas que se multiplicam pelo mundo acabam por sequestrar quaisquer termos que poderiam ter alguma relev&acirc;ncia.Coincidentemente, dois dias antes eu havia discutido um tema similar em encontro com integrantes de diferentes projetos no Museu de Arte Moderna de Medell&iacute;n. Naquela manh&atilde; de quarta-feira eu sugeria que em vez de encontrar o adjetivo certo para definir as cidades que queremos, talvez mais interessante fosse desenvolver a pleno a ideia (a utopia?) da cidade moderna como ambiente prop&iacute;cio para a conviv&ecirc;ncia com a diversidade cultural, o compartilhamento de infraestrutura e a otimiza&ccedil;&atilde;o de recursos.Durante minha curta estada em Medell&iacute;n, acompanhando &agrave; dist&acirc;ncia o notici&aacute;rio sobre as elei&ccedil;&otilde;es municipais no Brasil que aconteceriam na semana seguinte, eu ainda reformularia minha opini&atilde;o sobre o tema: adjetivar a cidade pode sim ser temporariamente &uacute;til, como forma de contrapor-se a todas aquelas pr&aacute;ticas arraigadas que v&atilde;o no sentido oposto ao adjetivo em quest&atilde;o. Assim, falar em uma cidade criativa &eacute; posicionar-se contra a cidade conservadora (posicionar-se contra a agenda conservadora e as a&ccedil;&otilde;es conservadoras dentro do espa&ccedil;o urbano); a cidade sustent&aacute;vel se op&otilde;e &agrave; cidade baseada no desperd&iacute;cio; defender a cidade inteligente &eacute; acusar e refutar as cidades imobilizadas pela falta de comunica&ccedil;&atilde;o e planejamento. Mas a chave aqui &eacute; justamente o aspecto tempor&aacute;rio: o adjetivo n&atilde;o deve ser a meta em si. Antes, &eacute; indica&ccedil;&atilde;o importante de escolha de caminho priorit&aacute;rio.Tenho uma sensa&ccedil;&atilde;o similar em rela&ccedil;&atilde;o ao discurso das cidades digitais, assim como ao da cultura digital, entre tantos outros. Dez anos atr&aacute;s, uma das primeiras a&ccedil;&otilde;es concebidas (embora nunca implementada a contento) pelas mesmas pessoas que &agrave; &eacute;poca estavam envolvidas com a cria&ccedil;&atilde;o da rede MetaReciclagem se chamava &quot;Prefeituras Inteligentes&quot;. Naquele esbo&ccedil;o de projeto encabe&ccedil;ado por Daniel P&aacute;dua, imagin&aacute;vamos uma pol&iacute;tica p&uacute;blica baseada em espa&ccedil;os abertos que proporcionariam a reutiliza&ccedil;&atilde;o de equipamentos eletr&ocirc;nicos ociosos para criar redes digitais abertas que propiciassem a livre circula&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o. Com o tempo entender&iacute;amos que prefeituras s&atilde;o frequentemente os ambientes menos prop&iacute;cios para tais impulsos libert&aacute;rios. Por mais que uma prefeitura aprendesse a ser menos est&uacute;pida, ela nunca seria t&atilde;o inteligente quanto gostar&iacute;amos. Ainda assim, a qualifica&ccedil;&atilde;o pelo adetivo - o digital, o criativo, o inteligente - podem trabalhar no imagin&aacute;rio das pessoas e dos grupos envolvidos, criar uma disposi&ccedil;&atilde;o que possibilite propor a&ccedil;&otilde;es concretas. MetaReciclagemAo longo da &uacute;ltima d&eacute;cada, as diversas a&ccedil;&otilde;es desenvolvidas de maneira distribu&iacute;da atrav&eacute;s da rede MetaReciclagem acabaram deixando um pouco de lado a constru&ccedil;&atilde;o do discurso do digital &ndash; percebido ali como demasiadamente focado nas ferramentas de comunica&ccedil;&atilde;o em si pr&oacute;prias, em contraposi&ccedil;&atilde;o &agrave; perspectiva de que o mais importante s&atilde;o as din&acirc;micas sociais que as tecnologias possibilitam. Em seu lugar, construiu-se uma hist&oacute;ria baseada em outros adjetivos. O livre, o aberto, o participativo, o colaborativo s&atilde;o centrais para a narrativa coletiva que circunda a MetaReciclagem.Mas n&atilde;o deixamos de lado a inten&ccedil;&atilde;o de trabalhar junto a diferentes institui&ccedil;&otilde;es, tentando influenciar a maneira como elas desenvolvem suas a&ccedil;&otilde;es. De maneira distribu&iacute;da e din&acirc;mica, integrantes da rede MetaReciclagem passou a buscar parcerias com o terceiro setor, com inst&acirc;ncias governamentais mais abrangentes - estaduais ou federais -, com organiza&ccedil;&otilde;es culturais. Contextos que oferecem um pouco mais de abertura para uma vis&atilde;o ampla em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s novas tecnologias de comunica&ccedil;&atilde;o.Desde ent&atilde;o, pessoas e grupos atuando dentro da rede MetaReciclagem criaram mais de uma d&uacute;zia de laborat&oacute;rios em todas as regi&otilde;es do pa&iacute;s. Alguns desapareceram com o tempo, outros se reinventam at&eacute; hoje. Se no in&iacute;cio nos apresent&aacute;vamos como um coletivo dedicado ao recondicionamento de computadores usados com a utiliza&ccedil;&atilde;o de software livre, o uso social das redes digitais e o impulso &agrave; distribui&ccedil;&atilde;o de cultura copyleft, hoje uma das defini&ccedil;&otilde;es mais comuns da MetaReciclagem &eacute; como rede aberta que prop&otilde;e e articula a&ccedil;&otilde;es de apropria&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica de tecnologias para a transforma&ccedil;&atilde;o social. Cada um desses termos &eacute; naturalmente debat&iacute;vel, e isso ocupa boa parte do nosso tempo. A rede conta hoje com quase quinhentas pessoas em sua lista de discuss&atilde;o, influenciou um sem-n&uacute;mero de projetos de tecnologia orientada para a sociedade, infiltrou-se em diversas discuss&otilde;es que supostamente n&atilde;o lhe diziam respeito, recebeu alguns pr&ecirc;mios e men&ccedil;&otilde;es honrosas. Mais do que tudo, sabotou a si pr&oacute;pria de maneira ativa e consciente - um m&eacute;todo para manter sua pot&ecirc;ncia transformadora e a desconfian&ccedil;a do poder institucional.Tamb&eacute;m percebemos muito cedo que n&atilde;o nos interessava simplesmente reutilizar a tecnologia em si, mas sim o h&aacute;bito de apropria&ccedil;&atilde;o t&atilde;o presente nas culturas populares do Brasil. Identificamos e buscamos valorizar as pr&aacute;ticas da gambiarra, como criatividade cotidiana e vernacular desenvolvendo solu&ccedil;&otilde;es com quaisquer objetos, conhecimentos ou pessoas dispon&iacute;veis; e do mutir&atilde;o, como forma&ccedil;&atilde;o coletiva din&acirc;mica orientada &agrave; solu&ccedil;&atilde;o de problemas.Em sua atua&ccedil;&atilde;o, a MetaReciclagem situou-se em diferentes contextos institucionais e discursivos. Se o ativismo midi&aacute;tico baseado na ideia de m&iacute;dia t&aacute;tica foi um dos primeiros fundamentos de agrega&ccedil;&atilde;o da rede, foi o campo da inclus&atilde;o digital que nos ofereceu a oportunidade de estabelecermos laborat&oacute;rios e desenvolvermos experimenta&ccedil;&otilde;es - ainda que buscando sempre ir al&eacute;m do mero acesso e propondo a apropria&ccedil;&atilde;o de tecnologias com base em uma cultura livre. Com o tempo descobrimos que aquilo que faz&iacute;amos tinha paralelos com hacklabs, hackerspaces e toda a cena de cultura de fa&ccedil;a-voc&ecirc;-mesmo. Entendemos que est&aacute;vamos assumindo uma posi&ccedil;&atilde;o de resist&ecirc;ncia contra a obsolesc&ecirc;ncia programada, que ter&iacute;amos um papel importante no debate sobre a quest&atilde;o do lixo eletr&ocirc;nico. Algumas pessoas da rede estabeleceram um di&aacute;logo produtivo e continuado com o campo da arte eletr&ocirc;nica.Essa trajet&oacute;ria est&aacute; diretamente ligada &agrave; prioridade que sempre atribu&iacute;mos &agrave; ideia de abertura, que necessariamente acompanha uma cultura livre. Uma sensibilidade do abrir, aproximando as pessoas da tecnologia para entender como as coisas funcionam, reordenar seus componentes, inventar outros usos, propor outras interpreta&ccedil;&otilde;es. Uma