efeefe - amsterdam http://efeefe.no-ip.org/taxonomy/term/102/0 pt-br Piquenique do hype http://efeefe.no-ip.org/agregando/piquenique-do-hype <div class=fonte_feed> <em>Este post foi agregado por RSS. Link original:<br> <a href=></a></em></div> --- <p><img align="right" alt="" src="http://fast.mediamatic.nl/f/dxdx/image/895/46797-272-182.jpg" />Foram anunciados hoje os temas para a <a href="http://www.picnicnetwork.org/page/46737/en" rel="nofollow">versão de 2009 do Picnic Networks</a>, evento em Amsterdam que se propõe a "reunir e disseminar as idéias e o conhecimento dos melhores criadores e inovadores do mundo, através de uma conferência de alto nível". O picnic reúne gente interessante, mas cai na armadilha do hype das indústrias criativas: muita pose, megaestrutura, pouca conversa efetiva entre os diferentes sub-eventos. E preços exorbitantes. Tive a oportunidade de participar de um evento dentro da edição de 2007, o <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/uncommon-ground" rel="nofollow">(un)common ground</a>, e foi exatamente isso: tive a oportunidade de conhecer muita gente interessante, entre eles alguns integrantes da rede <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow">bricolabs</a>. Eu não pagaria os absurdos 595 euros para participar, mas também não reclamaria de estar por lá para encontrar as pessoas ;)</p> <a href="http://www.picnicnetwork.org/id/46448" rel="nofollow">Mídia em explosão: Estória em explosão</a> <a href="http://www.picnicnetwork.org/id/46446" rel="nofollow">A Próxima Economia: Social, Sustentável, Criativa</a> <a href="http://www.picnicnetwork.org/id/46447" rel="nofollow">Vida em Movimento: Encontrando a Magia na Mobilidade</a> amsterdam desvio eventos indústrias criativas Fri, 05 Jun 2009 02:06:14 +0000 felipefonseca 5816 at http://efeefe.no-ip.org Uma semana depois do wintercamp... http://efeefe.no-ip.org/blog/uma-semana-depois-do-wintercamp <p>Algumas anota&ccedil;&otilde;es, digerindo o <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp">wintercamp</a>:</p> <p>Um grupo ser <em>networked</em>, enredado, n&atilde;o significa que seja colaborativo, participativo ou coletivo. Existem redes de domina&ccedil;&atilde;o, redes de privil&eacute;gios, redes de viol&ecirc;ncia. Olhando para alguns grupos que participaram do wintercamp, eu sinto que existe algo em comum com as redes que me s&atilde;o mais pr&oacute;ximas. Mas esse comum n&atilde;o &eacute; a topologia das rela&ccedil;&otilde;es, o mero fato de organizarem-se em rede. Esse comum vai mais no sentido de uma &eacute;tica, uma &eacute;tica do estar e construir juntos, uma &eacute;tica do compartilhar recursos, quest&otilde;es e oportunidades, uma &eacute;tica do reconhecer-se como serumanx no olhar de outrxs serumanxs. Uma &eacute;tica da humaniza&ccedil;&atilde;o, do respeito, da confian&ccedil;a, do afeto. Essa &eacute;tica s&oacute; pode operar em rede: ela n&atilde;o sobrevive em ambientes centralizados ou autorit&aacute;rios. Mas o oposto n&atilde;o &eacute; verdade: nem toda rede reconhece ou segue essa &eacute;tica. Nesse sentido, a ret&oacute;rica das redes pode ser t&atilde;o vazia quanto a ret&oacute;rica do digital: tamb&eacute;m as redes, como o digital, podem prejudicar e desumanizar. Por estranho que pare&ccedil;a, tamb&eacute;m as redes podem servir a um tipo de ego&iacute;smo compartilhado e aliena&ccedil;&atilde;o semi-volunt&aacute;ria.</p> amsterdam bricolabs metareciclagem trip wintercamp Mon, 16 Mar 2009 18:17:46 +0000 felipefonseca 4129 at http://efeefe.no-ip.org Wintercamp http://efeefe.no-ip.org/blog/wintercamp <p>H&aacute; alguns meses, eu j&aacute; acompanhava a movimenta&ccedil;&atilde;o do <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp" rel="nofollow">Wintercamp</a> como um evento extremamente potente, mas com alguma coisa estranha. Potente por conta das redes, algumas das quais eu admiro h&aacute; tempos, como <a href="http://dyne.org/" rel="nofollow">Dyne</a>, <a href="http://goto10.org/" rel="nofollow">Goto10</a> e <a href="http://en.flossmanuals.net/" rel="nofollow">Flossmanuals</a>.</p> <p>Nas semanas anteriores ao evento, houve alguma tens&atilde;o sobre o formato na lista de discuss&atilde;o: questionamentos sobre as plen&aacute;rias e a grade de hor&aacute;rios bastante apertada. Devo dizer que a id&eacute;ia das plen&aacute;rias tamb&eacute;m me incomodou desde o come&ccedil;o: ecos da minha inf&acirc;ncia acompanhando o pet&ecirc; dos anos oitenta em Porto Alegre e aquelas discuss&otilde;es intermin&aacute;veis sobre qualquer coisa que na verdade eram sobre territ&oacute;rio e supremacia.</p> <p>Uma <a href="http://www.nettime.org/Lists-Archives/nettime-l-0902/msg00033.html" rel="nofollow">mensagem</a> que circulou por outras listas tamb&eacute;m colocava algumas das quest&otilde;es do wintercamp: &quot;O que vem depois da empolga&ccedil;&atilde;o inicial? O que acontece depois que nos ligamos, encontramos colegas antigos, ficamos amigos e at&eacute; nos encontramos? Enredar-se vai continuar sendo visto como um n&iacute;vel solto adicional de intera&ccedil;&atilde;o social ou os la&ccedil;os ficar&atilde;o mais s&eacute;rios? O que as redes fazem com nossa cultura a longo prazo? (...)