efeefe - bricolage http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/119/0 pt-br Cultura Material http://efeefe.no-ip.org/agregando/cultura-material <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p>Bem interessante o programa dessa série de palestras sobre <a href="http://www.ppgte.ct.utfpr.edu.br/seminarios/culturamaterial.htm" rel="nofollow">uso e cultura material</a> na UTFPR. A da manhã de hoje falaria sobre desvio, bricolagem e gambiarra. Pena que estou tão longe de Curitiba...</p> <h2>Desvio de função, bricolage e gambiarra</h2> <p>Por Dr. Christian Kasper<br /> Data: 16 de outubro de 2009<br /> Esta primeira aula introduz aos temas abordados no seminário. O principal objetivo é discutir e desmontar a noção de função a partir de práticas que a colocam em xeque, mostrando que o uso dos artefatos é suscetível a variações imprevistas. Propõe uma leitura do texto fundamental de C. Lévi-Strauss sobre bricolage, examina algumas abordagens contemporâneas da questão e apresenta o desvio de função como meio de entender a relatividade cultural do uso.<br /> Coordenação: Profª. Drª. Maristela Mitsuko Ono</p> <h2>Corpo e cultura material</h2> <p>Por Dr. Christian Kasper<br /> Data: 23 de outubro de 2009</p> <p>As práticas corporais, como mostrou Mauss, correspondem a técnicas próprias a cada cultura. Desenvolvendo o trabalho de Mauss, Warnier propõe uma abordagem da cultura material que considera as condutas sensório-motoras envolvidas na relação com os artefatos como parte da mesma. Esses autores serão usados para entender o envolvimento do corpo na relação de uso..</p> <h2>Esquemas e affordances</h2> <p>Por Dr. Christian Kasper<br /> Data: 06 de novembro de 2009<br /> O conceito de esquema, oriundo da psicologia, oferece um meio de pensar o uso em sua dimensão habitual. As affordances (propiciações), conceito proposto por J. Gibson, são possibilidades de uso ligadas aos artefatos. A dupla esquema-affordance é proposta como uma alternativa à dupla necessidade-função, clássica na teoria do design, para pensar o uso de maneira não prescritiva..</p> <h2>A função como estratégia</h2> <p>Por Dr. Christian Kasper<br /> Data:  20 de novembro de 2009<br /> Considerando a função de um artefato como um uso entre outros possíveis, examinamos como, por quais estratégias, este uso particular é reforçado. Da imposição de padrões de uso no espaço público às exigências do estilo de vida, os artefatos sempre vêm acompanhados de um ?como usar?, mais ou menos coercitivo, que pretende controlar sua interpretação. A ênfase será colocada nas relações de poder envolvidas, enfocando o caráter político da imposição de função..</p> <h2>Habitar</h2> <p>Por Dr. Christian Kasper<br /> Data: 04 de dezembro de 2009<br /> A relação de habitar, envolvendo o corpo, as práticas, o ambiente e os artefatos, concentra uma série de questões relativas ao uso e ao design e constitui um ponto privilegiado para pensar a cultura material em sua dimensão cotidiana. A introdução à problemática do habitar será também a ocasião de apontar para além da perspectiva elaborada ao longo deste seminário, em direção aos processos de subjetivação..<br /> Coordenação: Profª. Drª. Maristela Mitsuko Ono</p> bricolage desvio gambiologia Fri, 16 Oct 2009 18:01:54 +0000 felipefonseca 6207 at http://efeefe.no-ip.org Rosas sobre Gambiarra http://efeefe.no-ip.org/blog/rosas-sobre-gambiarra <blockquote> <p> A gambiarra está igualmente muito próxima do conceito de bricolagem formulado por Claude Lévi-Strauss em O Pensamento Selvagem. Pensando o bricoleur como “aquele que trabalha com suas mãos, utilizando meios indiretos se comparado ao artista” (4), seu conjunto de meios não é definível por um projeto, como é o caso do engenheiro, mas se define apenas por sua instrumentalidade, com elementos que são recolhidos e conservados em função do princípio de que “isso sempre pode servir”. O bricoleur cria usando expedientes e meios sem um plano preconcebido, afastado dos processos e normas adotados pela técnica, com materiais fragmentários já elaborados, e suas criações se reduzem sempre a um arranjo novo de elementos cuja natureza só é modificada à medida que figurem no conjunto instrumental ou na disposição final. A diferenciação que Lévi-Strauss faz entre o bricoleur e o engenheiro é essencial para se entender a gambiarra, essa livre criação mais além dos manuais de uso e das restrições projetuais da funcionalidade, como uma prática essencialmente de bricolagem. </p> <p> Acima de tudo, para se entender a gambiarra não apenas como prática, criação popular, mas também como arte ou intervenção na esfera social, é preciso ter em mente alguns elementos quase sempre presentes. Alguns deles seriam: a precariedade dos meios; a improvisação; a inventividade; o diálogo com a realidade circundante, local, com a comunidade; a possibilidade de sustentabilidade; o flerte com a ilegalidade; a recombinação tecnológica pelo re-uso ou novo uso de uma dada tecnologia, entre outros. Tais