pr&aacute;tica da abertura que implica uma est&eacute;tica da abertura (e sua rela&ccedil;&atilde;o com o ru&iacute;do, a sujeira, a imperfei&ccedil;&atilde;o, o inesperado). Est&eacute;tica da abertura que necessariamente se relaciona com uma &eacute;tica da abertura, da participa&ccedil;&atilde;o, do compartilhamento. A compreens&atilde;o da abertura como princ&iacute;pio pol&iacute;tico. Um dos resultados desse posicionamento &eacute; o fato de a MetaReciclagem ter evitado uma institucionaliza&ccedil;&atilde;o centralizada. Em vez de definir uma estrutura hier&aacute;rquica definida, ela se concretiza de forma fluida e cambiante, sugerindo formas de mobilizar a&ccedil;&otilde;es que s&atilde;o supostamente mais adequadas a um contexto altamente enredado.A partir de 2003, o Brasil passaria por grandes transforma&ccedil;&otilde;es. Em especial na pol&iacute;tica cultural. Na esteira da elei&ccedil;&atilde;o de Lula como Presidente da Rep&uacute;blica, uma personagem inesperada para o jogo pol&iacute;tico tradicional se al&ccedil;aria ao posto de Ministro da Cultura: Gilberto Gil. M&uacute;sico com reconhecimento internacional e uma das principais vozes do tropicalismo - movimento cultural surgido nos anos sessentas que propunha o di&aacute;logo entre manifesta&ccedil;&otilde;es culturais tradicionais, as vanguardas art&iacute;sticas urbanas e a emergente cultura pop -, Gil sempre demonstrou uma curiosidade a respeito do papel que as tecnologias digitais poderiam exercer na cultura.O novo dirigente traria uma transforma&ccedil;&atilde;o fundamental para o Minist&eacute;rio: em vez de entender cultura somente sob o prisma da economia do entretenimento e do mercado da arte, propunha um entendimento antropol&oacute;gico da cultura como o conjunto de tudo aquilo que nos faz humanos, vivendo em sociedade. A partir desta perspectiva &eacute; que seria criado, sob a coordena&ccedil;&atilde;o de Celio Turino, o programa Cultura Viva, que propunha um &quot;do-in antropol&oacute;gico&quot;. O projeto pretendia identificar e estimular pontos potencialmente transformadores para as culturas brasileiras: os espa&ccedil;os que viriam a ser chamados de Pontos de Cultura.Logo depois de sua cria&ccedil;&atilde;o, o projeto Cultura Viva decidiu incluir uma vertente digital que incorporava uma profunda reflex&atilde;o a respeito de autonomia dos saberes, da generosidade impl&iacute;cita nas licen&ccedil;as livres e abertas, da valoriza&ccedil;&atilde;o de uma postura hacker (o pr&oacute;prio Ministro posicionou-se como um &quot;ministro hacker&quot;), e da livre circula&ccedil;&atilde;o de produ&ccedil;&atilde;o cultural. Naquele contexto, o digital n&atilde;o era entendido somente como uma nova linguagem, mas pelo contr&aacute;rio como elemento potencialmente integrador de diferentes linguagens art&iacute;sticas e formas de express&atilde;o cultural.Para planejar e implementar essa vis&atilde;o, o Minist&eacute;rio convidaria integrantes de diversos grupos, coletivos e redes que se dedicavam a quest&otilde;es de ativismo midi&aacute;tico, cultura livre e tecnologias de comunica&ccedil;&atilde;o. Isso daria ensejo a uma s&eacute;rie de a&ccedil;&otilde;es em conjunto: encontros, festivais, oficinas, processos de forma&ccedil;&atilde;o e interc&acirc;mbio. Centenas de grupos em todas as regi&otilde;es do Brasil tiveram seu primeiro contato com tecnologias de produ&ccedil;&atilde;o cultural, e j&aacute; come&ccedil;avam usando softwares livres. Laborat&oacute;riosNos anos seguintes, uma quest&atilde;o come&ccedil;ou a me inquietar em particular: se algumas das pessoas mais capacitadas em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; fronteira entre tecnologia e cultura est&atilde;o ocupadas dando oficinas para compartilhar o que j&aacute; aprenderam, quem &eacute; que vai se ocupar de pensar e desenvolver o futuro dessas tecnologias? Criar e ensinar s&atilde;o momentos igualmente necess&aacute;rios, mas em muitos casos exigem disposi&ccedil;&otilde;es mentais distintas. Em determinado momento, parecia que s&oacute; est&aacute;vamos criando alternativas de viabilidade para a forma&ccedil;&atilde;o, deixando de lado o aprofundamento, a experimenta&ccedil;&atilde;o formal e o questionamento do imagin&aacute;rio social envolvido em todas essas quest&otilde;es. Al&eacute;m de promover o acesso &agrave; cultura digital, como poder&iacute;amos apoiar o pr&oacute;prio desenvolvimento da cultura (sem adjetivos) em di&aacute;logo com esses novos contextos que t&ecirc;m surgido? Se t&iacute;nhamos uma vis&atilde;o cr&iacute;tica ao imagin&aacute;rio dos medialabs dos EUA e Europa, o que &eacute; que poder&iacute;amos propor para suced&ecirc;-los?Pensando nessas quest&otilde;es, criei em 2010 a plataforma Rede//Labs, que naquele ano estabeleceu uma parceria com o Minist&eacute;rio da Cultura para investigar que tipo de arranjo formal e administrativo se fazia necess&aacute;rio para estimular esse tipo de desenvolvimento. Quer&iacute;amos entender o que deveria ser um laborat&oacute;rio experimental adequado aos dias de hoje. Passamos alguns meses conversando com dezenas de pessoas e grupos atuantes nesse contexto no Brasil e no exterior. Organizamos um blog, promovemos um encontro com pessoas vindas de todo o pa&iacute;s e um painel internacional sobre laborat&oacute;rios de m&iacute;dia e laborat&oacute;rios experimentais. Conversamos bastante sobre como sustentar uma cultura de inova&ccedil;&atilde;o baseada em princ&iacute;pios de liberdade, abertura e compartilhamento, e orientada a demandas da sociedade, n&atilde;o simplesmente ao lucro. Identificamos temas emergentes como a cena maker, a prototipagem digital, as m&iacute;dias locativas, a realidade expandida, as cartografias colaborativas, o hardware livre, a internet das coisas, os sensores interconectados, entre outros. Entendemos que o laborat&oacute;rio experimental ideal n&atilde;o &eacute; (somente) um est&uacute;dio, e que tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; (somente) uma escola. Chegamos a esbo&ccedil;ar com o Minist&eacute;rio um mecanismode apoio formal &agrave; cultura digital experimental, e tra&ccedil;ar planos para a implementa&ccedil;&atilde;o de uma rede de laborat&oacute;rios de arte e tecnologia financiados pelo Minist&eacute;rio da Cultura.Infelizmente, a passagem de ano para 2011 assistiu a uma mudan&ccedil;a brusca no comando no Minist&eacute;rio da Cultura, o que fez com que todas essas a&ccedil;&otilde;es e planos ca&iacute;ssem no vazio institucional que se seguiu1. A nova prioridade no Minist&eacute;rio era a Secretaria de Economia Criativa. Ainda que mais aberta do que o referencial brit&acirc;nico das ind&uacute;strias criativas, era n&iacute;tida a reorienta&ccedil;&atilde;o desde a vis&atilde;o antropol&oacute;gica da cultura em dire&ccedil;&atilde;o a uma vis&atilde;o da cultura como mercado privilegiado.No fim de 2011, Rede//Labs estabeleceu uma parceria de pesquisa com o Centro de Cultura Espanhola de S&atilde;o Paulo, subordinado &agrave; AECID. Nos meses seguintes, redigi uma s&eacute;rie de artigos sobre laborat&oacute;rios experimentais em rede, e articulei a produ&ccedil;&atilde;o de quatro v&iacute;deos sobre diferentes organiza&ccedil;&otilde;es e cen&aacute;rios no Brasil que atuam nesse campo. Apesar da boa repercuss&atilde;o da parceria, a crise econ&ocirc;mica na Espanha ocasionou o encerramento das atividades do CCE de S&atilde;o Paulo, e no mesmo caminho seguiram as expectativas de dar sequ&ecirc;ncia &agrave; pesquisa.Ao longo desses percursos, acredito que tenhamos aprendido algumas li&ccedil;&otilde;es. Ou ao menos aprendemos a melhor elaborar algumas quest&otilde;es. Uma delas diz respeito ao aprisionamento ao mercado. Como &eacute; que podemos estimular a consolida&ccedil;&atilde;o de um tipo de