&quot;. Algumas das perguntas me parecem de certa forma preconceituosas, uma vis&atilde;o europ&eacute;ia sobre as redes como uma camada em cima da sociedade ocidental, o que acho que &eacute; s&oacute; parte da verdade.</p> <p>A proposta do tal <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/meta-group/" rel="nofollow">metagrupo</a> era que eles queriam &quot;ajudar&quot; as redes, o que me sugere uma a&ccedil;&atilde;o externa, de alguma forma artificial e alienada do engajamento na rede, que n&atilde;o faz assim tanto sentido na l&oacute;gica enredada. Na abertura do evento, ouvi que queriam &quot;fortalecer as redes&quot;. Como se elas j&aacute; n&atilde;o fossem fortes normalmente.</p> <p>Cheguei l&aacute; pra comprovar: a quantidade de pessoas muito interessantes foi uma das maiores em todos os eventos que j&aacute; participei. Poderia passar um dia inteiro conversando com cada uma de algumas dezenas de pessoas que conheci ou re-encontrei no wintercamp. Por esse motivo, sem d&uacute;vida nenhuma o evento valeu a pena. Conhecer o Vlad, de Oaxaca, ou o pessoal da <a href="http://freaknet.org/index-pdp11.php" rel="nofollow">Freaknet</a> da It&aacute;lia, estreitar os la&ccedil;os com muita gente e compartilhar o cotidiano por uma semana t&ecirc;m efeitos totalmente positivos na minha vida e na minha atua&ccedil;&atilde;o no mundo</p> <p><strong>&Uacute;ltimo dia</strong></p> <p>Tive a impress&atilde;o que o wintercamp durou tempo demais. No &uacute;ltimo dia, eu tive que sair pra caminhar depois de acordar. N&atilde;o aguentava mais estar l&aacute; no meio, me esfor&ccedil;ando pra falar l&iacute;ngua de gringx e tentando acompanhar as dezenas de conversas interessantes. Fui dar uma volta na cidade, ver um pouco de Amsterdam (dezuc&eacute;u, quanto turista...).</p> <p>Perdi a primeira metade das apresenta&ccedil;&otilde;es finais. &Eacute; uma pena, porque eu queria participar, mas j&aacute; n&atilde;o conseguia absorver mais nada.</p> <p>A apresenta&ccedil;&atilde;o dos <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow">Bricolabs</a> foi na linha ca&oacute;tica de sempre: nosso &quot;coordenador&quot; n&atilde;o estava, o que nos ajudou a definir a estrat&eacute;gia. Colamos um cartaz do evento remixado (a identidade visual do wintercamp usava uma iconografia de rede centralizada: pontos ligados a partir de um centro, e o pessoal fez por bem fazer liga&ccedil;&otilde;es entre todos os pontos, pra se aproximar mais da topologia de uma rede mesh).</p> <p>Uma situa&ccedil;&atilde;o inc&ocirc;moda era o fato de um evento dedicado a redes se encerrar em uma estrutura de audit&oacute;rio, com palco iluminado, sistema de som e a plat&eacute;ia sentada em sil&ecirc;ncio e no escuro. Sabotamos o formato, n&atilde;o mandando ningu&eacute;m para o palco, s&oacute; pessoas escondidas no meio da plat&eacute;ia, conversando aos microfones. Alguns dos pontos centrais eram mostrar que n&atilde;o temos lideran&ccedil;a, que temos tamb&eacute;m pessoas em outras redes, e que n&atilde;o existem fronteiras definidas para o que &eacute; Bricolabs. Em determinado momento, eu peguei o microfone e falei que n&atilde;o queria ser rude (o que pode ter feito o lance ser rude de verdade), mas que achava que as quest&otilde;es colocadas pela organiza&ccedil;&atilde;o do evento estavam ultrapassadas e n&atilde;o nos interessavam mais. Falei tamb&eacute;m que muita gente ali era &quot;post-networked&quot; (p&oacute;s-enredadxs?) - n&atilde;o estamos mais deslumbradxs com o hype das redes: estamos atuando efetivamente em rede, e isso n&atilde;o precisa de argumenta&ccedil;&atilde;o em si.</p> amsterdam bricolabs redes trip wintercamp Mon, 16 Mar 2009 01:16:01 +0000 felipefonseca 4127 at http://efeefe.no-ip.org Mais bricolabs http://efeefe.no-ip.org/blog/mais-bricolabs <p>Esqueci de comentar no <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/bricolabs-no-wintercamp" rel="nofollow">post sobre os bricolabs</a> no wintercamp: <a href="http://intermundos.org" rel="nofollow">Vanessa</a> levou uns dispositivos que o pessoal montou (uma lanterna carregada por manivela, montada em bambu, e outra montada em um instrumento m&aacute;gico dos Xam&atilde;s colombianos). Mostrou tamb&eacute;m um v&iacute;deo muito interessante, do pessoal mostrando esses instrumentos para um xam&atilde;.</p> <p>Tamb&eacute;m: alguns posts sobre os bricolabs:</p> <ul> <li><a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/2009/03/04/bricolabs-autonomous-world-domination/" rel="nofollow">Bricolabs: autonomous world domination</a>.</li> <li><a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/2009/03/09/final-day-presentation-bricolabs/" rel="nofollow">Final day presentation: Bricolabs</a>.</li> </ul> <p>&nbsp;</p> amsterdam bricolabs wintercamp Sun, 15 Mar 2009 23:54:03 +0000 felipefonseca 4126 at http://efeefe.no-ip.org Anotações de vôo http://efeefe.no-ip.org/blog/anota%C3%A7%C3%B5es-de-v%C3%B4o <p>Ganhei uma carona de casa at&eacute; o aeroporto de Congonhas, onde ia tomar o fresc&atilde;o at&eacute; Guarulhos. Fui bem cedo, pra evitar problemas. At&eacute; chegar no aeroporto, usava havaianas e carregava as botas com pelos por dentro na m&atilde;o. A previs&atilde;o para Amsterdam era frio (para os nossos padr&otilde;es). Doming&atilde;o paulistano, aquela cidade impessoal, vazia de almas, em boa parte do caminho. A lua me acompanhava, dizendo boa viagem. Tentei fotograf&aacute;-la, mas foto de celular &eacute; lixo.