No afã de terminar o post de ontem, que já estava ficando longo, acabei esquecendo de comentar sobre mais dois aspectos da atuação em rede que me parecem importantes. O primeiro é a irrelevância da definição em ambientes verdadeiramente enredados. Durante o wintercamp, James Wallbank (Access Space, Sheffield) expôs uma tentativa de explicar a rede bricolabs dizendo que ela se assemelhava a um cheiro: é difícil apreender e explicar um cheiro. Podem-se fazer analogias, alusões, mas nunca contê-lo ou determiná-lo.
A outra ideia que me parece relevante na busca de entender como as coisas funcionam nas redes é uma ideia que surgiu numa conversa informal nos jardins do MIS durante o Paralelo: de que algumas das redes abertas brasileiras obtinham sucesso por conta de uma insistência das pessoas que as lideravam em auto-sabotar (active self-sabotage, acho que foi como chamamos) o próprio poder que acabavam conquistando. À medida que as pessoas que acumulavam poder desdenhavam desse poder e o ofereciam a qualquer interessado, as redes acabavam se renovando. É um tipo de auto-ironia que no contexto das redes acaba sendo ironicamente produtivo.
(continuo lendo aqueles livros, vou comentar mais por aqui assim que as ideias surgirem ou reaparecerem)