reflex&atilde;o e de pr&aacute;tica culturais que est&atilde;o ligadas &agrave; multiplica&ccedil;&atilde;o dos instrumentos de informa&ccedil;&atilde;o e comunica&ccedil;&atilde;o, mas como fazemos isso sem cair na armadilha da mensura&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica segundo a qual tudo que n&atilde;o tem valor comercial n&atilde;o merece investimento? Quais os caminhos para propor colabora&ccedil;&atilde;o antidisciplinar, que n&atilde;o somente ultrapasse as barreiras entre as disciplinas, mas deixe-as para tr&aacute;s?Outra quest&atilde;o que tem surgido e inspirado cada vez mais propostas &eacute; a integra&ccedil;&atilde;o entre os fluxos das redes digitais e os fluxos das ruas. Em vez de cair naquela vis&atilde;o (que muitos j&aacute; consideram obsoleta) segundo a qual a internet era a nega&ccedil;&atilde;o da cidade - seu extremo oposto-, um grande n&uacute;mero de iniciativas tem buscado justamente relacionar essas duas dimens&otilde;es diferenciadas de sociabilidade dentro de uma vis&atilde;o integrada. S&atilde;o a&ccedil;&otilde;es que se desenrolam simultaneamente na internet e nas cidades, que relacionam e retroalimentam o &acirc;mbito dos commons digitais juntamente ao &acirc;mbito do espa&ccedil;o p&uacute;blico urbano. Que trazem a cultura livre para as ruas ao mesmo tempo em que levam a criatividade vernacular e as t&aacute;ticas de apropria&ccedil;&atilde;o do cotidiano para as redes online. Projetos de mapeamento digital colaborativo, interven&ccedil;&otilde;es (e festas) que tomam as ruas. A&ccedil;&otilde;es que pensam a pr&oacute;pria rua como laborat&oacute;rio, abundante em recursos pouco utilizados e em solu&ccedil;&otilde;es inovadoras. Que pensam mesmo o laborat&oacute;rio convencional como espa&ccedil;o situado no cen&aacute;rio urbano, potencialmente um espa&ccedil;o de contato que ainda precisamos entender melhor. Que incentivam a ci&ecirc;ncia cidad&atilde;, a criatividade economicamente improdutiva, o hacking de imagin&aacute;rio social. Valores como integra&ccedil;&atilde;o, amizade, afeto, colabora&ccedil;&atilde;o e toler&acirc;ncia ultrapassando a competi&ccedil;&atilde;o. Porque no fundo o que queremos s&atilde;o futuros mais justos, participativos e inclusivos. E isso n&atilde;o ser&aacute; poss&iacute;vel sem desenvolvermos plenamente o potencial das nossas cidades, incorporando os adjetivos que fa&ccedil;am sentido durante o caminho mas sem perder de vista o horizonte.O caminho &eacute; longo, mas j&aacute; estamos em marcha. 1Devo aqui acrescentar que em setembro de 2012 houve nova mudan&ccedil;a de Ministra da Cultura no Brasil. Enquanto escrevo este texto escuto boatos de retomada de a&ccedil;&otilde;es mais experimentais em cultura e tecnologia. Aguardemos.&nbsp;</a> blogs cidade cidades digitais feeds metareciclagem projetos ubalab ubatuba urbe Tue, 30 Oct 2012 00:23:32 +0000 felipefonseca 12881 at http://efeefe.no-ip.org Cidades, coisas, pessoas http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidades-coisas-pessoas <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p><img alt="" src="/sites/ubalab.org/files/images/01capa(1).jpg" width="500" /></p> <p>Um número crescente de iniciativas ligadas à cultura livre, à mobilização em rede e à apropriação crítica de tecnologias têm se dedicado a refletir sobre a cidade como construção “hackeável”, e a propor maneiras de interferir nela. É um importante desdobramento que busca superar a oposição artificial entre “virtual” e “real”, e reabilitar a cidade como espaço primordial de disputa na busca de transformação efetiva.</p> <p>Mais do que lançar ideias soltas na rua, essas intervenções, projetos e articulações se propõem a interferir na própria construção da cidade enquanto infraestrutura coletiva. Dois anos atrás eu <a href="http://ubalab.org/blog/metareciclando-cidades-digitais" rel="nofollow" rel="nofollow">me perguntava</a> sobre o paralelo que via entre a maneira como a MetaReciclagem se aproxima das tecnologias de informação e o tipo de mudança que as redes colaborativas podem proporcionar às cidades. Hoje vejo muitas hipóteses sendo colocadas a prova.</p> <p>Um grupo heterogêneo que circula em torno da <a href="http://casadaculturadigital.com.br/" rel="nofollow" rel="nofollow">Casa de Cultura Digital</a>, em São Paulo, tem atuado em algumas dessas questões. O <a href="http://baixocentro.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Baixo Centro</a> vai além de simplesmente retratar digitalmente a cidade, e propõe uma retomada criativa e bem-humorada das ruas. O <a href="http://www.arteforadomuseu.com.br/" rel="nofollow" rel="nofollow">Arte Fora do Museu</a> dá visibilidade para expressão artística que de outro modo seria invisível, soterrada pela pressa, pelo anonimato e pela rotina da vida urbana. O <a href="http://www.onibushacker.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Ônibus Hacker</a> põe em prática uma ideia sonhada por vários coletivos ao longo dessa última década: um laboratório móvel que se arma onde quer que haja interesse e uma extensão de energia elétrica. Outros grupos e formações, como o <a href="http://labmovel.net/" rel="nofollow" rel="nofollow">Labmóvel</a>, também têm investigado essa relação entre a lógica colaborativa que emerge das redes digitais e o mundo lá fora. Assumindo uma vertente mais crítica, o <a href="https://cartografiasinsurgentes.wordpress.com/" rel="nofollow" rel="nofollow">Laboratório de Cartografias Insurgentes</a> buscou produzir “mapas políticos” que retratassem as remoções e despejos no Rio de Janeiro em decorrência dos megaeventos vindouros. Em comum entre todos esses projetos, a incorporação do espaço público como território compartilhado.</p> <p>Naturalmente, assuntos como mapeamento colaborativo têm pipocado por todos os cantos (eu mesmo já relatei o <a href="http://blog.redelabs.org/blog/labx-festival-culturadigitalbr" rel="nofollow" rel="nofollow">Labx</a>, que teve um eixo chamado “geografia experimental”, e algumas brincadeiras com mapeamento aéreo de baixo custo <a href="http://ubalab.org/blog/os-ceus-sobre-o-rio" rel="nofollow" rel="nofollow">nos céus do Rio de Janeiro</a>). Para quem se interessa especificamente por ferramentas e metodologias de mapeamento, estamos organizando (mais!) uma lista de discussão chamada <a href="https://lists.riseup.net/www/info/geolivre" rel="nofollow" rel="nofollow">geolivre</a>. Apareçam por lá.</p> <p>Do outro lado do Atlântico, o diálogo entre ruas e redes também é foco de atenção. Inspirado pelo <a href="https://es.wikipedia.org/wiki/Movimiento_15-M" rel="nofollow" rel="nofollow">Movimento 15M</a>, pela ideia de openness e pelas diversas iniciativas recentes de cartografia cidadã, o Medialab Prado organizou em Madrid a conferência “City Open Interface”. O mesmo Medialab Prado foi também responsável, junto com a <a href="http://sciencegallery.com/" rel="nofollow" rel="nofollow">Science Gallery</a>, pela realização na Irlanda do <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos12_dublin_hackear_la_ciudad_necesidades_actuales_y_futuras" rel="nofollow" rel="nofollow">Interactivos?’12 Dublin</a>, que reuniu projetos e ideias sobre “hackear a cidade”. O evento se propunha a desenvolver protótipos funcionais para mudar a relação das pessoas com o entorno urbano. É interessante perceber que os projetos selecionados têm uma pegada emergente, de baixo para cima. Ainda mais levando-se em conta que Dublin foi sede do <a href="http://medialabeurope.