<br /> <br /> O v&ocirc;o para Amsterdam vai fazer uma escala em Lisboa. Check-in muito tranq&uuml;ilo. Uma poltrona F, corredor interno na direita. Sem vizinhos: duas poltronas s&oacute; para mim. Equipe de bordo simp&aacute;tica, e avi&atilde;o aparentemente novo. O sistema de multim&iacute;dia, pessoal, com touchscreen e controle remoto, rodava Linux. Eu sei porque o meu travou, reiniciou o X, travou de novo, deu um reboot at&eacute; funcionar. Engra&ccedil;ado que o fato de ser linux evitou que eu ficasse puto. Se fosse esperar o boot do windows, certamente teria reclamado com o comiss&aacute;rio. Ali&aacute;s, o comiss&aacute;rio veio confirmar que eu queria comida vegetariana. N&atilde;o queria. Mas o senhor pediu. N&atilde;o pedi. Quem comprou minha passagem deve ter pedido. O senhor precisa se descadastrar, sen&atilde;o em todos os v&ocirc;os da TAP vai aparecer como vegetariano. Ok. Menu impresso.<br /> <br /> At&eacute; Lisboa, tudo ok. Cheguei at&eacute; a dormir uns 20 minutos e depois uma horinha (eu nunca durmo em avi&otilde;es, mas fica mais f&aacute;cil ocupando duas poltronas). Passei liso na alf&acirc;ndega. Gosto de ouvir o sotaque portugu&ecirc;s. Aeroportos s&atilde;o n&atilde;o-lugares. Eu costumo gostar das surpresas no hall, mas dentro das salas de embarque tudo &eacute; muito ass&eacute;ptico e frio. <br /> <br /> * * * <br /> <br /> Nuvens brancas se estendem pela Europa continental. Um grande cobertor l&aacute; embaixo, segurando o inverno que eu j&aacute; esqueci. Aqui no avi&atilde;o, estou de camiseta. Estranho pensar como est&atilde;o as coisas l&aacute; debaixo da cobertura de vapor. Encontrar o sol &eacute; f&aacute;cil, basta subir alguns quil&ocirc;metros. <br /> <br /> Na decolagem (descolagem, no mundo luso), percebi que se n&atilde;o gostei muito de Lisboa foi porque estava sozinho. Quem sabe daqui a alguns anos consigo passar uns dias l&aacute; com minha c&uacute;mplice de vida, e vou gostar mais. Pensei nas ruas do centro. Vi um pequeno veleiro navegando e lembrei da escola de Sagres, lembrei de Ubatuba. Lembrei da minha fam&iacute;lia portuguesa, do meu bisav&ocirc; Felisberto Pereira da Fonseca que era inventor e vivia quase na fronteira do Brasil com o Uruguay. Quis partir de Lisboa e ir at&eacute; a Gal&iacute;cia. Passar pela fronteira com a Espa&ntilde;a, visitar a Fonseca, descansar a mente. Mas n&atilde;o vai ser t&atilde;o logo. Planos para os futuros.<br /> <br /> * * * <br /> <br /> Voar costuma ser um inc&ocirc;modo para mim. O ar, as pessoas, o lance de precisar ficar sentado. Mas nesse trecho LIS-AMS estava muito bem. Resgatei aquela parte de mim que gosta muito de viajar. A alma se agita, novidades v&atilde;o aparecer, os lugares sempre t&ecirc;m surpresas. Fico feliz que tamb&eacute;m minha dama sinta essas coisas, essa coceira do movimento, essa ciganeza do esp&iacute;rito.<br /> <br /> * * * <br /> <br /> <strong>Amsterdam</strong><br /> <img src="http://farm4.static.flickr.com/3313/3342506475_9297047166.jpg?v=0" alt="frio" /><br /> Foi uma semana fria para mim. Os holandeses diziam que j&aacute; est&aacute; morno, o pior j&aacute; passou. Verdade, mas continuo achando frio. No fim das contas, eu fiquei bastante enfurnado: o Stayokay Zeeburg, onde ficamos hospedados, era tamb&eacute;m onde com&iacute;amos e onde era realizada grande parte do wintercamp. Virando a esquina (mas tamb&eacute;m com um acesso interno) ficava o caf&eacute; Studio K, onde se realizavam outras atividades e onde beb&iacute;amos nas horas vagas. N&atilde;o sa&iacute;mos muito de l&aacute; (a programa&ccedil;&atilde;o come&ccedil;ava &agrave;s 10h e ia at&eacute; &agrave;s 21h30, geralmente). Durante a semana, sa&iacute; duas vezes para andar, uma para comprar meu computador. Finalmente conheci o raquelabe que o broda <a href="http://jaromil.dyne.org" rel="nofollow">Jaromil</a> montou. Parece que n&atilde;o v&atilde;o durar l&aacute;, j&aacute; tem uma carta de despejo, mas o lance t&aacute; bonito, com computadores e poltronas e tudo mais. Fomos uma noite pra l&aacute;, passamos no supermercado ali perto e trouxemos cervejas e frutas e outras coisas. Esse lado de Amsterdam que ainda &eacute; legal est&aacute; desaparecendo. A especula&ccedil;&atilde;o imobili&aacute;ria e a sociedade consumista ocidental est&atilde;o acabando com tudo. Uma merda. No s&aacute;bado, perdi a primeira metade das apresenta&ccedil;&otilde;es (inclusive algumas que queria ter visto) para dar uma volta pela cidade. Nisso, fiz umas <a href="http://www.flickr.com/photos/felipefonseca/tags/amsterdam/" rel="nofollow">fotinhos</a>.<br /> <br /> * * * </p> <p>AMS-LIS. O sono veio me pegar. A noite foi curta. Como precisava estar no aeroporto &agrave;s 4h25, sa&iacute; cedo da festa de encerramento (ok, &quot;festa&quot; &eacute; exagero, mas eles chamavam assim). Antes das 11, j&aacute; estava dormindo. Tinha passado na Centraal Station pra confirmar os trens at&eacute; o aeroporto e j&aacute; comprar o ticket.