elementos não necessariamente aparecerão juntos ou estarão sempre presentes. De qualquer modo, alguns deles sempre aparecem por uma circunstância ou por outra. </p> <p> (...)A gambiarra é sem dúvida uma prática política. Tal política pode se dar não apenas enquanto ativismo (ou ferramenta de suporte para ele), mas porque a própria prática da gambiarra implica uma afirmação política. E, consciente ou não, em muitos momentos a gambiarra pode negar a lógica produtiva capitalista, sanar uma falta, uma deficiência, uma precariedade, reinventar a produção, utopicamente vislumbrar um novo mundo, uma revolução, ou simplesmente tentar curar certas feridas abertas do sistema, trazer conforto ou uma voz a quem é negado. A gambiarra é ela mesma uma voz, um grito, de liberdade, de protesto, ou simplesmente, de existência, de afirmação de uma criatividade inata. </p> <p> Por outro lado, ela não necessariamente implica num “produto final”, pois também é processo, um “work in progress”. Talvez o processo seja mais importante, talvez exatamente por que a gambiarra nunca é final, sempre há algo para acrescentar ou aprimorar. No entanto, há algo mais. Como vimos pelos exemplos dos ativistas brasileiros, a gambiarra também é método. É modo, modus operandi, tática, de guerrilha, de ação, de transmissão, de disseminação. Isso pode ser observado não apenas no modo de funcionamento dos grupos ativistas de mídia mas também nas práticas dos coletivos artísticos, locais e redes alternativas. Espaços alternativos em todo o Brasil, como a Casa de Contracultura de São Paulo, o já extinto Gato Negro, Espaço Insurgente, Espaço Impróprio e Espaço Estilingue são lugares não apenas de encontro mas, numa espécie de “gambiarra processual” anarquista, efetuam residências, ocupações, trocas e estratégias auto-sustentáveis para manter suas existências e realizar intercâmbios entre artistas, ativistas e grupos. </p> <p> (...)Em sua escrita peculiar, Sterling tenta nos mostrar, numa linha evolutiva, como o homem, em seu trajeto tecnológico, passou da produção e utilização de artefatos, a dada altura na história – pelo final do império Mongol, segundo o autor -, para o uso de máquinas que substituíram os artefatos, transformando os seus utilizadores em clientes. Séculos à frente, depois da Primeira Guerra Mundial, estes clientes são transformados em consumidores, quando as máquinas evoluem para produtos, através da distribuição, comercialização e fabrico anônimo e uniforme. Esta evolução implicaria em especializações na manufatura e uso das coisas, especializações que se agudizariam no momento seguinte, segundo Sterling, iniciado em 1989, quando apareceram os gizmos (engenhocas, gadgets) e consumidores viram utilizadores-finais na “Nova Desordem Mundial” em que vivemos agora. Os gizmos são, pois, objetos altamente instáveis, alteráveis pelo utilizador, tremendamente multifuncionais e normalmente programáveis. Têm também um período de vida curto. Os gizmos oferecem tanta funcionalidade que é normalmente mais barato importar novas funcionalidades para o objeto do que seria simplificá-lo. . A evolução seguinte seria o que Sterling define como spime. Tecnicamente, spimes – um neologismo do autor - ainda não existem enquanto tais. Na previsão de Sterling, o spime é maquinário interativo, novo, inventivo, objeto fabricado cujo suporte informativo ou dados armazenados são tantos e tão ricos que conformam a materialização de um sistema imaterial. Spimes começam e terminam como dados. São sustentáveis, aprimoráveis, com identidade única e feito de substâncias que podem ser retornadas à cadeia de produção de outros futuros spimes. Como diz Sterling, “Spimes são informação fundida com sustentabilidade”. </p> <p> Muito embora Sterling não cite a produção “faça-você-mesmo” de forma direta e o spime incorpore dados da história do próprio objeto (entre outras formas, pelo sistema RFID), sofisticação esta muito distante de boa parte das atuais criações de gambiarras, não há como não ver em sua visualização do spime um pouco da multi-função, da sempre presente possibilidade de recriação, de alteração e modificação que define o caráter recombinante da gambiarra. Numa trajetória quase biológica, como poderíamos pensar com Gilbert Simondon ou Bernard Stiegler, o objeto técnico (o aparelho, o aparato, o que seja) pode se aprimorar com o tempo, gerando compostos, se transformando, numa linha quiçá realmente evolutiva. E nessa linha, a gambiarra bem poderia ser uma irmã mais criativa, mais arriscada dos gizmos, ou seja, uma precursora do spime. Ou então será que, com suas constantes atualizações e reatualizações, a gambiarra já não é ela mesma um spime? </p> </blockquote> GAMBIARRA – ALGUNS PONTOS PARA SE PENSAR UMA TECNOLOGIA RECOMBINANTE, Ricardo Rosas no <a href="http://rizoma.net/interna.php?id=348&amp;secao=artefato" title="Rizoma" rel="nofollow">Rizoma</a>. bricolabs bricolage gambiarra metareciclagem Sat, 01 Sep 2007 10:51:16 +0000 felipefonseca 374 at http://efeefe.no-ip.org