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Media Lab Europe</a>, uma espécie de sucursal do <a href="http://www.media.mit.edu/" rel="nofollow" rel="nofollow">Media Lab do MIT</a>. O encerramento do projeto em 2005 é usualmente interpretado como um fracasso na replicação de um modelo que funciona bem nos Estados Unidos, mas que não é necessariamente a resposta adequada para outras localidades (como eu já sugeria <a href="http://blog.redelabs.org/blog/laboratorios-de-midia-referencias" rel="nofollow" rel="nofollow">aqui</a>). Apesar do nome em comum, a proposta do Medialab Prado - na qual as tecnologias surgem como facilitadores para a construção coletiva das cidades - vai em direção oposta ao modo usual de agir do Media Lab do MIT (que acredita que um software de planejamento urbano pode ajudar a <a href="http://www.fastcoexist.com/1678493/mits-free-urban-planning-software-will-help-build-the-cities-of-the-future" rel="nofollow" rel="nofollow">construir as cidades do futuro</a>).</p> <p>Essa é uma diferença importante que surge entre a perspectiva dos laboratórios experimentais em rede e aquela dos laboratórios de mídia em um formato mais tradicional. Estes de certa forma distanciam-se da pulsação local, transformando-se em lugares alheios a seu entorno para se concentrar em soluções replicáveis a contextos diversos. Enquanto eu entendo essa forma de agir, acredito que ela não deveria ser a única possível. Já propus anteriormente que os labs experimentais podem se tornar <a href="http://blog.redelabs.org/blog/laboratorios-experimentais-interface-rede-rua" rel="nofollow" rel="nofollow">interfaces entre a rede e a rua</a>. Pode ser interessante então reconhecer algumas dinâmicas presentes na cidade enquanto construção coletiva, a fim de saber como melhor operar.</p> <p>Muitos ativistas da tecnologia livre (entre os quais humildemente me incluo) sofremos frequentemente de uma certa síndrome do novo mundo. Identificamos lógicas que funcionam na comunicação digital e logo queremos transpô-las para todas as áreas do conhecimento. É um impulso potente e muitas vezes criativo, mas que pode sofrer de uma superficialidade tremenda. A primeira observação que faço é que a questão urbana, as dinâmicas sociais e a infraestrutura de circulação vêm sendo estudadas há séculos. Suas dinâmicas, inclusive aquelas que se assemelham a pontos críticos da cultura digital - em especial a tensão entre controle e organicidade - já foram analisadas de forma bastante abrangente. Algumas boas ideias (e outras péssimas) foram testadas na prática com populações inteiras. Em vez de jogar na lata de lixo todo esse histórico, podemos buscar pontos de composição com ele - que podem inclusive nos ajudar a entender a própria tecnologia de uma forma diferente.</p> <p>Bernardo Gutiérrez, jornalista espanhol residente em São Paulo, escreveu recentemente sobre <a href="http://futuramedia.net/politica/cidades-copyleft" rel="nofollow" rel="nofollow">cidades e copyleft</a>, buscando paralelos entre um ensaio urbanístico de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Lefebvre" rel="nofollow" rel="nofollow">Henri Lefebvre</a> e uma compilação de escritos de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Matthew_Stallman" rel="nofollow" rel="nofollow">Richard Stallman</a>. Falando sobre assuntos distintos - respectivamente a cidade e o software -, ambos afirmam uma condição de realidade em construção, de obra inacabada, em relação à qual podemos assumir uma eterna possibilidade de interferência.</p> <p>É essa transitoriedade que sugere ser possível mexer nas cidades de modo análogo ao software. Mas essa analogia não deve ser interpretada de maneira absoluta. O que interessa aqui é justamente a abertura à modificação, e não uma redução da realidade cotidiana a meros sistemas informacionais. Por mais que a cidade possa ser modificada de forma parecida com o software livre, ela em si não é simplesmente uma descrição digital abstrata. A série de documentários “All Watched Over By Machines of Loving Grace”, produzida por Adam Curtis para a BBC (e disponível para <a href="http://archive.org/details/AdamCurtis-AllWatchedOverByMachinesOfLovingGrace" rel="nofollow" rel="nofollow">download no Archive.org</a>) mostra a influência que as teorias da cibernética adquiriram ao longo da segunda metade do século XX. Dá exemplos dos efeitos nefastos decorrentes da utilização em larga escala de princípios da cibernética para o dia a dia da administração da economia, da política e da sociedade. Para funcionar, esses princípios supõem a redução de toda ação humana, todo fenômeno natural, toda a realidade à nossa volta, a uma representação matemática. Mas a sociedade não cabe em um modelo matemático. Ela não é o mero circuito de circulação, comércio e “entretenimento” (seja lá o que isso for). Ela é, isso sim, lugar privilegiado da contradição, onde intimidade e anonimato estão lado a lado, onde harmonia e hostilidade podem ser esperadas a todo momento, onde precariedade e oportunidades se chocam.</p> <p>Merece atenção especial o discurso de “cidades inteligentes” atualmente em construção, alimentado por interesses poderosos inspirados nessa visão simplista da cidade. É assustador perceber a total ignorância que os representantes da indústria têm sobre o tipo de ameaça que essas tecnologias trazem para futuros menos iluminados. Sistemas de controle podem parecer uma boa ideia, mas se caírem em mãos erradas podem ter consequências desastrosas. Mais assustador ainda é ver como são bem relacionadas essas pessoas. Vendem projetos milionários para administrações municipais, que as implementam de cima para baixo, mais uma vez ignorando totalmente a complexidade de implicações que esses projetos têm na sociedade. Não fazem ideia de como realmente se dão os fluxos dentro das cidades (que para Adam Greenfield já <a href="http://urbanscale.org/news/2012/03/06/week-61-spontaneous-order-and-value-from-the-bottom-up/" rel="nofollow" rel="nofollow">são inteligentes em si mesmas</a>, independente de dispositivos interconectados).</p> <p>Juan Freire lidera o grupo de trabalho “<a href="http://nomada.blogs.com/jfreire/2012/01/ciudad-procomun.html" rel="nofollow" rel="nofollow">Ciudad e Procomún</a>” do Medialab Prado, que propõe “uma resposta crítica e construtiva ao modelo de cidades inteligentes”. Entre suas preocupações está a disseminação de vários tipos de sensores interconectados e controlados pela administração pública para monitorar em tempo real a vida urbana (a tal “internet das coisas” muito oportunamente questionada pelo <a href="http://www.theinternetofthings.eu/" rel="nofollow" rel="nofollow">IOT Council</a>). Freire afirma que o problema desse tipo de urbanismo não é a tecnologia, mas a reiteração de um modelo de cidade centralizada e hierárquica.</p> <p>Escrevendo sobre “<a href="http://andrelemos.info/2012/05/a-cidade-da-internet-das-coisas/" rel="nofollow" rel="nofollow">a cidade da internet das coisas</a>”, André Lemos afirma que pensar sobre tecnologia para cidades não se trata somente de automatizar a comunicação entre objetos informacionais para aumentar a eficiência do dia a dia, mas também de “produzir novos discursos, novas narrativas sobre o urbano (do se perder, de serendipidade, do ficar invisível aos sistemas de detecção, de ressaltar ruídos e padrões que escapem da utilidade estreita).” A cidade não pode ser administrada como uma partida de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/SimCity" rel="nofollow" rel="nofollow">SimCity</a>. Infelizmente, isso é justamente o que o impulso pelo controle acaba gerando. Um vídeo da Globo News incorporado no artigo de Lemos retrata a demonstração que o prefeito do Rio faz de seu mais novo videogame, digo, Centro de Operações. Ao longo da reportagem, eu tive a sombria impressão de assistir a uma cena de flashback de algum filme de ficção distópica - aquela cena em que o filme volta no tempo para mostrar quais foram os fatos que acabaram levando a um futuro indesejável. O vídeo está disponível, por enquanto, aqui:</p> <p></p> <p>Essa gramática do controle, sobre a qual já <a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres" rel="nofollow" rel="nofollow">escrevi anteriormente</a>, baseia-se justamente na redução da cidade ao modelo cibernético. É justamente esse ponto cego em relação à complexidade da política cotidiana - política aqui entendida como arte da vida coletiva, em sociedade - que escapa às mais bem intencionadas tentativas de diretamente transpor lógicas típicas das redes digitais para o espaço urbano.