&nbsp; Acordaria, tomaria um t&aacute;xi at&eacute; o trem e pronto. Levantei &agrave;s 3h, fiz o check-out e fui pegar minha mala no arm&aacute;rio ao lado da recep&ccedil;&atilde;o. Faltavam vinte centavos. Uma moeda de 20. Voltou. Duas moedas de dez. Voltaram. Uma moeda de um Euro. Voltou. Fui at&eacute; a recep&ccedil;&atilde;o: n&atilde;o t&ocirc; conseguindo tirar minha mala. &quot;N&atilde;o, n&atilde;o est&aacute; funcionando&quot;. Como assim? &quot;Est&aacute; quebrado, agora s&oacute; amanh&atilde; de manh&atilde;&quot;. Meu senhor, eu tenho que tomar um trem pro aeroporto daqui a 40 minutos. &quot;N&atilde;o posso fazer nada&quot;. Registrei feliz com o canto do olho que literalmente um bando de amigxs voltavam: alguns da festa ao lado, outros de uma balada eletr&ocirc;nica. <a href="http://conservas.tk" rel="nofollow">Simona</a> chegou perto, expliquei pra ela o que tava rolando. A not&iacute;cia se espalhou. Voltei pro tio da recep&ccedil;&atilde;o: meu senhor, eu tenho que voar pro Brasil, e meu passaporte est&aacute; l&aacute; dentro. Isso &eacute; um crime. Se n&atilde;o tirar minhas coisas de l&aacute;, vou chamar a pol&iacute;cia. Em alguns segundos, um broda j&aacute; estava pedindo o nome dos caras e amea&ccedil;ando: se n&atilde;o resolvessem em vinte minutos, ele ia no squat dos amigos ali perto e voltaria com um p&eacute;-de-cabra. Um recepcionista ligou pra algu&eacute;m e apareceu com uma pasta cheia de c&oacute;digos. Tentou digitar, e nada. As meninas do <a href="http://genderchangers.org" rel="nofollow">genderchangers</a> da &Aacute;ustria ofereceram rachar o t&aacute;xi comigo, direto at&eacute; o aeroporto, pra n&atilde;o perder o tempo que levaria at&eacute; a Centraal Station. O tiozinho continuava digitando o c&oacute;digo. Eu s&oacute; pensava no meu passaporte e no casaco, se fosse pelo resto eles podiam enviar depois. Ele voltou, ligou pro dono do hostel e s&oacute; depois conseguiu. </p> <p>Fiquei feliz de ter amigxs. E amigxs guerreirxs ;)</p> <p>* * * </p> <p><strong>Chega</strong><br /> <img src="http://farm4.static.flickr.com/3413/3343334876_757b72a785.jpg?v=0" alt="" /><br /> No fim, uma conclus&atilde;o: cansei de gringol&acirc;ndia. De ver as mesmas pessoas e aquele urbanismo bonitinho mas previs&iacute;vel. Especialmente em Amsterdam. Gentrificada, segundo locais. J&aacute; sem muito da gra&ccedil;a, pra mim. E a crise como assunto do momento. Concordo com quem diz que essa gente &eacute; destreinada pra lidar com adversidade. Olham pro futuro e s&oacute; v&ecirc;em um muro. O mundo vai mudar mesmo nos pr&oacute;ximos anos. E daquele jeito, quem sobrevive ao temporal &eacute; o junco que tem ginga, n&atilde;o o carvalho que tem for&ccedil;a e estrutura. <br /> <br /> Pr&oacute;ximos anos: desviar, Ubatubar e Brasilizar. Muita coisa pra fazer por aqui.</p> amsterdam lisboa trip wintercamp Fri, 13 Mar 2009 21:37:46 +0000 felipefonseca 4124 at http://efeefe.no-ip.org Bricolabs no wintercamp http://efeefe.no-ip.org/blog/bricolabs-no-wintercamp <p>O primeiro encontro presencial propriamente dito dos <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow">Bricolabs</a>, dentro da programa&ccedil;&atilde;o do <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp" rel="nofollow">wintercamp</a>, foi muito importante. Mais do que finalmente conhecer algumas pessoas com quem converso h&aacute; mais de dois anos, compartilhar o cotidiano por cinco dias foi interessante pra dar uma dimens&atilde;o das aspira&ccedil;&otilde;es, sonhos e possibilidades dessa rede. Algumas id&eacute;ias que antes pareciam meio soltas no espa&ccedil;o passaram a fazer sentido. Pessoas que n&atilde;o confiavam muito umas nas outras (talvez um tra&ccedil;o comum de pessoas p&oacute;s-enredadas ou post-networked) foram aos poucos abrindo sorrisos e as portas de seus imagin&aacute;rios e casas.</p> <p><img src="http://farm4.static.flickr.com/3403/3342608293_64fb7e80ea.jpg?v=0" alt="venzha, philipe, alejo, james, vicky" /></p> <p>Ao contr&aacute;rio de algumas outras redes que tinham uma agenda bem definida e objetiva, nos demos a liberdade de esvaziar o copo antes de come&ccedil;ar a servir. <a href="http://robvankranenburgs.wordpress.com/" rel="nofollow">Rob van Kranenburg</a> moderou o processo, come&ccedil;ando com quest&otilde;es diretas a todxs e juntando as respostas no flipchart: o que somos,&nbsp; que nos falta, o que queremos, etc. Chegamos a algumas bases comuns sobre a natureza da rede, princ&iacute;pios de relacionamento e descentraliza&ccedil;&atilde;o. Houve alguma tens&atilde;o por conta de maneiras diferentes de entender as coisas e atuar, mas fiquei feliz porque no fim est&aacute;vamos bem alinhadxs.</p> <p>N&atilde;o por acaso, muitas das conclus&otilde;es a que conseguimos chegar se aproximam bastante dos formatos da <a href="http://metareciclagem.org" rel="nofollow">MetaReciclagem</a>, mas isso pode ser s&oacute; minha vis&atilde;o bitolada. Alguns desses elementos: a n&atilde;o-incorpora&ccedil;&atilde;o, a autonomia local, a n&atilde;o-exclusividade e um certo DIY em rede - se precisa de uma carta de recomenda&ccedil;&atilde;o da rede, redija-a e pe&ccedil;a pra outrx bricolabeirx assinar. Tamb&eacute;m chegamos a trabalhar um pouco em sites de alguns projetos, definimos algumas ferramentas de valida&ccedil;&atilde;o da rede que podem ser &uacute;teis em contextos locais e come&ccedil;amos a debater a refatora&ccedil;&atilde;o do site.</p> <p><img src="http://farm4.static.flickr.com/3557/3343443604_dbbbc859b7.jpg?v=0" alt="alejo, vicky, rob, vanessa" /></p> <p>Ao fim de todas as conversas, chegamos a tra&ccedil;ar alguns planos e prioridades de projetos:</p> <p>&bull; Encontros presenciais: captar recursos e encontrar oportunidades de encontro. Por exemplo, trazer algumas pessoas para o <a href="http://rede.metareciclagem.org/wiki/PlanejandoEncontraoTransDimensional" rel="nofollow">encontr&atilde;o transdimensional</a> de MetaReciclagem, em setembro.<br /> &bull; Tailabs - projeto taiwan&ecirc;s para desenvolver rapid prototypers de baixo custo. Eu pedi ajuda pra fazer uma em sampa e colocar na m&atilde;o do Glauco...<br /> &bull; <a href="http://bricophone.org" rel="nofollow">Bricophone</a> - articular e espalhar o projeto do Jean-No&euml;l e do Philipe. &Eacute; poss&iacute;vel que eles venham ao Brasil no segundo semestre (talvez Arraial - Sampa - BH). 2009 &eacute; ano da Fran&ccedil;a no Brasil ;). O projeto recebeu apoio da <a href="http://nlnet.nl/" rel="nofollow">nlnet</a>. Eles est&atilde;o atualmente definindo protocolos e opera&ccedil;&atilde;o em rede, e pensando em como come&ccedil;ar a criar clientes de conversa&ccedil;&atilde;o para uma arquitetura sem fio, mesh e p2p. Eles t&ecirc;m um puta dom&iacute;nio t&eacute;cnico, e Philipe tem alguns equipamentos interessantes no <a href="http://www.tmplab.org/" rel="nofollow">tmp/lab</a>.<br /> &bull; Ata - projeto tocado na Col&ocirc;mbia pela <a href="http://intermundos.org" rel="nofollow">Vanessa</a>, e articulado junto com Patrick Humphreys da London School of Economics e Vicky Sinclair de Manchester. A ideia &eacute; um jogo distribu&iacute;do baseado em conhecimento livre sobre a quest&atilde;o da &aacute;gua. Uma possibilidade &eacute; juntar com o outro projeto do Jean-No&euml;l, da <a href="http://oswash.org" rel="nofollow">m&aacute;quina de lavar roupas</a> open-source.<br /> &bull; <a href="http://zerodollarlaptop.org/" rel="nofollow">Zero Dollar Laptop</a> - projeto tocado por James Wallbank do Access Space de Sheffield - campanhas e workshops sobre a reutiliza&ccedil;&atilde;o de laptops usados, na linha do <a href="http://bricolabs.net/politics/zero-dollar-laptop" rel="nofollow">manifesto</a> que ele publicou em 2007.<br /> &bull; Um livro sobre sobreviv&ecirc;ncia e autonomia, talvez inspirado pelo livro em quadrinhos do <a href="http://access-space.org" rel="nofollow">Access Space</a>. Vicky tamb&eacute;m comentou algo sobre um livro que est&aacute; organizando com um pessoal do Brasil.<br /> &bull; Tradu&ccedil;&otilde;es de textos importantes EN-PT_BR. Mutir&atilde;o nessa ;)<br /> &bull; <a href="http://www.natural-fiber.com/" rel="nofollow">Venhza Christ</a>, da Indon&eacute;sia, prop&ocirc;s a participa&ccedil;&atilde;o de bricos no Cellsbutton em agosto, e workshops com a popula&ccedil;&atilde;o local focados na produ&ccedil;&atilde;o de coisas como alternativa econ&ocirc;mica para PNEs.<br /> &bull; Refatorar o site, com perfis de usu&aacute;rio e agregadores (j&aacute; vi isso ;)).</p> <p>O &uacute;ltimo dia era reservado para apresenta&ccedil;&otilde;es de 20 minutos de cada um dos grupos. A apresenta&ccedil;&atilde;o dos bricolabs foi uma das mais cr&iacute;ticas do evento. Apesar de ser um evento de redes, as apresenta&ccedil;&otilde;es eram em um audit&oacute;rio, com todos os elementos de sempre: plat&eacute;ia no escuro, tel&atilde;o, palco iluminado, sistema de som e microfones de acesso restrito. Quando chegou nossa vez, ningu&eacute;m foi ao palco. Um cartaz do wintercamp, que originalmente retratava uma rede de distribui&ccedil;&atilde;o (e n&atilde;o de circula&ccedil;&atilde;o), com um monte de pontas desconectadas entre si, tinha sido modificado com ferramentas diversas e alguma colagem: as pontas foram interconectadas. </p> <p><img src="http://farm4.static.flickr.com/3631/3337811464_f3381bdbb4.jpg" alt="cartaz" /></p> <p>Esse cartaz foi exposto no p&uacute;lpito. De repente, uma voz ao microfone, n&atilde;o identificada, perguntava &quot;onde est&aacute; nosso l&iacute;der?&quot; Depois, continuava &quot;como voc&ecirc;s podem ver, n&oacute;s n&atilde;o temos uma lideran&ccedil;a clara&quot;. A partir da&iacute;, tr&ecirc;s ou quatro pessoas no meio do audit&oacute;rio falavam sobre como n&atilde;o precis&aacute;vamos nos encaixar nos padr&otilde;es das outras redes. Em determinado momento, perguntou-se &quot;quem aqui est&aacute; na bricolabs&quot;, e pessoas de diferentes redes participantes do wintercamp levantaram a m&atilde;o. A l&oacute;gica &eacute;: n&atilde;o temos muros, estamos em muitas dessas redes, e n&atilde;o precisamos determinar limites. Eu cheguei a falar que n&atilde;o queria ser mal-educado, mas as perguntas que o evento propunha para as redes estavam ultrapassadas: &quot;como fortalecer as redes&quot; n&atilde;o &eacute; mais uma quest&atilde;o v&aacute;lida. As redes s&atilde;o fortes, e n&atilde;o precisam da bondade dos figur&otilde;es para nada. Mais tarde disseram que eu peguei pesado, mas algumas pessoas vieram me dizer que algu&eacute;m precisava falar isso.