</p> <p>No começo desse ano eu acompanhei a certa distância algumas das discussões sobre transparência e controle social da administração pública. Grande parte do que se propõe nesse tema em âmbito municipal trata somente de dados de execução orçamentária - divulgando quanto a prefeitura gastou com cada área de administração. Poucos envolvidos chegam a refletir sobre abrir todo o processo burocrático não somente aos olhos da população, mas também à cabeça ou mesmo aos braços dela. Em outras palavras, o cidadão só pode assistir enquanto a prefeitura gasta o dinheiro - não é chamado a dividir a responsabilidade pelas decisões e em nenhum momento é convidado a ajudar na prática. Mesmo que eu tenha disposição, tempo, conhecimento e ferramentas para ajudar no jardinamento da praça ao lado da minha casa, não sou autorizado a fazê-lo, para não atrapalhar o funcionamento da máquina burocrática para a qual não passo de um número.</p> <p>Nas redes e nos grupos que discutem essas coisas, costumamos porpor um tipo de relação que se opõe à submissão da sociedade ao funcionamento das novas tecnologias. Acreditamos que, pelo contrário, as tecnologias é que deveriam ser adaptadas para ajudar a construir uma sociedade mais participativa, harmoniosa, aberta à diversidade e justa. Para isso, é preciso ter bem claro que a mera digitalização, interconexão e circulação de informação sobre o espaço urbano não vai criar a cidade que queremos. Na verdade, se essa captura e gerenciamento de informação se presta a fins de controle, enquadramento e exclusão, ela está indo justamente no caminho contrário. Antes uma cidade desconectada do que uma cidade conectada a uma central de controle autoritária!</p> <p>2012 é ano de eleições municipais. É uma época crucial. Em muitas cidades de todos os portes, os assuntos “cidade digital” e “cidade inteligente” têm ganhado espaço nas campanhas eleitorais. Além disso, o cenário de esvaziamento conceitual nas políticas públicas federais de acesso à tecnologia nos puxa de volta para o local como espaço legítimo de disputa de visões de mundo. Nos últimos dois anos, perdemos muito espaço a partir da imposição de uma lógica mercantilista à visão antropológica que o Ministério da Cultura previamente liderava. Da mesma forma, ganha espaço em Brasília a retórica simplista das “cidades digitais” - que dá importância muito maior à criação de redes wi-fi municipais que oferecem acesso doméstico privado do que a espaços comunitários que proporcionem vivência, troca, experimentação e aprendizado mútuo. Não podemos deixar que essa tendência se torne hegemônica.</p> <p>Para a grande maioria das pessoas que leem esse artigo, a cidade é uma realidade inescapável. Está logo ali, atravessando a porta. Ela pode parecer opressora, perigosa, impossível de mudar. Mas é só começar a procurar pra descobrir que tem mais um monte de gente tentando. Como fazer pra encontrar essas pessoas? Use as redes!</p> <p>Este artigo foi escrito com o apoio do Centro Cultural da Espanha em São Paulo.</p> <p>PS eu havia incluído o vídeo errado do prefeito do Rio. Fiz a correção acima.</p><a href="http://ubalab.org/blog/cidades-coisas-pessoas" title="Cidades, coisas, pessoas" lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Um n&uacute;mero crescente de iniciativas ligadas &agrave; cultura livre, &agrave; mobiliza&ccedil;&atilde;o em rede e &agrave; apropria&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica de tecnologias t&ecirc;m se dedicado a refletir sobre a cidade como constru&ccedil;&atilde;o &ldquo;hacke&aacute;vel&rdquo;, e a propor maneiras de interferir nela. &Eacute; um importante desdobramento que busca superar a oposi&ccedil;&atilde;o artificial entre &ldquo;virtual&rdquo; e &ldquo;real&rdquo;, e reabilitar a cidade como espa&ccedil;o primordial de disputa na busca de transforma&ccedil;&atilde;o efetiva.Mais do que lan&ccedil;ar ideias soltas na rua, essas interven&ccedil;&otilde;es, projetos e articula&ccedil;&otilde;es se prop&otilde;em a interferir na pr&oacute;pria constru&ccedil;&atilde;o da cidade enquanto infraestrutura coletiva. Dois anos atr&aacute;s eu me perguntava sobre o paralelo que via entre a maneira como a MetaReciclagem se aproxima das tecnologias de informa&ccedil;&atilde;o e o tipo de mudan&ccedil;a que as redes colaborativas podem proporcionar &agrave;s cidades. Hoje vejo muitas hip&oacute;teses sendo colocadas a prova.Um grupo heterog&ecirc;neo que circula em torno da Casa de Cultura Digital, em S&atilde;o Paulo, tem atuado em algumas dessas quest&otilde;es. O Baixo Centro vai al&eacute;m de simplesmente retratar digitalmente a cidade, e prop&otilde;e uma retomada criativa e bem-humorada das ruas. O Arte Fora do Museu d&aacute; visibilidade para express&atilde;o art&iacute;stica que de outro modo seria invis&iacute;vel, soterrada pela pressa, pelo anonimato e pela rotina da vida urbana. O &Ocirc;nibus Hacker p&otilde;e em pr&aacute;tica uma ideia sonhada por v&aacute;rios coletivos ao longo dessa &uacute;ltima d&eacute;cada: um laborat&oacute;rio m&oacute;vel que se arma onde quer que haja interesse e uma extens&atilde;o de energia el&eacute;trica. Outros grupos e forma&ccedil;&otilde;es, como o Labm&oacute;vel, tamb&eacute;m t&ecirc;m investigado essa rela&ccedil;&atilde;o entre a l&oacute;gica colaborativa que emerge das redes digitais e o mundo l&aacute; fora. Assumindo uma vertente mais cr&iacute;tica, o Laborat&oacute;rio de Cartografias Insurgentes buscou produzir &ldquo;mapas pol&iacute;ticos&rdquo; que retratassem as remo&ccedil;&otilde;es e despejos no Rio de Janeiro em decorr&ecirc;ncia dos megaeventos vindouros. Em comum entre todos esses projetos, a incorpora&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o p&uacute;blico como territ&oacute;rio compartilhado.Naturalmente, assuntos como mapeamento colaborativo t&ecirc;m pipocado por todos os cantos (eu mesmo j&aacute; relatei o Labx, que teve um eixo chamado &ldquo;geografia experimental&rdquo;, e algumas brincadeiras com mapeamento a&eacute;reo de baixo custo nos c&eacute;us do Rio de Janeiro). Para quem se interessa especificamente por ferramentas e metodologias de mapeamento, estamos organizando (mais!) uma lista de discuss&atilde;o chamada geolivre. Apare&ccedil;am por l&aacute;.Do outro lado do Atl&acirc;ntico, o di&aacute;logo entre ruas e redes tamb&eacute;m &eacute; foco de aten&ccedil;&atilde;o. Inspirado pelo Movimento 15M, pela ideia de openness e pelas diversas iniciativas recentes de cartografia cidad&atilde;, o Medialab Prado organizou em Madrid a confer&ecirc;ncia &ldquo;City Open Interface&rdquo;. O mesmo Medialab Prado foi tamb&eacute;m respons&aacute;vel, junto com a Science Gallery, pela realiza&ccedil;&atilde;o na Irlanda do Interactivos?