</p> <p><img src="http://farm4.static.flickr.com/3609/3343444548_7c30e2e835.jpg?v=0" alt="alejo, vicky, rob, vanessa, philipe, james" /></p> <p>No fim das contas, fiquei feliz de ver que existe alguma coisa na bricol&acirc;ndia, apesar da enorme quantidade de lurkers oportunistas que tem l&aacute; (mais ou menos a mesma quantidade de outras listas, mas s&atilde;o pessoas com um potencial de atua&ccedil;&atilde;o muito acima do normal). Senti falta de algumas pessoas l&aacute;, mas valeu.</p> <p><strong>PS.:</strong> mais uma vez, como durante o encontr&atilde;o intergal&aacute;tico, certa noite o ambiente (ou os pre&ccedil;os altos do bar ao lado) fez algumas pessoas sa&iacute;rem para buscar cerveja. Na mesma noite, os r&aacute;quers do dyne haviam pedido para usar a sala dos bricolabs &agrave; noite, porque a deles n&atilde;o podia abrir &agrave; noite.O resultado:</p> <p><img src="http://farm4.static.flickr.com/3617/3343436024_660c32718f.jpg?v=0" alt="o dia seguinte..." /></p> amsterdam bricolabs trip wintercamp Fri, 13 Mar 2009 20:18:44 +0000 felipefonseca 4123 at http://efeefe.no-ip.org Uíntercâmpe http://efeefe.no-ip.org/blog/u%C3%ADnterc%C3%A2mpe <p>Estou desde segunda-feira em Amsterdam, participando do <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp" rel="nofollow">Wintercamp</a>. &Eacute; a primeira vez que a rede <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow">bricolabs</a> tem alguns dias para pensar em si mesma. Pra mim est&aacute; sendo muito bom finalmente conhecer em olhonolho as pessoas com quem troco emails h&aacute; tanto tempo. N&atilde;o vou list&aacute;-las pra n&atilde;o esquecer ningu&eacute;m,&nbsp; mas estou gostando muito das id&eacute;ias de cada 1 e das possibilidades de interc&acirc;mbio e de projetos futuros: muita raquea&ccedil;&atilde;o de redes sem fio, de streaming, rob&oacute;tica de baixo custo, de prototipa&ccedil;&atilde;o r&aacute;pida e outras coisas. Se pans alg1s gringxs aparecem pro pr&oacute;ximo encontr&atilde;o de MetaReciclagem.</p> <p>Al&eacute;m disso, trocar id&eacute;ia com as outras redes &eacute; demais. Ver como as pessoas trabalham, e sacar que cada rede tem um comportamento diferente, &eacute; interessante.</p> <p>Amanh&atilde; eu blogo de verdade. O moleskine t&aacute; cheio de anota&ccedil;&otilde;es...</p> amsterdam bricolabs metareciclagem trip wintercamp Wed, 04 Mar 2009 23:19:22 +0000 felipefonseca 4086 at http://efeefe.no-ip.org Do meio do inverno http://efeefe.no-ip.org/blog/do-meio-do-inverno <p>A viagem foi das mais tranquilas que j&aacute; tive, apesar da escala em Lisboa. Na fileira de 4 poltronas, s&oacute; eu e mais um cara do outro lado. At&eacute; dormi quase uma horinha.</p> <p>Um pouco de jetlag me persegue at&eacute; agora (ouvi que um dos organizadores capotou por isso). Mas vqv.&nbsp; Na escala, pensei na escola de Sagres e em como devem ser as estradas de Portugal.</p> <p>Adoro estradas.</p> <p>---</p> <p>Sobe a Fran&ccedil;a. Do avi&atilde;o, um cobertor cinza segurava l&aacute; embaixo o inverno. Engra&ccedil;ado pensar que a 30.000 p&eacute;s tem sol, mas l&aacute; embaixo a galera sofre com a falta dele. Inverno isolado por &aacute;gua gasosa. Em qualquer tempo ruim, &eacute; s&oacute; subir alguns quil&ocirc;metros e pronto, o sol aparece.</p> <p>---</p> <p>Muitas impress&otilde;es indiz&iacute;veis. O inverno aqui &eacute; o inverno. Me lembrei do peso que o clima (aquele, atmosf&eacute;rico mesmo) tem no esp&iacute;rito dxs europxixs. E como nosso clima ca&oacute;tico traz uma imprevisibilidade de humor durante o ano. Aqui o pessoal &eacute; feliz no ver&atilde;o, deprimidxs no inverno. </p> <p>--Primeiro dia: dei um rol&ecirc; pelo bairro. Voltei com dores e arrependimentos. Frio demais. Afeta o esp&iacute;rito. Mas tamb&eacute;m era jetlag. Amanh&atilde; vou tentar sair outra vez.</p> amsterdam trip Wed, 04 Mar 2009 23:00:46 +0000 felipefonseca 4085 at http://efeefe.no-ip.org Feliz ano novo! http://efeefe.no-ip.org/blog/feliz-ano-novo <p>Passado o carnaval, aquela sensa&ccedil;&atilde;o de que o ano realmente vai come&ccedil;ar. Fiz mais um retiro desconectado, esse de menos de uma semana. Li bastante (terminei o Spook Country do Gibson - bem interessante, comento depois - e folheei um monte de outros da biblioteca permanente do meiodomato).</p> <p>***</p> <p>Domingo embarco pra Amsterdam, para participar do <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/" rel="nofollow">Wintercamp</a>. Vai estar frio (m&aacute;xima de 7 ou 8 graus todo dia), t&ocirc; sem um puto pra gastar (e n&atilde;o vou ganhar nada l&aacute;), mas vqv, ver amigxs da <a href="http://bricolabs.net" rel="nofollow">bricolabs</a> e armar alguma coisa pro futuro.</p> <p>***</p> <p>O ano come&ccedil;a bastante divertido no <a href="http://weblab.tk" rel="nofollow">Weblab</a>. Estou me aproximando do Glauco e vamos aparecer em breve com coisas interessantes. Conto mais quando for a hora.</p> <p>***</p> <p>Vontade de voltar a ter a Parati quadrada que eu tinha at&eacute; 2002, e transform&aacute;-la num metam&oacute;vel de verdade.</p> amsterdam itinerancias lifelog trip weblab Thu, 26 Feb 2009 21:21:13 +0000 felipefonseca 4080 at http://efeefe.no-ip.org Processos criativos http://efeefe.no-ip.org/blog/processos-criativos <p>H&aacute; algumas semanas a revista &Eacute;poca publicou uma entrevista com o <a href="http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG83610-9556-521,00-FACO+CAMPANHA+CONTRA+O+GOOGLE.html" rel="nofollow">Geert Lovink</a>. Ele fala algumas coisas que fazem sentido, mas tem uma frase que n&atilde;o desceu redondo:</p> <blockquote><span class="textoVermelho">&Eacute;POCA</span><strong> &ndash; Por que o senhor critica os defensores da liberdade de c&oacute;pia na rede?</strong><br /> <strong>Lovink &ndash;</strong> Acho que devemos fornecer meios para que a pr&oacute;xima gera&ccedil;&atilde;o da web ganhe dinheiro com ela, possa viver de seu trabalho e de sua cria&ccedil;&atilde;o. O problema &eacute; que o pessoal do software livre s&oacute; pensa em trocar livremente seus programas. Nunca imaginaram como profissionais criativos poder&atilde;o sobreviver quando nos movermos para uma economia baseada na internet.</blockquote> <p>Conversei com algumas pessoas e percebi que n&atilde;o fui o &uacute;nico que n&atilde;o gostou dessa frase, de alguma forma. At&eacute; faz algum sentido, mas n&atilde;o deixa de denotar uma falta de sensibilidade com o contexto: um coment&aacute;rio como esse publicado em algum ambiente onde haja familiaridade com o software livre, copyleft ou at&eacute; creative commons poderia cumprir bem a fun&ccedil;&atilde;o de cr&iacute;tica, mas numa revista como a &Eacute;poca (mesmo que ela n&atilde;o seja das piores no que se refere a tecnologias) pode ser um tiro pela culatra, matando debates antes de eles chegarem a nascer. Troquei uma id&eacute;ia por email com o Geert, falando da possibilidade de coexist&ecirc;ncia de v&aacute;rios modelos econ&ocirc;micos. Falei do tecnobrega no Par&aacute;, perguntei se ele assistiu ao <a href="http://www.goodcopybadcopy.net/" rel="nofollow">Good Copy Bad Copy</a>. Ele publicou a resposta no <a href="http://www.networkcultures.org/geert/2008/05/20/interview-for-epoca-brazilian-weekly-in-portuguese/" rel="nofollow">blog</a> dele. Traduzindo:</p> <blockquote>Eu entendo o argumento, mas vejo isso somente como uma solu&ccedil;&atilde;o de curto prazo. Depende da cultura de novas m&iacute;dias, a que n&oacute;s damos forma e representamos, bolar (to come up with) modelos sustent&aacute;veis a longo prazo para que provedores de conte&uacute;do possam viver do seu conte&uacute;do, se eles quiserem. O amadorismo deve ser uma escolha, n&atilde;o a op&ccedil;&atilde;o padr&atilde;o. As bandas n&atilde;o podem viver na estrada, e menos ainda escritores ou designers. J&aacute; &eacute; tempo de separar (unravel) as boas inten&ccedil;&otilde;es do software livre e de c&oacute;digo aberto das m&aacute;s conseq&uuml;&ecirc;ncias que o &quot;livre&quot; tem para produtores de conte&uacute;do independentes e come&ccedil;ar a imaginar, de uma forma coletiva, como fluxos alternativos de dinheiro podem ser facilitados. Voltar para as gravadoras e a ind&uacute;stria da m&iacute;dia mainstream n&atilde;o &eacute; uma op&ccedil;&atilde;o - mas o modelo do software livre e de c&oacute;digo aberto tamb&eacute;m n&atilde;o.<br /> </blockquote> <p>&Eacute; bom lembrar que ele foi um dos organizadores do <a href="http://networkcultures.org/wpmu/portal/projects/mycreativity/" rel="nofollow">My Creativity</a>, um evento em Amsterdam que juntou um monte de gente e produziu uma bem fundamentada vis&atilde;o cr&iacute;tica de todo o barulho sobre &quot;ind&uacute;strias criativas&quot;. Mas eu n&atilde;o consigo deixar de notar duas coisas nessa linha de argumenta&ccedil;&atilde;o: a primeira &eacute; uma confus&atilde;o entre o &quot;modelo do software livre&quot; e a mera distribui&ccedil;&atilde;o de conte&uacute;do; a segunda uma quest&atilde;o de refer&ecirc;ncia e contexto.<br /> Muitas pessoas j&aacute; explicaram isso melhor do que eu, mas n&atilde;o custa repetir mais uma vez: a grande transforma&ccedil;&atilde;o que o software livre traz para a produ&ccedil;&atilde;o de conhecimento <i>n&atilde;o &eacute;</i> somente a livre circula&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o compilada, mas a cria&ccedil;&atilde;o de ecossistemas complexos baseados em recursos abertos e livremente remix&aacute;veis. Mais do que s&oacute; &quot;trocar livremente os programas&quot;, eu posso ter acesso ao c&oacute;digo-fonte de qualquer software livre, e ainda tenho a liberdade de modific&aacute;-lo e redistribu&iacute;-lo. Na minha opini&atilde;o, em geral falta ousadia aos &quot;criativos&quot; para ir al&eacute;m da distribui&ccedil;&atilde;o livre e come&ccedil;ar a efetivamente abrir o processo criativo em rede. Ou seja, mais do que pensar em conte&uacute;do, agitar redes criativas. Isso j&aacute; acontece aqui e ali, mas ainda n&atilde;o existem muitos ambientes que partam dessa vis&atilde;o mais ampla. Lembro de ter acompanhado com interesse h&aacute; alguns anos conversas na lista do <a href="http://estudiolivre.org" rel="nofollow">estudiolivre</a> sobre publicar faixas abertas do <a