&rsquo;12 Dublin, que reuniu projetos e ideias sobre &ldquo;hackear a cidade&rdquo;. O evento se propunha a desenvolver prot&oacute;tipos funcionais para mudar a rela&ccedil;&atilde;o das pessoas com o entorno urbano. &Eacute; interessante perceber que os projetos selecionados t&ecirc;m uma pegada emergente, de baixo para cima. Ainda mais levando-se em conta que Dublin foi sede do Media Lab Europe, uma esp&eacute;cie de sucursal do Media Lab do MIT. O encerramento do projeto em 2005 &eacute; usualmente interpretado como um fracasso na replica&ccedil;&atilde;o de um modelo que funciona bem nos Estados Unidos, mas que n&atilde;o &eacute; necessariamente a resposta adequada para outras localidades (como eu j&aacute; sugeria aqui). Apesar do nome em comum, a proposta do Medialab Prado - na qual as tecnologias surgem como facilitadores para a constru&ccedil;&atilde;o coletiva das cidades - vai em dire&ccedil;&atilde;o oposta ao modo usual de agir do Media Lab do MIT (que acredita que um software de planejamento urbano pode ajudar a construir as cidades do futuro).Essa &eacute; uma diferen&ccedil;a importante que surge entre a perspectiva dos laborat&oacute;rios experimentais em rede e aquela dos laborat&oacute;rios de m&iacute;dia em um formato mais tradicional. Estes de certa forma distanciam-se da pulsa&ccedil;&atilde;o local, transformando-se em lugares alheios a seu entorno para se concentrar em solu&ccedil;&otilde;es replic&aacute;veis a contextos diversos. Enquanto eu entendo essa forma de agir, acredito que ela n&atilde;o deveria ser a &uacute;nica poss&iacute;vel. J&aacute; propus anteriormente que os labs experimentais podem se tornar interfaces entre a rede e a rua. Pode ser interessante ent&atilde;o reconhecer algumas din&acirc;micas presentes na cidade enquanto constru&ccedil;&atilde;o coletiva, a fim de saber como melhor operar.Muitos ativistas da tecnologia livre (entre os quais humildemente me incluo) sofremos frequentemente de uma certa s&iacute;ndrome do novo mundo. Identificamos l&oacute;gicas que funcionam na comunica&ccedil;&atilde;o digital e logo queremos transp&ocirc;-las para todas as &aacute;reas do conhecimento. &Eacute; um impulso potente e muitas vezes criativo, mas que pode sofrer de uma superficialidade tremenda. A primeira observa&ccedil;&atilde;o que fa&ccedil;o &eacute; que a quest&atilde;o urbana, as din&acirc;micas sociais e a infraestrutura de circula&ccedil;&atilde;o v&ecirc;m sendo estudadas h&aacute; s&eacute;culos. Suas din&acirc;micas, inclusive aquelas que se assemelham a pontos cr&iacute;ticos da cultura digital - em especial a tens&atilde;o entre controle e organicidade - j&aacute; foram analisadas de forma bastante abrangente. Algumas boas ideias (e outras p&eacute;ssimas) foram testadas na pr&aacute;tica com popula&ccedil;&otilde;es inteiras. Em vez de jogar na lata de lixo todo esse hist&oacute;rico, podemos buscar pontos de composi&ccedil;&atilde;o com ele - que podem inclusive nos ajudar a entender a pr&oacute;pria tecnologia de uma forma diferente.Bernardo Guti&eacute;rrez, jornalista espanhol residente em S&atilde;o Paulo, escreveu recentemente sobre cidades e copyleft, buscando paralelos entre um ensaio urban&iacute;stico de Henri Lefebvre e uma compila&ccedil;&atilde;o de escritos de Richard Stallman. Falando sobre assuntos distintos - respectivamente a cidade e o software -, ambos afirmam uma condi&ccedil;&atilde;o de realidade em constru&ccedil;&atilde;o, de obra inacabada, em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; qual podemos assumir uma eterna possibilidade de interfer&ecirc;ncia.&Eacute; essa transitoriedade que sugere ser poss&iacute;vel mexer nas cidades de modo an&aacute;logo ao software. Mas essa analogia n&atilde;o deve ser interpretada de maneira absoluta. O que interessa aqui &eacute; justamente a abertura &agrave; modifica&ccedil;&atilde;o, e n&atilde;o uma redu&ccedil;&atilde;o da realidade cotidiana a meros sistemas informacionais. Por mais que a cidade possa ser modificada de forma parecida com o software livre, ela em si n&atilde;o &eacute; simplesmente uma descri&ccedil;&atilde;o digital abstrata. A s&eacute;rie de document&aacute;rios &ldquo;All Watched Over By Machines of Loving Grace&rdquo;, produzida por Adam Curtis para a BBC (e dispon&iacute;vel para download no Archive.org) mostra a influ&ecirc;ncia que as teorias da cibern&eacute;tica adquiriram ao longo da segunda metade do s&eacute;culo XX. D&aacute; exemplos dos efeitos nefastos decorrentes da utiliza&ccedil;&atilde;o em larga escala de princ&iacute;pios da cibern&eacute;tica para o dia a dia da administra&ccedil;&atilde;o da economia, da pol&iacute;tica e da sociedade. Para funcionar, esses princ&iacute;pios sup&otilde;em a redu&ccedil;&atilde;o de toda a&ccedil;&atilde;o humana, todo fen&ocirc;meno natural, toda a realidade &agrave; nossa volta, a uma representa&ccedil;&atilde;o matem&aacute;tica. Mas a sociedade n&atilde;o cabe em um modelo matem&aacute;tico. Ela n&atilde;o &eacute; o mero circuito de circula&ccedil;&atilde;o, com&eacute;rcio e &ldquo;entretenimento&rdquo; (seja l&aacute; o que isso for). Ela &eacute;, isso sim, lugar privilegiado da contradi&ccedil;&atilde;o, onde intimidade e anonimato est&atilde;o lado a lado, onde harmonia e hostilidade podem ser esperadas a todo momento, onde precariedade e oportunidades se chocam.Merece aten&ccedil;&atilde;o especial o discurso de &ldquo;cidades inteligentes&rdquo; atualmente em constru&ccedil;&atilde;o, alimentado por interesses poderosos inspirados nessa vis&atilde;o simplista da cidade. &Eacute; assustador perceber a total ignor&acirc;ncia que os representantes da ind&uacute;stria t&ecirc;m sobre o tipo de amea&ccedil;a que essas tecnologias trazem para futuros menos iluminados. Sistemas de controle podem parecer uma boa ideia, mas se ca&iacute;rem em m&atilde;os erradas podem ter consequ&ecirc;ncias desastrosas. Mais assustador ainda &eacute; ver como s&atilde;o bem relacionadas essas pessoas. Vendem projetos milion&aacute;rios para administra&ccedil;&otilde;es municipais, que as implementam de cima para baixo, mais uma vez ignorando totalmente a complexidade de implica&ccedil;&otilde;es que esses projetos t&ecirc;m na sociedade. N&atilde;o fazem ideia de como realmente se d&atilde;o os fluxos dentro das cidades (que para Adam Greenfield j&aacute; s&atilde;o inteligentes em si mesmas, independente de dispositivos interconectados).Juan Freire lidera o grupo de trabalho &ldquo;Ciudad e Procom&uacute;n&rdquo; do Medialab Prado, que prop&otilde;e &ldquo;uma resposta cr&iacute;tica e construtiva ao modelo de cidades inteligentes&rdquo;. Entre suas preocupa&ccedil;&otilde;es est&aacute; a dissemina&ccedil;&atilde;o de v&aacute;rios tipos de sensores interconectados e controlados pela administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica para monitorar em tempo real a vida urbana (a tal &ldquo;internet das coisas&rdquo; muito oportunamente questionada pelo IOT Council). Freire afirma que o problema desse tipo de urbanismo n&atilde;o &eacute; a tecnologia, mas a reitera&ccedil;&atilde;o de um modelo de cidade centralizada e hier&aacute;rquica.Escrevendo sobre &ldquo;a cidade da internet das coisas&rdquo;, Andr&eacute; Lemos afirma que pensar sobre tecnologia para cidades n&atilde;o se trata somente de automatizar a comunica&ccedil;&atilde;o entre objetos informacionais para aumentar a efici&ecirc;ncia do dia a dia, mas tamb&eacute;m de &ldquo;produzir novos discursos, novas narrativas sobre o urbano (do se perder, de serendipidade, do ficar invis&iacute;vel aos sistemas de detec&ccedil;&atilde;o, de ressaltar ru&iacute;dos e padr&otilde;es que escapem da utilidade estreita).