href="http://www.google.com/url?sa=t&amp;ct=res&amp;cd=1&amp;url=http%3A%2F%2Fardour.org%2F&amp;ei=a6FFSLHwM42owQHn7sXGBw&amp;usg=AFQjCNGYOT_edMg2Ro1TNQ00C6Tfq27c7Q&amp;sig2=QLgpBZGQ4BaLpn4ZY7VXXQ" rel="nofollow">ardour</a> na rede, mas at&eacute; onde vi isso n&atilde;o andou muito (at&eacute; porque o tamanho dos arquivos ainda faz isso ser um pouco impratic&aacute;vel). <a href="http://organismo.art.br/blog" rel="nofollow">Glerm</a> &eacute; um cara que j&aacute; experimentou um pouco com a publica&ccedil;&atilde;o de soundfonts e mais de uma vez abriu um HD inteiro na rede pra quem quisesse baixar, mas ainda assim as barreiras pra compreender e interatuar sao bastante grandes. Se me perguntarem, eu acho que ainda d&aacute; pra brincar bastante nesse sentido. H&aacute; algumas semanas instalei aqui o <a href="http://www.celtx.com/" rel="nofollow">Celtx</a>, um software para edi&ccedil;&atilde;o de roteiros e storyboards que me permite abrir meus arquivos na rede para colaborar com outras pessoas. <a href="http://blogs.metareciclagem.org/stalker/" rel="nofollow">&Ccedil;talker</a> comentou comigo que o Celtx &eacute; meio careta e pode bitolar as pessoas com formatos j&aacute; conhecidos de roteiro, e eu concordo, mas n&atilde;o deixa de ser um passo no sentido de pensar em processos criativos coletivos, como maneira de escapar &agrave; j&aacute; batida imagem renascentista do criador isolado em seu est&uacute;dio/ateli&ecirc;. Sei que o pr&oacute;prio <a href="http://www.stallman.org/" rel="nofollow">Richard Stallman</a> costuma enfatizar que m&uacute;sica &eacute; diferente de software livre, mas eu gostaria de ver mais experimenta&ccedil;&atilde;o em entender a produ&ccedil;&atilde;o criativa como uma quest&atilde;o menos de circula&ccedil;&atilde;o conte&uacute;do do que como processo coletivo. Ainda sobre essa quest&atilde;o, &eacute; divertido ver o trecho de <a href="http://pirex.com.br/2008/03/17/e-possivel-produzir-cinema-como-se-produz-software-livre/" rel="nofollow">v&iacute;deo do L&eacute;o Germani</a> perguntando ao <a href="http://www.imdb.com/name/nm0299134/" rel="nofollow">Jorge Furtado</a> se existe a possibilidade de produzir cinema como se produz software livre: ele come&ccedil;a dizendo que n&atilde;o sabe, quase refutando, mas come&ccedil;a a ver paralelos entre as duas atividades. A entrevista n&atilde;o termina, mas a pergunta continua no ar.<br /> E a&iacute; vem a quest&atilde;o cultural. Eu entendo que na Europa haja toda essa expectativa de tentar entender como &eacute; que a criatividade, junto com a dissemina&ccedil;&atilde;o de tecnologias de produ&ccedil;&atilde;o criativa (tamb&eacute;m &eacute; bom lembrar que hoje em dia qualquer pessoa com um computador mediano tem virtualmente um est&uacute;dio de som ou uma ilha de edi&ccedil;&atilde;o de v&iacute;deo ao alcance das m&atilde;os), se encaixa no esquema geral das coisas. Eu entendo que se esteja tentando evitar que os criativos conectados tenham toda sua produ&ccedil;&atilde;o apropriada de maneira indesej&aacute;vel pelos intermedi&aacute;rios corporativos. A imagem do youtube e do myspace terceirizando a distribui&ccedil;&atilde;o de produ&ccedil;&atilde;o criativa mas ainda assim mantendo o grosso do lucro nas m&atilde;os dos mesmos capitalistas de sempre n&atilde;o deixa de me incomodar. Mas eu tenho visto (no <a href="http://wizards-of-os.org" rel="nofollow">Wizards of OS</a>, no <a href="http://picnicnetwork.org" rel="nofollow">Picnic</a>, no <a href="http://futuresonic.com" rel="nofollow">Futuresonic</a>) a conversa sobre &quot;como a gente vai ganhar dinheiro&quot; falar muito mais alto do que a conversa sobre &quot;o que a gente consegue fazer com isso tudo&quot;, e isso me incomoda. &Eacute; claro que no Brasil, onde &quot;criatividade&quot; s&oacute; d&aacute; dinheiro no mundo do jab&aacute; e na ind&uacute;stria da publicidade, onde nunca pareceu realmente vi&aacute;vel viver da pr&oacute;pria criatividade sem se vender para o mainstream e a galera j&aacute; t&aacute; acostumada a viver de bicos aqui e ali, &eacute; mais f&aacute;cil ignorar a quest&atilde;o de como se sustenta o mercado &quot;independente&quot;. Na verdade, nem sei se consigo acreditar na exist&ecirc;ncia de um &quot;mercado independente&quot; no Brasil. Existe o jab&aacute;, depois uma parte do mainstream que tem cara de independente, e um bando de gente que n&atilde;o ganha nada, e ponto. E a&iacute; vem outra quest&atilde;o: ser&aacute; que a gente vai continuar com o complexo de <a href="/textos/daslu-e-o-camelodromo" rel="nofollow">Daslu</a> e tentar copiar um modelo que j&aacute; n&atilde;o funciona na Europa, ou vamos ir mais a fundo e assumir nossa natureza um pouco mais <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/sistemas-de-aprendizado" rel="nofollow">aberta e colaborativa</a> pra propor modelos econ&ocirc;micos al&eacute;m da oposi&ccedil;&atilde;o &quot;distribuir de gra&ccedil;a&quot; x &quot;transformar em conte&uacute;do e cobrar pela distribui&ccedil;&atilde;o&quot;?</p> <p>&nbsp;</p> aliadxs amsterdam brasil bricolabs camelô camelódromo criatividade descentro estudiolivre europa indústrias criativas produção puxadinho Tue, 03 Jun 2008 18:25:04 +0000 felipefonseca 3153 at http://efeefe.no-ip.org