&rdquo; A cidade n&atilde;o pode ser administrada como uma partida de SimCity. Infelizmente, isso &eacute; justamente o que o impulso pelo controle acaba gerando. Um v&iacute;deo da Globo News incorporado no artigo de Lemos retrata a demonstra&ccedil;&atilde;o que o prefeito do Rio faz de seu mais novo videogame, digo, Centro de Opera&ccedil;&otilde;es. Ao longo da reportagem, eu tive a sombria impress&atilde;o de assistir a uma cena de flashback de algum filme de fic&ccedil;&atilde;o dist&oacute;pica - aquela cena em que o filme volta no tempo para mostrar quais foram os fatos que acabaram levando a um futuro indesej&aacute;vel. O v&iacute;deo est&aacute; dispon&iacute;vel, por enquanto, aqui:Essa gram&aacute;tica do controle, sobre a qual j&aacute; escrevi anteriormente, baseia-se justamente na redu&ccedil;&atilde;o da cidade ao modelo cibern&eacute;tico. &Eacute; justamente esse ponto cego em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; complexidade da pol&iacute;tica cotidiana - pol&iacute;tica aqui entendida como arte da vida coletiva, em sociedade - que escapa &agrave;s mais bem intencionadas tentativas de diretamente transpor l&oacute;gicas t&iacute;picas das redes digitais para o espa&ccedil;o urbano.No come&ccedil;o desse ano eu acompanhei a certa dist&acirc;ncia algumas das discuss&otilde;es sobre transpar&ecirc;ncia e controle social da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica. Grande parte do que se prop&otilde;e nesse tema em &acirc;mbito municipal trata somente de dados de execu&ccedil;&atilde;o or&ccedil;ament&aacute;ria - divulgando quanto a prefeitura gastou com cada &aacute;rea de administra&ccedil;&atilde;o. Poucos envolvidos chegam a refletir sobre abrir todo o processo burocr&aacute;tico n&atilde;o somente aos olhos da popula&ccedil;&atilde;o, mas tamb&eacute;m &agrave; cabe&ccedil;a ou mesmo aos bra&ccedil;os dela. Em outras palavras, o cidad&atilde;o s&oacute; pode assistir enquanto a prefeitura gasta o dinheiro - n&atilde;o &eacute; chamado a dividir a responsabilidade pelas decis&otilde;es e em nenhum momento &eacute; convidado a ajudar na pr&aacute;tica. Mesmo que eu tenha disposi&ccedil;&atilde;o, tempo, conhecimento e ferramentas para ajudar no jardinamento da pra&ccedil;a ao lado da minha casa, n&atilde;o sou autorizado a faz&ecirc;-lo, para n&atilde;o atrapalhar o funcionamento da m&aacute;quina burocr&aacute;tica para a qual n&atilde;o passo de um n&uacute;mero.Nas redes e nos grupos que discutem essas coisas, costumamos porpor um tipo de rela&ccedil;&atilde;o que se op&otilde;e &agrave; submiss&atilde;o da sociedade ao funcionamento das novas tecnologias. Acreditamos que, pelo contr&aacute;rio, as tecnologias &eacute; que deveriam ser adaptadas para ajudar a construir uma sociedade mais participativa, harmoniosa, aberta &agrave; diversidade e justa. Para isso, &eacute; preciso ter bem claro que a mera digitaliza&ccedil;&atilde;o, interconex&atilde;o e circula&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o sobre o espa&ccedil;o urbano n&atilde;o vai criar a cidade que queremos. Na verdade, se essa captura e gerenciamento de informa&ccedil;&atilde;o se presta a fins de controle, enquadramento e exclus&atilde;o, ela est&aacute; indo justamente no caminho contr&aacute;rio. Antes uma cidade desconectada do que uma cidade conectada a uma central de controle autorit&aacute;ria!2012 &eacute; ano de elei&ccedil;&otilde;es municipais. &Eacute; uma &eacute;poca crucial. Em muitas cidades de todos os portes, os assuntos &ldquo;cidade digital&rdquo; e &ldquo;cidade inteligente&rdquo; t&ecirc;m ganhado espa&ccedil;o nas campanhas eleitorais. Al&eacute;m disso, o cen&aacute;rio de esvaziamento conceitual nas pol&iacute;ticas p&uacute;blicas federais de acesso &agrave; tecnologia nos puxa de volta para o local como espa&ccedil;o leg&iacute;timo de disputa de vis&otilde;es de mundo. Nos &uacute;ltimos dois anos, perdemos muito espa&ccedil;o a partir da imposi&ccedil;&atilde;o de uma l&oacute;gica mercantilista &agrave; vis&atilde;o antropol&oacute;gica que o Minist&eacute;rio da Cultura previamente liderava. Da mesma forma, ganha espa&ccedil;o em Bras&iacute;lia a ret&oacute;rica simplista das &ldquo;cidades digitais&rdquo; - que d&aacute; import&acirc;ncia muito maior &agrave; cria&ccedil;&atilde;o de redes wi-fi municipais que oferecem acesso dom&eacute;stico privado do que a espa&ccedil;os comunit&aacute;rios que proporcionem viv&ecirc;ncia, troca, experimenta&ccedil;&atilde;o e aprendizado m&uacute;tuo. N&atilde;o podemos deixar que essa tend&ecirc;ncia se torne hegem&ocirc;nica.Para a grande maioria das pessoas que leem esse artigo, a cidade &eacute; uma realidade inescap&aacute;vel. Est&aacute; logo ali, atravessando a porta. Ela pode parecer opressora, perigosa, imposs&iacute;vel de mudar. Mas &eacute; s&oacute; come&ccedil;ar a procurar pra descobrir que tem mais um monte de gente tentando. Como fazer pra encontrar essas pessoas? Use as redes!Este artigo foi escrito com o apoio do Centro Cultural da Espanha em S&atilde;o Paulo.PS eu havia inclu&iacute;do o v&iacute;deo errado do prefeito do Rio. Fiz a corre&ccedil;&atilde;o acima.</a> blogs cidade feeds internet das coisas iot medialab prado projetos ubalab ubatuba urbe Sat, 04 Aug 2012 03:30:19 +0000 felipefonseca 12694 at http://efeefe.no-ip.org Juba - primeira cidade de código aberto no mundo? http://efeefe.no-ip.org/agregando/juba-primeira-cidade-de-codigo-aberto-no-mundo <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Stephen Kovats foi diretor do festival alemão <a href="http://transmediale.de" rel="nofollow" rel="nofollow">Transmediale</a>, na época em que o festival abriu as portas para a <a href="http://rede.metareciclagem.org" rel="nofollow" rel="nofollow">MetaReciclagem</a>, <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow" rel="nofollow">Bricolabs</a>, <a href="http://pub.descentro.org" rel="nofollow" rel="nofollow">descentro</a>, <a href="http://dynebolic.org" rel="nofollow" rel="nofollow">dynebolic</a> e outrxs. Kovats está agora à frente da <a href="http://r0g-media.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">r0g</a>, agência que promove a cultura aberta e a transformação crítica. Nesta semana, eles estão organizando o #<a href="http://r0g-media.org/osjuba/" rel="nofollow" rel="nofollow">osjuba</a>, que investiga a contribuição que as metodologias de código aberto, transparência de dados e cultura livre podem oferecer para criação de Estados sustentáveis e viáveis, em especial em zonas emergindo de conflito deflagrado. Estados, vejam bem, com maiúscula: eles estão pensando em administração pública, com a possibilidade de implementação prática em <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Juba_%28Sud%C3%A3o_do_Sul%29" rel="nofollow" rel="nofollow">Juba</a>, capital do <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Sud%C3%A3o_do_Sul" rel="nofollow" rel="nofollow">Sudão do Sul</a> - país surgido em 2011 no nordeste da África. O horizonte com o qual estão trabalhando por lá é que Juba se torne a primeira cidade de código aberto no mundo. Entender o que significaria isso e como chegar lá é o objetivo do <a href="http://www.supermarkt-berlin.net/content/osjuba-juba-worlds-first-open-source-city" rel="nofollow" rel="nofollow">encontro</a> que acontece entre hoje e amanhã em Berlim. Haverá stream ao vivo entre as 10h e 13h e entre 17h e 18h (horário de Berlim, cinco horas a mais que no Brasil).</p><a href="http://ubalab.org/blog/juba-primeira-cidade-de-codigo-aberto-no-mundo" title="Juba - primeira cidade de código aberto no mundo?" lang="en_GB" rev="large" class="FlattrButton" rel="nofollow">Stephen Kovats foi diretor do festival alem&atilde;o Transmediale, na &eacute;poca em que o festival abriu as portas para a MetaReciclagem, Bricolabs, descentro, dynebolic e outrxs. Kovats est&aacute; agora &agrave; frente da r0g, ag&ecirc;ncia que promove a cultura aberta e a transforma&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica. Nesta semana, eles est&atilde;o organizando o #osjuba, que investiga a contribui&ccedil;&atilde;o que as metodologias de c&oacute;digo aberto, transpar&ecirc;ncia de dados e cultura livre podem oferecer para cria&ccedil;&atilde;o de Estados sustent&aacute;veis e vi&aacute;veis, em especial em zonas emergindo de conflito deflagrado. Estados, vejam bem, com mai&uacute;scula: eles est&atilde;o pensando em administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica, com a possibilidade de implementa&ccedil;&atilde;o pr&aacute;tica em Juba, capital do Sud&atilde;o do Sul - pa&iacute;s surgido em 2011 no nordeste da &Aacute;frica. O horizonte com o qual est&atilde;o trabalhando por l&aacute; &eacute; que Juba se torne a primeira cidade de c&oacute;digo aberto no mundo. Entender o que significaria isso e como chegar l&aacute; &eacute; o objetivo do encontro que acontece entre hoje e amanh&atilde; em Berlim. Haver&aacute; stream ao vivo entre as 10h e 13h e entre 17h e 18h (hor&aacute;rio de Berlim, cinco horas a mais que no Brasil).</a> blogs cidade cidades digitais feeds projetos ubalab ubatuba urbe Thu, 21 Jun 2012 16:29:01 +0000 felipefonseca 12588 at http://efeefe.no-ip.org Cidades digitais, a gramática do controle e os protocolos livres http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidades-digitais-a-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Minha busca por alternativas locais, sustentáveis e justas para o desenvolvimento de inovação e tecnologias livres aponta cada vez mais para a necessidade de maior articulação entre duas classes de estruturas informacionais que se sobrepõem: a cidade e as redes digitais. Eu escrevi aqui no ano passado sobre a perspectiva de <a href="http://ubalab.org/blog/metareciclando-cidades-digitais" rel="nofollow" rel="nofollow">cidade como sistema operacional</a>. Essa aproximação não é inédita. Na mesma fronteira mas talvez em sentido inverso, o artigo <a href="http://www.thenextlayer.org/node/1346" rel="nofollow" rel="nofollow">Reading the Digital City</a>, publicado no Next Layer por <a href="http://t0.or.at/" rel="nofollow" rel="nofollow">Clemens Apprich</a>, analisa justamente a influência que a ideia de cidade exerceu nos primeiros anos de popularização da internet, e como essa influência foi usada para estabelecer relações de controle e poder:</p> <blockquote><p> "Não é por acidente que a cidade tenha sido escolhida como uma das mais significativas metáforas para os primeiros dias da internet. A cidade tem (como o Ciberespaço) uma origem militar e é definida (pelo menos simbolicamente) por muros cujos portões constituem a interface para o resto do mundo. (...) A interface determina como o usuário concebe o próprio computador e o mundo acessível a partir dele."</p> </blockquote><p><a href="http://ubalab.org/blog/cidades-digitais-gramatica-do-controle-e-os-protocolos-livres" target="_blank" rel="nofollow">leia mais</a></p> blogs cidade cidades digitais dados abertos feeds iot metareciclagem opendata projetos reprap transparencia ubalab ubatuba urbe Tue, 05 Apr 2011 20:36:11 +0000 felipefonseca 10493 at http://efeefe.no-ip.org Ubatuba http://efeefe.no-ip.org/agregando/ubatuba <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <blockquote><p> Esse post é uma adaptação do contexto descrito no texto do <a href="http://ubalab.org/blog/ubalab-polo-de-tecnologias-livres-status" rel="nofollow" rel="nofollow">projeto que foi selecionado</a> como Esporo de Cultura Digital em edital do Ministério da Cultura. Mais informações sobre a situação atual do projeto, <a href="http://ubalab.org/blog/ubalab-polo-de-tecnologias-livres-status" rel="nofollow" rel="nofollow">aqui</a>. </p></blockquote> <p>Ubatuba é um retrato em pequena escala do Brasil. Natureza exuberante, população jovem com uma herança cultural miscigenada – com núcleos de origem caiçara, indígena e quilombola. Conta com grupos religiosos de denominações diversas, um setor cultural emergente que luta contra a precariedade de condições e oportunidades, e uma classe empreendedora que vem se estabelecendo. Está localizada entre as capitais de Rio de Janeiro e São Paulo, e acaba assumindo um pouco da natureza cultural dos dois estados – simultaneamente trabalhadora e criativa, festiva e dedicada. Tem uma também diversa população flutuante, com interesses variados – triviais como o turismo de temporada ou específicos como a observação de pássaros.<br /> Em alguns assuntos Ubatuba é um exemplo: conta com uma boa rede de ciclofaixas, é uma referência esportiva como sede de campeonatos internacionais de surfe. A Mata Atlântica, considerada reserva da Biosfera pela Unesco, e que no restante do Brasil já foi desmatada em mais de 93%, circunda toda a cidade. Segundo levantamentos recentes (2010), quase 90% de seu território são dedicados à preservação.</p> <p><a href="http://ubalab.org/blog/ubatuba" target="_blank" rel="nofollow">leia mais</a></p> blogs cidade contexto cultura digital feeds projeto projetos ubalab ubatuba Wed, 16 Feb 2011 04:00:57 +0000 felipefonseca 10065 at http://efeefe.no-ip.org Bi Ciclos http://efeefe.no-ip.org/agregando/bi-ciclos <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>O <a href="http://www.artemov.net/" rel="nofollow" rel="nofollow">Arte.mov</a> levou recentemente a São Paulo <a href="http://burbane.org/" rel="nofollow" rel="nofollow">Andrés Burbano</a> e seu projeto Bi Ciclos (<a href="http://www.two-cycles.net/" rel="nofollow" rel="nofollow">Two Cycles</a>),que foi demonstrado nas ruas da cidade e no SESC Pinheiros.<br /> <img alt="Bi Ciclos" width="500" height="333" src="http://www.artemov.net/saopaulo/wp-content/uploads/2010/12/burbano-1.jpg" /><br /> <a href="http://www.artemov.net/saopaulo/?p=192" rel="nofollow" rel="nofollow">Do blog do Arte.mov:</a> Andres Burbano (COL/EUA) – Sistema para performances compreendendo duas bicicletas em movimento. Desenvolvida na Suíça, a performance foi pensada como um “show nômade eletrônico”. Cada bicicleta tem um pequeno laptop interligado através de uma rede sem-fio móvel e permite compartilhar dados em rede e traduzidos em sons, em tempo real.<br /> Vale a pena também dar uma olhada nos <a href="http://burbane.org/html/projects.htm" rel="nofollow" rel="nofollow">outros projetos</a> de Burbano.</p> bicicleta blogs cidade feeds internet projetos sensores ubalab ubatuba urbe Thu, 09 Dec 2010 02:23:02 +0000 felipefonseca 9512 at http://efeefe.no-ip.org Sem pressa http://efeefe.no-ip.org/agregando/sem-pressa <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Estou andando a passos lentos com esse projeto. Não só porque o nome ainda não é definitivo - e tudo que não quero é começar a agitar um lance pra depois ter que mudar de nome - mas principalmente porque estou dedicando esses primeiros tempos a sair pela cidade, olhar, sentir. Até já fiz algumas marcações de coordenadas, tirei fotos, fiz notas mentais. Mas por enquanto, prefiro tratar isso muito mais como levantamento e pré-produção do que o mapeamento em si. Uma busca de acertar o ritmo da respiração meu com o de Ubatuba. Hoje, por exemplo, fomos à Almada pela manhã, almoçamos por lá, e durante a tarde fiquei circulando pelo centro - Biblioteca Municipal, Praça 13 de Maio, Calçadão, depois um tempinho na padaria Integrale. Depois, voltei pra casa e fiquei conversando sobre a Mata Atlântica, contexto, temas pra projetos e arte e limites disso, com um amigo colombiano.</p> blogs cidade feeds pre-mapeamento projetos ubalab ubatuba Sat, 27 Mar 2010 01:01:04 +0000 felipefonseca 8448 at http://efeefe.no-ip.org Cidades post-it http://efeefe.no-ip.org/agregando/cidades-post-it <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Fiquei sabendo que o projeto <a href="http://www.forumpermanente.org/.event_pres/simp_sem/seminario-post-it-cities/home/" rel="nofollow">Post-it Cities</a> (cuja exposição eu <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/cidadejando" rel="nofollow">visitei</a> em Barcelona) realiza um seminário em sampa semana que vem. Vou ver se apareço ou acompanho o stream (mas não sei se ele roda em software livre).<br /> <img width="499" height="220" src="http://www.forumpermanente.org/.referencias/banco_imagens/imagens-seminario-post-it-cities-2009/imagem%20post-it%20subsite.jpg/" alt="" /></p> cidade desvio eventos mostras urbe Wed, 16 Sep 2009 15:50:48 +0000 felipefonseca 5943 at http://efeefe.no-ip.org